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POR
GORDON H. CLARK
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Traduzido do original inglês
Romans
by Gordon H. Clark
via:gordonhclark.reformed.info
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ÍNDICE
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AMBIÇÃO MISSIONÁRIA DE PAULO 15.1-33
CUMPRIMENTOS PESSOAIS 16.1-27
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A EPÍÍSTOLA aos Romanos, a mais longa, mais sistemaá tica e a mais
profunda de todas as epíástolas, e talvez o livro mais importante na Bíáblia,
foi escrito pelo Apoá stolo Paulo (1.1,5). Na ocasiaã o ele estava em Corinto
(15.26; 16.1-2). A composiçaã o cuidadosa da carta sugere que depois de
algumas experieê ncias tempestuosas laá , ele teve um períáodo de lazer antes
de arrecadar dinheiro para ajudar os santos de Jerusaleá m, colocando assim
a data no iníácio de 58 d.C. Diferentemente de outras epíástolas, Romanos foi
escrita para uma igreja que ele nunca tinha visitado (1.10-11,15). Toda
ingenuidade da críática destrutiva nunca tem sido capaz de impugnar a
autenticidade da epíástola. Assim sendo, sem mais delongas, passemos das
críáticas para um estudo da sua mensagem.
Devido ao fato de Paulo nunca ter visitado Roma, embora vaá rios de
seus amigos e convertidos tivessem ido viver laá , ele abre sua carta com uma
saudaçaã o mais longa do que o comum. Teria sido estranho para uma pessoa
particular tratar de uma congregaçaã o taã o importante e completamente fora
de lugar para impor sobre eles tal tratado sobre doutrina fundamental.
Portanto, Paulo começa enfatizando seu chamado apostoá lico (1.1-2).
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A doutrina da eleiçaã o eá aludida em que Paulo foi chamado a ser um
apoá stolo (1.1), e os cristaã os romanos foram tambeá m chamados por Jesus
Cristo. Esses Cristaã os foram chamados para serem santos. Paulo nunca
sugeriu que somente alguns cristaã os, oficialmente canonizados, saã o santos.
Como a epíástola eá dirigida a todos eles (1.7), Paulo evidentemente esperava
que todos a lessem. Este eá o princíápio protestante de uma Bíáblia aberta 1.
Entaã o, tambeá m, a unidade do Antigo Testamento e do Novo Testamento, ao
qual refereê ncia posterior seraá feita, eá declarada (1.2). A deidade de Cristo eá
enfatizada (1.3-4,7). A ocorreê ncia desta ideia aqui eá importante porque em
58 d. C. ainda havia muitas pessoas vivas que tinham visto Jesus. A deidade
de Cristo portanto naã o eá uma lenda que levou seá culos para se desenvolver,
talvez sob influeê ncia grega, mas era comumente aceita desde o iníácio. Uma
vez mais, quando Paulo chama a si mesmo de servo de Jesus Cristo (1.1; cf.
7.6; 12.11; 14.18; 16.18) e adora a Deus (1.9; 9.4), ele naã o permite dois atos
de adoraçaã o, um (doulia) a ser dado aos santos e outro (latria) a Deus,
muito menos uma terceira forma (hyperdoulia, ou super-servidaã o) a ser
dada a Virgem Maria.
1 Talvez Gordon Clark esteja fazendo alusão ao princípio de que a Bíblia deveria ser acessível a
todos, dado que tempos antes do surgimento da Reforma Protestante o povo não tinha acesso
direto às Escrituras [N. do T.].
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que eá descartado como naã o taã o importante. Mas aqui (1.15-17) Paulo
enfaticamente identifica a doutrina da justificaçaã o pela feá com o Evangelho.
O versíáculo de Habacuque confirma que o Evangelho eá o poder de Deus
porque nele eá revelada uma justiça que vem de Deus pela Feá . O que isto
significa eá o fardo da epíástola.
