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Introdução Histórico-Literária à Bíblia

Prezado Tutor(Polo) e Aluno: Os vídeos inseridos em seu dvd trazem recursos extras
(mensagens e aulas de terceiros) e tem como objetivo ampliar o conhecimento dado
através da apostila, podendo os mesmos serem utilizados como tarefa extra aula, a seu
critério.

Introdução

O termo BÍBLIA não existe no texto das Sagradas Escrituras. O vocábulo bíblia
significa coleção de livros pequenos e deriva da palavra biblos , nome dado pelos gregos à
folha de papiro preparada para a escrita. A palavra portuguesa BÍBLIA vem do grego, que é o
plural de bíblion , ou seja, livros .
A expressão BÍBLIA foi aplicada às Sagradas Escrituras por João Crisóstomo, patriarca
de Alexandria (Viveu entre 344-407 d.C. Nasceu em
Antioquia. Foi considerado um dos pais da Igreja . Seus
restos mortais foram roubados há 1.000 anos, no saque
de Constantinopla, um dos momentos mais dramáticos da
história nas relações entre as Igrejas do Oriente e
Ocidente). Trata-se de uma coleção de livros
perfeitamente harmônicos entre si. Tais livros foram
reunidos num só volume através de um longo processo
histórico divinamente dirigido: a sua canonização; isto é,
o criterioso e formal reconhecimento pela Igreja dos
escritos divinamente inspirados do Antigo e do Novo
Testamento. Esse conjunto de escritos sagrados passou
a denominar-se Cânon ou Escrituras Canônicas.
DEUS, que antigamente falou muitas vezes e de muitas maneiras aos pais
(Hebreus 1:1), queria que a sua PALAVRA não somente ficasse guardada pelos homens por
meio da sua própria experiência com Deus e pela tradição falada, isto é, os pais contando
aos seus filhos e assim sucessivamente.
Portanto, DEUS ordena a Moisés: Escreve isto para a memória num livro (Êxodo
17:14). Ordem esta que foi depois repetida durante 1.600 anos por um valor aproximado de
40 homens inspirados por DEUS e assim, surgiu o LIVRO DE DEUS (Isaias 34:16), que nós
chamamos de BÍBLIA.
INSPIRAÇÃO x REVELAÇÃO
INSPIRAÇÃO é a atividade divina em que o Espírito Santo guia as mentes dos
homens selecionados e os tornam instrumentos de Deus a fim de comunicarem a
REVELAÇÃO .
REVELAÇÃO e INSPIRAÇÃO não significam a mesma coisa, mas são palavras de
sentidos afins e que se entrelaçam na produção da Palavra de Deus. REVELAÇÃO é a
atividade de Deus em que ELE e seus propósitos se tornam conhecidos ao homem.
INSPIRAÇÃO é a capacitação sobrenatural de receber, discernir, interpretar e transmitir a
verdade que foi revelada.
INSPIRAÇÃO: DEUS FALA ATRAVÉS DO HOMEM (que discerne e transmite)
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II Timóteo 3:16, 2 Pedro 1:21

REVELAÇÃO: DEUS FALA AOS HOMENS (ELE se revela)


Gênesis 17:7, Êxodo 20:22, Isaias 48:3
A INSPIRAÇÃO SE DÁ POR INTERMÉDIO DO ESPIRITO SANTO:
I Cor. 2:13, Atos 28:25
INSPIRAÇÃO é o homem escrevendo o que Deus revelou. Toda Escritura é
divinamente inspirada... (II Timóteo 3:16). A palavra em grego traduzida como Escritura
nesta passagem é a palavra Graphe de onde vem a palavra grafia ou escrita.
Já a palavra grega traduzida como inspirada é a palavra Theopneustos que é
composta por duas palavras: Theo , que traduzida é DEUS e Pneustos que traduzida é
SOPRO. Podemos dizer então, que tudo o que foi escrito , ou seja, as Escrituras Sagradas foi
dada pelo sopro de Deus . Portanto, o que Deus soprou foram palavras (graphe).
REVELAÇÃO: É a atividade divina através da qual DEUS se torna conhecido
a) atividade – não acontece por acaso, tem que acontecer.
b) divina – não é humano. É Deus quem faz a revelação.
c) DEUS – Sujeito e objeto da revelação.
d) conhecido – O propósito é conhecer DEUS.
ILUMINAÇÃO: Entendimento das Escrituras dada pelo ESPÍRITO SANTO ao leitor
TEOFANIA: Aparição ou revelação de Deus

A tríade da REVELAÇÃO:

Automanifestação de DEUS (Teofania – Êxodo 3)

Iluminação (obra do Espírito Santo = Guia


REGISTRO João 3.16)
BÍBLICO Leitor / Ouvinte

Teologicamente, REVELAÇÃO é Deus dando nova informação ao homem sobre SI e


sobre SUA vontade. É necessário que Deus se manifeste, pois o homem é um ser carnal e
Deus é Espiritual. Evidencia-se em Salmos 19 que Deus se revela de uma Forma Geral (ou
natural) e, também de uma Forma Especial.

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A Revelação Geral é vista na própria natureza (Salmos 19:1), na preservação do mundo


(Hebreus 1:3), na providencia divina (Provérbios 16:9) e na consciência humana (Romanos
1:19; 2:15). Esta revelação é dada a todos e embora não seja o suficiente para conhecer a
Deus intimamente é suficiente para que o homem saiba
que ELE existe.

A Revelação Especial é Deus falando com o homem. No


Antigo Testamento, Deus comunicou-se diretamente
através de sonhos, visões, teofanias, anjos, profetas ...

MANEIRAS DE DEUS SE REVELAR

Há muito tempo DEUS falou muitas vezes e de várias maneiras aos nossos
antepassados por meio dos profetas, mas nestes últimos dias falou-nos por meio do Filho,
a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e por meio de quem fez o universo .
(Hebreus 1:1-2 / NVI)

Esta declaração sublime da Epistola de Hebreus congrega toda a verdade a respeito


da REVELAÇÃO, e nos apresenta a chave da BÍBLIA como uma revelação de DEUS. A
revelação bíblica culmina em Jesus.

Três fatores da revelação:


1) O revelador: O próprio DEUS.
2) (*) Os instrumentos da revelação: Visões, sonhos, urim e tumim
(pedras preciosas usadas para se conhecer a vontade de Deus - Êx. 28:30), sortes,
teofanias, anjos, voz divina, eventos históricos...
3) O recebedor: aqueles que correspondem pela fé.

(*) Aparecendo e falando pessoalmente:


a) Adão e Eva no Éden: Gênesis 2:15 a 4:15
b) O fechamento da porta da Arca: Gênesis 7:16
c) Aparição a Abraão e Ló (alimentou-se e conversou): Gênesis 18 e 19
d) Lutou em forma de homem com Jacó: Gênesis 32:24
e) Apareceu em forma humana pelas costas – Moisés: Êxodo 33:18-23

Por meio de visões:

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a) Na sarça ardente a Moisés: Êxodo 3


b) Comissionamento de Isaias: Isaias 6
c) Profeta Ezequiel: Ezequiel 13:1
d) Rei Nabucodonozor: Daniel 2
e) João na ilha de Patmos: Apocalipse 1:1-3

Por meio de Sonhos:


a) Chamada de Samuel: I Samuel 3
b) José, esposo de Maria: Mateus 1:20
b) Os magos: Mateus 2:12

Por meio de Jesus Cristo:


a) Gálatas 4:4
b) Hebreus 1:1-2

Atos 2:17 x Eclesiastes 5:7 - É espiritual o sonho que provê ILUMINAÇÃO sobre as
vontades de Deus REVELADAS ao sonhador, ou seja, que o ajuda em sua inquirição
espiritual. Assim como os místicos tem que aprender a desconfiar de suas VISÕES, assim
também os sonhadores não devem permitir que seus SONHOS os guiem sem a necessária
disciplina da investigação. Um sonho faz parte de um quadro maior da ILUMINAÇÃO
(Entendimento das Escrituras dada pelo Espírito Santo).

