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ROMANOS

POR

GORDON H. CLARK

1
Traduzido do original inglês
Romans
by Gordon H. Clark

via:gordonhclark.reformed.info

Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir esse


material em qualquer formato, desde que informe o autor, as fontes
originais e o tradutor, e que também não altere o seu conteúdo e nem o
utilize para quaisquer fins comerciais.

Capa e Tradução por Igor Paz


Revisão por Mariana Ferreira

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO E TEMA 1.1-17


SAUDAÇÕES 1.1-7
AÇÕES DE GRAÇAS 1.8-15
TEMA: JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ 1.16-17
A NECESSIDADE DO EVANGELHO 1.18–3.20
CONDENAÇÃO DOS GENTIOS 1.18-32
CONDENAÇÃO DOS JUDEUS 2.1–3.8
CONDENAÇÃO DE TODOS OS HOMENS 3.9-20
BREVE DECLARAÇÃO DO PLANO DE SALVAÇÃO: JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ
3.21-31
ABRAÃO, CONFIRMAÇÃO DA JUSTIFICAÇÃO 4.1-25
RESULTADOS DA JUSTIFICAÇÃO 5.1-21
RÉPLICA À PRIMEIRA OBJEÇÃO A JUSTIFICAÇÃO: PROMOVE O PECADO
6.1–8.39
JUSTIFICAÇÃO PRODUZ SANTIFICAÇÃO 6.1-23
LEI E GRAÇA 7.1-25
SEGURANÇA E SALVAÇÃO 8.1-39
RÉPLICA À SEGUNDA OBJEÇÃO: ISTO ANULA A PROMESSA DE DEUS 9.1–
11.39
A SOBERANA ESCOLHA DE DEUS 9.1-33
ZELO JUDAICO E DESOBEDIÊNCIA 10.1-21
O FUTURO DE ISRAEL 11.1-36
EXORTAÇÕES PRÁTICAS 12.1–16.27
SERVIÇO NA IGREJA E OUTROS DEVERES 12.1-21
DEVERES POLÍTICOS 13.1-14
RESPONSABILIDADE PESSOAL 14.1-23

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AMBIÇÃO MISSIONÁRIA DE PAULO 15.1-33
CUMPRIMENTOS PESSOAIS 16.1-27

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A EPÍÍSTOLA aos Romanos, a mais longa, mais sistemaá tica e a mais
profunda de todas as epíástolas, e talvez o livro mais importante na Bíáblia,
foi escrito pelo Apoá stolo Paulo (1.1,5). Na ocasiaã o ele estava em Corinto
(15.26; 16.1-2). A composiçaã o cuidadosa da carta sugere que depois de
algumas experieê ncias tempestuosas laá , ele teve um períáodo de lazer antes
de arrecadar dinheiro para ajudar os santos de Jerusaleá m, colocando assim
a data no iníácio de 58 d.C. Diferentemente de outras epíástolas, Romanos foi
escrita para uma igreja que ele nunca tinha visitado (1.10-11,15). Toda
ingenuidade da críática destrutiva nunca tem sido capaz de impugnar a
autenticidade da epíástola. Assim sendo, sem mais delongas, passemos das
críáticas para um estudo da sua mensagem.

I. Introdução e tema (1.1-17)

Devido ao fato de Paulo nunca ter visitado Roma, embora vaá rios de
seus amigos e convertidos tivessem ido viver laá , ele abre sua carta com uma
saudaçaã o mais longa do que o comum. Teria sido estranho para uma pessoa
particular tratar de uma congregaçaã o taã o importante e completamente fora
de lugar para impor sobre eles tal tratado sobre doutrina fundamental.
Portanto, Paulo começa enfatizando seu chamado apostoá lico (1.1-2).

Alusoã es casuais mostram o escopo da mente de Paulo e fornece um


rico material para estudo toá pico. Embora este artigo naã o possa poupar
espaço para desvios do assunto principal, um paraá grafo pode dar alguns
exemplos.

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A doutrina da eleiçaã o eá aludida em que Paulo foi chamado a ser um
apoá stolo (1.1), e os cristaã os romanos foram tambeá m chamados por Jesus
Cristo. Esses Cristaã os foram chamados para serem santos. Paulo nunca
sugeriu que somente alguns cristaã os, oficialmente canonizados, saã o santos.
Como a epíástola eá dirigida a todos eles (1.7), Paulo evidentemente esperava
que todos a lessem. Este eá o princíápio protestante de uma Bíáblia aberta 1.
Entaã o, tambeá m, a unidade do Antigo Testamento e do Novo Testamento, ao
qual refereê ncia posterior seraá feita, eá declarada (1.2). A deidade de Cristo eá
enfatizada (1.3-4,7). A ocorreê ncia desta ideia aqui eá importante porque em
58 d. C. ainda havia muitas pessoas vivas que tinham visto Jesus. A deidade
de Cristo portanto naã o eá uma lenda que levou seá culos para se desenvolver,
talvez sob influeê ncia grega, mas era comumente aceita desde o iníácio. Uma
vez mais, quando Paulo chama a si mesmo de servo de Jesus Cristo (1.1; cf.
7.6; 12.11; 14.18; 16.18) e adora a Deus (1.9; 9.4), ele naã o permite dois atos
de adoraçaã o, um (doulia) a ser dado aos santos e outro (latria) a Deus,
muito menos uma terceira forma (hyperdoulia, ou super-servidaã o) a ser
dada a Virgem Maria.

Depois das saudaçoã es (1.1-7), Paulo expressa gratidaã o pela


marcante feá dos Romanos. Ele os assegura do seu desejo de visitaá -los e
pregar o Evangelho em Roma tambeá m, “pois eá poder de Deus para salvaçaã o
de todo aquele que creê ”, e entaã o ele introduz o tema da epíástola, justificação
pela fé (1.17).

Aqui dois pontos saã o para ser especialmente notados. Primeiro,


como mencionado acima, a mensagem do Antigo Testamento eá
essencialmente a mesma mensagem do Novo Testamento. Assim como a
promessa que Deus fez pelos profetas eá em si mesma o Evangelho (1.2-3; cf.
Gl 3.8), e como Jesus começou em Moiseá s a expor tudo o que no Antigo
Testamento ensinava sobre ele (Lc 24.27), tambeá m a justificaçaã o pela feá eá
uma doutrina do Antigo Testamento. Paulo pega este tema de Habacuque
2.4. Segundo, o fato de os quatro primeiros livros do Novo Testamento
serem chamados Evangelhos produz a impressaã o que Romanos naã o eá o
Evangelho. Uma distinçaã o aà s vezes eá feita entre o Evangelho a ser pregado
no serviço evangelista e algo mais, talvez chamado doutrina ou teologia,

1 Talvez Gordon Clark esteja fazendo alusão ao princípio de que a Bíblia deveria ser acessível a
todos, dado que tempos antes do surgimento da Reforma Protestante o povo não tinha acesso
direto às Escrituras [N. do T.].

