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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
2ª Grupo de Câmaras de Direito Público

Registro: 2017.0000401281

ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos do Ação Rescisória nº

9051872-23.2008.8.26.0000, da Comarca de Iguape, em que é recorrente FAZENDA DO ESTADO

DE SÃO PAULO, são recorridos LAURO MORANDI E OUTROS, RUTH MORANDI, JUNE DIAS

Este documento foi liberado nos autos em 06/06/2017 às 17:45, é cópia do original assinado digitalmente por MARCELO MARTINS BERTHE.
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/esaj, informe o processo 9051872-23.2008.8.26.0000 e código RI0000013H8MQ.
NOGUEIRA, DELIO SOARES NOGUEIRA, JUDITH MARTINHO DIAS, ELVIRA CACHULO MARTINHO e

FERNANDO ANTONIO CACHULO MARTINHO.

ACORDAM, em 2º Grupo de Direito Público do Tribunal de Justiça de São

Paulo, proferir a seguinte decisão: "Julgaram procedente a ação rescisória, para rescindir o v.

acórdão rescindendo, com fundamento no artigo 487, inciso I, do Novo Código de Processo

Civil. V.U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Excelentíssimos Desembargadores

FRANCISCO BIANCO (Presidente sem voto), ANA LIARTE, MARIA LAURA TAVARES, FERREIRA

RODRIGUES, RICARDO FEITOSA, OSVALDO MAGALHÃES E FERMINO MAGNANI FILHO.

São Paulo, 5 de junho de 2017.

MARCELO MARTINS BERTHE


RELATOR
ASSINATURA ELETRÔNICA
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2ª Grupo de Câmaras de Direito Público

Voto nº 11.700
2ª Grupo de Câmaras de Direito Público
Ação Rescisória nº 9051872-23.2008.8.26.0000
Autor: Fazenda do Estado de São Paulo
Réus: Espólio de Lauro Morandi e outros

Este documento foi liberado nos autos em 06/06/2017 às 17:45, é cópia do original assinado digitalmente por MARCELO MARTINS BERTHE.
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/esaj, informe o processo 9051872-23.2008.8.26.0000 e código RI0000013H8MQ.
AÇÃO RESCISÓRIA. ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL.
DESCONSTITUIÇÃO DE V. ACÓRDÃO EM AÇÃO DE
DESAPROPRIAÇÃO. 1. INDENIZAÇÃO DO IMÓVEL ACIMA DO
VALOR DE MERCADO. PARÂMETROS E CRITÉRIOS ADOTADOS
INCOMPATÍVEIS COM AS CONDIÇÕES E CARACTERÍSTICAS DO

IMÓVEL. PROVA PERICIAL INCORRETA. Ação de desapropriação

de imóvel para o fim de criação e instituição da Estação Ecológica

Jureia-Itatins, nos termos do Decreto-Estadual n° 26.717/87.

Condenação transitada em julgado que fixou o valor da indenização

do imóvel, consistente na área de 2.325,45ha, em CR$

6.134.023.012,20, com base nas provas periciais produzidas na 1º e

2º instâncias. Conjunto probatório que apontou diversas

inconsistências nos critérios e parâmetros utilizados nas perícias

realizadas. Adoção dos critérios estabelecidos pela Comissão de

Peritos da Estação Ecólogica Jureia-Itatins que não correspondem às

condições e características do imóvel. Fator de acessibilidade que se

mostra incompatível com o enquadramento e índice adotado na

homogeneização do valor da terra nua. Imóvel constituído de 59%

de terreno montanhoso e 41% de planície, característica de imóvel

encravado, somente acessível por meio de barco, que se mostra

abaixo da escala apresentada para a pior condição de acesso.