A FACE DE DEUS: As alusões à Face de Deus são antropomórficas


(Antropomorfismo = Doutrina que atribui a Deus uma forma humana) e metafóricas (Palavra
em sentido figurado, ou em virtude de certa relação de semelhança). A expressão indica a
presença de Deus ou alguma manifestação divina, possivelmente por meio de uma
TEOFANIA (Aparição, revelação ou manifestação de Deus). Era doutrina comum entre os
Judeus que ninguém podia ver a face de Deus e continuar vivo: ...Vi Deus face a face e,
todavia minha vida foi poupada (Gn. 32:30). Contudo o texto nos informa que Jacó VIU a
face de Deus e sobreviveu!

Em contraste a isso João 1:18 diz – Ninguém jamais viu a Deus...

Por outro lado, na passagem altamente antropomórfica de Êxodo 33:20-22, temos


uma manifestação de Deus a Moisés e neste texto, é dito que Moisés não pode ver a face de
Deus, de tal modo que quando passou diante dele a glória divina, Moisés só contemplou o
Senhor pelas costas. Tais passagens só tem sentido se as interpretarmos metaforicamente
e não literalmente, pois de outra maneira, Deus teria de ser como o ser humano, ou seja,
dotado de rosto e de costas.

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Ora, os Mórmons ensinam precisamente isso, dizendo que Joseph Smith viu a Deus,
literalmente. Deus teria um corpo um tanto semelhante ao nosso, embora não possa haver
uma definição precisa a respeito? Por isso, os céticos e os fundamentalistas digladiam-se,
apelando para toda a forma de argumento inútil, e muitos intérpretes da Bíblia vem
engrossar a confusão.
O que realmente está envolvido são diversos graus da glória divina, manifestados
aos homens, e não se temos condições de ver alguma porção do suposto corpo de Deus.
Na verdade, não sabemos o que significa ver o ser de Deus, e até que ponto isso é
concebível.
Os homens tateiam em busca de maneiras de expressar o que significa experimentar
a presença de Deus, e o que eles dizem pode ser contraditório. As experiências místicas são
inefáveis, sobretudo quando são de elevada ordem, e qualquer tentativa de expressá-las
mediante a linguagem humana lançará uma luz duvidosa sobre a sua natureza real. A
afirmação de JOÃO 1:18 reconhece essa verdade fundamental, pelo que afirma
categoricamente que ninguém jamais viu a Deus.
Por isso, podemos supor que quase todas as revelações veterotestamentárias da
presença divina deram-se mediante TEOFANIAS, ou seja, qualquer tipo de manifestação da
presença divina que salienta o poder e a glória de Deus, embora sem a visibilidade de seu ser
real e sua essência.

Principais objeções à crença da REVELAÇÃO

a) Agnosticismo: Não afirmam nem negam a realidade de Deus, mas nega que Deus
possa se comunicar conosco: O absoluto e infinito está
tão retirado dos homens que não pode dar-se a conhecer
a eles . O agnosticismo não é nenhum sistema apoiado
em qualquer teoria científica. É apenas um processo que o
homem tem poderes de personalidade semelhantes ao de
Deus, que lhe possibilitam receber e entender a sua
manifestação.

b) Panteísmo: É a concepção filosófica que não reconhece a realidade de Deus como


SER distinto, diferente e separado do mundo tangível. Para o panteísmo DEUS é imanente
(inseparável) em todas as coisas. Ao contrário dessa filosofia, toda a REVELAÇÃO nas
ESCRITURAS baseia-se na concepção de um Deus pessoal, distinto do universo e a ele
superior, ao qual criou e governa. Pode, portanto, se revelar à sua criatura, que ELE fez
inteligente e à sua imagem e semelhança.

c) Religiões Naturais ou Filosóficas: Ensinam que a divindade faz parte da própria


natureza do homem e que o homem a descobriu em si mesmo pela razão ou iluminação
própria. O MISTICISMO é o forte dessas concepções, ou seja, o fenômeno religioso e
psíquico que incita as pessoas a desprezarem toda possibilidade da revelação objetiva, ou
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que vem de fora, e a procurarem Deus em si mesmas, em sua própria natureza, em seu
mundo interior. Obviamente isso leva a desvalorização da Bíblia para dar lugar aos sonhos,
visões e vozes. Assim a autoridade da Bíblia é substituída por pretensas experiências
pessoais ocasionando sérios desvios de doutrina e comportamento.

A INSPIRAÇÃO e a consequente autoridade da BÍBLIA


não se estendem automaticamente a todas as cópias e
traduções da Bíblia. Só os manuscritos originais, conhecidos
por AUTÓGRAFOS , foram INSPIRADOS por Deus. Os erros
e as mudanças efetuadas nas cópias e nas traduções não
podem ser atribuídos à INSPIRAÇÃO ORIGINAL.

A INERRÂNCIA DAS ESCRITURAS não significa que os


escritores eram infalíveis, mas que seus escritos foram preservados de erros. INERRÂNCIA
significa que a verdade é transmitida em palavras entendidas no sentido que foram
empregadas, não expressava erro algum. O conceito de INERRÂNCIA das Escrituras
contraria alguns críticos modernos que não aceitam a infabilidade das Escrituras.
Tais críticos julgam haver erros nas Escrituras em razão de encontrarem nelas
palavras divinas e humanas:

Veja: (Edição Almeida Revista e Corrigida)

II Reis 8:26 x II Crônicas 22:2 - (Acazias: 22 anos x 42 anos)?

1 Reis 4:26 x II Crônicas 9:25 - (Estrebarias 40.000 x 4.000)?

Ver rodapé:

Marcos 16:9-20: não fazem parte dos principais manuscritos do NT.

(Clemente de Alexandria e Orígenes NÃO demonstraram conhecer a existência desses


versículos; igualmente, Eusébio e Jerônimo atestam que a passagem NÃO aparecia em quase
todas as cópias gregas de Marcos que conheciam. Muitos manuscritos que contem a
passagem, trazem notas escribais declarando que as cópias gregas mais antigas faltam esses
versículos; e, em outros testemunhos, a passagem é assinalada por asteriscos ou obeli, os
sinais convencionais usados pelos copistas para indicar uma adição espúria a um documento)
– O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo – Russel Norman Champlin,
Milenium.
Por outro lado, os vv. 9-20 aparecem em alguns manuscritos gregos antigos, daí, muitos
doutores da Bíblia concluírem que um texto atestado por outros manuscritos antigos é sem

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dúvida parte do texto original do escritor Bíblico. Assim, nestes termos, esses versículos
devem ser aceitos como parte integrante da Palavra inspirada de Deus.

A ESTRUTURA DA BÍBLIA

Quando você vier, traga a capa que deixei na casa de Carpo, em Trôade, e os meus
livros, especialmente os pergaminhos .
II Timóteo 4:13

A história da Bíblia e como chegou até nós, é encontrada em seus MANUSCRITOS


(rolos ou livros da antiga literatura, escritos à mão). Nos tratados sobre a Bíblia, a palavra
manuscritos é sempre indicada pela abreviatura MS no singular e MSS no plural. Há em
nossos dias, cerca de 4.000 MSS da Bíblia, preparados entre os séculos II e XV.

