Vous êtes sur la page 1sur 4

As jornalistas em campo – uma trajetória

A primeira mulher que foi contratada para auxiliar na área esportiva, no Rio
Grande do Sul, foi Eva Mendonça. Isto ocorreu em 1960, pela Rádio Gaúcha. Entretanto,
naquela época, Eva era contratada para atuar no Departamento de Notícias, e não
diretamente com esportes. A atividade que desenvolvia “acontecia de maneira esporádica,
no chamado ‘rádio escuta’, ou então em atividades administrativas”.

Dez anos mais tarde, em 1970, também na Rádio Gaúcha, surgiu a primeira voz
feminina no rádio esportivo gaúcho. Rita Campos Daudt, que, na época, atuou como
repórter de campo, que “precisava organizar antecipadamente com quem falaria e quais
seriam as perguntas mais oportunas para cada ocasião. Isso deveria ser feito porque
muitos atletas ignoravam os chamados de uma repórter na beira do campo, pelo simples
fato de se tratar de uma mulher”. O preconceito não era manifestado somente pelos
atletas, mas também vinha de seus colegas. Segundo ela, “existiam muitas limitações para
a mulher entrar em alguns ambientes, e até mesmo para circular dentro do campo de
futebol. Alguns jogadores simplesmente não davam entrevistas. Não havia, naquela
época, nada que favorecesse as mulheres no jornalismo esportivo”. Segundo sua própria
percepção, Rita atuou, naquela área, durante seis longos meses. Depois daquela fase, a
jornalista decidiu mudar de área, migrando para a área de Marketing, e mantendo-se
dentro do mesmo grupo de comunicação.

Para a cobertura da copa de 1978, a Rádio Gaúcha montou um time encarregado


de fazer a pesquisa e a redação, para auxiliar o trabalho dos locutores, dos comentaristas
e dos repórteres, que também tinham um tempo muito limitado para compor o texto de
suas falas, perguntas e entrevistas. Uma das integrantes daquele time foi a jornalista
Carmen Rial. No espaço conquistado durante o evento, ela entrou para o Departamento
de Esportes da emissora, e atuou em regime permanente. Uma das diversas atividades que
Carmen desempenhou, de maneira inédita para uma mulher, foi a coordenação de
jornadas esportivas. Como Carmen não trabalhava na chamada “linha de frente”, em
contato direto com atletas e técnicos, ela disse não sofrer preconceitos. Ao contrário, a
jornalista concluiu que o fato de ela ser mulher facilitou-lhe que pudesse entrevistar
esposas e mães dos jogadores, como na obtenção do furo de reportagem feito com a mãe
de Batista, na época, um jogador do Internacional que se transferiu para o Grêmio. Ela
atuou como jornalista até 1982, quando passou a lecionar na Universidade Federal de
Santa Catarina.
Em outro período, também merece destaque o papel desempenhado por Paula
Alvim, que produziu e apresentou “Fofocas no Mundo da Bola”, que era um quadro do
programa Sábado Esporte, também produzido na e veiculado pela Rádio Gaúcha. O
programa não tinha por objetivo falar sobre futebol, mas sim, como o próprio nome já
dizia, toda a tônica desta produção buscava trazer situações pessoais das então chamadas
“celebridades futebolísticas”.

Alinhada com o exemplo inovador feito pela Rádio Gaúcha, a próxima emissora
de rádio a abrir espaço para que uma mulher atuasse na área esportiva foi a Rádio
Bandeirantes, porém isto foi feito somente no ano de 2004. Débora de Oliveira,
diferentemente das anteriores, atuou na linha de frente, diretamente como repórter de
campo. No currículo da jornalista, entretanto, já constava a participação, durante seis
anos, em uma rádio da região metropolitana de Porto Alegre. A jornalista “produzia e
apresentava – sozinha – um programa nos domingos pela manhã, o que já era um horário
considerado horário nobre na programação esportiva”. Após dois anos na Rádio
Bandeirantes, esta jornalista começou a atuar na televisão, desta vez através do grupo
RBS. Em relação ao preconceito sofrido por ser uma mulher jornalista cobrindo futebol,
Débora fala que “[...] no trabalho já sofri preconceito. Quando trabalhava na ABC 900,
fui tirada de campo pelos seguranças da Federação em um Grenal. Eles não acreditaram
que eu estava trabalhando, porque nunca tinham visto mulher fazer rádio esportivo. Na
final do “Gauchão” de 2004, entre Ulbra e Inter, já na Band, era constrangedora a cena
dos seguranças correndo atrás de mim, querendo me tirar do campo para que eu não
entrevistasse os jogadores. Foi preciso a intervenção do presidente Chico Noveletto. Hoje,
eu me dou super bem com todos, e nós ainda rimos daquelas histórias”.

No Rio Grande do Sul, ainda existem algumas emissoras de rádio que possuem
programação direcionada aos esportes. Entre elas, podem ser citadas a Rádio Grenal, que
tem uma programação totalmente voltada para o futebol, e principalmente para o futebol
gaúcho. Também cabe comentar sobre a Rádio Gaúcha. Esta, além de transmissões de
futebol, apresenta ainda muitos programas com conteúdo esportivo. Também convém
mencionar a Rádio Guaíba, que apresenta 19 programas com conteúdo sobre esportes. E
ainda a Rádio Bandeirantes, que tem 14 programas com conteúdo esportivo.