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que eá descartado como naã o taã o importante. Mas aqui (1.15-17) Paulo
enfaticamente identifica a doutrina da justificaçaã o pela feá com o Evangelho.
O versíáculo de Habacuque confirma que o Evangelho eá o poder de Deus
porque nele eá revelada uma justiça que vem de Deus pela Feá . O que isto
significa eá o fardo da epíástola.

II. A necessidade do Evangelho (1.18–3.20)

1. Condenação dos gentios (1.18-32)

A necessidade do Evangelho, ou seja, a necessidade de justificaçaã o


pela feá , eá baseada na ira de Deus contra o pecado da humanidade. Este
pecado pode ser dividido em impiedade (1.19-20) e iniquidade (v. 24-32).
Íra, culpa e responsabilidade pela puniçaã o saã o corretas porque eu conheço
a verdade e ainda a suprimo. O que eá conhecido de Deus tem se tornado
claro a eles (At 14.17). Os atributos eternos da onipoteê ncia e deidade,
embora invisíáveis, saã o claramente vistos no universo criado tornando-se
inescusaá vel para o homem naã o adorar a Deus. A raça humana, recusando-se
a glorificar e agradecer a Deus, tornou-se estuá pida, taã o estuá pida a ponto de
cair no níável da idolatria. Eles adoram paá ssaros, animais e ateá reá pteis.

Por causa desta impiedade, Deus os entregou a iniquidade e paixoã es


vis. Este abandono do homem aà sua luxuá ria naã o eá uma permissaã o passiva,
mas eá a ira ativa e eficaz do versíáculo 18. Um dos terríáveis resultados eá a
perversaã o sexual, que era taã o viciante que o Apoá stolo Paulo naã o se refere a
homem e mulher, como a traduçaã o coloca, mas simplesmente a machos e
feê meas. Desde que eles rejeitaram a Deus, Deus os deu a uma mente
reprovaá vel. Todo tipo de males seguiram: maldade, assassinato, engano,
fofoca, crueldade e assim por diante. Embora eles ainda desejem excluir
todo conhecimento de Deus de suas mentes, eles naã o poderiam ser bem-
sucedidos nisto. Eles conheciam o julgamento de Deus, a saber, que pessoas
que praticam tais coisas saã o dignas de morte; no entanto eles continuaram
em seus caminhos perversos e inteiramente aprovaram aqueles que faziam
tais coisas.

2. Condenação dos judeus (2.1–3.8)

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Os judeus tambeá m estavam dispostos a admitir que os gentios eram
taã o perversos quanto Paulo havia dito. Mas, no proá prio ato de julgar os
gentios, os judeus condenaram a si mesmos, pois eles estavam fazendo
essencialmente a mesma coisa, ou seja, quebrar a lei de Deus. Desprezando
assim as riquezas da bondade de Deus, os judeus estavam acumulando a ira
para si mesmos porque o julgamento de Deus eá baseado em justiça estrita.
Deus recompensa cada homem de acordo com suas obras. aà queles que saã o
pacientes em fazer o bem, Deus daraá vida eterna; aà queles que naã o
obedecem a verdade, daraá tribulaçaã o e anguá stia. E isto se aplica aos judeus
bem como aos gentios. Deus naã o faz acepçaã o de pessoas. Os gentios
pecaram sem a lei Mosaica – eles pereceraã o sem ela; os judeus pecaram sob
a Lei – eles seraã o julgados por ela. Ter e ouvir a lei naã o justifica; somente os
cumpridores da lei seraã o justificados. (Em um sentido os gentios tambeá m
teê m a lei de Deus, naã o a lei Mosaica, mas da sua criaçaã o em imagem de Deus
eles teê m a lei moral escrita em seus coraçoã es). Se a ira de Deus fosse a
uá ltima palavra, justiça estrita seria satisfeita, mas ningueá m poderia ser
salvo. Poreá m, antes que a justiça que eá dada ao homem pela feá possa ser
explicada, mais eê nfase deve ser colocada no pecado humano.

Os judeus tinham muitos privileá gios espirituais. Ele conheciam mais


sobre Deus do que os gentios. Ínfelizmente, isso os fez orgulhosos, vaidosos
e farisaicos. O contraste entre suas profissoã es de feá e suas condutas
levaram os gentios a blasfemar. Aqueles privileá gios aumentaram, naã o
diminuíáram, suas responsabilidades. Circuncisaã o e ritual saã o privileá gios,
mas para se beneficiar deles eá preciso manter a lei. O verdadeiro filho de
Deus naã o eá aquele que faz uma profissaã o exterior recebendo o sacramento;
ele eá um judeu que eá interiormente, aquele em quem o exterior eá um sinal
sacramental que representa verdadeiramente uma realidade espiritual
interior.

Ter os sacramentos e os oraá culos de Deus eá um grande privileá gio,


mesmo que alguns façam mau uso deles. A perda de feá do homem naã o anula
as promessas de Deus. Deus seraá verdadeiro, mesmo que cada homem seja
um mentiroso. Alguns judeus tentam argumentar que sua fidelidade
contrasta de forma taã o níátida com a de fidelidade de Deus, que a bondade
de Deus eá colocada em uma luz muito mais clara. Mas enfatizar a bondade
de Deus eá glorificaá -lo. Portanto, Deus naã o deve puni-los por sua

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infidelidade. Absurdo! Por este argumento Deus naã o poderia nem mesmo
punir os gentios. Seria sempre apropriado fazer o mal porque o bem
poderia vir. Mas nunca eá certo fazer o errado. Nunca haá uma desculpa para
desobedecer aos mandamentos de Deus. Aqueles que adotam este
princíápio perverso saã o justamente condenados.

3. Condenação de todos os homens (3.9-20)

AÀ queles que perseveram em fazer o bem, buscam a gloá ria e


incorrupçaã o, Deus daraá vida eterna. Mas naã o haá tais pessoas. Todos estaã o
sob pecado. Naã o haá um justo, nenhum sequer; naã o haá quem busque a Deus.
Qualquer que seja a “religiaã o”, o Cristianismo naã o eá a busca do homem por
Deus nem eá a Bíáblia um registro de tal busca; o Cristianismo eá a busca de
Deus pelo homem rebelde e a Bíáblia eá a sua mensagem de redençaã o. Os
homens precisam de redençaã o, pois seus peá s saã o raá pidos em derramar
sangue e naã o haá temor de Deus diante de seus olhos.

A lei foi dada para que toda boca seja calada e que o mundo inteiro
fosse culpado diante Deus. Pois pelas obras da lei ningueá m jamais seraá
justificado aos olhos de Deus.

Certamente haá uma profunda necessidade de algumas boas novas.

III. Breve declaração sobre justificação pela fé (3.21-31)

Se Romanos eá o livro mais importante da Bíáblia, esta seçaã o eá a mais


importante em Romanos. Com a plena realizaçaã o da beleza dos Salmos, a
majestade de Ísaíáas, e a popularidade de Joaã o 3.16, tem-se uma boa razaã o
para julgar que Romanos 3.25-26 conteá m mais o Evangelho do que
qualquer outra declaraçaã o na Bíáblia. Vamos estudar a seçaã o com cuidado.

