Vous êtes sur la page 1sur 23

Ministério da Educação

Secretaria de Educação Básica


Diretoria de Apoio à Gestão Educacional

Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa

O ÚLTIMO ANO DO CICLO DE


ALFABETIZAÇÃO: CONSOLIDANDO
OS CONHECIMENTOS

UNIDADE 3 | ANO 3
Brasília
2012
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Sumário
Secretaria da Educação Básica – SEB
Diretoria de Apoio à Gestão Educacional

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Centro de Informação e Biblioteca em Educação (CIBEC)
O ÚLTIMO ANO DO CICLO DE ALFABETIZAÇÃO:
CONSOLIDANDO OS CONHECIMENTOS

Iniciando a conversa 05

Aprofundando o tema 06
A consolidação das correspondências letra-som
no último ano do ciclo de alfabetização  06

O ensino da ortografia no 3º ano do 1º ciclo:


o que devemos propor aos alunos no
“último” ano da alfabetização? 19

Tiragem 122.102 exemplares Compartilhando 31

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Obras complementares e jogos:


SECRETARIA DA EDUCAÇÃO BÁSICA possibilidades de uso nas turmas do ano 3. 31
Esplanada dos Ministérios, Bloco L, Sala 500 Sequência de atividade para regularidade ortográfica R e RR  34
CEP: 70047-900
Tel: (61)20228318 - 20228320 Sugestão de jogo envolvendo o ensino da ortografia 37

Aprendendo mais 39
Sugestões de leitura  39

Sugestões de atividades para os encontros em grupo  41


O ÚLTIMO ANO DO CICLO DE ALFABETIZAÇÃO: CONSOLIDANDO OS CONHECIMENTOS
UNIDADE 3 | ANO 3 Iniciando a conversa
Autores dos textos da seção Aprofundando o tema:
Ana Catarina dos Santos Pereira Cabral e Ana Cláudia Rodrigues Gonçalves Pessoa

Autora dos relatos de experiência e depoimentos:


Cynthia Cybelle Rodrigues Porto
Nesta unidade, discutiremos sobre a apropriação do Sistema de Escrita Alfabética (SEA).
Concepção da sequência de atividades (obras complementares e jogos):
Entendendo que o ano 3 é o final do ciclo de alfabetização, o foco maior do ensino será o
Ana Cláudia Rodrigues Gonçalves Pessoa, Edla Ferraz Correia de Carvalho e Severina
Erika Silva Morais Guerra
de garantir os processos de consolidação da alfabetização no sentido de que a criança,
ao dominar o SEA, seja capaz de produzir e ler com autonomia textos de gêneros distin-
Concepção do jogo Trânsito ortográfico: tos. Contudo, é fato que algumas crianças ainda podem necessitar, nesse momento da
Bianca Santos, Camilla Amorim, Carla Raphaela, Cláudia Magalhães, Cristiane Costa, escolarização, de alguma intervenção mais sistemática para avançar na apropriação do
Juliana Nunes, Monique Raiana, Leitores críticos e apoio pedagógico, Alexsandro da Silva, Sistema de Escrita Alfabética. Por essa razão, ainda traremos algumas reflexões sobre
Alfredina Nery, Amanda Kelly Ferreira da Silva, Ana Gabriela de Souza Seal , Ana Márcia
este aspecto. Para finalizar, abordaremos o planejamento de situações didáticas destina-
Luna Monteiro, Artur Gomes de Morais, Cynthia Cybelle Rodrigues Porto, Edijane Ferreira
de Andrade, Eliana Borges Correa de Albuquerque, Erika Souza Vieira, Evani da Silva das à exploração de algumas regularidades da norma ortográfica a fim de levar o aluno a
Vieira, Júlia Teixeira de Souza, Rochelane Vieira de Santana, Severino Rafael da Silva, perceber, de forma consciente, algumas relações regulares letra/som que já estão sendo
Suzani dos Santos Rodrigues, Tânia Maria S.B. Rios Leite, Telma Ferraz Leal e Yarla Suellen compreendidas/percebidas por ele, à medida que vai aprendendo a usar as letras con-
Nascimento Alvares vencionalmente. Entretanto, não se pretende esgotar a discussão sobre ortografia, até
mesmo por compreendermos que a aprendizagem desse conhecimento acontece, pro-
Revisora:
Nadiana Lima da Silva
gressivamente, ao longo do ensino fundamental.

Projeto gráfico e diagramação


Airton Santos, Ana Carla Silva, Susane Batista e Yvana Alencastro
Nesse sentido, os objetivos deste caderno são:

• Entender a concepção de alfabetização na perspectiva do letramento, compreendendo


Capa que a aprendizagem da escrita alfabética constitui um processo de compreensão de um
Anderson Lopes, Leon Rodrigues, Túlio Couceiro e Ráian Andrade, sistema de notação e não a aquisição de um código;
• Analisar as contribuições da teoria da psicogênese da escrita para compreensão do
processo de apropriação do Sistema de Escrita Alfabética;
• Entender as relações entre consciência fonológica e alfabetização, analisando e
planejando atividades de reflexão fonológica e gráfica de palavras, utilizando materiais
distribuídos pelo MEC;
• Analisar diferentes alternativas didáticas para o ensino do Sistema de Escrita Alfabética
com uso de diferentes materiais distribuídos pelo MEC, identificando os objetivos a elas
associados.
Aprofundando o tema produzir, com autonomia, textos de gêne- de ensino sistemático da escrita alfabética
ros distintos como, por exemplo, poemas, ou o fato de aquele aluno com dificuldades
histórias, relatos pessoais, dentre outros. não ter recebido um ensino ajustado às
Na unidade 7 o
suas necessidades nos anos 1 e 2 do Ensino tema heterogenei-
Assim, as práticas de sala de aula devem
Fundamental. O professor, insistimos, dade é tratado com
ser orientadas no sentido de levar a crian- maior profundi-
precisa ser um facilitador indispensável
A consolidação das correspondências
dade.
ça, durante as atividades de leitura e pro-
no processo de apropriação do SEA. É
dução de textos, a compreender que o que
letra-som no último ano do ciclo de se escreve e a forma que se usa ao escrever
importante que ele diagnostique o que a
criança, que chega ao ano 3, já sabe sobre
estão diretamente relacionados ao efeito
alfabetização que o texto procura produzir no leitor, ou
a escrita e o que ainda precisa saber para
que possa desenvolver uma metodologia de
Ana Catarina dos Santos Pereira Cabral seja, a sua finalidade. Como discutido nos
ensino para propiciar o avanço do pequeno
Ana Cláudia Rodrigues Gonçalves Pessoa outros cadernos desta unidade, além de in-
aprendiz.
serir o aluno nas situações de letramento,
é necessário levá-lo a refletir sobre os prin- De acordo com Ferreiro e Teberosky
A partir da proposta de “alfabetizar letran- pode levar à diluição dos objetivos a serem
cípios do Sistema de Escrita Alfabética. O (1984), a criança reconstrói a escrita,
do”, os docentes devem levar as crianças à atingidos em cada ano de escolarização,
aluno precisa compreender o que a escrita ou seja, a escrita é algo que já existe na
apropriação do Sistema de Escrita Alfabé- acarretando em uma falta de clareza quan- A teoria da psico-
nota e como deve acontecer essa notação. sociedade e que ela precisa compreender. gênese de Emilia
tica envolvidos em situações do uso social to ao que se pretende atingir em relação ao Ferreiro é discutida
Embora acreditemos que a reflexão sobre Contudo, a criança não depende apenas de nos cadernos dos
da escrita, desenvolvendo a capacidade trabalho com conhecimentos específicos
tais princípios devam ser aprofundadas no um ensino formal para começar a pensar anos 1 e 2 da uni-
de ler e produzir textos com finalidades para o processo de alfabetização. Sendo dade 3.
ano 1, não é difícil encontrarmos situações sobre a escrita. Por viver em uma socie-
distintas. Assim, o contato com a diversi- assim, temos assumido que é preciso deli-
em que o professor se depara com alunos dade letrada, a criança constrói algumas
dade de gêneros e as situações de leitura mitar direitos de aprendizagem para cada
que chegam ao ano 3 sem o domínio inicial hipóteses sobre o SEA mesmo antes de
e produção de textos deve acontecer de ano do primeiro ciclo, mesmo defendendo
do Sistema de Escrita Alfabética. Nesse entrar na escola.
forma simultânea ao processo de aprendi- que não haja reprovações entre as etapas
sentido, é importante desenvolver estraté-
zado do SEA. de alfabetização.
gias de trabalho que possibilitem o avanço
Com a ampliação do ensino fundamental De acordo com os direitos de aprendiza- dessas crianças, a fim de que, ao término
para nove anos, ocorre um aumento do gem discutidos na unidade 1, ao iniciar o do ano, estejam, pelo menos, no nível
tempo de ensino/aprendizagem da alfabe- ano 3 do ensino fundamental, os alunos já alfabético de escrita e tenham aprendido
tização, permitindo à criança um perío- poderiam ter compreendido o SEA e o seu muitas das correspondências letra-som de
do mais longo para se apropriar desses funcionamento. Nesse sentido, ao chegar nossa língua.
conhecimentos sobre a notação escrita e nessa fase, o foco do trabalho do professor
Diversos fatores ou um conjunto deles
a linguagem escrita. Contudo, a organiza- estaria voltado à consolidação desse pro-
podem fazer com que o aluno chegue ao
ção do ciclo de alfabetização em três anos cesso, de modo que a criança possa ler e
ano 3 em um nível de escrita pouco avança-
do, dentre eles a falta, nos anos anteriores,