Atribuição em duplicidade da cobertura vegetal na composição do

valor do imóvel. Valor da terra nua que já compreende valor da

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vegetação nativa. Cômputo de cobertura florestal na composição do

valor de indenização, com base no método do valor médio

incluindo-se os de tora, lenha e palmito, entretanto, sem considerar

a viabilidade econômica da extração. Localização do imóvel distante

140 km de centro consumidor, acessibilidade somente por barco e

maior porção do imóvel em terreno montanhoso, que demonstra a

absoluta inviabilidade da extração vegetal como atividade

econômica. 2. PERÍCIAS JUDICIAIS. Perícias realizadas nos autos de

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desapropriação consideradas incorretas, já que adotaram critérios e

parâmetros inconsistentes, com homogeneização de elementos que

não correspondem às condições e características do imóvel. Método

involutivo inaplicável em gleba rural não passível de loteamento.

Alto custo nos procedimentos necessários à terraplanagem e

desmatamento que revelam a inviabilidade de sua implantação.

Utilização de gleba com faixa de praia que não corresponde às

condições de localização do imóvel. Inviabilidade econômica da

exploração de cobertura vegetal que não foi observado na perícia.

Custos de extração e transporte que não foram observados na

atribuição do valor do imóvel. Hipervalorização da propriedade

expropriada, com base em potencial econômico inexistente.

Rescisão do julgado, com fundamento no art. 966, inciso VI, do

Novo Código de Processo Civil. Determinação do valor do imóvel

com base nos critérios adotados para composição do valor da terra

nua e das benfeitorias e construções. 3. Extinção do processo, com

resolução do mérito, nos termos do art. 487, inciso I, do Novo

Código de Processo Civil. Ação rescisória procedente

Tratam os autos de ação rescisória proposta pela Fazenda

do Estado de São Paulo em face de Espólio de Lauro Morandi, Ruth Morandi, June

Dias Nogueira, Délio Soares Nogueira, Judith Martinho Dias, Elvira Cachulo Martinho

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e Fernando Antônio Cachulo Martinho objetivando rescindir o V. Acórdão da 5ª

Câmara de Direito Publico (fls. 991/1004), que, por votação unânime, deu parcial

provimento aos recursos fazendário e ex officio e, prejudicado o recurso dos

particulares, para determinar a incidência dos juros moratórios de 6% ao ano

somente a partir do transito em julgado, mantendo-se a condenação fixada em CR$

6.134.023.012,20, moeda correspondente em fevereiro de 1994, firmando o

entendimento que o primeiro laudo oficial deveria prevalecer.

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Sustenta a Fazenda Pública Estadual que o valor da

indenização, pela desapropriação do imóvel de propriedade dos réus para o fim da

criação da Reserva Ecológica Jureia-Itatins, determinado na quantia total de R$

45.000.000,00 (quarenta e cinco milhões de Reais) foi baseada em prova pericial

que não condiz com a realidade do imóvel, diante das inconsistências dos métodos

e parâmetros utilizados, que não observaram as características de inacessibilidade

do local, inviabilidade da exploração econômica, da duplicidade na valoração da

cobertura vegetal e sua hipervalorização, bem como em nítida violação aos

dispositivos legais e constitucionais da justa e prévia indenização e defesa ao meio

ambiente, e, portanto, incabível a indenização milionária aos particulares.

De outro lado, os particulares, em contestação,

sustentam, em síntese, que as perícias realizadas nos autos são suficientes a

determinação do valor do imóvel desapropriado, que não existe qualquer razão

para se apurar em nova perícia o valor do imóvel, uma vez devidamente analisados

todos os fatores e circunstâncias do imóvel, incluindo o potencial de exploração

econômica da vegetação, devidamente confirmado nas duas perícias judiciais

realizadas, e, portanto, revestindo-se a rescisória de caráter nitidamente

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protelatório, a fim de obstar o pagamento da indenização (fls. 1213/1241).

A Fazenda Pública manifestou-se sobre a contestação

(fls. 1476/1491).

As partes manifestaram-se sobre a produção de provas

(fls. 1639/1641 e 1715/1720).