A questaã o eá : se todos saã o culpados e merecem a ira de Deus, como


algueá m pode ser salvo?

A resposta eá : Deus requer justiça, poreá m Ele mesmo forneceu a


justiça que Ele exige. EÍ uma justiça que naã o eá baseada em nossa obedieê ncia

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aà lei. Na verdade, a Lei e os Profetas teê m ensinado esta justiça de Deus, naã o
o homem; mas o homem a recebe pela feá em Jesus Cristo. A feá referida naã o eá
uma vaga feá religiosa geral. Atualmente existem vozes puá blicas exortando
as pessoas a terem feá ; aà s vezes o objeto desta feá eá o homem, aà s vezes Deus,
e aà s vezes naã o eá identificado. Em contraste, a feá da qual Paulo fala eá
definitivamente feá em Jesus Cristo.

A feá naã o eá a justiça que Deus daá , nem eá a base da justiça; mas o meio
de obteê -lo.

Este plano da redençaã o eá oferecido a todos, pois todos os homens


estaã o no mesmo estado; todos saã o culpados; todos eles pecaram.

Agora vem a declaraçaã o principal sobre a justificaçaã o. Mas primeiro,


eá extremamente importante saber o que o termo justificação significa. Ísto
eá descoberto observando como eá usado por Paulo e por outros escritores
do Novo Testamento.

Em Romanos 2.13 eá dito: “Os que praticam a lei seraã o justificados”.


Assim, os que praticam a lei naã o poderiam ser pecadores, mas poderiam
ser justificados, segue-se que justificaçaã o naã o significa perdaã o.
Cumpridores da lei naã o podem ser perdoados 2. A observaçaã o se aplica
tambeá m a Romanos 3.4, pois Deus nunca eá perdoado; e a Romanos 3.20.

Visto que justificaçaã o estaá relacionado com justiça, poderia o termo


“justificar” significar fazer justiça? Mais uma vez, Romanos 3.4 mostra que
naã o pode, pois ningueá m torna Deus justo. Quando tambeá m em Lucas 7.29
lemos que “os publicanos justificaram Deus”, o texto naã o quer dizer que
eles tornaram Deus justo(Cf. Lc 7.35; 10.29).

A chave para o significado eá vista no modo como a justificaçaã o eá


contrastada com a condenaçaã o: “por tuas palavras seraá s justificado e por
tuas palavras seraá s condenado” (Mt 12.37; cf. Rm 5.16; 8.33-34).

Condenar o homem naã o eá tornaá -lo injusto. Quando um juiz condena


um prisioneiro, ele naã o o torna um criminoso. A condenaçaã o naã o eá uma
2 Não podem ser perdoados porque não comentem pecados, pois são cumpridores da lei.
Portanto, se não há pecado, não há o que perdoar [N. do T.].

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mudança moral no indivíáduo. Condenar eá declarar o homem culpado. O
acusado jaá cometeu o crime, ele jaá eá uma pessoa perversa; o juiz
meramente declara publicamente que ela eá culpada. Assim, justificaçaã o eá o
oposto de condenaçaã o, eá a sentença judicial de Deus de que o acusado naã o eá
culpado. Justificação portanto significa absolviçaã o.

O acusado, contudo, eá culpado. Ele eá um pecador. Como entaã o


justificaçaã o e absolviçaã o saã o possíáveis? Obviamente naã o pode ser por
meá rito. Pecadores naã o merecem o favor de Deus. Justificaçaã o, no entanto, eá
um dom gratuito, inteiramente gratuito, uma questaã o de graça. Ísto ainda
naã o explica como Deus pode justamente declarar inocente um pecador
culpado.

Este resultado aparentemente impossíável foi realizado atraveá s da


redençaã o que estaá em Jesus Cristo.

Deus enviou Cristo para morrer como um sacrifíácio propiciatoá rio.


Propiciar significar apaziguar o ofendido, para desviar sua ira, para tornaá -lo
favoraá vel ao ofensor. EÍ isso que o sangue de Cristo realizou.

Se parecia injusto Deus absolver o culpado, a morte de Cristo


satisfaz a exigeê ncia de justiça, para que Deus possa justificar o pecador e,
ao mesmo tempo, continuar ele mesmo sendo justo. A morte de Cristo,
assim, foi um sacrifíácio para satisfazer a justiça divina e, como uma
consequeê ncia, nos reconciliar com Deus.

EÍ claro, nem todos os pecadores saã o absolvidos. O benefíácio estaá


restrito aà queles que teê m feá em Cristo. Feá eá o meio pelo qual os benefíácios da
morte de Cristo saã o aplicados. A base – como distinguida dos meios – da
justificaçaã o eá o proá prio Cristo ou, mais particularmente, a justiça pessoal de
Cristo.

Assim, justificaçaã o exclui todo orgulho humano nos atos da lei.


Cristo tem satisfeito os requisitos de Deus por noá s.

IV. Abraão, uma confirmação da justificação (4.1-25)

11
EÍ visto no exemplo de Abraaã o que a justificaçaã o pela feá eá o uá nico
meá todo de salvaçaã o, e tem sido o uá nico desde a queda de Adaã o. Abraaã o foi
justificado pela feá , naã o pelas obras, pois ele naã o tinha obras da qual se
gloriar. A Escritura eá clara neste ponto (Gn 15.6).

A palavra aqui, se destacada do material principal de Romanos 3.25-


26, poderia dar a impressaã o de que a feá por si soá eá a base da justificaçaã o.
Mas Paulo se daá ao direito de fazer alguma abreviatura da linguagem, em
vista do fato de que ele jaá havia falado taã o explicitamente nos versíáculos
acima. Ele jaá havia falado da feá em Cristo e de ser justificado pela feá em seu
sangue. Quando Deus absolve um pecador, Ele naã o o faz sobre a base de
uma justiça que Ele daá ao pecador. A justiça vem ao pecador pela feá ; mas
desde o iníácio (1.17) Paulo indicou que eá a justiça e naã o a feá que Deus
considera quando ele diz: “naã o eá culpado”. Nunca se deve esquecer que eá o
objeto da feá , e naã o a feá em si, que produz o resultado.

A imputaçaã o da justiça, e esta eá a graça, mostra que a redençaã o naã o eá


algo que Deus nos deve pelas nossas obras. Davi deixou isso claro (Sl 32.1-
2). Deus nos conta justo, naã o por causa do que fizemos, mas porque Ele poê s
a justiça de Cristo em nossa conta.

O princíápio da graça exclui ateá mesmo a circuncisaã o (bem como o


batismo e a Ceia do Senhor tambeá m) como base de absolviçaã o. Abraaã o foi
justificado primeiro e soá depois circuncidado. Consequentemente Abraaã o
poderia ser o pai da feá dos gentios, bem como dos judeus crentes.