unidade 03 07
Leal e Morais (2010) sugerem alguns princípios que constituem o nosso SEA e que necessi- Concebemos que a aprendizagem é um 1) Atividades envolvendo a sistematização
tam ser compreendidos/dominados pelas crianças para que elas se apropriem da escrita. processo de construção do conhecimento, das correspondências som-grafia.
que ocorre através de conflitos interiores 2) Atividades envolvendo
estabelecidos pelo indivíduo, tanto quando consciência fonológica.
1. Escreve-se com letras que não podem ser físicas ou funcionais dos referentes escreve sozinho (atividades individuais) 3) Atividades para desenvolver
inventadas, que têm um repertório finito que substituem. a fluência de leitura.
e que são diferentes de números e de como quando escreve em interação com os
7. As letras notam segmentos sonoros 4) Atividades envolvendo leitura
outros símbolos.
menores que as sílabas orais que demais (atividades em pequenos grupos,
e produção de texto.
2. As letras têm formatos fixos e pequenas pronunciamos. em duplas ou feitas coletivamente). Nessa
variações produzem mudanças em sua 5) Atividades para o ensino
8. As letras têm valores sonoros fixos, apesar perspectiva, o professor entra como media- da norma ortográfica.
identidade (p, q, b, d), embora uma letra
de muitas terem mais de um valor sonoro dor do processo de aprendizagem, tendo por
assuma formatos variados (P, p, P, p).
e certos sons poderem ser notados com
3. A ordem das letras no interior da palavra mais de uma letra. responsabilidade a organização de ativida-
Os diferentes
não pode ser mudada.
9. Além de letras, na escrita de palavras,
des que levem o aprendiz a refletir e, assim, No primeiro bloco deste caderno, trata- modos de
4. Uma letra pode se repetir no interior de usam-se, também, algumas marcas compreender os princípios do SEA, a partir remos dos quatro tipos de atividades que agrupamento
são tema de
uma palavra e em diferentes palavras, ao (acentos) que podem modificar a de suas descobertas e conflitos.
mesmo tempo em que distintas palavras tonicidade ou o som das letras ou sílabas poderão ajudar os alunos a consolidarem debate na
unidade 4.
compartilham as mesmas letras. onde aparecem.
Deste modo, a concepção construtivista os seus conhecimentos sobre a relação
5. Nem todas as letras podem ocupar certas 10. As sílabas podem variar quanto às de alfabetização, inspirada em Ferreiro & som/grafia e, no segundo bloco, nos apro-
posições no interior das palavras e nem combinações entre consoantes e vogais fundaremos nas atividades envolvendo o
todas as letras podem vir juntas de (CV, CCV, CVV, CVC, V, VC, VCC, CCVCC...), Teberosky (1984), levou a uma mudança
quaisquer outras. mas a estrutura predominante no do foco da discussão sobre a alfabetização, ensino da ortografia, mais especificamente
6. As letras notam ou substituem a pauta
português é a sílaba CV (consoante –
antes reduzida a “como ensinar” para uma nas atividades que permitem os alunos
vogal), e todas as sílabas do português
sonora das palavras que pronunciamos e melhor compreensão da construção do co- refletirem sobre as correspondências
contêm, ao menos, uma vogal.
nunca levam em conta as características letra-som regulares diretas (P, B, T, D, F,
nhecimento pelo aluno e suas implicações
para a prática educativa. A partir dessa V) e sobre as correspondências letra-som
abordagem, passou-se a questionar sobre regulares contextuais (C/QU; G/GU; R/RR;
o “como fazer”, o “por que fazer” e o “para SA/SO/SU em início de palavra; JA/JO/JU;
Ao entrar no ano 3, muitos dos princípios do ficado em segundo plano. Para alguns Z inicial; O ou U/ E ou I em sílaba final; M
que fazer”, levando-se em consideração
SEA já devem ter sido dominados pela crian- docentes, existe uma questionável e N nasalizando final de sílaba; NH; Ã e ÃO
como o aluno processa o conhecimento
ça; o investimento maior nesse ano de escola- compreensão de que ter momentos de- em final de substantivos e adjetivos).
(sobre o SEA) e como o professor pode
ridade visa a levar as crianças a consolidarem dicados ao ensino daqueles temas pode
intervir nessa ação.
seus conhecimentos das correspondências significar um retorno a uma abordagem
som-grafia, de modo a ler e escrever palavras tradicional de alfabetização. A discussão Com base nessa perspectiva, organizamos, 1) Atividades envolvendo a siste-
formadas por diferentes estruturas silábicas, mais relevante, entretanto, não deve ser com base em Leal (2004), alguns tipos de matização das correspondências
dando continuidade ao trabalho já desenvol- acerca da presença ou ausência do ensi- atividades que consideramos fundamen- som-grafia
vido no ano 2 em relação a esse aspecto. no, mas sobre como as correspondências tais para que os alunos avancem nos seus
letra-som podem ser ensinadas de forma conhecimentos sobre as relações som- Como já discutido anteriormente, apre-
Infelizmente, em algumas salas de aula, sentar uma hipótese alfabética de escrita
reflexiva e prazerosa. -grafia de nossa língua:
o ensino das relações som-grafia tem

08 unidade 03 unidade 03 09
não implica que as crianças estejam jogos envolvendo leitura e escrita de pa- 2) Atividades envolvendo consciência fonológica
alfabetizadas. O conceito de alfabetizado, lavras, como por exemplo, o jogo “Quem
A consciência fonológica é um conjunto de habilidades metalinguísticas que per-
hoje, envolve a possibilidade de partici- escreve sou eu”, que se encontra
mitem ao indivíduo refletir sobre os segmentos sonoros das palavras em diferentes Nos cadernos
par das práticas de letramento, a partir disponível nas escolas públicas, no Kit de dos anos 1 e 2,
níveis: silábico, intra-silábico e fonêmico. Segundo Gombert (2003), as atividades
da leitura, compreensão e produção de Jogos de alfabetização. Distribuído pelo da unidade 3,
metalinguísticas são atividades de reflexão sobre a linguagem e sobre seu uso. Con- são realizadas
textos escritos (cf. SOARES, 1998). Para Ministério da Educação e Cultura (MEC). reflexões sobre
sistem na capacidade do sujeito monitorar intencionalmente e planejar os métodos o conceito de
conseguir ler com autonomia, as crianças consciência
Além dos jogos e outras alternativas de próprios do processamento linguístico (compreensão e produção). Tais habilidades fonológica e suas
necessitam dominar as relações letra-som,
trabalho já mencionadas, para ajudar os abrangem alguns aspectos específicos da língua, no nosso caso nos deteremos nas relações com a
ou seja, desenvolver um automatismo tan- alfabetização.
alunos no domínio das correspondências habilidades metafonológicas ou consciência fonológica.
to na leitura como na escrita de palavras,
letra-som, podemos lançar mão de:
frases e textos. As atividades que envolvem a reflexão fonológica auxiliam tanto os alunos que ainda não
compreenderam que existe relação entre escrita e pauta sonora, isto é, não perceberam o que
Algumas atividades podem permitir aos
a escrita representa, como os alunos que já compreenderam o princípio alfabético da escrita,
alunos pensarem nas letras e nos sons que
mas apresentam dificuldades em estabelecer relação som-grafia. Para esse último grupo, foco
estas notam, sem que tais exercícios se vol- • Atividades de composição e
deste caderno, sugerimos as seguintes atividades, envolvendo a consciência fonológica:
tem para as questões da norma ortográfica, decomposição de palavras: essas
atividades permitem que as crianças
permitindo que o aluno volte sua atenção analisem as transformações que podem
para as similaridades e diferenças nas ocorrer dentro de uma mesma palavra,
relações letra/som, no momento da escrita com o acréscimo ou retirada de uma
letra ou sílaba.
ou leitura das palavras, como por exem-
• Atividades de montagem de textos que
plo, atividades que envolvem a escrita de foram trabalhados em sala: o professor
Jogos

palavras que começam com a mesma letra pode recortar um determinado texto
(cantigas, parlendas, poemas, dentre • Jogos que desenvolvem a consciência palavras, como por exemplo, identificar,
ou procurar palavras que iniciam com uma fonológica. Esse tipo de recurso didático adicionar, subtrair e produzir unidades
outros) em palavras ou frases, colocar
determinada letra ou sílaba. no envelope e solicitar que os alunos permite aos alunos compreenderem similares de diferentes palavras.
façam a montagem deste. Esse tipo de as relações entre as partes orais e Como exemplo de uma atividade de
Outras atividades podem atividade também pode ser realizado escritas das palavras. A caixa de jogos de identificação, os alunos poderiam ser
alfabetização (BRASIL, 2009), distribuída solicitados a identificar, no trava-língua
ajudar os alunos a pen- com os títulos de história, listas de
pelo Ministério de Educação propõe a seguir, as palavras que começam com a
compras, dentre outros.
sarem na sequência de alguns jogos que possibilitam esse tipo de mesma sílaba: “Olha o sapo dentro do saco/O
• Escrita de palavra que possuam uma reflexão, tais como: Bingo dos Sons Iniciais, saco com o sapo dentro/ O sapo batendo papo/
letras que serão utiliza- determinada letra (adedonha, lista Caça-Rimas, Dado Sonoro, Trinca Mágica. É e o papo do sapo soltando vento”. Podemos
Jogos das, como por exemplo, de palavras): esse tipo de atividade importante ressaltar que o professor deve solicitar, ainda, que a criança escreva
atividades de cruzadinha, caça-palavras; possibilita aos alunos vivenciarem apresentar outras propostas de atividades duas palavras que comecem com a
a escrita de palavras (animal, que potencializem a reflexão sobre os mesma sílaba da palavra CAFÉ. Esse tipo
exploração da ordem alfabética; escrita fruta, pessoa, lugar, dentre outros segmentos sonoros que foram explorados de atividade ajuda o aluno a pensar na
de palavras com uso do alfabeto móvel agrupamentos) iniciadas com uma no jogo, principalmente quanto à reflexão sílaba inicial da palavra dada e buscar no
ou silabário e de textos que permitam a determinada letra, o que permite às sobre o som e a grafia das palavras. seu léxico mental alguma outra palavra
crianças pensarem nas relações letra- que apresente a mesma sílaba da palavra
reflexão de uma determinada letra ou sí- som no início das palavras. • Atividades que trabalhem diferentes
(produção de sílaba inicial). As atividades
habilidades em diferentes níveis das
laba (trava-línguas, parlendas, cantigas);