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A Fazenda Pública formulou pedido para antecipação

dos efeitos da tutela de forma a suspender o levantamento do precatório EP

9926/09 ou subsidiariamente exigir caução idônea para o levantamento (fls.

1723/1730).

Determinou-se a realização de prova pericial, sendo

nomeado o perito Eng. Sérgio Campos Carneiro e, indeferiu-se o pedido referente

ao bloqueio de levantamento de valores, reconhecendo ser o objeto do pedido de

competência do juízo próprio da execução (fls. 1738/1743).

Os particulares apresentaram assistente técnico e apenas

um quesito relativo à caracterização da falsidade das perícias anteriores e a

Fazenda Pública apresentou assistente técnico e quesitos (fls. 1748 e 1750/1760).

Ambas as partes interpuseram recurso de agravo

regimental, a Fazenda Pública contra a decisão que indeferiu a antecipação dos

efeitos da tutela, e os particulares contra a decisão que deferiu a produção de

prova pericial (fls. 1762/1768 e 1770/1775).

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O V. Acórdão de fls. 1777/1784, por votação unânime,

negou provimento aos recursos de agravo regimental.

Diante da não apresentação da estimativa de honorários

e laudo, no prazo de 180 dias, nos termos da decisão de fls. 1743, publicada em

25.07.2012, determinou-se a substituição do perito anterior, sendo nomeado o

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perito Eng. Fausto Valentim Braidatto (fl. 1837).

O Laudo Pericial foi acostado aos autos (fls. 1916/2368).

As partes manifestaram-se sobre o laudo (fls. 2376/2379

e fls. 2381/2448).

É o relatório.

A demanda merece ser julgada procedente.

A ação rescisória tem previsão no artigo 966 e seguintes

do Novo Código de Processo Civil e visa instaurar de novo processo, com nova

relação jurídica processual, a fim de desfazer a coisa julgada material.

No caso, a ação foi proposta pelo Estado de São Paulo

em face de Espólio de Lauro Morandi e outros visando à desconstituição do

julgado que determinou o pagamento de indenização, por desapropriação do

imóvel, diante da criação da Estação Ecológica Jureia-Itatins, nos termos do

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Decreto Estadual n° 26.717/87. Funda-se a pretensão fazendária no argumento de

que as perícias judiciais que determinaram o valor da condenação não

correspondem à realidade do valor de mercado do imóvel, tendo sido adotados

parâmetros e premissas inconsistentes.

Compulsando os autos, verifica-se que a questão

controvertida é o valor da condenação da Fazenda do Estado de São Paulo a título

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de indenização pela desapropriação do imóvel de área total de 2.325,45 ha de

acordo com memorial descritivo, originado da divisão da matrícula n° 58.586 do

Cartório de Registros de Imóveis da Comarca de Iguape, que não corresponderia à

vultosa quantia de R$ 45.000.000,00 (quarenta e cinco milhões de Reais), diante das

características e condições do imóvel.

Neste passo, o valor de indenização foi determinado

com base em perícia técnica realizada na 1ª instância, na qual se adotou os

parâmetros estabelecidos pela Comissão de Peritos da Estação Jureia-Itatins

(CPEEJI), criada com o objetivo de uniformizar os critérios de avaliações e laudos

em desapropriações relacionadas especificamente à Estação Ecológica Jureia-

Itatins, estabelecendo o valor obtido na perícia, aplicando-se redutor de 20% sobre

o custo da exploração madeireira, totalizando o valor de CR$ 6.042.034.623,20 (seis

bilhões, quarenta e dois milhões, trinta e quatro mil seiscentos e vinte e três

Cruzeiros Reais e vinte centavos) (fls. 458/459).

Na 2ª instância, determinada a conversão do julgamento

em diligência, foi realizada nova perícia, na qual além da avaliação com base nos

parâmetros e critérios estabelecidos pela Comissão de Peritos da Estação Ecológica

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da Jureia-Itatins, foram apresentados outros dois critérios para determinar o valor

da indenização.