Da mesma forma, a natureza da promessa e da lei apoia a


justificaçaã o pela feá . A promessa de Deus eá nossa simplesmente por
acreditarmos nela; seu cumprimento naã o depende de noá s mantermos a lei.
A lei especifica penalidades para a desobedieê ncia, e se dependeê ssemos da
lei para a beê nçaã o de Deus, a feá seria inuá til e as promessas tambeá m. Naã o soá
por isso, mas uma vez que nunca estaremos seguros de que obedeceremos
aà lei, a garantia da salvaçaã o deve depender da feá , promessa e graça. Soá
assim podemos ter certeza.

Abraaã o eá uma excelente ilustraçaã o, pois a promessa que Deus lhe


dera era difíácil de crer. No entanto, ele naã o duvidou. O livro de Geê nesis naã o

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eá apenas histoá ria antiga. Ele explica o uá nico plano da redençaã o que Deus jaá
ofereceu aà humanidade. Ímputaçaã o se aplica a noá s hoje tanto quanto a
Abraaã o, desde que, eá claro, acreditemos que Cristo foi crucificado pelos
nossos pecados e ressuscitou para a nossa justificaçaã o.

V. Resultados da justificação (5.1-21)

Embora os resultados da justificaçaã o continuem pelos capíátulos 6, 7


e 8, esses treê s formam uma seçaã o especial, de modo que o capíátulo 5 deve
ser tratado como uma uá nica unidade.

O primeiro resultado mencionado da justificaçaã o eá a paz com Deus.


Anteriormente noá s havíáamos sido inimigos de Deus. Poreá m, por meio de
Jesus Cristo, recebemos paz, graça e esperança. Ateá mesmo as nossas
tribulaçoã es saã o agora uma bençaã o porque produzem pacieê ncia, experieê ncia
e uma esperança que naã o seraá desapontada. Tudo isto depende da obra de
Cristo, que morreu por noá s mesmo quando ainda eá ramos pecadores e
inimigos. Agora que fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho,
e naã o somos mais inimigos, eá ainda certo que Ele nos salvaraá da ira
vindoura.

A morte de Cristo eá o fator efetivo; e antes que mais resultados de


justificaçaã o sejam dados nos proá ximos treê s capíátulos, eá necessaá rio explicar
mais detalhadamente como a morte de Cristo realiza seu propoá sito.

Romanos 5.12-21 saã o os versíáculos mais difíáceis da epíástola. Para


compreendeê -los, eá melhor ter em mente, em primeiro lugar, como eles saã o
apresentados. O paraá grafo eá desenhado para explicar a justificaçaã o. A partir
de 3.21, o meá rito do sacrifíácio de Cristo tem sido proeminente, e os
versíáculos imediatamente anteriores enfatizam esse meá rito. A obra de
Cristo naã o deve ser explicada por uma comparaçaã o da obra de Adaã o.
Qualquer interpretaçaã o que destrua a comparaçaã o deve estar incorreta.
Claro, a obra de Adaã o e a obra de Cristo saã o antiteá ticas em alguns
particulares importantes; estas diferenças saã o cuidadosamente
mencionadas e colocadas de lado em 5.15-17. Mas haá tambeá m um ponto

13
mais importante de semelhança; a interpretaçaã o correta deve descobrir
qual eá .

A dificuldade da passagem eá agravada por sua estrutura gramatical


complicada. O versíáculo 12 começa com a comparaçaã o entre Adaã o e Cristo,
mas se interrompe no meio do caminho. A comparaçaã o eá resumida nos
versíáculos 18 e 19. Os versíáculos 13 e 14 saã o um tipo observaçaã o em
pareê ntese anexado ao fim do versíáculo 12, e os versíáculos 15, 16 e 17
formam outro pareê ntese ao fim do versíáculo 14.

A analogia desses versíáculos eá esta: Cristo eá a causa da nossa justiça


e da nossa justificaçaã o da mesma forma que Adaã o eá a causa do nosso
pecado e condenaçaã o. Como entaã o Adaã o causou nosso pecado?

Seraá que Adaã o trouxe pecado e morte a todos os homens em razaã o


do fato de que todos os homens seguiram seu exemplo, e eles mesmos
cometeram transgressoã es voluntaá rias?

Esta interpretaçaã o deve ser rejeitada por quatro motivos. Primeiro,


a frase “todos pecaram” usa um tempo que em grego refere-se a um uá nico
ato no tempo passado e naã o como muitos atos no presente. Segundo, o
propoá sito destes versíáculos (e isto estaá certamente claro nos versíáculos 16
e 17) eá mostrar que um pecado de Adaã o, naã o muitos, eá a causa da morte.
Terceiro, a ideia de imitar o exemplo de Adaã o eá explicitamente descartado
no versíáculo 14. E quarto, se noá s morremos porque imitamos o exemplo de
Adaã o, entaã o, para manter a comparaçaã o entre Adaã o e Cristo, a justificaçaã o
teria que ser o resultado da imitaçaã o de Cristo.

Talvez, entaã o, alguns podem dizer que “todos pecaram” signifique


“todos nos tornamos corrompidos”; ou seja, o pecado de Adaã o nos causou
deterioraçaã o fíásica e espiritual e, uma vez que noá s naturalmente herdamos
sua natureza depravada, noá s pecamos e morremos.

Esta interpretaçaã o tambeá m deve ser rejeitada. EÍ verdade que


herdamos uma natureza depravada de Adaã o, mas este naã o eá o sentido da
passagem. Primeiro, “todos nos tornamos corrompidos” eá uma traduçaã o
impossíável. O texto diz “todos pecaram”. Segundo, arruíána a comparaçaã o
entre Adaã o e Cristo. Se nos tornamos pecadores e morremos por causa de

14
uma mudança moral para pior, poderia se seguir que somos justificados
por causa de uma mudança moral para melhor. Tal ideia eá essencialmente
uma justificaçaã o pelas obras, ou melhor, eá a posiçaã o Catoá lica Romana da
justificaçaã o pela feá mais obras. Lutero e Calvino, no entanto, deixaram claro
para sempre que a justificaçaã o eá pela feá somente – sem obras, para que
Abraaã o naã o se gloriasse. Terceiro, os versíáculos 15-19 enfatizam o único
pecado de Adaã o como a base da nossa condenaçaã o. Nem nossa depravaçaã o
e nem nossa pecaminosidade saã o ditas ser esta base.

Nada disso nega que de fato somos depravados, nem que


cometemos pecados, nem de fato, como veremos nos capíátulos seguintes,
que a justificaçaã o eá seguida por uma mudança moral e por boas obras. O
que isto nega eá que qualquer uma dessas coisas seja a base sobre a qual
Deus absolve o pecador.

A uá nica interpretaçaã o que faz justiça ao texto eá que Adaã o foi nosso
substituto ou representante. Ele agiu em nosso lugar. Portanto, quando ele
pecou e morreu, todos noá s pecamos e morremos. Seu ato representativo,
seu uá nico pecado – naã o os muitos pecados que ele cometeu depois na vida
– eá a base sobre a qual Deus nos condena. Seu uá nico ato nos fez culpados.