Existem várias jornalistas mulheres que buscam se especializar na área esportiva.


Estas ainda têm que lutar contra o preconceito em relação ao seu gênero, pois este é um
desfio ainda muito presente na atualidade. Este preconceito já foi vencido, de muitas
formas e em diferentes ocasiões, através do trabalho bem desempenhado por elas.
Entretanto, por serem mulheres, a postura firme é algo imprescindível, especialmente na
hora em que elas devem emitir alguma opinião sobre um assunto predominantemente
masculino.

Também cabe destacar o papel desempenhado por Marjana Vargas, que é a única
mulher diretora da área esportiva em emissoras de rádio de Porto Alegre, e que trabalha
na Rádio Grenal. A jornalista fala sobre a falta de mulheres jornalistas que atuem como
comentaristas esportivas em Porto Alegre. Ela comenta que esta situação deva estar
vinculada ao domínio masculino tanto neste esporte quanto, de maneira mais
generalizada, em todos os ambientes profissionais do Jornalismo. Segundo ela, este é um
quadro que se repete em várias outras cidades, e não somente na Capital do Estado, e que
é reforçado pela baixa participação feminina em diversas outras áreas, por exemplo, como
no pequeno número de mulheres que exercem os cargos de presidentes de empresas.

Marjana afirma não considerar problema contratar uma mulher para a função de
de jornalista esportiva e nem de comentarista. Ela diz: “Nas oportunidades em que fiz
seleção para Rádio Grenal, o "critério" é exatamente o mesmo para todos os candidatos,
que envolvem o conhecimento do assunto. Também é muito importante gostar do que se
faz”. Entretanto, mesmo considerando-se que a diretora esportiva da rádio é uma mulher,
na Rádio Grenal geralmente também não encontramos mulheres no cargo de comentarista
e nem de jornalistas das jornadas esportivas.

Segundo a AGERTS (Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e TV), mais de


1000 mulheres atuam nas emissoras de rádio no Rio Grande do Sul. Estas profissionais
atuam como apresentadoras, desempenham papéis na reportagem, na locução e na
produção. A presença feminina está em um número que representa, no Rio Grande do
Sul, cerca de 30% do total destas profissionais.

Laura Becker é outra personagem que merece ser destacada nesta matéria. Ela
atuou no radiojornalismo esportivo de Porto Alegre por apenas dois anos. Inicialmente,
iniciou suas atividades como estagiária na rádio O Sul, onde atuou nas jornadas esportivas
e na programação geral da emissora. A jornalista relata: “Cheguei a ser contratada pela
empresa, mas logo depois que mudaram a formatação da emissora, já com o nome de
Rádio Grenal, acabei sendo desligada, em 2012”. Quando saiu da Grenal, Laura entrou
para um projeto novo do grupo Bandeirantes, a Rádio Esportes FM, porém este projeto
também foi cancelado logo após um curto período de planejamento e atividades. Após
este fato, Laura entrou na área de Geral, onde atua até hoje. A jornalista integra um
programa da Band News FM denominado “Tem Mulher na Área”, que comenta sobre o
dia-a-dia do futebol, mas que também informa que o programa tem pouco espaço dentro
da grade geral de programação da emissora.

Sobre as dificuldades que ela sofreu, em decorrência de ser mulher, Laura diz:
“Não faço mais parte do jornalismo esportivo. No entanto, no período em que estive atuando nele,
a maior dificuldade que tive de atravessar foi a da desconfiança quanto ao meu conhecimento.
Muitas vezes, percebia que os comentários dos meus colegas eram mais considerados que os
meus.”

Apesar das dificuldades encontradas, as mulheres que trabalham no


radiojornalismo esportivo assumem que, muitas vezes, conseguem contato com as fontes
de maneira mais rápida do que os seus colegas homens.

Mesmo considerando-se que ainda existe apenas um número não muito


satisfatório de mulheres atuando no Jornalismo, comparando-se este número com o de
profissionais homens que atuam em outros campos de atuação no Jornalismo, a presença
feminina dentro da editoria esportiva, especialmente no rádio, só tende a aumentar. A
mulher tem se mostrado cada vez mais interessada pelo universo esportivo, seja
acompanhando o seu “clube do coração” ou praticando alguma modalidade esportiva.
Sem dúvidas, isto pode influenciar as futuras escolhas que a jornalista poderá fazer (ou
não) para cobrir as matérias jornalísticas. Com o incentivo e o investimento cada vez
maior das emissoras, a expectativa é a de que, nos próximos anos, quando formos olhar
mais uma vez para esse campo de atuação, o cenário já esteja diferente. E, assim, que
muitas mulheres possam fazer parte da equipe de esportes, abrilhantando o ambiente
esportivo e presenteando o público com seu charme, elegância e, acima de tudo, com sua
inteligência, sua competência e sua habilidade para falar sobre qualquer coisa, sem medo
dos julgamentos preconceituosos e das atitudes machistas da sociedade contemporânea.

Vous aimerez peut-être aussi