Primeiramente, adotou-se a permuta realizada pela

Fazenda Pública em imóvel inserido na Estação Ecológica Jureia-Itatins como fator

a ser considerado na obtenção do valor da propriedade, aplicando-se fatores de

homogeneização à área objeto da perícia e, no segundo, se utilizou do método

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involutivo, em que foi considerado o valor de lotes situados em local mais próximo

e similar ao imóvel objeto da perícia para se determinar o valor de eventual

loteamento do imóvel, com as considerações específicas da localização e acesso.

Com efeito, a perícia elaborada na 2ª instância ratificou a

perícia realizada na 1ª instância, tendo sido adotada como fundamento do V.

Acórdão proferido pela C. 5ª Câmara de Direito Público a manter o valor da

condenação pelo Juízo a quo.

Importante aqui observar, tanto a primeira perícia

quanto a segunda perícia adotaram integralmente os parâmetros e critérios

estabelecidos pela Comissão de Peritos da Estação Jureia-Itatins, a fim de

determinar o valor efetivo do imóvel.

Todavia, o bem elaborado laudo pericial realizado nestes

autos, diversamente dos anteriores, compreendeu a análise dos próprios

parâmetros e critérios estabelecidos pela Comissão de Peritos da Estação Jureia-

Itatins, fornecendo elementos suficientes a permitir a conclusão de que os valores

obtidos a título de indenização não correspondem ao valor real do imóvel.

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Neste sentido, verifica-se que o valor do imóvel nas

perícias realizadas foi obtido por meio da soma dos valores da terra nua, da

floresta, das construções e benfeitorias.

Deste modo, analisando-se o trabalho pericial, vislumbra-

se claramente, a inconsistência no critério utilizado para se determinar o valor

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unitário da terra nua, na medida em que um dos elementos considerados na

composição destoa da condição apresentada pelo imóvel.

De fato, o fator situação de acesso não corresponde

com o enquadramento péssimo estabelecido pela Comissão de Peritos a justificar o

redutor correspondente, porquanto a condição de acesso do imóvel é muito pior

do que a condição descrita, uma vez que está efetivamente encravado, com acesso

somente por barco, situação esta que não se verifica nos elementos de comparação

utilizados para a quantificação e determinação dos índices a serem aplicados (fls.

1930, 1933 1987/1988).

Da mesma forma, o critério regime de matagem

adotado na determinação do valor da cobertura florestal se revelou inconsistente

ao não considerar as características peculiares do terreno do imóvel que

compreende 59% de área montanhosa e o restante acessível somente por barco a

afastar, por si só, o critério homogêneo estabelecido.

No tocante aos demais critérios utilizados na segunda

perícia, consubstanciados na adoção da permuta como elemento comparativo e na

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utilização do método involutivo, as inconsistências se revelam ainda mais evidentes

do que o próprio critério que se busca validar.

Primeiro, porque apresenta igual problema do critério

estabelecido pela Comissão de Peritos, a inconsistência na utilização de elemento

comparativo a determinar a homogeneização de valor, uma vez que atribui valor

semelhante de imóvel permutado pela Fazenda Pública para imóvel com

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características absolutamente distintas, consistentes de duas glebas de terras

contíguas em frente à praia do Uma.

E, segundo, porque absolutamente incabível a utilização

de método involutivo para determinar valor do imóvel para fins de loteamento não

compreendido em área de extensão de perímetro urbano, e, portanto, não sujeito a

avaliação de mercado para fins de loteamento.

Aliás, como bem apontado pelo perito judicial os custos

envolvendo os procedimentos necessários à implantação de loteamento, tais como,

terraplanagem e desmatamento da gleba, demonstram claramente a inviabilidade

econômica da utilização do imóvel para este fim (fls. 1960/1961).

De todo modo, a principal inconformidade apresentada

pelo perito judicial é a dupla valoração da vegetação nativa, compreendida no valor

da terra nua e novamente reavaliada de acordo com o máximo potencial de

exploração econômica, com base no inventário florestal elaborado.