Esta visaã o de como o pecado de Adaã o eá a causa da nossa culpa


preserva a comparaçaã o entre Adaã o e Cristo, pois o todo da descriçaã o bíáblica
de nossa relaçaã o com Cristo estaá permeado pelo conceito de representaçaã o.
Noá s morremos com Cristo; somos crucificados com Cristo; ressurgimos
com Ele; e nos assentaremos com ele nos lugares celestiais. Essas frases
naã o podem ser verdadeiras para noá s pessoalmente, pois naã o tíánhamos
nascido quando Cristo foi crucificado. Essas expressoã es saã o verdadeiras
representativamente. Quando Cristo morreu, ele pagou a penalidade do
pecado em nosso lugar. Ele tomou nosso lugar. Ele foi o nosso substituto e
representante. Portanto, pela culpa de um uá nico homem, Adaã o, nos foi
imputada a condenaçaã o; entaã o, pela justiça de um uá nico homem, Jesus
Cristo, nos foi imputada a nossa justificaçaã o.

AÀ s vezes, afirma-se que esta interpretaçaã o eá o resultado de


preconceitos teoloá gicos. Bastante pelo contraá rio! A mente natural, que quer
gloriar-se, jamais teria inventado essa doutrina. Os homens da Reforma
mantiveram isso porque a proá pria Bíáblia os forçou a isto. Para os justos, por

15
meio da feá , sobre a base na justiça imputada de Cristo, estaá o escaê ndalo da
Cruz.

VI. Réplica à primeira objeção: Justificação promove pecado (6.1–


8.39)

1. Justificação produz santificação (6.1-23)

A magnitude da graça de Deus eá vista mais claramente quando


contrastada com a extensaã o do pecado. Portanto Paulo acabara de dizer:
“onde abundou o pecado, superabundou a graça”. A partir deste
sentimento, no entanto, a mente pecadora tem uma tendeê ncia natural a
extrair infereê ncias falaciosas. Por isso, Paulo introduz uma objeçaã o aà sua
doutrina pela pergunta: “continuaremos a pecar para que a graça
superabunde?”.

Lembre-se (3.7-8) de que os judeus increá dulos acusaram Paulo de


maneira inconsistente e caluniosa, ensinando “façamos o mal, para que
venha o bem”. EÍ necessaá rio, portanto, defender a justificaçaã o contra a
acusaçaã o de que ela encoraja o pecado. Essa defesa eá a doutrina da
santificaçaã o.

A justificaçaã o e a santificaçaã o saã o por vezes mal compreendidas por


serem separadas e contrastadas. O adversativo mas eá colocado entre elas:
somos justificados pela feá , mas, por um motivo misterioso, devemos agora
fazer boas obras. Outros cristaã os evitam a afiada antíátese, mas deixam os
dois como fatos pouco relacionados. Em vez de usar o mas, eles usam o e:
somos justificados pela feá e, mudando de assunto, somos santificados pelas
obras.

Paulo, no entanto, os relaciona estritamente. Naã o mas, naã o e, mas


portanto. Somos justificados pela feá , portanto, naã o devemos pecar.
Santificaçaã o eá o propoá sito da justificaçaã o. E com certeza a justificaçaã o
produz seu resultado, que Paulo eá capaz de dizer: “o pecado naã o teraá
domíánio sobre voá s” (6.14). Para corroborar outras expressoã es bíáblicas,

16
pode-se dizer que a justificaçaã o eá o portaã o reto e a santificaçaã o eá o caminho
estreito que leva aà gloá ria.

Em resposta aà pergunta: “continuaremos a pecar para que a graça


superabunde?”, o ponto principal dos primeiros quatorze versíáculos eá
brevemente este: ningueá m que vem a Cristo para a salvaçaã o da culpa e do
poder do pecado pode querer continuar pecando. A obra de Cristo na cruz
foi uma expiaçaã o de pecado. O pecador que confia no sangue derramado de
Cristo sabe que seu “velho homem estaá crucificado com ele, para que o
corpo do pecado seja destruíádo” (6.6); e se considera “morto com Cristo” (v.
8). Se o homem naã o se identifica com o propoá sito de Cristo de destruir o
pecado, e se, em vez de tristeza e oá dio do pecado, ele nutre a noçaã o de que
pode continuar em pecado para que a graça possa abundar, a conclusaã o
inevitaá vel eá a de que este homem naã o sabe nada de Cristo e naã o foi
justificado. Para falar claramente, eá psicologicamente impossíável confiar no
sangue redentor de Cristo e querer continuar no pecado. A santificaçaã o naã o
eá meramente o propoá sito da justificaçaã o, como se o propoá sito pudesse
falhar; mas a santificaçaã o eá o resultado inevitaá vel.

Haá uma progressaã o de pensamento no capíátulo 6. Os primeiros


quatorze versíáculos consideram a questaã o: “pecaremos a fim de que a graça
superabunde?”. Ísto preveê um caá lculo perverso do pecado habitual. O
versíáculo 15 faz uma pergunta diferente: “pecaremos porque estamos sob a
graça?”. Ísto naã o preveê o caá lculo do perverso pecado habitual, mas a
indiferença indolente de um pecado ocasional, O versíáculo 1 pergunta:
“vamos pecar para isto?”. O versíáculo 15 pergunta: “pecaremos por queê ?”.

A indiferença indolente naã o pode ser taã o hedionda quanto o caá lculo
perverso, mas eá igualmente excluíáda. Com a ilustraçaã o da escravidaã o que o
proá prio Cristo usou, Paulo constroá i um silogismo facilmente
compreensíável: nenhum homem pode servir a dois senhores; noá s naã o
somos mais servos do pecado, mas servos de Deus; portanto, eá a Deus
quem devemos obedecer.

2. Lei e graça (7.1-25)


De algumas maneiras este capíátulo eá ateá mais difíácil do que 5.12-21.
No entanto, os Reformadores estavam bem de acordo quanto ao seu
significado. A dificuldade eá determinar se Paulo estaá falando de uma pessoa

17
regenerada ou naã o regenerada. Muito das expressoã es nos versíáculos 7-13
podem facilmente estar se referindo ao naã o regenerado, especialmente
porque os verbos estaã o no tempo passado. Mas os versíáculos 14-25 podem,
os verbos no tempo presente, referir-se ao naã o regenerado? Ou Paulo estaá
descrevendo a experieê ncia normal de um cristaã o?

Para responder a estas perguntas deve-se observar a posiçaã o do


capíátulo 7 como um todo. O plano da epíástola faz da santificaçaã o o toá pico
dos capíátulos de 6 a 8. Esperar qualquer coisa, menos uma refereê ncia
incidental ao estado naã o regenerado seria quebrar a continuidade do
argumento.

Entaã o, tambeá m, o contexto mais amplo de todas as epíástolas de


Paulo, e na verdade de toda a Bíáblia, ensina que Cristo experimenta um
conflito com o pecado, enquanto que o homem naã o regenerado estaá aà
vontade no pecado. Talvez o naã o regenerado pode ter algumas pontadas de
conscieê ncia (1.23; 2.15), mas se naã o haá vida espiritual, o conflito eá
extremamente superficial (Sl 73.3-12; 119.70; Mt 13.13-15; Rm 3.9-18).