Vários materiais foram usados para escrita nos tempos antigos:

LINHO – Tem sido encontrado nas descobertas arqueológicas.

OSTRASCO – Fragmentos de cerâmicas. É mencionado nas Bíblica em Jó 38:14, Ezequiel 4:1.


Foi muito usado na Babilônia.

PEDRA – Muitas inscrições famosas encontradas no Egito e na Babilônia foram escritas em


pedra. DEUS deu a Moisés os 10 Mandamentos escritos em tábuas de pedra (Êxodo 24:12).
Um exemplo do emprego desse material é o livro escrito em pedras, conhecido como
Código Hamurabi. Trata-se de um Rei da Babilônia que viveu na mesma época de Abraão. É
identificado pelos cientistas como o personagem ANRAFEL de Gênesis 14:1. É um código de
leis descoberto em Susã (Cidade antiga – Capital do Elão, Império Babilônico, a 250Km do Rio
Tigre na Ásia) em 1.902.

Os dez mandamentos não foram as primeiras leis gravadas em pedra. Séculos antes de Moisés, um
rei babilônico chamado HAMURABI fez com que 282 leis fossem inscritas numa coluna de pedra preta
com mais de dois metros de altura. Algumas leis são semelhantes as da Bíblia. “Olho por olho e dente
por dente” de Êxodo 21:24 assemelha-se a lei 196 do Código de Hamurabi que diz: “Se um homem
furar o olho de outro homem, seu olho deverá ser furado”.

O relevo no topo da pedra esculpida representa o Rei Hamurabi recebendo as leis de Shamash, o
deus sol.

ARGILA – O material de escrita predominantemente na Assíria e


Babilônia. Preparada em pequenos tabletes e impressa com símbolos
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em forma de cunha chamados de escrita cuneiforme, e depois assada em um forno ou seca


no sol. Milhares desses tabletes foram encontrados pelos arqueólogos.
MADEIRA – Durante muito séculos a madeira foi a superfície comum para escrever entre os
gregos. Alguns acreditam que esse tipo de material é mencionado em Isaias 30:8 e
Habacuque 2:2. Ver também Tábuas recobertas com cera em Isaias 8:1 e Lucas 1:63.
COURO – O Talmude judeu exigia especificamente que as Escrituras fossem copiadas sobre
peles de animais. É praticamente certo, então, que o Antigo Testamento foi escrito em
couro. Os rolos, entre 26 a 70 cm de altura, eram enrolados em um ou dois pedaços de
paus.
PAPIRO – Nos tempos bíblicos, caniços altos e finos de papiro cresciam em moitas espessas
às margens do rio Nilo. Hoje em dia, eles não crescem mais de
forma selvagem ao redor do Nilo, porque a civilização destruiu seu
habitat natural. O PAPIRO foi o primeiro material leve, de baixo
custo e durável para a escrita. É quase certo que o Novo
Testamento foi escrito sobre papiro, por ser este o material de
escrita mais importante na época. O papiro é feito cortando-se em
tiras seções delgadas da cana de papiro, empapando-as em vários banhos de água e depois
sobrepondo umas às outras para formar folhas. O centro da indústria de papiro era Egito,
onde teve início o seu emprego, cerca de 3.000aC.
O papiro é um tipo de junco de grandes proporções. Essas folhas eram formadas por
tiras cortadas das plantas, sobrepostas cruzadas, coladas, prensadas e depois polidas. A
folha do papiro assim preparada era chamada pelos gregos de biblos .
VELINO OU PERGAMINHO – Este tipo de material foi utilizado
centenas de anos antes de Cristo e, por volta do século IV d.C,
o qual suplantou o papiro. Quase todos os manuscritos
conhecidos são em velino. Seu uso generalizado vem dos
primórdios do Cristianismo, mas já era conhecido em tempos
remotos, pois já era mencionado em Isaias 34:4. O velino era
um tipo de pergaminho muito fino usado com peles de Antílopes.

a) HEBRAICO – Todo o Antigo Testamento foi escrito


em Hebraico, o idioma oficial da nação da Israel, exceto
algumas passagens de Esdras, Jeremias e Daniel, que foram
escritas em aramaico. O hebraico faz parte das línguas
semíticas, que eram faladas na Ásia Mediterrânea.
Possivelmente Abrão encontrou esse idioma em Canaã. Em
Gênesis 31:47 vê-se que Labão, o sobrinho de Abraão, vivendo em sua terra, a Caldéia,
falava aramaico, ao passo que Jacó, recém-chegado de Canaã, falava o hebraico.
A língua hebraica é chamada no Antigo Testamento de Línguas de Canaã (Isaias
19:18) e Língua Judaica (Isaias 36:13). Como a maior parte das línguas do ramo semítico, o
hebraico lê-se da direita para a esquerda e é composto de 22 letras todas consoantes em
seu alfabeto. Após o século VI os eruditos judeus residentes em Tiberíades, passaram a
colocar na escrita, sinais vocálicos, perpetuando assim a pronúncia tradicional. Esses sinais
são pontos colocados em cima, em baixo e dentro das consoantes.

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Os autores desse sistema de vocalização chamavam-se Massoretas , palavra


derivada de massohah , que quer dizer tradição, isto porque os massoretas, por meio deste
sistema, fixaram a pronuncia tradicional do hebraico.
b) ARAMAICO – Idioma semítico falado desde 2000 a.C.
em Arã ou Síria, que a mesma região. Algumas partes do Antigo
Testamento foram escritas neste idioma: uma palavra designando
nome de lugar em Gênesis 31:47, um versículo em Jeremias
10:11, cerca de seis capítulos de Daniel (2:4b a 7:28) e vários
capítulos de Esdras (4:8-6 a 6:18 e 7:12-26).
No tempo de JESUS o aramaico tornara-se a língua oficial dos judeus e nações
vizinhas, estas foram influenciadas pelo aramaico devido às transações comerciais dos
arameus na Ásia Menor e litoral do Mediterrâneo. Tinha o mesmo alfabeto que o hebraico,
só diferia nos sons e na estrutura de certas partes gramaticais. Do mesmo modo que o
hebraico, não tinha vogais, a partir de 800 a.C. é que os sinais vocálicos foram introduzidos.
É um idioma muito parecido com o hebraico.
Esta língua foi usada por Jesus e seus discípulos e pela Igreja Primitiva em Jerusalém.
No Novo Testamento temos algumas palavras em aramaico: Marcos 5:41, Marcos 7:34,
Marcos 15:34, Mateus 27:46, Romanos 8:15, Gálatas 4:6, I Coríntios 16:22. No Velho
Testamento temos Daniel 2:4-7.
c) GREGO – Esta é a língua em que foi originalmente escrito o Novo Testamento. O
grego faz parte do grupo de línguas arianas e vem da fusão dos dialetos: dórico e ático. Os
dóricos e áticos foram as duas principais tribos que povoaram a Grécia. É um língua de
expressão mais precisa, e das línguas bíblicas, é a que mais se conhece, devido ser mais
próxima a nossa. O grego do Novo Testamento
não é o grego clássico dos filósofos, mas o dialeto
popular do homem da rua, dos comerciantes, dos
estudantes, que todos podiam entender, era o
Koiné .
Esse dialeto formou-se a partir das
conquistas de Alexandre em 336 a.C. Nesse
tempo Alexandre subiu ao trono e, no curso
espaço de tempo de 13 anos, alterou o rumo da
história do mundo. A Grécia tornou-se um império mundial e toda a terra conhecida
recebeu influencia da língua grega.
A língua grega tem 24 letras sendo a primeira o alfa e a última o ômega , por isso
em Apocalipse Jesus diz que é o Alfa e o Ômega, ou seja, está afirmando que é o primeiro e o
último.