Na verdade, a atribuição do valor florestal com base na

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exploração econômica do imóvel é o fator principal que resultou na indenização de

R$ 45.000.000,00 (quarenta e cinco milhões de Reais), quantia devidamente

atualizada à época em que proferido V. Acórdão.

Para tanto, basta verificar que o valor da mata atribuído

ao imóvel corresponde a nada menos do que 98,78% do valor total do imóvel

compreendidos o valor das construções e benfeitorias, conforme se depreende da

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tabela apresentada (fl. 2017).

Em que pese a extensa discussão travada nos autos

quanto à determinação do valor da cobertura florestal, com base nas espécies

encontradas no local e no diâmetro considerado hábil para a extração, forçoso

reconhecer não ser este elemento da propriedade passível de indenização.

E isso justamente porque a própria condição do terreno

constituído de 59% de terreno montanhoso e 41% de área plana somente acessível

por barco inviabiliza a atividade econômica de extração de madeira.

A propósito, é exatamente esta realidade do imóvel que

impede a exploração do local, tanto assim, que todas as perícias realizadas no

imóvel não verificaram nenhuma atividade econômica voltada ao extrativismo

florestal.

Inserida a propriedade em área montanhosa,

compreendida na região da Serra de Itatins e com área de planície somente

acessível por barco, o alto custo empregado no corte, retirada e transporte até a

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região consumidora mais próxima, distante a 140 km do local tornam

absolutamente inviável a extração como atividade econômica.

Deste modo, a atribuição do valor do imóvel,

preponderantemente, com base no valor atribuído a cobertura vegetal, apenas e

tão somente, com base no método de aplicação do volume médio da floresta,

incluindo-se os valores médios de tora, lenha e palmito, entretanto, sem considerar

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a viabilidade econômica do imóvel, acabaram por tornar os laudos periciais

produzidos incorretos.

Vale dizer que, a incorreção nos critérios e parâmetros

utilizados nas provas periciais, anteriormente, realizadas determinaram

efetivamente à atribuição de valor incompatível de mercado ao imóvel,

hipervalorizando a propriedade com potencial econômico florestal inexistente.

No tocante ao único quesito apresentado pelos

particulares, que, na verdade é matéria jurídica, que não cabe ao perito responder,

impõe observar que as provas periciais anteriores constituem, de fato, prova falsa,

na medida em que o conceito de falsidade da prova abrange a prova pericial

incorreta, incompleta e inadequada, autorizando o manejo da ação rescisória, no

art. 966, inciso VI, do Novo Código de Processo Civil, inclusive consistindo em

entendimento pacífico do Superior Tribunal de Justiça.1

Portanto, ausente qualquer elemento hábil a afastar as

conclusões apresentadas pelo perito judicial, adota-se integralmente o laudo, a fim

1 STJ, 1ª Seção, AR 1.291/SP, rel. Min. Luiz Fux, j. 23.04.2008, DJe 02.06.2008; STJ, 1ª Seção, EDcl no AgRg na AR 2.013/SP, rel. Min. Herman
Benjamin, j. 14.5.2008, DJe 23.09.2009

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de determinar o valor efetivo do imóvel desapropriado.

Assim, de rigor a adoção do cálculo apresentado pelo

sr. Perito judicial Fausto Valentim Braidatto, compreendendo, apenas e tão

somente, o valor da terra nua e o valor das construções e benfeitorias elementos

que efetivamente atribuem valor real de mercado ao imóvel.

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Desta forma, escorreito o valor do imóvel inicialmente

atribuído pela Fazenda Pública em janeiro de 1992, nos autos da desapropriação,

porquanto o valor de Cr$ 128.857.135,96 (cento e vinte e oito milhões, oitocentos

e cinquenta e sete mil, cento e trinta e cinco Cruzeiros Reais e noventa e seis

centavos), o que equivale ao montante devidamente atualizado pela tabela prática

para cálculo de atualização monetária IPCA-E deste E. Tribunal de Justiça

corresponde a R$ 686.333,21 (seiscentos e oitenta e seis mil, trezentos e trinta e

três Reais e vinte e um centavos), atualizado até outubro de 2016, data da entrega

do laudo.