Agora, a pessoa falada neste capíátulo eá interiormente inclinada ao


bem. Quase todos os uá ltimos doze versíáculos enfatizam isso em níátido
contraste com as quatro refereê ncias listadas. Aqui a pessoa odeia o mal que
ela faz, ela quer fazer o bem, ela se deleita na lei de Deus apoá s o homem
interior, e ela agradece a Deus pela libertaçaã o atraveá s de Jesus Cristo. Essas
coisas naã o saã o verdadeiras em um naã o regenerado.

A experieê ncia descrita, portanto, eá a experieê ncia normal de um


cristaã o devoto. Quanto mais sincero ele eá e mais fielmente ele tenta agradar
a Deus, mais coê nscio ele eá da luta. Assim, a proá pria ocorreê ncia da luta eá
evideê ncia de sua regeneraçaã o (Sl 38.4; 40.12; Mt 25.41; ÍCo 3.1-4).

O presente capíátulo, portanto, reforça o ensino do capíátulo anterior


(6.12-13,16) de que a santificaçaã o naã o eá , como a justificaçaã o, um ato
instantaê neo. Santificaçaã o eá a vida em processo de crescimento em
santidade. E isto requer esforço (Gl 5.17; Tg 4.7; ÍPe 2.11). O versíáculo 21,
portanto, naã o eá para ser entendido como o grito de desespero de um
condenado, mas como a introduçaã o a açoã es de graças evocadas pela
resposta aà pergunta.

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Essas observaçoã es gerais naã o resolvem todas as incidentais
dificuldades de determinados versíáculos. Ainda haá um nuá mero na primeira
metade do capíátulo. Mas a ideia naã o eá deixada em duá vida. A lei de Deus eá
boa, espiritual, deve ser um objeto de deleite. No entanto, como lei, naã o
pode justificar o pecador, nem mesmo pode santificar o cristaã o. A lei pode
de fato mostrar o que Deus requer, mas naã o pode dar vida, inclinaçaã o ou
força para fazer o bem. Graça eá necessaá ria. Mas esta graça eá suficiente? O
proá ximo capíátulo responde a essa pergunta.

3. Segurança da salvação (8.1-39)

Esta seçaã o de treê s capíátulos (6.1–8.39) ensina, como temos visto,


que a justificaçaã o pela feá , longe de encorajar o pecado, produz santificaçaã o.
O presente capíátulo, o uá ltimo dos treê s, considera a segurança da salvaçaã o.
Essa segurança eá um estaá gio no processo de santificaçaã o. A quebra entre os
capíátulos, que, claro, naã o eá de Paulo, pois obscurece o fato de que 8.1 eá a
conclusaã o do pensamento em 7.25. Porque Deus me livrou desta morte, do
pecado, porque Ele me deu força para lutar, portanto, naã o haá nenhuma
condenaçaã o para aqueles que para aqueles que estaã o em Cristo Jesus. Esta
segurança eá apoiada por sete pequenos paraá grafos.

(1) Estamos livres da lei (8.1-4). A lei naã o poderia justificar o


pecador; ela pode somente condenaá -lo. Mas Cristo fez o que a lei naã o
poderia fazer; portanto, sua condenaçaã o naã o alcança o crente.

(2) A salvaçaã o eá realmente iniciada na regeneraçaã o, justificaçaã o e


santificaçaã o (8.5-11). O Espíárito de Deus habita no crente. Portanto, em vez
de ser carnal, e em inimizade com Deus, o crente estaá interessado nas
coisas do Espíárito. O trabalho residente do Espíárito estende ateá mesmo aà
ressurreiçaã o do corpo mortal.

(3) Somos filhos e herdeiros de Deus (8.12-17). A habitaçaã o do


Espíárito nos torna filhos e permite dirigir-nos a Deus como Pai. Quando
pensamos em Deus como pai, o Espíárito estaá testemunhando com (naã o a)
nosso espíárito de que somos filhos de Deus; e, se filhos, entaã o devemos ser
herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo.

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(4) A afliçaã o naã o refuta isto (8.18-28). Cristo era filho de Deus e
sofreu; se sofremos com ele, o sofrimento confirma em vez de refutar nossa
filiaçaã o. Esses sofrimentos naã o se restringem ao que as pessoas
normalmente chamam de perseguiçaã o. Eles incluem todas as nossas
limitaçoã es e fraquezas terrenas, todas as nossas provaçoã es e fardos, e nossa
sujeiçaã o aà morte fíásica. Nestes sofrimentos podemos gemer e naã o saber o
que orar; mas o mesmo Espíárito residente “faz intercessaã o pelos santos de
acordo com a vontade de Deus. E noá s sabemos que todas as coisas
cooperam para o bem daqueles que amam Deus.”

(5) Fomos predestinados aà vida eterna (8.28-30). Motivos para


segurança foram sendo construíádos em direçaã o a um clíámax. Eles
convergem no propoá sito eterno de Deus. A transiçaã o do paraá grafo anterior
eá a frase “aos que foram chamados segundo o seu propoá sito”. Deus tem um
plano ou propoá sito para a histoá ria; este plano inclui naã o soá o grande
esquema das coisas, mas tambeá m todos os detalhes, porque Deus opera
todas as coisas de acordo com este propoá sito divino de que Deus chamou
ou escolheu aqueles que agora O amam. Para aquelas pessoas que de
antemaã o conheceu ou escolheu, ele tambeá m predestinou a viver uma vida
semelhante aà de Cristo; e aqueles a quem ele predestinou, ele chamou; uma
vez que eles foram efetivamente chamados, Ele os justificou; e aqueles a
quem ele justificou, ele tambeá m glorificou. Naã o haá nesta progressaã o
nenhum ponto em que um indivíáduo possa desistir. Cada um de cada classe
anterior eá incluíádo em cada classe subsequente. Todos os predestinados
saã o justificados; todos os justificados seraã o glorificados. Uma vez que este
processo, do começo ao fim, eá controlado por Deus, e naã o depende do
nosso trabalho em todas as coisas, a doutrina da predestinaçaã o eá a mais
importante base da segurança da salvaçaã o.

(6) Deus eá por noá s (8.31-34). Ele estava taã o interessado em nossa
salvaçaã o que naã o poupou o proá prio Filho; naã o se pode supor que Deus
daria Seu Filho e retivesse os dons menores da santificaçaã o e glorificaçaã o.
Deus estaá no controle. EÍ ele quem nos justificou; e isso resolve a questaã o.

(7) O amor de Deus eá imutaá vel (8.35-39). Este paraá grafo final naã o
acrescenta motivos para segurança, mas resume-os e reforça suas
aplicaçoã es. Uma seá rie de fatores saã o mencionados: fome, perigo, espada,

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anjos, principados, coisas do porvir, que aà s vezes obscurecem a segurança
de um cristaã o; mas nenhum deles eá onipotente e Deus eá . Ele escolheu nos
amar. Portanto, nada pode nos separar do amor de Deus que estaá em Jesus
Cristo nosso Senhor.