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Os judeus tambeá m estavam dispostos a admitir que os gentios eram
taã o perversos quanto Paulo havia dito. Mas, no proá prio ato de julgar os
gentios, os judeus condenaram a si mesmos, pois eles estavam fazendo
essencialmente a mesma coisa, ou seja, quebrar a lei de Deus. Desprezando
assim as riquezas da bondade de Deus, os judeus estavam acumulando a ira
para si mesmos porque o julgamento de Deus eá baseado em justiça estrita.
Deus recompensa cada homem de acordo com suas obras. aà queles que saã o
pacientes em fazer o bem, Deus daraá vida eterna; aà queles que naã o
obedecem a verdade, daraá tribulaçaã o e anguá stia. E isto se aplica aos judeus
bem como aos gentios. Deus naã o faz acepçaã o de pessoas. Os gentios
pecaram sem a lei Mosaica – eles pereceraã o sem ela; os judeus pecaram sob
a Lei – eles seraã o julgados por ela. Ter e ouvir a lei naã o justifica; somente os
cumpridores da lei seraã o justificados. (Em um sentido os gentios tambeá m
teê m a lei de Deus, naã o a lei Mosaica, mas da sua criaçaã o em imagem de Deus
eles teê m a lei moral escrita em seus coraçoã es). Se a ira de Deus fosse a
uá ltima palavra, justiça estrita seria satisfeita, mas ningueá m poderia ser
salvo. Poreá m, antes que a justiça que eá dada ao homem pela feá possa ser
explicada, mais eê nfase deve ser colocada no pecado humano.
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infidelidade. Absurdo! Por este argumento Deus naã o poderia nem mesmo
punir os gentios. Seria sempre apropriado fazer o mal porque o bem
poderia vir. Mas nunca eá certo fazer o errado. Nunca haá uma desculpa para
desobedecer aos mandamentos de Deus. Aqueles que adotam este
princíápio perverso saã o justamente condenados.
A lei foi dada para que toda boca seja calada e que o mundo inteiro
fosse culpado diante Deus. Pois pelas obras da lei ningueá m jamais seraá
justificado aos olhos de Deus.
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aà lei. Na verdade, a Lei e os Profetas teê m ensinado esta justiça de Deus, naã o
o homem; mas o homem a recebe pela feá em Jesus Cristo. A feá referida naã o eá
uma vaga feá religiosa geral. Atualmente existem vozes puá blicas exortando
as pessoas a terem feá ; aà s vezes o objeto desta feá eá o homem, aà s vezes Deus,
e aà s vezes naã o eá identificado. Em contraste, a feá da qual Paulo fala eá
definitivamente feá em Jesus Cristo.
A feá naã o eá a justiça que Deus daá , nem eá a base da justiça; mas o meio
de obteê -lo.
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mudança moral no indivíáduo. Condenar eá declarar o homem culpado. O
acusado jaá cometeu o crime, ele jaá eá uma pessoa perversa; o juiz
meramente declara publicamente que ela eá culpada. Assim, justificaçaã o eá o
oposto de condenaçaã o, eá a sentença judicial de Deus de que o acusado naã o eá
culpado. Justificação portanto significa absolviçaã o.
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EÍ visto no exemplo de Abraaã o que a justificaçaã o pela feá eá o uá nico
meá todo de salvaçaã o, e tem sido o uá nico desde a queda de Adaã o. Abraaã o foi
justificado pela feá , naã o pelas obras, pois ele naã o tinha obras da qual se
gloriar. A Escritura eá clara neste ponto (Gn 15.6).
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eá apenas histoá ria antiga. Ele explica o uá nico plano da redençaã o que Deus jaá
ofereceu aà humanidade. Ímputaçaã o se aplica a noá s hoje tanto quanto a
Abraaã o, desde que, eá claro, acreditemos que Cristo foi crucificado pelos
nossos pecados e ressuscitou para a nossa justificaçaã o.
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mais importante de semelhança; a interpretaçaã o correta deve descobrir
qual eá .