Por fim, importante observar, a avaliação do imóvel pela

Fazenda Pública resulta em valor extremamente próximo ao valor de R$ 660.940,21

(seiscentos e sessenta mil, novecentos e quatro Reais e vinte e um centavos)

estimado no laudo pericial, devendo, portanto, ser adotado o valor do pedido

inicial dos autos de desapropriação.

Por tais razões, caracterizada a incorreção na atribuição

de valor de mercado do imóvel que determinaram o valor da indenização em ação

de desapropriação, impõe-se a desconstituição do V. Acórdão transitado em

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julgado.

Desta forma, julga-se procedente a ação de

desapropriação para condenar a autora no pagamento da quantia de CR$

128.857.135,96 (cento e vinte e oito milhões, oitocentos e cinquenta e sete mil,

centro e trinta e cinco Cruzeiros Reais e noventa e seis centavos), devidamente

atualizada pela tabela prática para cálculo de atualização monetária IPCA-E deste

Este documento foi liberado nos autos em 06/06/2017 às 17:45, é cópia do original assinado digitalmente por MARCELO MARTINS BERTHE.
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/esaj, informe o processo 9051872-23.2008.8.26.0000 e código RI0000013H8MQ.
E. Tribunal de Justiça.

Quanto aos consectários legais, inaplicável a sua

determinação, na medida em que o valor integral da desapropriação já foi

devidamente depositado nos autos da desapropriação, não havendo que se falar

de juros moratórios e compensatórios.

No mesmo sentido, ausente diferença no valor atribuído

ao imóvel pelo ente desapropriante e valor da indenização, não se verifica hipótese

de sucumbência nos autos da desapropriação.

Pelo exposto, julga-se procedente a ação rescisória,

para rescindir o v. acórdão rescindendo, com fundamento no artigo 487, inciso I, do

Novo Código de Processo Civil.

Consequentemente, cumpre julgar procedente a ação de

desapropriação, para fixar a indenização em CR$ 128.857.135,96 (cento e vinte e

oito milhões, oitocentos e cinquenta e sete mil, centro e trinta e cinco Cruzeiros

Reais e noventa e seis centavos), devidamente atualizada pela tabela prática para

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cálculo de atualização monetária IPCA-E deste E. Tribunal de Justiça, sem juros de

mora ou compensatórios, nos termos acima delineados.

Igualmente, inexistindo sucumbência naquela ação nela

não há falar em verba honorária.

Finalmente, diante da sucumbência nesta ação, condena-

Este documento foi liberado nos autos em 06/06/2017 às 17:45, é cópia do original assinado digitalmente por MARCELO MARTINS BERTHE.
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/esaj, informe o processo 9051872-23.2008.8.26.0000 e código RI0000013H8MQ.
se os particulares no pagamento das custas, despesas processuais e honorários

advocatícios arbitrados, nos patamares mínimos levando-se em conta o valor

atribuído à causa, observado cada faixa, previstos no §3º do art. 85 do Novo

Código de processo Civil cumulado com o §5º do mesmo dispositivo.

A fim de evitar a oposição de Recurso Embargos de

Declaração visando apenas o prequestionamento, e para viabilizar o acesso às vias

extraordinária e especial, considera-se prequestionada toda a matéria

infraconstitucional e constitucional deduzida nos autos, sendo desnecessária a

citação numérica de todos os dispositivos mencionados (STJ AgRg nos EDcl no

REsp 966.229/RS, Rel. Min. Og Fernandes, Sexta Turma, DJe 18.02.2013).

MARCELO MARTINS BERTHE


Relator

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