QUEM É O AUTOR DA BÍBLIA?

1 - EVIDÊNCIAS EXTERNAS (Fora da Bíblia):

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a) ARQUEOLOGIA - É a ciência que estuda as coisas antigas


através de materiais escavados pertencentes a eras antigas
(exame de objetos antigos outrora perdidos e hoje
recuperados). As cidades antigas eram reconstruídas no
mesmo local das anteriores, assim, o arqueólogo através da
escavação (usando as tecnologias modernas) estão
recuperando os objetos do passado que hoje fazem parte dos
acervos dos grandes museus do mundo.
As descobertas da ARQUEOLOGIA hoje estão
confirmando o que a BÍBLIA já dizia a muito tempo, ou seja, os arqueólogos estão usando a
própria BÍBLIA para se orientar em suas buscas. A BÍBLIA hoje é o livro de cabeceira dos
intelectuais do planeta.

Isso só é possível acontecer porque existe algo sobrenatural que dirigiu sua escrita.

b) A MANEIRA COMO FOI ESCRITA - A Bíblia contém 66 livros que foram escritos durante
um período de mais de 1.500 anos, por cerca de 40 autores diferentes (vivendo em épocas
diferentes) onde não existia nenhum meio de comunicação (rádio, televisão, correios, jornal,
internet...), e, no entanto, é um só livro, com mensagem única e sem contradições naquilo
que afirma. Do Gênesis ao Apocalipse a unidade é lógica: início, meio e fim (De onde vim, o
que faço aqui e para onde vou).

Isso só é possível acontecer porque existe algo


sobrenatural que dirigiu sua escrita

c) A SUA ATUALIDADE E A TRANSFORMAÇÃO DE VIDAS - Existem alguns livros com indícios


que foram escritos por volta de 1.500AC (Jó), isso significa dizer que existem a mais ou
menos 3.500 anos e, quando você o lê é como se Deus falasse para você hoje (na sua época).
Não existe nenhum Best-Seller no mundo com esse poder de penetração! Por outro
lado, somos testemunhas de tantas vidas transformadas através da leitura do seu conteúdo.

Isso só é possível acontecer porque existe algo sobrenatural que dirigiu sua escrita

c) ACURÁCIA CIENTÍFICA: Uma outra espantosa evidencia da inspiração divina da Bíblia é o


fato de que muitos princípios da ciência moderna foram registrados como fatos da natureza
na Bíblia muito antes que qualquer cientista os confirmasse experimentalmente. Veja uma
amostra:

1-A redondeza da terra: Isaias 40:22


2-A infinita extensão do universo: Isaias 55:9
4-O ciclo hidrológico: Eclesiastes 1:7 – Isaias 55:10
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5-O vasto número de estrelas: Jeremias 33:22


6-A suma importância do sangue para a vida: Levítico 17:11
7-A circulação atmosférica: Eclesiastes 1:6
8-O campo gravitacional – A terra não tem fundação como acreditavam os antigos:
Jó 26:7

2 - EVIDÊNCIAS INTERNAS (Dentro da Bíblia):

a) II Timóteo 3:16 - Divinamente (Deus) inspirada.


b) II Pedro 1:21 - Foi o Espírito Santo quem dirigiu.
c) Jeremias 30:1-3 - Deus falou diretamente ao profeta.

A Bíblia é, portanto, a palavra de Deus em linguagem humana Assim, o mesmo


Espírito que inspirou a Bíblia fala com o ser humano à medida que ele começar a meditar
nela.

A CONSTITUIÇÃO DA BÍBLIA

A Bíblia se divide em duas coleções de livros, uma de 39 livros chamada VELHO ou


ANTIGO TESTAMENTO, e outra, com 27 livros chamada NOVO TESTAMENTO.

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Os dois Testamentos:
A palavra TESTAMENTO , que seria mais bem traduzida por ALIANÇA é tradução
de palavras hebraicas e gregas que significam PACTO’ ou ACORDO celebrado entre duas
partes = aliança. Portanto, no caso da Bíblia somos o CONTRATO ANTIGO, celebrado entre
Deus e seu povo, os judeus, e o PACTO NOVO, celebrado entre Deus e os Cristãos.

O ANTIGO TESTAMENTO foi escrito pela comunidade judaica (profetas) e, por ela
preservado um milênio ou mais antes da era de JESUS.
Registra os começos de todas as coisas, a queda, o
povoamento da terra, a formação dos povos, o dilúvio, o
repovoamento, a formação do povo escolhido por meio do
qual seria enviado o MESSIAS, e o fracasso de todo o
gênero humano que, após o pecado, se degenerou e criou
numerosos sistemas religiosos idólatras, sem poder se
restaurar diante do Criador. Tiveram atuação destacada os
profetas, por meio dos quais DEUS falou, os juízes,
sacerdotes, reis e os homens que escreviam os registros do
povo de Israel.

O PERÍODO INTERTESTAMENTÁRIO

I. Desenvolvimento Político
A Expressão 400 anos de silêncio , freqüentemente empregada para descrever o período
entre os últimos eventos do A.T. e o começo dos acontecimentos do N.T. não é correta nem
apropriada. Embora nenhum profeta inspirado se tivesse erguido em Israel durante aquele
período, e o A.T. já estivesse completo aos olhos dos judeus, certos acontecimentos
ocorreram que deram ao judaísmo posterior sua ideologia própria e, providencialmente,
prepararam o caminho para a vinda de Cristo e a
proclamação do Seu evangelho.
Supremacia Persa
Por cerca de um século depois da época de
Neemias, o império Persa exerceu controle sobre a
Judéia. O período foi relativamente tranqüilo, pois
os persas permitiam aos judeus o livre exercício de
suas instituições religiosas. A Judéia era dirigida
pelo sumo sacerdotes, que prestavam contas ao
governo persa, fato que, ao mesmo tempo,
permitiu aos judeus uma boa medida de autonomia e rebaixou o sacerdócio a uma função
política. Inveja, intriga e até mesmo assassinato tiveram seu papel nas disputas pela honra
de ocupar o sumo sacerdócio. Joanã, filho de Joiada (Ne 12.22), é conhecido por ter
assassinado o próprio irmão, Josué, no recinto do templo. A Pérsia e o Egito envolveram-se
em constantes conflitos durante este período, e a Judéia, situada entre os dois impérios, não
podia escapar ao envolvimento. Durante o reino de Artaxerxes III muitos judeus engajaram-