10 unidade 03 unidade 03 11
podem variar ainda quanto ao nível da palavra, podemos trabalhar as mesmas habilidades
citadas acima em relação às rimas. o trava-língua. Após a leitura em dupla, promovi um ensaio
• Atividades de exploração de textos que trabalham o extrato sonoro da língua (cantigas de para que os alunos pudessem avaliar suas leituras. Durante a
roda, parlendas, trava-línguas, textos poéticos) permitem aos alunos explorarem palavras que competição, antes da apresentação, pedi que os alunos lessem
apresentam sons parecidos, bem como sobre algumas letras e seus valores sonoros. Além os nomes dos trava-línguas para que eu pudesse ir listando
disso, além de serem de fácil memorização, muitos desses textos já fazem parte do dia a dia das no quadro. Depois fiz a leitura coletiva dos títulos e iniciamos
crianças nos momentos recreativos, o que os tornam mais atrativos e permitem que os alunos a competição. Ao trabalhar com os trava-línguas, percebi que
avancem no processo de compreensão do SEA por meio de atividades lúdicas e significativas. as crianças se sentiram motivadas pelo jogo de palavras que
aqueles textos propõem. As ajudas nas duplas foram muito
importantes para que a atividade gerasse interesse na leitura
e no reconhecimento de novas sílabas e palavras. Através
dessa atividade, também pude avaliar a fluência em leitura de
Com base nessa proposta, a professora desenvolveu um trabalho envolvendo a alguns alunos, além de promover situações reais de uso desse
gênero fora do contexto escolar, pois, foi comum eles fazerem
Cynthia Cybelle Rodrigues Porto , da escola leitura de trava-línguas, em uma turma do
relatos do tipo: “Tia, minha mãe riu muito com o trava-língua
municipal do Recife Poeta Solano Trindade 3º ano: do rio Capibaribe!”.

Organizei a turma em duplas, entreguei um trava-língua e pedi que Nessa aula, fica claro que a professora, a favorecidas pela opção da professora em
eles lessem para conhecer o texto. Neste momento, houve estra-
nhamento dos alunos, os quais julgaram o texto muito difícil de ler, partir de uma proposta lúdica, mobilizou agrupar a turma em duplas, o que permi-
pois eram trava-línguas novos. Relembrei que o trava-língua era vários conhecimentos sobre a escrita, tiu que uma criança ajudasse a regular
um texto no qual as pessoas deviam falar o verso rápido, sem errar,
sem travar a língua. Depois sugeri uma competição de trava-lín-
tanto pelas estratégias por ela utilizadas o comportamento de leitura de seu par,
guas. Expliquei que a competição seria em dupla e, se uma pessoa quanto pelas estratégias empregadas pelas inclusive fazendo registro das dificuldades
da dupla tropeçasse, a dupla erraria, daí era preciso muito treino, crianças. que precisavam ser superadas.
através da leitura. Era um desafio! Para exemplificar a forma de
falar, apresentei o trava-língua:“O rio Capibaribe foi descapibariza- Uma estratégia empregada pelas crianças Convém ressaltar ainda que a finalidade do
do. Quem descapibarizou o rio Capibaribe foi o descapibarizador”.
Chamei atenção para a presença da letra R nas palavras presentes foi a repetição de alguns sons em palavras gênero textual (trava-língua) trabalhado
no trava-língua e para o fato de que, se decorarmos o texto, é mais diferentes, como foi feito pelas crianças na sala de aula pela professora Cynthia
fácil falar sem errar, mas para isso era preciso ler o texto diversas
Guilherme e Paulo: ao separar as sílabas também esteve presente – a professora
vezes. Os trava-línguas que distribui para as duplas tinham pre-
dominância da letra R (“O prato de trigo”, “o rato roeu a roupa do das palavras, destacar e ler várias vezes as promoveu uma competição para ver quem
rei”, dentre outros). Ao passear pelas duplas percebi algumas es- sílabas que tinham dificuldade e ler várias conseguia falar o texto sem “tropeçar” nas
tratégias interessantes, utilizadas pelos alunos, a fim de ler o texto.
Guilherme separou as sílabas da palavra RODOVALHO e procurava
vezes o texto, as crianças eram levadas palavras. Além disso, é possível perceber
ler junto com o colega a palavra em voz alta. O Paulo circulava no a refletir sobre as diferentes estruturas pelo relato da professora que o uso dos
texto fotocopiado as palavras em que seu colega ainda errava, fa- silábicas e os possíveis sons da letra R textos que exploram o extrato sonoro da
zendo-o repetir várias vezes as palavras. Os alunos gostaram tanto
da brincadeira que diziam: “Tia, isso não sai mais da minha língua”. em diferentes palavras, por exemplo, na língua não exploram apenas as relações
Em pouco tempo, algumas duplas vieram até mim, para ensaiar palavra “TRIGO” (CCV) em comparação letra-som das palavras, mas favorecem o
com “RODOVALHO” (CV). As tentativas desenvolvimento da fluência de leitura.
de leitura do texto, por outro lado, foram

12 unidade 03 unidade 03 13
3) Atividades para desenvolver de ouvir a leitura pelo professor, de realizar
fluência de leitura pesquisas para o desenvolvimento dos pro-
jetos didáticos realizados em sala de aula.
As atividades envolvendo a fluência em Obras complementares
leitura não podem ficar em segundo plano Além disso, outros momentos envolvendo
na prática do professor. É necessário soli- a leitura podem ser sugeridos em sala de - sobre as letras do alfabeto e reflexão - sobre o vocabulário (formação de
citar a leitura de textos, sejam eles curtos aula, tais como: sobre as correspondências som/grafia, palavras, reflexão sobre significados
como, por exemplo, a obra “Adedonha” de palavras ou expressões) como,
ou não. Além disso, como exemplificado e “Alfabeto de Histórias”, “ABC doido”: o por exemplo, a obra “Falando pelos
anteriormente, os textos que exploram o “jogo das palavras” que possibilita aos cotovelos” e “Zig Zag” e “As paredes têm
extrato sonoro das palavras podem ajudar • Recital de poemas, uma atividade que alunos aprenderem as letras do alfabeto. ouvidos”.

nesse processo. Além deles, outras ativida- permite aos alunos terem contato com - da reflexão sobre as semelhanças sonoras - de recursos linguísticos utilizados
poemas da tradição oral, bem como com das palavras, a partir de textos que para a construção da textualidade
des podem ser sugeridas: autores diversos. Além disso, pode fazer exploram rimas, aliterações, repetições de (onomatopeias, repetição de frases e
parte tanto de um projeto didático, como palavras, como por exemplo, a obra “Bicho expressão ao longo do texto e presença
de uma sequência didática. que te quero livre” e o “Jogo da parlenda” de textos cumulativos) como, por
• Hora da Notícia ou da reportagem, e “Um sapo dentro de um saco” que exemplo, a obra “PLOC” e “Choro e
• Leitura livre ou em pequenos grupos apresenta vários textos de tradição oral. Choradeira: risos e risadas”.
sugerindo que os alunos fiquem
com gêneros diversos, em que a
responsáveis em trazer notícias ou
professora pode organizar um cantinho
reportagens interessantes, para ler para
de leitura, com variados textos
os colegas da sala. Essa atividade pode ser
(histórias em quadrinhos, livros de
combinada na sexta-feira, de modo que
histórias, jornais, revistas científicas).
as crianças possam buscar as notícias no
final de semana. Como podemos observar, muitas são as possibilidades de utilizar esse recurso didático.
A professora Cynthia escolheu trabalhar com sua turma o livro “O guarda chuva do
É importante que dentro da rotina da sala guarda”. Pelo seu depoimento abaixo, podemos perceber que essa escolha não se deu de
de aula seja disponibilizado um horário forma aleatória, mas também é parte importante do processo de ensino/aprendizagem;
4) Atividades envolvendo leitura e
para esse tipo de encaminhamento, a fim nesse sentido, é necessário que o docente conheça bem o acervo que está à sua disposição.
produção de texto
de que essa prática faça parte do dia a dia
Na unidade dos jovens leitores. As crianças podem fazer É importante destacarmos que a reflexão
5 os usos uso desse espaço, em momentos livres, sobre o SEA não pode estar distanciada das
dos textos
na alfabeti- ao terminar uma determinada atividade, atividades de leitura e produção de texto.
zação serão
discutidos de
antes da professora iniciar as atividades Nesse sentido, um bom recurso didático
modo mais do dia, aguardando os pais no momento da para conciliar os diferentes eixos de ensino
aprofundado.
saída; ou ainda, em um determinado dia relativo ao componente curricular Língua
da semana os alunos podem se dirigir para Portuguesa são as obras complementares.
esse cantinho, a fim de escolher o livro que Tais obras são disponibilizadas às escolas QUEIRÓS, Bartolomeu Campos de.
levaria para casa no final de semana, de ler pelo MEC organizadas por acervos. Nesses O guarda-chuva do guarda. Editora:
Moderna. (Acervos “Obras Comple-
para os colegas em pequenos grupos, de acervos, podemos encontrar uma variedade mentares”).
fazer a leitura coletiva para o grande grupo, de livros que contribuem para aprendizagem:

14 unidade 03 unidade 03 15
Por que será que “todo marreco carrega jogo de palavras que o autor
um mar”? Como a aranha arranha? Quem faz nos poemas que compõem nova letra. Então, pedi que eles completassem as lacunas
das palavras escritas no quadro. Essa atividade demorou um
disse que o pernilongo tem perna longa? E o livro. Para mim, obras como pouco, pois os alunos tiveram que resgatar as palavras do seu
a serpente, anda mesmo atrás de ser pente? essas são ricas e nos dão muitas repertório.