VII. Réplica à segunda objeção: Isto anula a promessa de Deus (9.1–


11.36)

1. A soberana escolha de Deus (9.1-33)

Paulo naturalmente ansiava pela salvaçaã o de sua proá pria raça; e ele
viu que a rejeiçaã o de Cristo pelos judeus e a justificaçaã o dos gentios pela feá
produzem a ilusaã o de que a Palavra de Deus naã o teve efeito. As promessas
naã o foram dadas aos Ísraelitas?

Naã o, elas naã o foram. Pelo menos as promessas naã o foram dadas aos
descendentes fíásicos de Abraaã o como tais. Esauá tambeá m foi excluíádo em
favor de Jacoá . Essas exclusoã es saã o inerentes aà promessa em si; isto eá , aà
escolha de Deus.

Observe bem que a escolha foi feita antes que as crianças tivessem
nascido e antes que eles tivessem feito qualquer bem ou mal. Ísso foi para
mostrar que o fator determinante eá o propoá sito. A eleiçaã o naã o depende de
nossas obras, mas daquele que chama.

Deus foi, entaã o, injusto ao escolher Jacoá , e naã o Esauá , antes de


nascerem e aà parte de suas obras? De modo nenhum. Em primeiro lugar,
naã o eá uma questaã o de justiça, como se Jacoá e Esauá tivessem alguma
reivindicaçaã o sobre Deus, mas de misericoá rdia e compaixaã o, Aleá m disso,
era prerrogativa de Deus tambeá m para endurecer o coraçaã o do faraoá com o
propoá sito de mostrar seu poder nele.

Entaã o, Deus eá injusto ao punir os íámpios, vendo que ningueá m pode


possivelmente resistir aà vontade de Deus? De modo nenhum. Ningueá m tem
o direito de encontrar falhas em Deus. Deus eá como um oleiro. Da mesma

21
massa de barro ele faz um vaso para honra e outro para desonra. EÍ ridíáculo
supor que a argila possa ditar ao oleiro.

Deus, portanto, preparou certos vasos para a destruiçaã o, a fim de


fazer conhecidas as riquezas da Sua gloá ria nos vasos de misericoá rdia que
Ele preparou para a gloá ria. E esses vasos de misericoá rdia incluem alguns
gentios e excluem alguns judeus.

O fator distintivo entre os dois grupos eá a feá em Cristo. Alguns


gentios teê m feá ; mas alguns judeus, na verdade a maioria, confiando em suas
proá prias obras, acham que Cristo eá uma pedra de tropeço e uma pedra de
ofensa.

2. O Zelo judaico e a desobediência (10.1-21)

No entanto, o Paulo natural deseja a salvaçaã o dos judeus.


Ínfelizmente, eles saã o ignorantes da encarnaçaã o e da ressurreiçaã o, embora
Moiseá s tenha profetizado sobre o Messias, e seus zelos estaã o centrados em
numerosas obras. A justiça da feá , por outro lado, vem mais facilmente,
simplesmente, pela aceitaçaã o do Evangelho.

Agora, o Evangelho eá brevemente isto: Se confessares que Jesus eá o


Senhor, Adonai, o Jeovaá do Antigo Testamento, e sinceramente crer na sua
ressurreiçaã o dentre os mortos, tu seraá s salvo. E isso se aplica tanto aos
judeus quanto aos gentios.

Mas feá ou crença neste Evangelho depende de ouvi-lo; e isso


pressupoã e a pregaçaã o; e isso requer o envio de missionaá rios e evangelistas
para todas as naçoã es. Agora, os judeus realmente ouviram, mas eles naã o
acreditaram em nossa pregaçaã o; portanto, Deus estaá provocando e
irritando-os, escolhendo os gentios.

3. O futuro de Israel (11.1-36)

Entaã o, Deus lançou fora o seu povo para sempre? De modo nenhum.
Primeiro, o seu povo, no sentido daqueles indivíáduos que Ele conheceu,
Deus naã o rejeitou. Ísso naã o significa todos os judeus. Pois como era no

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tempo de Elias, agora os eleitos saã o um remanescente. A eleiçaã o eá da graça,
naã o das obras, de modo que, enquanto o restante obteve a graça, o restante
ficou cego. Deus deu a eles o espíárito de sono e os fez tropeçar, a fim de
trazer a salvaçaã o para os gentios.

Claro, ningueá m pensaria que Deus jogaria fora o remanescente


eleito pela graça. Mas haá tambeá m outro sentido em que Deus naã o rejeitaraá
seu povo. Os judeus como raça ainda figuram no plano de Deus e teraã o um
futuro glorioso. Para isso, assim como o empobrecimento dos judeus no
primeiro seá culo enriqueceu os gentios, o retorno dos judeus no futuro
produziraá beê nçaã os muito maiores. Seraá como a vida dos mortos.

A histoá ria da Ígreja pode ser ilustrada por uma oliveira. Alguns de
seus ramos originais e naturais foram quebrados para que os galhos de
uma oliveira brava pudessem ser enxertados. Ísso, eá claro, naã o eá um elogio
ou motivo de orgulho para os gentios. E se Deus naã o poupou os ramos
naturais por causa de sua incredulidade, os gentios deveriam ter cuidado
para que Deus naã o os poupe tambeá m. Aleá m disso, se Deus enxertou em
ramos selvagens, naã o eá ainda mais certo que Ele iraá enxertar os ramos
naturais em alguma data futura?

A cegueira dos judeus deve continuar ateá que “a plenitude dos


gentios” seja introduzida. Essa plenitude pode indicar uma eá poca em que a
grande maioria dos gentios estaraã o convertidos. Virtualmente o mundo
inteiro seraá cristaã o. Tal interpretaçaã o faz um bom contraste com "todo o
Ísrael" no proá ximo versíáculo. Ou “a plenitude dos gentios” poderia se
referir a uma eá poca em que todos os gentios a quem Deus escolheu para
salvaçaã o, embora naã o a maioria, estaraã o salvos e Deus naã o salvaraá mais
nenhum deles. De qualquer forma, quando esta plenitude ocorre, entaã o a
grande maioria dos judeus seraã o salvos tambeá m. Esta conversaã o final dos
judeus foi profetizada no Antigo Testamento.

“OÍ profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de


Deus! Quaã o insondaá veis saã o os seus juíázos, e quaã o inescrutaá veis, os seus
caminhos! (…) Porque dele, e por meio dele, e para ele saã o todas as coisas.
A ele, pois, a gloá ria eternamente. Ameá m! ”(11.33,36).

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VIII. Exortações práticas (12.1–16.27)

1. Serviço na Igreja (12.1-21)

Com a principal exposiçaã o da doutrina concluíáda, Paulo aqui se volta


para uma seá rie de direçoã es para a vida cotidiana. Existem alguns
paraá grafos coerentes nestes cinco capíátulos, mas existem muitas passagens
que saã o meras listas de itens sucessivos.