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se numa rebelião contra a Pérsia. Foram deportados para Babilônia e para as margens do
mar Cáspio.
Alexandre, o Grande
Em seguida à derrota dos exércitos persas na Ásia Menor (333 AC), Alexandre marchou para
a Síria e Palestina. Depois de ferrenha resistência, Tiro foi
conquistada e Alexandre deslocou-se pra o sul, em direção ao
Egito. Diz a lenda que quando Alexandre se aproximava de
Jerusalém o sumo sacerdote Jadua foi ao seu encontro e lhe
mostrou as profecias de Daniel, segundo as quais o exército
grego seria vitorioso (Dn 8). Essa narrativa não é levada a sério
pelos historiadores, mas é fato que Alexandre tratou
singularmente bem aos judeus. Ele lhes permitiu observarem
suas leis, isentou-os de impostos durante os anos sabáticos e,
quando construiu Alexandria no Egito (331 AC), estimulou os
judeus a se estabelecerem ali e deu-lhes privilégios comparáveis aos seus súditos gregos.
A Judéia sob os Ptolomeus
Depois da morte de Alexandre (323 AC), a Judéia, ficou sujeita, por algum tempo a
Antígono, um dos generais de Alexandre que controlava parte da Ásia Menor.
Subseqüentemente, caiu sob o controle de outro general, Ptolomeu I (que havia então
dominado o Egito), cognominado Soter, o Libertador, o qual capturou Jerusalém num dia de
sábado em 320 AC Ptolomeu foi bondoso para com os judeus. Muitos deles se radicaram em
Alexandria, que continuou a ser um importante centro da
cultura e pensamento judaicos por vários séculos. No
governo de Ptolomeu II (Filadelfo) os judeus de
Alexandria começaram a traduzir a sua Lei, i.e., o
Pentateuco, para o grego. Esta tradução seria
posteriormente conhecida como a Septuaginta, a partir
da lenda de que seus setenta (mais exatamente 72 - seis
de cada tribo) tradutores foram sobrenaturalmente
inspirados para produzir uma tradução infalível. Nos
subseqüentes todo o Antigo Testamento foi incluído na
Septuaginta.
A Judéia sob os Selêucidas
Depois de aproximadamente um século de vida dos judeus sob o domínio dos Ptolomeus,
Antíoco III (o Grande) da Síria conquistou a Síria e a Palestina aos Ptolomeus do Egito (198
AC). Os governantes sírios eram chamados selêucidas porque seu reino, construído sobre os
escombros do império de Alexandre, fora fundado por Seleuco I (Nicator). Durante os
primeiros anos de domínio sírio, os selêucidas permitiram que o sumo sacerdote continuasse
a governar os judeus de acordo com suas leis. Todavia, surgiram conflitos entre o partido
helenista e os judeus ortodoxo. Antíoco IV (Epifânio) aliou-se ao partido helenista e indicou
para o sacerdócio um homem que mudara seu nome de Josué para Jasom e que estimulava
o culto a Hércules de Tiro. Jasom, todavia, foi substituído depois de dois anos por uma
rebelde chamado Menaém (cujo nome grego era Menelau). Quando partidários de Jasom
entraram em luta com os de Menelau, Antíoco marcho contra Jerusalém, saqueou o templo
e matou muitos judeus (170 AC). As liberdades civis e religiosas foram suspensas, os

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sacrifícios diários forma proibidos e um altar a Júpiter foi erigido sobre o altar do holocausto.
Cópias das Escrituras foram queimadas e os judeus foram forçadas a comer carne de porco,
o que era proibido pela Lei. Uma porca foi oferecida sobre ao altar do holocausto para
ofender ainda mais a consciência religiosa dos judeus.
Os Macabeus
Não demorou muito para que os
judeus oprimidos encontrassem um
líder para sua causa. Quando os
emissários de Antíoco chegaram à vila
de Modina, cerca de 24 quilômetros a
oeste de Jerusalém, esperavam que o
velho sacerdote, Matatias, desse bom
exemplo perante o seu povo,
oferecendo um sacrifício pagão. Ele, porém, além de recusar-se a fazê-lo, matou um judeu
apóstata junto ao altar e o oficial sírio que presidia a cerimonia. Matatias fugiu para a região
montanhosa da Judéia e, com a ajuda de seus filhos, empreendeu uma luta de guerrilhas
contra os sírios. Embora os velho sacerdote não tenha vivido para ver seu povo liberto do
jugo sírio, deixou a seus filhos o término da tarefa. Judas, cognominado o Macabeu ,
assumiu a liderança depois da morte do pai. Por volta de 164 AC Judas havia reconquistado
Jerusalém, purificado o templo e reinstituído os sacrifícios diários. Pouco depois das vitórias
de Judas, Antíoco morreu na Pérsia. Entretanto, as lutas entre os Macabeus e os reis
selêucidas continuaram por quase vinte anos. Aristóbulo I foi o primeiro dos governantes
Macabeus a assumir o título de Rei dos Judeus . Depois de um breve reinado, foi
substituído pelo tirânico Alexandre Janeu, que, por sua vez, deixou o reino para sua mãe,
Alexandra. O reinado de Alexandra foi relativamente pacífico. Com a sua morte, um filho
mais novo, Aristóbulo II, desapossou seu irmão mais velho. A essa altura, Antípater,
governador da Iduméia, assumiu o partido de Hircano, e surgiu a ameaça de guerra civil.
Conseqüentemente, Roma entrou em cena e Pompeu marchou sobre a Judéia com as suas
legiões, buscando um acerto entre as partes e o melhor interesse de Roma. Aristóbulo II
tentou defender Jerusalém do ataque de Pompeu, mas os romanos tomaram a cidade e
penetraram até o Santo dos Santos. Pompeu, todavia, não tocou nos tesouros do templo.
Roma
Marco Antônio apoiou a causa de Hircano. Depois do assassinato
de Júlio Cesar e da morte de Antípater (pai de Herodes), que por
vinte anos fora o verdadeiro governante da Judéia, Antígono, o
segundo filho de Aristóbulo, tentou apossar-se do trono. Por algum
tempo chegou a reina em Jerusalém, mas Herodes, filho de
Antípater, regressou de Roma e tornou-se rei dos judeus com apoio
de Roma. Seu casamento com Mariamne, neta de Hircano, ofereceu
um elo com os governantes Macabeus. Herodes foi um dos mais
cruéis governantes de todos os tempos. Assassinou o venerável
Hircano (31 AC) e mandou matar sua própria esposa Mariamne e seus dois filhos. No seu
leito de morte, ordenou a execução de Antípater, seu filho com outra esposa. Nas Escrituras,
Herodes é conhecido como o rei que ordenou a morte dos meninos em Belém por temer o
Rival que nascera para ser Rei dos Judeus.

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II. Grupos Religiosos dos Judeus


Quando, seguindo-se à conquista de Alexandre, o helenismo mudou a mentalidade do
Oriente Médio, alguns judeus se apegaram ainda mais tenazmente do que antes à fé de seus
pais, ao passo que outros se dispuseram a adaptar seu pensamento às novas idéias que
emanavam da Grécia. Por fim, o choque entre o helenismo e o judaísmo deu origem a
diversas seitas judaicas.
Os Fariseus
Os fariseus eram os descendentes espirituais dos judeus piedosos
que haviam lutado contra os helenistas no tempo dos Macabeus.
O nome fariseu, separatista , foi provavelmente dado a eles por
seu inimigos, para indicar que eram não-conformistas. Pode,
todavia, ter sido usado com escárnio porque sua severidade os
separava de seus compatriotas judeus, tanto quanto de seus
vizinhos pagãos. A lealdade à verdade às vezes produz orgulho e
ate mesmo hipocrisia, e foram essas perversões do antigo ideal
farisaico que Jesus denunciou. Paulo se considerava um membro deste grupo ortodoxo do
judaísmo de sua época. (Fp 3.5).
Saduceus
O partido dos saduceus, provavelmente denominado assim
por causa de Zadoque, o sumo sacerdote escolhido por
Salomão (1Rs 2.35), negava autoridade à tradição e olhava
com suspeita para qualquer revelação posterior à Lei de
Moisés. Eles negavam a doutrina da ressurreição, e não
criam na existência de anjos ou espíritos (At 23.3). Eram,
em sua maioria, gente de posses e posição, e cooperavam
de bom grado com os helenistas da época. Ao tempo do
N.T. controlavam o sacerdócio e o ritual do templo. A
sinagoga, por outro lado, era a cidadela dos fariseus.
Essênios
O essenismo foi uma reação ascética ao externalismo dos fariseus e ao mudanismo dos
saduceus. Os essênios se retiravam da sociedade e viviam em ascetismo e celibato. Davam
atenção à leitura e estudo das Escrituras, à oração e às
lavagens cerimoniais. Suas posses eram comuns e eram
conhecidos por sua laboriosidade e piedade. Tanto a guerra
quanto a escravidão era contrárias a seus princípios. O
mosteiro em Qumran, próximo às cavernas em que os
Manuscrito do Mar Morto foram encontrados, é considerado
por muitos estudiosos como um centro essênio de estudo no
deserto da Judéia. Os rolos indicam que os membros da
comunidade haviam abandonado as influências corruptas das cidades judaicas para
prepararem, no deserto, o caminho do Senhor . Tinham fé no Messias que viria e
consideravam-se o verdadeiro Israel para quem Ele viria.
Escribas