Embaralhar e desembaralhar palavras, possibilidades de diversificar _ATO - FATO


separar e juntar, inventar... enfim! O livro as atividades, principalmente, _ATO - MATO
O guarda-chuva do guarda ensina que brin- no trabalho com apropriação do _ATO - JATO
car com palavras pode ser muito divertido! SEA e ortografia. Além disso, é Após o trabalho de apropriação, resgatei uma estrofe do
poema para trabalhar o sentido da palavra PENA, no intuito
Optei pelo uso desse livro por necessário sistematizar situa- de resgatar o jogo de palavras que o livro propõe e que havia
ser um material cujos textos são ções para aproximar os alunos antecipado às crianças no começo da leitura.

curtos, com letras de caixa alta, de leituras literárias.


composto por palavras de várias Observamos abaixo o relato da professora
estruturas silábicas, bem como com o uso da obra “O guarda-chuva do
pela linguagem lúdica e pelo guarda”.
Podemos ver que a professora explorou, nessa aula:

- Os diferentes significados de palavras presentes no texto, como por exemplo, PENA e


Inicialmente, apresentei a obra, sinalizando as informações con- GUARDA. Essa estratégia de leitura, explorada pela obra, foi ressaltada, a fim de que as
tidas na capa (título, nome do autor, ilustrador e editora). Logo crianças atentassem para a brincadeira com o jogo de palavras que apresentam a mesma
após, fiz a leitura da sinopse do livro no intuito de antecipar grafia, mas sentidos diferentes.
algumas informações acerca do conteúdo do livro. Ao voltar para
- A fluência de leitura, quando pediu que os alunos lessem sozinhos e depois coletivamente.
a capa do livro, chamei atenção para o título “O guarda-chuva do
Lembramos que, para os alunos desenvolverem autonomia e agilidade na leitura, é
Obras guarda” (projeto gráfico- colocar ícone do PNLD obras comple-
Complementares fundamental que vivenciem, muito frequentemente, a leitura silenciosa. Esse tipo de atividade
mentares), na tentativa de fazê-los perceber que a palavra GUAR-
permite aos alunos pensarem sozinhos sobre as correspondências grafema-fonema.
DA tinha sentido diferente. Alguns alunos, depois que explorei a
gravura, logo disseram “tia tem o guarda-chuva e tem o guarda, - A reflexão sobre o SEA, ao solicitar que as crianças identificassem as palavras que
o policial”. A conversa inicial foi gancho para relatar aos alunos terminavam com o mesmo som, apontando para as semelhanças nas escritas das palavras
que o livro fazia esse jogo com as palavras, mudando o sentido e levando-as a perceber que, trocando algumas letras, ou uma letra, na palavra, muda-se o
de uma mesma palavra nos poemas. Depois distribuí fotocópias som e consequentemente a palavra.
dos poemas para a turma e solicitei a leitura silenciosa.
Após aquele momento, propus a leitura coletiva do texto. Em
seguida, pedi que as crianças circulassem as palavras que
rimavam no poema. Logo após, incentivei os alunos a pensarem Vale ressaltar que, quando a criança compreende a escrita alfabética, ela já apreende o
que, mudando uma letra na palavra, muda toda a palavra. Um modo de funcionamento do sistema e começa a aprender diferentes relações som-grafia.
aluno respondeu: “eu posso trocar de lugar as letras A e O (na
palavra gato)”. A partir dessa resposta, a palavra PATO virou Mesmo avançando nessa última empreitada, ela ainda desconhece a norma ortográfica.
TOPA, a palavra RATO virou ROTA. Em outro momento, solicitei Por essa razão, muitos erros ainda são detectados na produção escrita dos aprendizes.
a formação de novas palavras, ao trocar a letra inicial por uma
Discutiremos de forma aprofundada as questões relacionadas ao ensino/aprendizagem
da norma ortográfica no próximo tópico.

16 unidade 03 unidade 03 17
O ensino da ortografia no 3º ano do 1º
Referências
ciclo: o que devemos propor aos alunos
BRASIL. Ministério da Educação. Jogos de alfabetização. Brasília, 2009.
no “último” ano da alfabetização?
Ana Cláudia Rodrigues Gonçalves Pessoa
Ana Catarina dos Santos Pereira Cabral
FERREIRO, Emília & TEBEROSKY, Ana. A psicogênese da língua escrita. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1984.GOMBERT, J.E. Atividades Metalinguísticas e Aprendizagem da
Leitura. In: MALUF,M.R. Metalinguagem e Aquisição da Escrita: Contribuições da pesqui-
Quando falamos sobre ensino da ortografia As correspondências regulares po-
sa para a prática da alfabetização. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003. p. 19-63.
no ano 3, estamos nos referindo à necessi- dem ser de três tipos: diretas, contextuais
LEAL, Telma Ferraz. A aprendizagem dos princípios básicos do sistema alfabético: por dade de chamar a atenção dos alunos para e morfológico-gramaticais. A apropriação
que é importante sistematizar o ensino? In: Albuquerque, Eliana Borges e LEAL, Telma algumas relações som-grafia presentes na dessas restrições se dá através da compre-
Ferraz. A alfabetização de jovens e adultos em uma perspectiva do letramento. Belo Hori- norma. ensão dos princípios gerativos da norma,
zonte: Autêntica, 2004. isto é, das regras.
Algumas daquelas relações já vão se esta-
LEAL, Telma Ferraz; MORAIS, Artur Gomes de. O aprendizado do Sistema de Escrita belecendo durante a apropriação do SEA. As correspondências irregulares,
Alfabética: uma tarefa complexa, cujo funcionamento precisamos compreender. In: Antes de nos dedicarmos ao ensino que por outro lado, não apresentam uma regra
LEAL, Telma Ferraz; ALBUQUERQUE, Eliana Borges Correa; MORAIS, Artur Gomes de. reflete sobre determinadas regularidades que ajude o aprendiz a selecionar a letra
Alfabetizar letrando na EJA: fundamentos teóricos e propostas didáticas. Belo Horizonte: ortográficas, é necessário compreender ou o dígrafo que deverá ser usado. Apenas
Autêntica, 2010. como a norma ortográfica do português um dicionário ou a memorização poderá
está constituída. ajudar nesses casos (MORAIS, 1998)1 .
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1998.
Nossa norma ortográfica apresenta casos As regularidades diretas são evidenciadas
de regularidades e irregularidades na quando só existe na língua um grafema
relação entre sons e letras. para notar determinado fonema (é o
caso de P, B, T, D, F, V). Por exemplo, o P
representará sempre o fonema /p/ (pato,
capa, chapéu, entre outras), indepen-

1 Como indica esse autor, para analisar as regularida-


ILUSTRAÇÃO des e irregularidades das relações som-grafia numa
língua, é necessário tomar como referência um dia-
leto, isto é, a forma de pronunciar de um grupo so-
cial de determinada região. Em nosso caso, tomamos
como modelo a idealização do que seria o dialeto de
pessoas com longa escolaridade em Recife. Mas cada
professor precisará ver em que poucos casos as pes-
soas letradas de sua região têm outras formas de pro-
nunciar, que precisam ser analisadas, ao considerar-
mos o que é regular ou irregular em nossa ortografia.