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uma mudança moral para pior, poderia se seguir que somos justificados
por causa de uma mudança moral para melhor. Tal ideia eá essencialmente
uma justificaçaã o pelas obras, ou melhor, eá a posiçaã o Catoá lica Romana da
justificaçaã o pela feá mais obras. Lutero e Calvino, no entanto, deixaram claro
para sempre que a justificaçaã o eá pela feá somente – sem obras, para que
Abraaã o naã o se gloriasse. Terceiro, os versíáculos 15-19 enfatizam o único
pecado de Adaã o como a base da nossa condenaçaã o. Nem nossa depravaçaã o
e nem nossa pecaminosidade saã o ditas ser esta base.
A uá nica interpretaçaã o que faz justiça ao texto eá que Adaã o foi nosso
substituto ou representante. Ele agiu em nosso lugar. Portanto, quando ele
pecou e morreu, todos noá s pecamos e morremos. Seu ato representativo,
seu uá nico pecado – naã o os muitos pecados que ele cometeu depois na vida
– eá a base sobre a qual Deus nos condena. Seu uá nico ato nos fez culpados.
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meio da feá , sobre a base na justiça imputada de Cristo, estaá o escaê ndalo da
Cruz.
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pode-se dizer que a justificaçaã o eá o portaã o reto e a santificaçaã o eá o caminho
estreito que leva aà gloá ria.
A indiferença indolente naã o pode ser taã o hedionda quanto o caá lculo
perverso, mas eá igualmente excluíáda. Com a ilustraçaã o da escravidaã o que o
proá prio Cristo usou, Paulo constroá i um silogismo facilmente
compreensíável: nenhum homem pode servir a dois senhores; noá s naã o
somos mais servos do pecado, mas servos de Deus; portanto, eá a Deus
quem devemos obedecer.
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regenerada ou naã o regenerada. Muito das expressoã es nos versíáculos 7-13
podem facilmente estar se referindo ao naã o regenerado, especialmente
porque os verbos estaã o no tempo passado. Mas os versíáculos 14-25 podem,
os verbos no tempo presente, referir-se ao naã o regenerado? Ou Paulo estaá
descrevendo a experieê ncia normal de um cristaã o?
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Essas observaçoã es gerais naã o resolvem todas as incidentais
dificuldades de determinados versíáculos. Ainda haá um nuá mero na primeira
metade do capíátulo. Mas a ideia naã o eá deixada em duá vida. A lei de Deus eá
boa, espiritual, deve ser um objeto de deleite. No entanto, como lei, naã o
pode justificar o pecador, nem mesmo pode santificar o cristaã o. A lei pode
de fato mostrar o que Deus requer, mas naã o pode dar vida, inclinaçaã o ou
força para fazer o bem. Graça eá necessaá ria. Mas esta graça eá suficiente? O
proá ximo capíátulo responde a essa pergunta.
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(4) A afliçaã o naã o refuta isto (8.18-28). Cristo era filho de Deus e
sofreu; se sofremos com ele, o sofrimento confirma em vez de refutar nossa
filiaçaã o. Esses sofrimentos naã o se restringem ao que as pessoas
normalmente chamam de perseguiçaã o. Eles incluem todas as nossas
limitaçoã es e fraquezas terrenas, todas as nossas provaçoã es e fardos, e nossa
sujeiçaã o aà morte fíásica. Nestes sofrimentos podemos gemer e naã o saber o
que orar; mas o mesmo Espíárito residente “faz intercessaã o pelos santos de
acordo com a vontade de Deus. E noá s sabemos que todas as coisas
cooperam para o bem daqueles que amam Deus.”
(6) Deus eá por noá s (8.31-34). Ele estava taã o interessado em nossa
salvaçaã o que naã o poupou o proá prio Filho; naã o se pode supor que Deus
daria Seu Filho e retivesse os dons menores da santificaçaã o e glorificaçaã o.
Deus estaá no controle. EÍ ele quem nos justificou; e isso resolve a questaã o.