Primeiro vem uma exortaçaã o geral para nos apresentarmos como


sacrifíácios vivos a Deus (12. 1-2). Tal serviço eá adoraçaã o inteligente. Entaã o
Paulo passa para a ideia de que cada pessoa tem a sua funçaã o particular na
Ígreja. Haá muitos membros do mesmo corpo e Deus lhes deu diferentes
medidas de feá . Alguns saã o chamados para profetizar, outros saã o chamados
para ministrar, ensinar, exortar ou governar. Cada um deve realizar seu
ofíácio com simplicidade, diligeê ncia e alegria, lembrando que todos eles saã o
membros do mesmo corpo.

As virtudes que devem ser exemplificadas neste serviço, algumas


das quais de fato se aplicam aleá m dos limites restritos da organizaçaã o da
igreja, saã o amor, zelo, esperança, pacieê ncia e hospitalidade. A humildade
deve substituir o conceito. A paz deve ser buscada, em vez de vingança.
"naã o ser vencido do mal, mas vencendo o mal com o bem ”.

2. Deveres Políticos (13.1-14)

O governo naã o eá meramente uma invençaã o humana; eá ordenado por


Deus para o bem dos governados; e, portanto, um cristaã o eá obrigado a
obedecer aà s leis, naã o apenas ter temor de sançoã es civis, mas
principalmente da conscieê ncia para com Deus. O emprego da espada e do
cobrança de impostos saã o, resumidamente, as duas funçoã es principais do
Estado. Pelo termo “espada”, Paulo quer dizer as penalidades da
desobedieê ncia, obviamente incluindo a pena de morte e, sem duá vida, a
guerra.

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A partir dessa passagem, James Í da Ínglaterra e outros monarcas absolutos
defenderam o direito divino dos reis, e alguns teoá logos concordaram que os
sujeitos devem invariavelmente se submeter. Joaã o Calvino e Joaã o Knox, ao
contraá rio, apontaram o fato de que os governantes tambeá m teê m obrigaçoã es,
podem ser desobedecidos e ateá mesmo substituíádos. Pedro (Atos 5.29)
disse: “Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens”. As parteiras do
Egito tambeá m (Ex 1.17) e os pais de Moiseá s (Ex 2.3) desobedeceram ao
faraoá . Se entaã o o governo eá ordenado por Deus, parece razoaá vel que naã o
tenha autoridade contraá ria aos mandamentos de Deus.

Mas em todos os casos ordinaá rios, e isso ocorre na maioria das


vezes, um cristaã o deve obedecer aà lei.

Ele deve, eá claro, obedecer aà lei de Deus – os Dez Mandamentos, que


especificam o conteuá do do amor. A luz do Evangelho amanheceu, o ceá u estaá
mais perto do que era, portanto, "Vamos colocar a armadura de luz."

3. Responsabilidade pessoal (14.1-23)

Algumas pessoas saã o fracas na feá . Em vez de limitar seus escruá pulos
aos preceitos da Palavra de Deus, elas se opoã em conscientemente a comer
porco e saã o rigorosos na observaê ncia de festa e dias de jejum.

Essas pessoas devem ser recebidas na membresia da igreja e naã o


devem ser desprezadas. Mas naã o devem ser recebidas com o propoá sito de
discutir questoã es em duá vida; isto eá , os fracos e os cristaã os supersticiosos
que naã o comem, naã o servem para estabelecer os padroã es para a conduta
cristaã . Naã o eá da sua prerrogativa, mas de Deus, julgar as açoã es do cristaã o
mais maduro. Ambos os grupos estaã o tentando servir ao Senhor, e todos
devem estar diante do tribunal de Cristo. Cada indivíáduo, portanto, deve
pessoalmente assumir suas responsabilidades como ele as veê .

Embora seja o grupo barvalento que eá capaz de ser censor e causar


atrito, recaiu principalmente sobre aqueles que saã o mais fortes na feá para
diminuir o atrito por uma políática de acomodaçaã o.

Comer carne de porco e beber vinho naã o saã o pecados, saã o questoã es
de indiferença; mas precisamente porque saã o indiferentes, naã o constituem

25
o Reino de Deus. O Reino consiste em justiça, paz e alegria no Espíárito
Santo.

Portanto, se qualquer forma de conduta indiferente for capaz de


fazer com que um cristaã o mais fraco viole sua conscieê ncia, o cristaã o mais
forte, embora possa permitir-se essas coisas em outras ocasioã es, eá obrigado
a renunciar a elas em tais circunstaê ncias. Por violaçaã o de conscieê ncia, fazer
o que se acredita errado eá um pecado que Deus condena. Ningueá m deve
levar um cristaã o fraco a esse pecado.

4. Ambição missionária de Paulo (15.1-33)

O versíáculo de abertura deste capíátulo confirma e reforça os deveres


que apenas saã o impelidos em parte por um apelo ao exemplo de Cristo.
Devemos tentar agradar ao nosso proá ximo, quando eá para o seu bem,
porque Cristo naã o agradou a si mesmo. Cristo nos recebeu e, portanto, noá s
tambeá m devemos receber o fraco na feá .

A obra de Cristo traz aà mente de Paulo o chamado dos gentios, e isso


introduz as ambiçoã es missionaá rias de Paulo. Ele tem estado
particularmente ansioso para pregar o Evangelho em lugares onde Cristo
naã o foi nomeado. Este objetivo de iniciar novas igrejas em territoá rio naã o
evangelizado eá a razaã o pela qual Paulo naã o poê de visitar Roma. Felizmente,
atualmente seu trabalho na Greá cia estaá acabado e ele pode pensar em levar
o Evangelho aà Espanha. Ísso lhe daraá a oportunidade desejada de visitar a
cidade imperial. Primeiro, poreá m, ele deve entregar aos santos pobres de
Jerusaleá m o dinheiro que os gregos taã o generosamente contribuíáram. Entaã o
ele planeja navegar para a Espanha. Ele pede aos cristaã os romanos que
orem por sua segurança durante sua estada em Jerusaleá m, pois haá sempre
o perigo de que os fariseus possam prendeê -lo e executaá -lo.

5. Cumprimentos pessoais (16.1-27)

Em suas viagens, Paulo havia encontrado multidoã es de pessoas.


Alguns de seus convertidos, por uma razaã o ou outra, foram para Roma.
Portanto, Paulo envia saudaçoã es a mais de duas duá zias de santos pelo
nome. Febe, que aparentemente deve levar a carta, ele elogia para os
romanos pelo seu serviço fiel. Priscila e AÍ quila, que arriscaram a vida por

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causa de Paulo, colocaram sua casa em Roma aà disposiçaã o da igreja romana
para uma de suas congregaçoã es particulares, e assim por diante.

Em conclusaã o, Paulo adverte os romanos para evitarem aqueles que


se desviam da doutrina que foi ensinada. Eles podem ser honestos, mas naã o
servem ao nosso Senhor Jesus Cristo.

Entaã o, depois de incluir algumas saudaçoã es de seus associados,


Paulo termina a epíástola com uma beê nçaã o e uma doxologia.

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