18 unidade 03 unidade 03 19
dente da posição em que apareça na As correspondências regulares morfológico- o princípio de escrita alfabética, contudo ainda dominar poucas relações grafema/fonema,
palavra. A grafia desses sons não impõe -gramaticais são compostas de regras de modo a trocar letras, mesmo àquelas que têm uma relação grafofônica mais regular.
dificuldades às crianças que já começa- que envolvem morfemas tanto ligados à
Nesse sentido, no início do ano 3, as crianças podem apresentar notações distintas, apesar
ram a perceber essa relação já no momen- formação de palavras por derivação lexical
de estar na hipótese alfabética. Conforme já apresentado no caderno do ano 2, Ferreiro e
to da apropriação do SEA. como por flexão (MORAIS, 1998), ou seja,
Teberosky (1984) apontam três subdivisões para a hipótese alfabética: escritas alfabéticas
nesses casos, são os aspectos gramaticais que
As regularidades contextuais, por sua sem predomínio de valor sonoro convencional; escritas alfabéticas com algumas falhas na
determinam o grafema que será usado. No
vez, ocorrem quando a relação letra-som é utilização do valor sonoro convencional; e escritas alfabéticas com valor sonoro conven-
primeiro tipo, por exemplo, tais regras estão
determinada pela posição (contexto) em cional. Para exemplificar o que estamos discutindo, vamos observar as escritas abaixo, nas
presentes, sobretudo, em substantivos e
que a letra aparece dentro da palavra. Por quais, no início do terceiro ano, as crianças foram convidadas a escrever as palavras elefan-
adjetivos: o sufixo [eza] pode ser escrito com
exemplo: o uso do C ou QU relaciona-se ao te, jacaré, borboleta, porco, baleia, rato, cachorro, boi e abelha:
S ou com Z, dependendo da classificação gra-
som /k/, mas depende da vogal com que
matical da palavra (portuguesa, pobreza).
forme sílaba (casa, pequeno). Uma difi-
As correspondências som-grafia baseadas em
culdade para as crianças está relacionada
regras morfológico-gramaticais estão presen-
à escrita das vogais nasais e dos ditongos
tes ainda nas flexões verbais. Por exemplo,
nasais, o que pode ser explicado pela quan-
empregamos U no final de verbos regulares
tidade de possibilidades que existe na Lín-
na terceira pessoa do passado perfeito do
gua Portuguesa para marcar a nasalidade:
indicativo (cantou, bebeu, sorriu).
M/N em posição final de sílaba (campo, Fig. 1. Escrita de Ester - Hipótese Alfabética com algumas falhas na utilização do valor sonoro
canto), uso do til (manhã), uso do dígrafo Por fim, as irregularidades estarão mais convencional.
NH (linha), além dos casos de nasalização na dependência da memorização do aluno.
por contiguidade, onde a nasalização ocor- Para exemplificar alguns desses casos,
re porque a sílaba seguinte já começa com podemos citar os casos que envolvem a Ao observarmos a escrita de Ester, perce- vra monossilábica. O mesmo não acon-
uma consoante nasal – (amo). notação dos fonemas /s/ (seguro, cidade, bemos que, apesar de conseguirmos ler a tece na escrita da palavra abelha. Nessa
auxílio, cassino, piscina, cresça, força, ex- lista de palavras elaborada por ela, nota- palavra, ela mantém a estrutura CV, mas
ceto), /z/ (zebu, casa, exame), /š/ (enxada, -se , em algumas situações, a ausência de aceita o A inicial sem essa estrutura, tal-
enchente), /ž/ (girafa, jiló) e o emprego do uma escrita convencional, como ocorre vez por a sílaba inicial ser uma vogal, ou
grafema H inicial (hora, harpa). na palavra boi, o que torna sua identifi- a palavra não ser monossílaba. Apenas as
cação difícil para alguém que não conhe- palavras baleia e rato aparecem escritas
Observando a escrita de crianças que já cesse a lista de palavras ditadas. Provavel- convencionalmente.
entendem a escrita alfabética (segundo a mente essa criança, que já compreende
ILUSTRAÇÃO psicogênese da escrita), é possível perceber Abaixo, apresentaremos as escritas de
o princípio alfabético, tende a manter a
que alguns alunos tendem a imaginar que Paula e Ana Lúcia que também estão na
estrutura silábica CV (consoante – vogal)
cada letra representa um único som, come- no interior de todas as palavras. Curiosa- hipótese alfabética, mas, em algumas
tendo várias violações ortográficas. Além mente, sente a necessidade de usar ainda escritas, apresentam um maior conheci-
disso, outras crianças podem compreender quatro letras para a escrita de uma pala- mento ortográfico.

20 unidade 03 unidade 03 21
uma dificuldade na escrita do P. Apesar de um tipo de regra não implica o domínio
esse grafema ser um dos poucos da língua de regras semelhantes, pois parece existir
que sempre representa o mesmo som, uma complexidade distinta entre regras de
independente do local em que apareça em um mesmo tipo, tornando algumas mais
uma palavra, os grafemas P/B são muito fáceis de serem apreendidas que outras
Fig. 2 – Escrita de Rita de Paula - Hipótese Alfabética com valor sonoro convencional próximos, ou seja, a única diferença no som (CURVELO, MEIRELES, CORREA, 1998).
destes é a sonoridade (um é surdo e o outro
As crianças devem ser levadas pelo do-
é sonoro), o que pode gerar uma dificuldade
cente a refletir sobre a norma ortográfica,
por mais tempo para algumas crianças.
contudo o ensino sistemático da ortografia
O uso do R e RR (RATO e CACHORRO) não deve ser iniciado antes que os alunos
parece ser um ponto de conflito para as compreendam o SEA e tenham dominado
duas crianças. Ainda não é percebido por a maioria dos valores convencionais das
elas que, entre vogais, para produzirmos o letras. É importante que os aprendizes já
som “do R forte”, é necessária a utilização sejam capazes de produzir e ler pequenos
do dígrafo RR. textos com alguma fluência, para que a or-
tografia venha a ser tomada como objeto de
O uso do dígrafo CH é claro para Ana
ensino e aprendizagem mais sistemáticos.
Lúcia, mas Paula não usou o X, que seria
uma letra que concorreria nessa situação, Como já discutimos anteriormente, a norma
demonstrando que ainda não parece apre- ortográfica é dotada de regularidades e
Fig. 3. Escrita de Ana Lúcia - Hipótese Alfabética com valor sonoro convencional sentar um conflito ortográfico quanto ao irregularidades, sendo assim, deve ser dado
uso dessa correspondência som-grafia. um tratamento diferenciado a tais corres-
pondências fonográficas. É necessário que
Na escrita da palavra elefante, Paula faz a som /ᴣ/, deve ser usado o grafema J. Essa é Por fim, na palavra ABELHA, observamos
o professor leve os alunos a refletirem sobre
tentativa de representar a nasalização utili- uma regra que ainda não foi dominada por que Paula usa LIA ao invés do dígrafo LH,
as regras ortográficas, além de levá-los a
zando o ÃO, mas o que ela ainda não sabe é essas crianças. buscando reproduzir a forma que fala, já
compreender que outras questões ortográfi-
que, apesar da nasalização poder ser repre- que existe uma tendência na cidade onde a
Na escrita de borboleta e porco, Paula cas dependem de memorização.
sentada por esses grafemas, eles só devem criança vivia, de falar [a´belya]. Além disso,
parece perceber a presença do R na situação ortograficamente, utilizamos LIA para
aparecer em final de palavras. Ana Lúcia,
CVC (consoante, vogal, consoante) para a produzir o mesmo som, como, por exemplo,
por sua vez, parece ainda não ter percebido
primeira palavra, porém não sente sua falta na palavra FAMÍLIA. Ana Lucia, por sua vez,
a necessidade de marcar a nasalização.
na palavra seguinte. Essa situação pode percebe o dígrafo, mas troca o L por N.
Na escrita da palavra jacaré, ambas escre- apontar que a criança, apesar de já perceber ILUSTRAÇÃO
vem com G. Se pensarmos na ortografia, o a existência da estrutura silábica, ainda não Pesquisas têm demonstrado que o proces-
G e o J concorrem em algumas situações, consegue usá-la sistematicamente. Ainda so de reflexão ortográfica se dá de forma
porém antes do A, O, U, para produzir o na palavra porco, Ana Lúcia apresentou gradativa. O fato de uma criança dominar

22 unidade 03 unidade 03 23
Sugerimos que apenas algumas das regularidades sejam exploradas mais sistematica- É necessário ressaltar, ainda, que, quando dades de utilizá-lo como recurso
mente ao longo do primeiro ciclo. Retomamos abaixo o trecho do quadro dos direitos de se fala em consolidação destas regularida- diário em minha sala de aula.
aprendizagem apresentado na íntegra na unidade 1, relacionado ao domínio ortográfico: des contextuais no ano 3, isso não significa Minha turma é muito hetero-
dizer que estas não devam ser retomadas gênea quanto ao nível de escrita
em anos seguintes. Mas é importante dos alunos. Ao iniciar o trabalho
Análise Linguística: outros Conhecimentos Ano 1 Ano 2 Ano 3 desenvolver um trabalho de reflexão sobre com o livro, senti falta de ativi-
Grafar corretamente palavras com correspondências regulares
I/A A C
essas regras para que os alunos possam dades de apropriação da escrita.
diretas entre letras e fonemas (P, B, T, D, F, V).
apresentar uma escrita com uma apropria- Por outro lado, para trabalhar
Grafar corretamente palavras com correspondências regulares ção maior da relação letra-som e, com isso, os conhecimentos em leitura e
contextuais entre letras ou grupos de letras e seu valor sonoro
(C/QU; G/GU; R/RR; SA/SO/SU em início de palavra; JA/JO/JU; Z I A/C uma escrita mais inteligível. produção textual, o livro propõe
inicial; O ou U/ E ou I em sílaba final; M e N nasalizando final de
sílaba; NH; Ã e ÃO em final de substantivos e adjetivos). Seguindo essa tendência, os livros didá- atividades boas e diversificadas.
ticos do ano 3 têm apresentado poucas (Cynthia, professora do ano 3)
atividades voltadas para a apropriação
Quando se trata das regularidades diretas, sons destes grafemas são diferenciados do SEA. As atividades presentes nestes
a proposta é introduzir e aprofundar esse por apenas um traço distintivo. Os fone- pressupõem uma criança que esteja no A preocupação da professora é legítima,
trabalho no ano 1. Essas relações já são mas /p/, /t/ e /f/ são surdos (não provocam processo de consolidação da alfabetização. quando pensamos nas situações em que as
estabelecidas pela criança no momento vibração nas pregas vocais, quando acon- Em algumas situações isso pode represen- crianças podem estar em níveis distintos
da apropriação. Quando a criança com- tece a passagem do ar) e os fonemas /b/, tar um desafio para o professor, visto que, de aprendizagem do SEA, pois algumas
preende o princípio alfabético (as letras /d/ e /v/ são sonoros (provocam vibração como anunciamos anteriormente, nem ainda necessitarão refletir mais sobre
representam unidades sonoras menores nas pregas vocais quando da passagem do todas as crianças apresentam um nível de os princípios do sistema, enquanto ou-
que a sílaba oral), ela passa a deduzir que ar). Essa diferença pode representar uma escrita satisfatório, ao entrar nessa fase de tras, que já o compreenderam, precisam
cada letra representa um som e que cada dificuldade para a criança no momento de escolarização. ampliar a aprendizagem das relações
som é representado por uma única letra. estabelecer a relação entre o fonema e o letra-som. Para viabilizar a utilização do
Nesse sentido, os grafemas que compõem grafema correspondente. Espera-se que, Observando o depoimento da professora
livro didático em sua turma, a professora
esse grupo parecem estar perfeitamente no ano 3, essa dificuldade seja completa- Cynthia, da escola municipal do Recife Po-
Cynthia busca alternativas, e uma delas é
ajustados à compreensão sobre a escrita mente superada pelos alunos que ainda eta Solano Trindade, lecionando no ano 3, é
complementar as atividades do livro com
atingida pela criança. Mesmo assim, não a tenham dominado. possível perceber, claramente, que a docen-
outros recursos que visem a ampliar os
geralmente em uma etapa muito inicial, te nota essa tendência no livro didático utili-
Algumas correspondências regulares conhecimentos do aluno sobre o SEA.
é possível perceber que algumas crianças zado por ela no ano de 2012 e que, segundo
contextuais (apresentadas no quadro ela, essa tem sido uma dificuldade para os Por ser um livro que não con-
trocam esses sons, por exemplo, podem es-
anterior) precisam ser introduzidas no alunos que ainda não dominam o SEA. templa a demanda dos alunos
crever *CABA para CAPA. Essa dificuldade
ano 2 e aprofundadas e consolidadas no
pode ser explicada pela semelhança sonora em fase de apropriação da es-
ano 3. A escolha por essas regularidades O livro utilizado por mim, esse
entre eles, como referido anteriormente. crita, utilizo outros materiais
contextuais se deve ao fato de serem bem ano, prioriza atividades relativas
para reflexão sobre os conteúdos
Os grafemas P/B, T/D, e F/V são conhe- frequentes na escrita. Por essa razão, os à gramática e ortografia e, devi-
trabalhados, como as obras do
cidos como “pares mínimos”, ou seja, os alunos têm mais chances de encontrá-las. do a isto, são muitas as dificul-