(7) O amor de Deus eá imutaá vel (8.35-39). Este paraá grafo final naã o
acrescenta motivos para segurança, mas resume-os e reforça suas
aplicaçoã es. Uma seá rie de fatores saã o mencionados: fome, perigo, espada,
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anjos, principados, coisas do porvir, que aà s vezes obscurecem a segurança
de um cristaã o; mas nenhum deles eá onipotente e Deus eá . Ele escolheu nos
amar. Portanto, nada pode nos separar do amor de Deus que estaá em Jesus
Cristo nosso Senhor.
Paulo naturalmente ansiava pela salvaçaã o de sua proá pria raça; e ele
viu que a rejeiçaã o de Cristo pelos judeus e a justificaçaã o dos gentios pela feá
produzem a ilusaã o de que a Palavra de Deus naã o teve efeito. As promessas
naã o foram dadas aos Ísraelitas?
Naã o, elas naã o foram. Pelo menos as promessas naã o foram dadas aos
descendentes fíásicos de Abraaã o como tais. Esauá tambeá m foi excluíádo em
favor de Jacoá . Essas exclusoã es saã o inerentes aà promessa em si; isto eá , aà
escolha de Deus.
Observe bem que a escolha foi feita antes que as crianças tivessem
nascido e antes que eles tivessem feito qualquer bem ou mal. Ísso foi para
mostrar que o fator determinante eá o propoá sito. A eleiçaã o naã o depende de
nossas obras, mas daquele que chama.
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massa de barro ele faz um vaso para honra e outro para desonra. EÍ ridíáculo
supor que a argila possa ditar ao oleiro.
Entaã o, Deus lançou fora o seu povo para sempre? De modo nenhum.
Primeiro, o seu povo, no sentido daqueles indivíáduos que Ele conheceu,
Deus naã o rejeitou. Ísso naã o significa todos os judeus. Pois como era no
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tempo de Elias, agora os eleitos saã o um remanescente. A eleiçaã o eá da graça,
naã o das obras, de modo que, enquanto o restante obteve a graça, o restante
ficou cego. Deus deu a eles o espíárito de sono e os fez tropeçar, a fim de
trazer a salvaçaã o para os gentios.
A histoá ria da Ígreja pode ser ilustrada por uma oliveira. Alguns de
seus ramos originais e naturais foram quebrados para que os galhos de
uma oliveira brava pudessem ser enxertados. Ísso, eá claro, naã o eá um elogio
ou motivo de orgulho para os gentios. E se Deus naã o poupou os ramos
naturais por causa de sua incredulidade, os gentios deveriam ter cuidado
para que Deus naã o os poupe tambeá m. Aleá m disso, se Deus enxertou em
ramos selvagens, naã o eá ainda mais certo que Ele iraá enxertar os ramos
naturais em alguma data futura?
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VIII. Exortações práticas (12.1–16.27)
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A partir dessa passagem, James Í da Ínglaterra e outros monarcas absolutos
defenderam o direito divino dos reis, e alguns teoá logos concordaram que os
sujeitos devem invariavelmente se submeter. Joaã o Calvino e Joaã o Knox, ao
contraá rio, apontaram o fato de que os governantes tambeá m teê m obrigaçoã es,
podem ser desobedecidos e ateá mesmo substituíádos. Pedro (Atos 5.29)
disse: “Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens”. As parteiras do
Egito tambeá m (Ex 1.17) e os pais de Moiseá s (Ex 2.3) desobedeceram ao
faraoá . Se entaã o o governo eá ordenado por Deus, parece razoaá vel que naã o
tenha autoridade contraá ria aos mandamentos de Deus.
Algumas pessoas saã o fracas na feá . Em vez de limitar seus escruá pulos
aos preceitos da Palavra de Deus, elas se opoã em conscientemente a comer
porco e saã o rigorosos na observaê ncia de festa e dias de jejum.
Comer carne de porco e beber vinho naã o saã o pecados, saã o questoã es
de indiferença; mas precisamente porque saã o indiferentes, naã o constituem
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o Reino de Deus. O Reino consiste em justiça, paz e alegria no Espíárito
Santo.
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causa de Paulo, colocaram sua casa em Roma aà disposiçaã o da igreja romana
para uma de suas congregaçoã es particulares, e assim por diante.
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