24 unidade 03 unidade 03 25
acervo da biblioteca da escola, tipo de atividade?). Para o estabelecimen- Partindo da constatação de que uma das fia correta das palavras com uso
jogos de alfabetização, alfabeto to de um planejamento adequado para a necessidades ortográficas da turma seria desse grafema. Foi mais um mo-
móvel e atividades que adapto turma, é necessário que o professor realize a compreensão do uso do R/RR foi neces- mento de sistematização desse
com base na proposta do livro. um diagnóstico ortográfico para identificar sário não só continuar trabalhando essa conhecimento ortográfico.
(Cynthia, professora do ano 3) o que as crianças já sabem sobre a norma, regularidade em atividades pontuais, como
o que eles sabem de forma assistemática durante a revisão da produção textual,
e o que eles ainda precisam saber. Essa mas também investir em um ensino mais Os momentos de produção e, sobretudo,
Pensando em ampliar as diagnose ajudará o docente a mapear tanto sistemático dessa regularidade ortográfica. de reescrita/revisão dos textos devem
atividades propostas, a a necessidade de cada aluno quanto a Durante a sequência de atividades traba- configurar-se como oportunidades para o
professora aplicou uma necessidade da turma. lhada pela professora, foi percebido que, ensino da ortografia, contudo esses mo-
atividade de um livro apesar de os alunos apresentarem conheci- mentos não substituem um trabalho mais
A partir do mapeamento, é necessário
Livro didático didático, aprovado pelo mentos ortográficos distintos, eles avan- específico e sistemático.
organizar o ensino, de modo a tratar sepa-
PNLD 2010, a fim de trabalhar com as çavam de acordo com os conhecimentos
radamente as regularidades e irregularida-
regularidades diretas (P, B, T, D, F, V). A já construídos e os que foram mobilizados
des da norma ortográfica. O registro cons-
atividade solicitava que os alunos “fa- ao longo da proposta de atividade. Mesmo
tante dos avanços das crianças em relação
lassem em voz alta o nome de diferentes ao conhecimento ortográfico também construindo uma sequência de atividades,
figuras que apresentavam essas grafias e deve ser realizado, o que ajudará o docente a professora não dispensava o uso do livro
depois solicitava que eles escrevessem as a rever e estabelecer novos objetivos. A didático como um recurso que pode ajudar
palavras em uma tabela”. professora Cynthia, citada anteriormen- na aprendizagem dos alunos:
A professora, além de te, percebeu a necessidade de levar seus
realizar essa atividade, alunos a refletirem sobre o uso do R/RR e
realizou um jogo, o “Tri- Analisando o livro didático ado-
propôs uma sequência de atividade para tado na minha turma, percebi
lha de Palavras”, presente este fim (apresentada na íntegra na seção
Jogos
na caixa “Jogos de Alfabe- que havia atividades interessan-
compartilhando desse caderno): ILUSTRAÇÃO
tização”, que explorava as correspondên- tes que poderiam ajudar na sis-
cias letra-som regulares diretas. A partir Tenho uma turma bastante he- tematização do trabalho que eu
dessa proposta, ela possibilitou que as terogênea quanto às hipóteses vinha desenvolvendo. A ativida-
crianças consolidassem as correspon- de escrita e ao conhecimento de solicitava o agrupamento de
dências grafofônicas regulares diretas e ortográfico, mas os erros rela- palavras de acordo com o uso do
lessem palavras com fluência. tivos ao emprego do R nas pala- R e, posteriormente, a conclusão
Diante de tudo que foi exposto, é funda- vras eram recorrentes no meu de quando se usava R ou RR na-
mental que os professores pensem sobre grupo. Essa dificuldade era fa- quelas situações. Essa atividade
os seus objetivos de ensino (o que devem cilmente percebida durante as foi feita com tranquilidade pelos
ensinar?) e nos objetivos didáticos (o que avaliações diagnósticas que faço alunos que já tinham discutido
os alunos irão aprender com determinado mensalmente com os alunos. em várias situações sobre a gra-

26 unidade 03 unidade 03 27
Algumas propostas nos parecem essenciais para que os alunos internalizem a norma Ao longo de uma sequência de atividade,
- Atividades que possibilitem a
ortográfica e façam uso desta no seu dia a dia, tais como: o professor pode confrontar as hipóteses explicitação dos conhecimentos
levantadas pelos alunos com as possibili- (KARMILOFF-SMITH, 1992) pelos
dades de uso dos grafemas. Por exemplo, alunos de forma verbalizada (quando a
criança é capaz de informar a regra em
- Convivência diária com diferentes envolvendo a reflexão sobre determinada algum grupo pode dizer que, no meio da questão) ou não. Por exemplo, os alunos
materiais impressos (histórias, jornais, regra, como revisando sua produção de palavra, se usa dois Rs. O professor pode podem ser convidados a transgredir
revistas, histórias em quadrinhos cartazes, texto escrito. Por exemplo, uma atividade intencionalmente. Ou seja, o aluno seria
panfletos, dicionário). Esse tipo de contato 2 apresentar a palavra AMARELO que tem
semelhante a apresentada abaixo (muito convidado a colocar-se no lugar de um
possibilitará que os alunos interajam encontrada em livros didáticos) pode um R no meio da palavra, mas não tem o estrangeiro que está aprendendo a
com bons modelos de texto e possam ajudar o professor tanto a identificar o mesmo som e deixar que os alunos revejam Língua Portuguesa e pensar como esse
refletir sobre estes. Os alunos podem ser conhecimento inicial dos seus alunos estrangeiro escreveria determinadas
estimulados, inclusive, a verificar alguns sobre determinada regra, quanto
suas hipóteses. palavras da língua. Pensando na palavra
problemas ortográficos em placas, por proporcionar ao aluno um momento para CARRO, um aluno que informa que esse
exemplo, ou outros materiais impressos. refletir sobre a escrita de determinada Como referido anteriormente, nos estrangeiro poderia escrever *CARO
- Atividades que possibilitem a reflexão palavra: momentos de revisão de textos produzi- demonstra identificar um ponto de
sobre a norma ortográfica, individual e dos pelos alunos, o professor pode levar conflito na língua que seria o uso do R ou
coletivamente, de modo a permitir aos do dígrafo; um outro aluno que escreva
alunos expressarem seus conhecimentos
ao questionamento sobre a escrita de a palavra *CARRU também demonstra
2 Apesar de apresentarmos, no exemplo, atividades
sobre a escrita correta das palavras, isoladas é interessante que essas estejam articula-
algumas palavras. Por exemplo, ele pode conhecer um ponto de conflito que é a
escrita do O/U em sílaba final.
analisando as regularidades existentes, das em uma sequência de atividades, a fim de que copiar um trecho da produção de algum
tanto a partir de sequências de atividades os alunos possam pensar sistematicamente so-
bre o conteúdo proposto, e não de forma pontual. aluno (sem identificação) no quadro - Atividades que possibilitem a
sistematização do conhecimento pelo
branco e perguntar aos alunos: “nesse próprio aluno.
trecho, a palavra CARRETEL está escrita
de forma correta ou seria apenas com um
R?”. Esse é um bom momento dos alunos
Dividir os alunos em pequenos grupos e apresentar algumas palavras com o gra- retornarem as discussões sobre o uso de
fema R em diferentes posições (carro, nariz, rosa, marreta, rei, amarelo, honra determinado grafema. Convém ressaltar Após a realização de várias
dentre outras) e, com isso, permitir que pensem em algumas questões: que essas dúvidas semeadas pelo profes- atividades explorando uma
sor devem ser elaboradas tanto para as determinada regra orto-
a) Nas palavras apresentadas, o som do R é igual ou diferente? Forme grupos de gráfica, os alunos deverão
palavras que estão escritas corretamente
palavras em que o R tem o mesmo som. Livro didático ser convidados a, coletiva-
quanto para as palavras que apresenta-
b) Nas palavras CARRO e ROSA, o R tem o mesmo som, mas a primeira palavra ram alguns erros. É importante que o mente, tentar formular uma regra. Como
tem dois R e a segunda apenas um. Você saberia explicar porque a palavra CAR- conhecimento ortográfico dos alunos no exemplo abaixo, retirado de um livro
RO se escreve com RR e a palavra ROSA, com apenas um R? Por que a palavra seja cada vez mais explícito e consciente, didático aprovado no PNLD 2010:
HONRA se escreve com apenas um R? Anote as conclusões do seu grupo. a fim de que possam explicitar porque
“De acordo com o que você ana-
tal palavra se escreve com determinado
lisou até agora, formule uma
grafema e não com outro.
regra para o emprego do R.”
ILUSTRAÇÃO ????

28 unidade 03 unidade 03 29
As sistematizações da turma, depois de O ensino da ortografia deve ser contínuo
Compartilhando
discutidas, devem ser expostas em um ao longo de todo ensino fundamental,
mural na sala de aula para que os alunos apesar de propormos a consolidação de
possam tirar dúvidas no momento da algumas regularidades no ano 3 do Ensino
escrita de determinadas palavras, sempre Fundamental, essas mesmas regularidades
retornando ao que foi sistematizado. devem ser retomadas em outras etapas da
Um ensino sistemático da ortografia não
escolarização. Reforçamos, ainda, que o Obras complementares e jogos:
significa que se deva enfatizar a memoriza-
trabalho mais sistemático com ortografia
só deve ser iniciado após domínio do SEA possibilidades de uso nas turmas
ção, mas, sim, estabelecer debates sobre os
princípios gerativos da norma (as regras).
pelas crianças.
do ano 3.
Edla Ferraz Correia de Carvalho
Severina Erika Silva Morais Guerra
Ana Cláudia Rodrigues Gonçalves Pessoa

Referências

CURVELO, Cristina Soraia de Souza; MEIRELES, Elisabet Sousa; CORREA, Jane. O co-
nhecimento ortográfico da criança no jogo da forca. Psicologia Reflexão e Crítica. Vol. 11.
nº 03 Porto Alegre 1998. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010386
3X2011000200016&script=sci_arttext
FERREIRO, Emília & TEBEROSKY, Ana. A psicogênese da língua escrita. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1984.
KARMILOFF-SMITH, Annete. Auto-Organização e Mudança Cognitiva. Substratum.
Artes Médicas. Vol. 01. N. 3. 1992. p. 23-48 MIRANDA, Ana. Mig, o descobridor. Ed Record

MORAIS, Artur Gomes de. Ortografia: Ensinar e Aprender. São Paulo: Ática, 1998.
Mig é uma criança igualzinha a você! Ele adora descobrir coisas, e está,
agora, no meio de uma grande aventura: quer conhecer as palavras e
seus significados nas mais variadas situações. A obra Mig, o descobridor
é um poema que brinca com as palavras e desperta a atenção das crian-
Obras
complementares ças que estão na mesma aventura que Mig, e também das crianças que
já cresceram, mas que passaram por experiências parecidas.

30 unidade 03
Direitos de aprendizagens que
podem ser explorados com o uso - Localizar informações explíci- deve ser empregado nos pares de significados e dois saquinhos
dessa obra nas turmas do ano 3. tas no texto | Após a leitura do livro, palavras: GALO/GALHO; PATO/ para guardar as fichas.
fazer algumas perguntas de localização, PRATO, dentre outras.
1. Eixo da Leitura • Produzir coletivamente, tendo
tais como:
• Dentre os objetivos do jogo o professor como escriba, as
• O que era o espelho com céu podemos citar: instruções do jogo.
- Antecipar sentidos e ativar e uma estrela tão bela visto por
conhecimentos prévios relativos Compreender que as sílabas são • Socializar com outras turmas;
Mig? (R: janela) – p. 14; formadas por unidades menores
aos textos a serem lidos o professor retira uma ficha com
• Quando o Mig estava com seu pai e que, a cada fonema, corres- um significado do saco e os alu-
• Mostrar a capa e perguntar na cama, porque ele achou que ponde uma letra ou conjunto de nos tentam encontrar, no outro
quem sabe dizer sobre o que o letras (dígrafos).
tinha visto outra zebra? (R: porque saco, a que palavra corresponde.
livro vai falar. O que será que o pai estava de pijama) – p. 22. Compreender que as sílabas va-
tem escrito nele? riam quanto ao número de letras.
- Utilizar vocabulário diversifi-
• Explorar as imagens da capa e o Compreender que, se acres- cado e adequado ao gênero e às
título, perguntando se os alunos centarmos uma letra em uma finalidades propostas
2. Eixo da Análise Linguística/ palavra, esta é transfor
conhecem a história.
Apropriação do Sistema de Escrita mada em outra palavra. • Compreender o tipo de voca-
bulário que deve ser utilizado na
- Dominar as correspondências escrita de um texto instrucional
- Compreender textos lidos por entre letras ou grupos de letras e 3. Eixo da Produção de texto escrito
(regras do jogo).
outras pessoas seu valor sonoro, de modo a ler e
escrever palavras formadas por - Produzir textos de diferentes
• Realizar a leitura e fazer pergun-
diferentes estruturas silábicas gêneros, atendendo a diferentes 4. Eixo da oralidade
tas para perceber se os alunos
finalidades, por meio da ativi-
estão compreendendo. • Utilizar o jogo de alfabetização: dade de um escriba - Produzir oralmente textos de
Mais uma. O aluno deve com- diferentes gêneros, com dife-
parar palavras semelhantes, • Produzir e confeccionar um jogo
de palavras com seus significados. rentes propósitos, sobretudo os
buscando identificar a letra que mais formais, comuns em ins-
tem a mais em uma delas. Por • Produzir pares: palavras corres- tâncias públicas.
- Relacionar textos verbais e
exemplo: para que a palavra pondentes com seus significa-
não-verbais, construindo sen- • Dividir a turma em grupos, para
COLA se transforme dos. Ex: GATO - animal fofinho
tidos que cada um possa apresentar oral-
em COLAR, que letra que faz miau.
• Explorar a relação da imagem deve acrescentar? mente o jogo confeccionado para
O mesmo raciocínio • Confeccionar o jogo: fichas outras turmas, falando as instru-
com o que está escrito no texto.
Jogos com as palavras, fichas com os ções e mostrando como se joga.

32 unidade 03 unidade 03 33
Sequência de atividade para
2º MOMENTO:
regularidade ortográfica R e RR
• Ouvir a opinião de cada grupo.
• Registrar no quadro branco tudo que as crianças disserem.
Sequência criada e desenvolvida no âmbito do Projeto de Pesquisa “O tratamento dado
à ortografia nos livros didáticos relativos ao componente curricular Língua Portuguesa • Distribuir, para cada grupo, algumas palavras que deverão ser
aprovados no PNLD de 2007 e no PNLD de 2010 e os impactos na prática do professor anexadas em um quadro conforme apresentado abaixo:
das séries iniciais” (FACEPE/CNPq).

Adaptação: Ana Catarina dos Santos Pereira Cabral


Ana Cláudia Rodrigues Gonçalves Pessoa
Cynthia Cybelle Rodrigues Porto
Aplicação: Cynthia Cybelle Rodrigues Porto
Escola: Poeta Solano Trindade
Objetivos:
Sugestão de lista de palavras: Rei, rosa, remo, rainha, rico;
• Refletir sobre os sons do R em diferentes posições nas palavras. carro, carretel, marreta, corrente, ferro; máscara, tubarão,
parede, barata, cadeira; martelo, porta, perto, Marta, Marte;
• Elaborar e reformular hipóteses para o uso do R ou do dígrafo RR.
livro, criança, sombrinha, primo, prego.
• Compreender a regra para o uso do R ou do dígrafo RR.

3º MOMENTO:
1º MOMENTO:
• Pedir que as crianças observem a sequência de palavras e circu-
• Dividir as crianças em grupo: lem a letra R.
Solicitar que elas listem algumas palavras que possuam a letra R. • Responder à questão: o que têm em comum as palavras que estão
na mesma coluna?
Pedir às crianças para separar as palavras que listaram em duas
colunas: uma coluna das palavras com um R e outra coluna com o • Confrontar as hipóteses iniciais dos alunos com as conclusões
uso do dígrafo RR. desse momento.
O grupo deve pensar se existe alguma regra que ajude a perceber se
devemos escrever com um R ou com o dígrafo RR.

34 unidade 03 unidade 03 35
4º MOMENTO:
Sugestão de jogo envolvendo
• Solicitar que verifiquem se o som do R é o mesmo em grupos
diferentes (Rato e Carroça têm o mesmo som) e o porquê de serem o ensino da ortografia
escritos de forma diferente.
• Solicitar que pintem as letras que vêm antes e depois do R.
TRÂNSITO ORTOGRÁFICO
• Complementar as hipóteses já levantadas anteriormente com CARTELA DO PROFESSOR
as levantadas nesse momento. Fazer os alunos perceberem Jogo produzido pelas alunas de pedagogia da UFPE - Bianca Santos,
que é o contexto de aparecimento do R que determina a escrita Jogos
Camilla Amorim, Carla Raphaela, Cláudia Magalhães, Cristiane Costa,
Juliana Nunes e Monique Raiana.
deste.
• Verificar se as hipóteses que eles levantaram sobre o uso do Público-Alvo:

R/RR, que estão listadas no quadro, se encaixam para todas as Alunos que já se apropriaram do SEA e que precisam compreender o
uso do M e do N para marcar a nasalização das palavras.
palavras.
Estratégias de Encaminhamento:
1. Durante o jogo, é preciso que o professor encaminhe os alunos para
5º MOMENTO: a compreensão da marca de nasalização das palavras com M e N.
2. Antes do início do jogo, as regras da cartela do aluno devem ser
• Realizar um ditado de palavras em grupo. Os alunos deverão discu-
lidas para todos os participantes. É importante que o(a) professor(a)
tir a escrita da palavra e posteriormente escrever. discuta a respeito das regras do jogo, sendo esta uma oportunidade
para que os alunos percebam o gênero textual instrucional.
• Realizar a correção do ditado e aproveitar para refletir sobre a
3. A formação dos grupos deve ser direcionada pelo professor de modo
escrita delas. que sejam agrupados alunos de níveis diferentes do ponto de vista
do conhecimento ortográfico.
4. A discussão do grupo sobre a grafia correta da palavra antes da
resposta definitiva deve ser incentivada, levando em conta que, em
6º MOMENTO: função disso, os alunos terão oportunidade de refletir novamente
sobre a regra.
• Listar as conclusões (regras) formuladas pelos alunos sobre o uso
5. Após a resposta definitiva é importante que o grupo informe o
do R/RR em uma cartolina e deixar afixada na sala de aula. porquê da escolha feita.

Dica ao professor:
O jogo Trânsito Ortográfico pode ser adaptado para o trabalho
com outras regularidades ortográficas; para isso, é necessário
confeccionar novas cartelas com palavras lacunadas de acordo
ILUSTRAÇÃO com a necessidade de professor e, se necessário, realizar alguma
adaptação nas regras do jogo também.

36 unidade 03 unidade 03 37
Aprendendo mais
TRÂNSITO ORTOGRÁFICO
CARTELA DO ALUNO
Finalidade:
Ganha o jogo o grupo que completar corretamente a maior

1.
quantidade de palavras, alcançando primeiro o ponto de chegada.
Participantes: Ortografia: Ensinar e Aprender.
MORAIS, Artur Gomes de. Ortografia: Ensinar e Aprender. São Paulo: Ática.
02 grupos (a quantidade de alunos por grupo poderá ser definida 2009. (Acervo PNBE do Professor 2010)
pelo professor).
Componentes:
Trilha com 50 espaços, sendo 45 espaços numerados e 5 espaços com
O livro Ortografia: ensinar e aprender apresenta uma proposta de ensino e aprendizagem da
a imagem de um semáforo. ortografia, considerando que se faz necessário criar situações que estimulem a reflexão siste-
45 fichas com palavras lacunadas para completar com M ou N. mática dessa “norma”, que foi arbitrada socialmente. Na primeira parte do livro, o objetivo é
2 carrinhos de corrida pequenos ou pinos de cores diferentes. “aprofundar e discutir” sobre o saber específico da ortografia: “aprender ortografia”. Na segun-
1 dado. da parte, intitulada “ensinar ortografia”, o autor trata do saber pedagógico sobre a ortografia,
3 fichas redondas, sendo uma vermelha, uma amarela e uma verde.
apresentando uma análise crítica das práticas usuais de ensino da ortografia. Por fim, o autor
2 sacos (um para guardar as 45 fichas e uma para guardar as 3 fichas
redondas durante o jogo).
propõe sugestões didáticas: atividades de reflexão sobre a ortografia, ditado interativo, releitura,
reescrita, produção de palavras inventadas, servindo-se sempre de princípios que buscam a
reflexão sobre as regularidades e as irregularidades da norma.
Regras do jogo:
1. Cada grupo escolherá o seu carro de corrida ou seu pino.

2.
2. Um representante de cada grupo joga o dado, aquele que tirar o maior
número será o primeiro grupo a jogar.
3. O grupo percorrerá na trilha a quantidade de espaços de acordo com A escrita infantil: o caminho da construção.
o valor tirado no dado. SEBER, Maria da Glória. A escrita infantil: o caminho da construção. São Paulo:
SCIPIONE. 2009. (Acervo PNBE do Professor 2010).
4. Quando o grupo cair no espaço numerado, deverá pegar uma ficha
no saco e discutir com seu grupo a grafia correta da palavra (M ou N).
Caso o grupo acerte, permanecerá na casa. Se o grupo errar, deverá
retornar a quantidade de casas andada. Independente do erro ou Baseada nos estudos de Ferreiro e outros autores, a obra descreve as transformações no processo
acerto, a ficha deverá ser retirada do jogo.
de apropriação da escrita pela criança. Parte dos grafismos iniciais indiferenciados, passa pela
5. O próximo grupo deverá seguir a mesma orientação da jogada.
descoberta das letras na escrita de palavras conhecidas, como o nome, ou desconhecidas; pelos
6. Quando um dos grupos cair no espaço com a imagem de um
semáforo, deverá pegar no saco uma ficha colorida. valores sonoros das letras; pelo entendimento dos diferentes níveis de segmentação – sílabas
Vermelha: o grupo voltará 2 espaços. e palavras – e pela conquista da base alfabética da escrita. Nos dois últimos capítulos, a autora
Amarela: o grupo ficará 1 rodada sem jogar. discute os métodos de alfabetização, estabelecendo um confronto entre eles e os resultados de
Verde: o grupo avançará 2 espaços. investigações que entendem a apropriação da escrita como um processo de desenvolvimento e
7. A sequência do jogo continua até que um dos dois grupos alcance suas implicações para a prática pedagógica.
a chegada.

38 unidade 03
Recursos didáticos e ensino da Língua Portuguesa: com- Sugestões de atividades

3.
putadores, livros... e muito mais.
SILVA, Alexsandro; MORAIS, Artur Gomes de. Brincando e aprendendo: os jogos para os encontros em grupo
com palavras no processo de alfabetização. IN; LEAL, Telma Ferraz; SILVA, Alex-
sandro (orgs). Recursos didáticos e ensino da Língua Portuguesa: computadores,
livros... e muito mais. Curitiba:CRV, 2011. 1º momento (4 horas)

Nesse texto os autores discutem os jogos com palavras como um dos recursos didáticos que
1 – Ler texto para deleite: “Um sapo dentro de um saco”,
podem ser usados no processo de alfabetização. Algumas reflexões baseadas em pesquisas
de Marcos Mairton da Silva .
são apresentadas pelos autores a fim de evidenciar que de uma forma lúdica é possível que as
crianças compreendam as propriedades do SEA. Além disso, são apresentado quatro jogos de
palavras que podem contribuir nesse processo de aprendizagem: dominó de rimas, o caminho 2 – Explorar o material da unidade 3 para discutir os objetivos
das letras, bingo de figuras e baralho do saber. Segundo os autores, os jogos aliam a diversão e o presentes na seção Iniciando a conversa.
prazer ao processo de aprendizagem da notação alfabética. 3 – Ler em pequenos grupos o texto 1 (A consolidação da corres-
pondência letra-som no último ano do ciclo de alfabetização) e
discutir as ideias principais do texto; refletir sobre a situação dos

4.
Ortografia na sala de aula. alunos quanto aos conhecimentos do Sistema de Escrita Alfabética
SILVA, Alexsandro, MORAIS, Artur Gomes de, MELO, Kátia Leal Reis de.(orgs)
Ortografia na sala de aula. Belo Horizonte: Autêntica, 2005. e as possíveis estratégias para atender às crianças que ainda não
(Disponível em www.ufpe.br/ceel). tenham dominado tais conhecimentos.
4-Vídeo em debate: assistir ao vídeo Alfabetização: apropriação do
Esse livro tem o objetivo de refletir sobre o ensino e a aprendizagem da ortografia na sala de aula
Sistema de Escrita Alfabética (disponível em www.ufpe.br/ceel) e
discutindo que o tratamento desse objeto de conhecimento não deve estar vinculado exclusiva-
discutir com o grupo as situações didáticas apresentadas.
mente ao processo de memorização. A coletânea dos textos analisa o ensino da ortografia a par-
tir de uma ótica construtivista, em que os alunos são levados a refletir e explicitar seus conheci- 5 - Analisar atividades de alfabetização do Livro didá-
mentos sobre a norma ortográfica. Dentre outros temas, discute-se a importância do diagnóstico tico, agrupando de acordo com a classificação de Leal
das dificuldades dos alunos como norteador para o planejamento do ensino, a revisão de textos e (2004) apresentada no texto 1 dessa unidade; socializar
o uso do dicionário em sala de aula. as atividades encontradas, refletindo sobre a adequação
delas para as crianças que compõem as turmas.

Tarefas (para casa e escola):


ILUSTRAÇÃO
– Escolher uma obra dos acervos das obras complemen-
tares presente na seção Compartilhando e planejar
uma sequência de atividades; desenvolver a sequência a
fim de discutir no próximo encontro.

40 unidade 03 unidade 03 41
- Ler um dos textos sugeridos na seção Aprendendo mais; elaborar
uma questão para discussão (decidir coletivamente o texto a ser
discutido no encontro seguinte).

2º momento (4 horas)
1 – Ler texto para deleite: O homem trocado - Luís Fernando Verís-
simo. In Luis Fernando Veríssimo. Comédias da vida privada. Porto
Alegre: LP&M, 1996.
2 – Socializar as experiências vivenciadas com base no planejamen-
to sugerido na tarefa de casa e escola e discutir sobre as dificulda-
des/facilidades da aplicação da sequência.
3 - Discutir as questões elaboradas com base na leitura dos textos
sugeridos na seção Aprendendo mais.
4 - Ler em pequenos grupos o texto 2 (O ensino da ortografia no 3º
ano do 1º ciclo: o que devemos propor aos alunos no “último” ano da
alfabetização?); elaborar questões e discutir coletivamente.
5-Vídeo em debate. Assistir ao vídeo Ortografia na sala de aula
(disponível em www.ufpe.br/ceel) com o objetivo de registrar as
principais discussões apresentadas pelos especialistas. Discutir no
grande grupo os aspectos registrados durante a exibição do vídeo.
6 – Analisar e discutir a sequência de atividades para ortografia
apresentada na seção Compartilhando, discutindo os objetivos
didáticos.

7 – Analisar sequências de atividades relacionadas à


ortografia presentes nos livros didáticos para: verificar
se os livros didáticos propõem atividades diversifica-
das para ortografia que levem os alunos a refletirem
sobre as regularidades; planejar uma aula com foco em
alguma regularidade ortográfica com base em alguma
atividade do livro didático

42 unidade 03 unidade 03 43
44 unidade 03 unidade 03 45

Vous aimerez peut-être aussi