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Os escribas não eram, estritamente falando, uma seita, mas sim, membros de uma profissão.
Eram, em primeiro lugar, copista da Lei. Vieram a ser considerados autoridades quanto às
Escrituras, e por isso exerciam uma função de ensino. Sua linha de pensamento era
semelhante à dos fariseus, com os quais aparecem freqüentemente associados no N.T.
Herodianos
Os herodianos criam que os melhores interesses do judaísmo
estavam na cooperação com os romanos. Seu nome foi tirado
de Herodes, o Grande, que procurou romanizar a Palestina
em sua época. Os herodianos eram mais um partido político
que uma seita religiosa. A opressão política romana,
simbolizada por Herodes, e as reações religiosas expressas
nas reações sectárias dentro do judaísmo pré-cristão
forneceram o referencial histórico no qual Jesus veio ao mundo. Frustrações e conflitos
prepararam Israel para o advento do Messias de Deus, que veio na plenitude do tempo (Gl
4.4)
O NOVO TESTAMENTO foi composto pelos discípulos de JESUS ao longo do 1º. Século dC.
Constituído de 27 livros, narra o nascimento, o crescimento, o ministério de JESUS, sua
morte, sua ressurreição e sua ascensão gloriosa ao CÉU. Narra o avanço do Evangelho,
começando com o derramamento do Espírito Santo prometido, no dia de Pentecoste; as
conversões em massa, a formação da Igreja, as perseguições, as viagens missionárias;
registra as epístolas e finalmente, registra toda a revelação escatológica que JESUS
comunicou ao apostolo João na Ilha de Patmos.
CAPÍTULOS E VERSÍCULOS: As Bíblias mais antigas não eram divididas em CAPÍTULOS e
VERSÍCULOS. Essas divisões foram feitas para facilitar a tarefa de citar as Escrituras. Stephen
Langton, professor da Universidade de Paris e mais tarde arcebispo da Cantuária, dividiu a

Bíblia em capítulos em 1.227. - Robert Stephanaus, impressor parisiense, acrescentou a


divisão em versículos em 1551 e em 1955.
OS EVANGELHOS: MATEUS, MARCOS, LUCAS, JOÃO. Os evangelhos relatam como se
realizou a promessa de Deus concernente à vinda de JESUS. Eles nos falam sobre o
nascimento, vida, milagres, ensinamentos e morte de JESUS.

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Obs: Os Evangelhos de MATEUS, MARCOS e LUCAS são chamados de SINÓPTICOS porque


permite uma vista em conjunto, dada a semelhança de suas versões
LIVRO HISTÓRICO: ATOS. A morte de JESUS não foi o fim da história mas apenas o começo.
A Bíblia diz que ELE ressuscitou dentre os mortos e mandou seus discípulos anunciarem o
Evangelho a todo mundo. O livro de ATOS nos conta como foi o início da Igreja Primitiva.
CARTAS DE PAULO - Epístolas: ROMANOS, I CORINTIOS, II CORINTIOS, GÁLATAS, EFÉSIOS,
FILIPENSES, COLOSSENCES, I TESSALONICENSSES, II TESSALONICENSSES, I TIMÓTEO, II
TIMÓTEO, TITO, FILEMON. PAULO foi uma pessoa que outrora tinha tentado matar os
discípulos de Jesus, mas depois se tornou um dos maiores líderes da Igreja. Paulo iniciou
muitas Igrejas e após sua partida, frequentemente escrevia para aqueles cristãos. Nestas
cartas Paulo explica a respeito do que deveriam crer e como deveriam agir.
CARTAS GERAIS: HEBREUS, TIAGO, I PEDRO, II PEDRO, I JOÃO, II JOÃO, III JOÃO, JUDAS.
Outros seguidores de Jesus também escreveram cartas que davam às novas Igrejas a ajuda
que precisavam. Essas cartas ensinam como ser bons exemplos na fé. Obs: As epístolas de
Romanos a Judas, mostram de maneira esclarecedora toda a DOUTRINA do Senhor a sua
Igreja
LIVRO PROFÉTICO: APOCALIPSE. Escrito pelo apóstolo João, este livro registra o que DEUS
lhe mostrou a respeito do futuro. OU seja, que algum dia JESUS voltará outra vez e o mundo
todo saberá que ELE é o Cristo.
ANTIGO TESTAMENTO:

LIVROS DA LEI - PENTATEUCO: GÊNESIS, ÊXODO, LIVÍTICO, NÚMEROS, DEUTERONOMIO.


Estes cinco primeiros livros contem a historio do principio do mundo e da criação da nação
que Deus escolheu para si. Deus libertou seu povo da escravidão, ajudou-o a passar a pés
enxutos por meio de um mar revolto, enviou comida do céu e tirou água da rocha. Tudo o
que ELE pedia em troca era que cada indivíduo obedecesse suas leis.
LIVROS HISTÓRICOS: JOSUÉ, JUÍZES, RUTE, I SAMUEL, II SAMUEL, I REIS, II REIS, I
CRÔNICAS, II CRÔNICAS, ESDRAS, NEEMIAS, ESTER. DEUS levou sua nação para uma nova
terra. ELE a ajudou a derrotar os inimigos e a escolher reis para governá-la. Nesse tempo a
nação se dividiu ao meio e as duas partes acabaram sendo levadas para o exílio por seus
inimigos.
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LIVROS POÉTICOS: JÓ, SALMOS, PROVÉRBIOS, ECLESIÁSTES, CANTARES DE SALOMÃO.


Esses livros nos falam sobre a grandeza de Deus e a beleza de tudo que ELE criou. Também
nos apresentam bons conselhos sobre como viver a vida que agrada a Deus. Encontramos
nestes livros respostas para as perguntas: Por que acontecem coisas ruins com pessoas
boas? .
LIVROS DOS PROFETAS MAIORES: ISAIAS, JEREMIAS, LAMENTAÇÕES DE JEREMIAS,
EZEQUIEL, DANIEL.
LIVROS DOS PROFETAS MENORES: OSÉIAS, JOEL, AMÓS, OBADIAS, JONAS, MIQUÉIAS,
NAUM, HABACUQUE, SOFONIAS, AGEU, ZACARIAS, MALAQUIAS. DEUS falava com seu
povo, enviando-lhe comunicados por meio de mensageiros especiais chamados Profetas . A
maioria desses profetas eram enviados durante o tempo de grande crises nacionais, quando
os hebreus estavam sob ataque cruel dos inimigos.
A DIVERSIDADE DE ESCRITORES: DEUS usou para escrever sua PALAVRA homens de
atividades variadas, razão que encontramos os mais diversos tipos de língua na Bíblia:

NOME PROFISSÃO/OCUPAÇÃO REFERÊNCIA

MOISÉS Cientista Atos 7:22

JOSUÉ Soldado Êxodo 17:9

DAVI Pastor de Ovelhas e Rei II Samuel 7:8; 8:15

SALOMÃO Rei e Poeta Eclesiastes 1:12

ISAÍAS Estadista e Profeta Isaias 6:8

DANIEL Ministro do Rei Daniel 2:49

ZACARIAS Profeta Zacarias 1:1

JEREMIAS Profeta Jeremias 1:5

AMÓS Boiadeiro e Cultivador Amós 7:14-15

PEDRO Pescador Mateus 4:18

TIAGO Pescador Mateus 4:21

JOÃO Pescador Lucas 5:10

PAULO Doutor da Lei Atos 22:3

O CÂNON DAS ESCRITURAS

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Cânon: É o critério pelo qual nós medimos e


avaliamos tudo o que nos foi oferecido como um artigo
de fé e crença .
Canonização: É o processo histórico através do
qual os livros bíblicos foram aceitos como escritos
sagrados .
INSPIRAÇÃO é o meio pelo qual a Bíblia recebeu sua AUTORIDADE.
CANONIZAÇÃO é o processo pelo a Bíblia recebeu sua ACEITAÇÃO DEFINITIVA. Uma
coisa é um profeta receber uma mensagem da parte de Deus, mas coisa bem diferente é tal
mensagem ser reconhecida pelo povo de Deus.
CANONICIDADE é o estudo que trata do reconhecimento e da compilação dos livros
que nos foram dados por INSPIRAÇÃO de Deus.
A palavra CÂNON deriva do grego Kanõn (cana, régua), que por sua vez, se origina
do hebraico Kaneh , palavra do Antigo Testamento que significava vara ou cana de medir
(Ezequiel 40:3). O Novo Testamento emprega o termo em sentido figurado, referindo-se a
padrão ou regra de conduta: A todos quantos andarem conforme esta regra (cânon), paz e
miresicordia sobre eles (Gálatas 6:16).
A comunidade judaica preservou as Escrituras Sagradas desde o tempo de Moisés, ou
seja, um dos conceitos mais antigos do CÂNON foi o de escritos sagrados. O fato de os
escritos de Moises serem considerados sagrados se demonstra pelo lugar santo em que
eram guardados, ao lado da arca da aliança (Dt. 31:24-26). Depois de o templo ter sido
edificado, esses escritos sagrados forma preservados em seu interior (2 Reis 22:8). Isto é, a
consideração especial dada a esses livros especiais mostra que eram tidos como
CANÔNICOS, ou SAGRADOS.
ANGUS, Joseph – História, Doutrina e Interpretação da Bíblica – JUERP: Parece ter sido
neste sentido, em verdade muito apropriado, que no quarto século a palavra CÂNON
começou a ser aplicada às Escrituras que continham a REGRA autorizada pela qual deve ser
moldada a vida do homem. Mas foi a igreja que, guiada por Deus, formou o CÂNON,
determinando, depois de largos debates, que livros deviam ser recebidos como sagrados, e
quais deviam ser rejeitados .
A história da CANONIZAÇÃO DA BÍBLIA é incrivelmente fascinante. Nem os profetas
que compuseram o livro, nem o povo de Deus que veio reunir esses livros tiveram
consciência de estar edificando a unidade global dentro da qual cada livro desempenharia
uma função. Ou seja, DEUS inspirou os livros, o povo original de Deus reconheceu-os e
reuniu-os, e os cristãos de uma época posterior distribuíram-nos por categorias, como livros
canônicos, de acordo com a unidade global que neles entreviam.
Elementos básicos no processo de Canonização da Bíblia:

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a) Inspiração de Deus. Foi Deus quem deu o primeiro passo no processo de canonização,
quando de início INSPIROU o texto. Fica evidente que o povo de Deus não teria como

reconhecer a autoridade divina num livro, se ele não fosse revestido de nenhuma
autoridade.

b) Reconhecimento por parte do povo de Deus. Uma vez que Deus houvesse autorizado e
autenticado um documento, os homens de Deus o reconheciam. Esse reconhecimento
ocorria de imediato, por parte da comunidade a que o documento fora destinado
originalmente. A partir do momento que o livro fosse copiado e circulado, com credenciais
da comunidade de cristãos, passa a pertencer ao CÂNON e a Igreja, mais tarde, viria a aceitar
esse livro em seu cânon cristão.
- O povo aceitou os escritos – II Reis 23:1-3
- Os escritos de Moisés – Êxodo 24:3-4
- Os escritos de Josué – Josué 24:26-27
- Os escritos de Samuel – I Samuel 10:25
- Os escritos de Jeremias – Daniel 9:2
- Aceitação da Lei, Profetas e Salmos no 1º. Séc. d.C. – Lucas 24:44

d) Coleção e preservação pelo povo de Deus:


-Os escritos de Moisés foram preservados na arca – Dt. 31:26
-As palavras de Samuel foram colocadas num livro perante o Senhor: I Sam. 10:25
-A lei de Moisés foi preservada no templo nos dias de Josias – 2 Reis 23:24
-Daniel tinha uma coleção dos livros – Daniel 9:2, 6, 13.
-Esdras possuía cópias da Lei de Moisés e dos profetas: Neemias 9:14, 26-30.
-Os cristãos do NT possuíam todas as Escrituras do VT – Mateus 5:17

Diferença entre os LIVROS CANÔNICOS E OUTROS ESCRITOS RELIGIOSOS:

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Nem todos os escritos religiosos dos judeus eram considerados canônicos pela
comunidade dos cristãos. É obvio que havia certa importância religiosa em alguns livros
primitivos como:

a) Livro dos Justos ou Jasar (Josué 10:13) – antiga coletânea de cânticos e de


registros históricos sobre as façanhas dos heróis de guerras da nação;
b) Livro das Guerras do Senhor (Números 21:14) – provavelmente uma coletânea
de cantos de guerra;
c) Livro da História de Salomão (1 Reis 11:41) – talvez um relato mais amplo da
história dos Reis de Israel e Judá. O autor de Reis sem dúvida usou essas fontes,
apesar de não estarem mais disponíveis para nós.
d) Livro da História do Rei Davi – I Cronicas 27:24
e) Cronicas de Natã e Gade – I Cronicas 29:29
f) Livro de Hozai – II Cronicas 33:19

Ou seja, os livros APÓCRIFOS dos judeus, escritos após o encerramento do período do


Antigo Testamento (400 a.C.) tem significado religioso definido, mas jamais foram
considerados canônicos pelo judaísmo oficial.
A investigação demonstra que, no que diz respeito às evidências, o CÂNON do ANTIGO
TESTAMENTO se completou por volta de 400 a.C. e havia duas seções principais: A lei e os
Profetas.

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CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO


O cânon do Antigo Testamento foi formado num espaço aproximadamente de 1.046
anos (de Moisés a Esdras). Moisés escreveu as primeiras palavras do Pentateuco por volta
de 1491 aC. Esdras entrou em cena em 445 aC e não foi o último escritor na formação
canônica do Antigo Testamento.
Os últimos escritos canônicos foram Neemias e Malaquias, porém, de acordo com os
escritos históricos, Malaquias como escriba e sacerdote reuniu os rolos canônicos, ficando
com o cânon encerrado em seu tempo.
A formação gradual do cânon do Velho Testamento:

TRADIÇÕES OUTRAS FONTES


FONTES ORAIS
HEBRAICAS ESCRITAS ESCRITAS

Salmos 44:1 Êxodo 24:4 Números 21:14


I Reis 11:41 Josué 10:12-23
II Cron. 9:29 II Sam. 1:17-18

Literatura do Antigo Testamento

Pentateuco e os Profetas

Canon Palestino Hebraico 

MASSORETAS - Família judaica


encarregados de preservar os CONCÍLIO DE JÂMNIA (+- 110 d.C)
manuscritos. Reconhecimento Oficial
Massorah = Tradição
a) Copiar os manuscritos hebraicos JÂMNIA – Ficava próximo a JOPE-ISRAEL. Após a destruição
b) Colocaram as vogais de Jerusalém (70dC), tornou-se a sede do Sinédrio.
c) Estabeleceram “controle e qualidade”
e) Colocaram notas marginais Página 25 de 52
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Quase a coleção inteira, através da decisão do CONCÍLIO DE TRENTO ao tempo da


Reforma Protestante, foi adotada pela Igreja Católica Romana, ao passo que o CÂNON
PROTESTANTE manteve-se idêntico ao Cânon Palestino (hebraico), que consiste nos nossos
39 livros do Antigo Testamento, ainda que arrumados de maneira um tanto diferente. Ou
seja, nos tempos de Jesus, havia um cânon mais amplo, aceito por muitos, que ultrapassava
os nossos 39 livros - ... veremos isso quando do estudo do CÂNON DO NOVO TESTAMENTO.

O CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO ANTES DO CRISTIANISMO:

Destacamos dois fatos dentre vários, que são reveladores de que os Judeus já tinham
formado o Cânon do Antigo Testamento muito tempo antes do cristianismo:

1 – Referencia no prólogo de ECLESIÁSTICO: Dois séculos antes do cristianismo, os


livros do Antigo Testamento já eram conhecidos e citados como um todo, dividido nas
seções da LEI e os PROFETAS; e, disto dá conta uma nota incluída no prólogo desse livro,
também conhecido como SABEDORIA DE JESUS BEN SIRAQUE , escrito pelo neto deste
autor. O seu neto traduziu esse livro apócrifo para o grego no ano 130aC, e no prólogo faz
referencia às Escrituras Hebraicas de sua época como um cânon já formado: A Lei, os
Profetas e os outros livros de nossos pais .

2 – O Conteúdo da Versão Septuaginta: Na septuaginta, os tradutores incluíram


todos os livros que compõem, atualmente, o Antigo Testamento, e acrescentaram livros
apócrifos. O historiador judeu JOSEFO refere-se à LXX como tendo 22 livros, excetuando os
apócrifos do cânon. (A SEPTUAGINTA foi a primeira tradução das Escrituras, feita do
hebraico para o grego cerca de 285 aC).

O CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO NOS COMEÇOS DO CRISTIANISMO:

A literatura judaica do segundo século d.C. revela que o cânon do Antigo Testamento
naquela época já estava formado. Voltando ao testemunho do historiador JOSEFO, ele
escreveu, mais ou menos no ano 90 o seguinte: Porque nós não temos, como os gregos,
miríades de livros discordantes e contraditórios entre si, mas apenas vinte e dois...
justamente aceitos . - O número de 22 livros e não 39 como consta das Bíblias de hoje,
explica-se pela fusão que os tradutores da Bíblia Hebraica para o grego fizeram de alguns
livros.

O fato de a Versão dos LXX ter incluído os apócrifos, e o fato de os apóstolos terem
usado essa versão quando fizeram citações do Antigo Testamento, não os deve confundir
de maneira nenhuma sobre o verdadeiro conteúdo do Antigo Testamento dos Judeus.

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JOSEFO, ao citar o cânon do Antigo Testamento como tendo 22 livros, refere-se também aos
apócrifos, distinguindo-os explicitamente dos livros canônicos. Em relação aos apócrifos ele
é categórico: ...que não tem sido igualmente considerados como dignos de crédito .
(ANGUS, op. cit., p.15)

Portanto, esses livros, que eram a Bíblia de Jesus e dos Apóstolos, são o Antigo
Testamento como o temos hoje, tirando-se, evidentemente, os apócrifos que foram
acrescentados a partir da Septuaginta e depois de sua tradução para o latim, que é a versão
conhecida como VULGATA, da Igreja Católica.

A EXTENSÃO DO CANON DO ANTIGO TESTAMENTO:

A aceitação inicial das Escrituras Hebraicas não resolveu a questão de uma vez por
todas. Estudiosos de eras posteriores, nem sempre totalmente conscientes dos fatos a
respeito dessa aceitação original, tornavam a levantar questões concernentes a
determinados livros. Todos os 39 livros do Antigo Testamento foram de início aceitos pelo
povo de Deus, vindo dos Profetas.
Durante os séculos seguintes, surgiu e desenvolveu-se uma escola de pensamento
diferente, dentro do judaísmo, que passou a questionar, entre outras coisas, a canonicidade
de certos livros do Antigo Testamento que, antes, haviam sido canonizados. Por fim, tais
livros foram reconduzidos ao cânon sagrado, por haver prevalecido a categoria de inspirados
que lhes havia sido atribuída de início.

A discussão deu ensejo a que surgisse uma terminologia técnica, à qual girou em
torno de quatro tipo de classificação:

Homologoumena – Livros bíblicos aceitos por todos.


Pseudepígrafos – Livros rejeitados por todos.
Antilegomena – Livros questionados por alguns
Apócrifos – Livros aceitos por alguns

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LIVROS APÓCRIFOS

Os apócrifos foram escritos entre Malaquias e Mateus, ou seja, entre o Antigo e o


Novo Testamento, numa época em que cessara por completo a revelação divina, e isto por si
só já basta para tirar-lhes qualquer pretensão de canonicidade.

Os Apócrifos apareceram pela primeira vez na SEPTUAGINTA (tradução do Antigo


Testamento feita do hebraico para o grego) em 285aC. No início do Século V, quando
preparava sua grande tradução latina da Bíblia (a VULGATA), Jerônimo incluiu livros da
Septuaginta que não estavam no Cânon Hebraico. Mas em prefácios separados, ele
esclareceu esses livros não eram canônicos; ele foi o primeiro a chamá-los de apócrifos .
Os prefácios de Jerônimo foram posteriormente retirados, e os livros apócrifos foram
gradualmente incorporados ao Canon Católico. Os católicos, atualmente, se referem a esses
livros chamando-os de deuterocanonicos , que significa: adicionados posteriormente ao
Canon .

O âmbito mais crucial de desacordo a respeito do cânon do Antigo Testamento entre


os cristãos é o debate sobre os chamados Livros Apócrifos . Em síntese: esses livros são
aceitos pelos Católicos Romanos como canônicos e rejeitados por protestantes e judeus.

No grego clássico, a palavra APOCRYPHA significava oculto , escondido ou


difícil de entender . Pela época de Irineu e Jerônimo (séculos III e IV) o termo
APOCRYPHA veio a ser aplicado aos livros não-canonicos do Antigo Testamento, mesmo
aos que foram classificados previamente como pseudepígrafos .

Portanto, desde a era da REFORMA, essa palavra tem sido usada para denotar os
escritos judaicos não-canonicos originários do PERIODO INTERTESTAMENTÁRIO.

A questão diante de nós é a seguinte: Verificar se os livros eram escondidos a fim de ser
preservados, porque sua mensagem era profunda e espiritual ou, porque eram espúrios e
de confiabilidade duvidosa...

Razões por que rejeitamos os Apócrifos:


a) A comunidade Judaica jamais os aceitou como canônicos.
b) Não foram aceitos por Jesus, nem pelos autores do Novo Testamento.
c) A maior parte dos primeiros grandes pais da Igreja rejeitou sua canonicidade.
d) Nenhum concílio da Igreja os considerou canônicos senão no final do Século IV.

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e) Jerônimo, o grande especialista bíblico e tradutor da VULGATA, rejeitou fortemente os


livros apócrifos.
f) Muitos estudiosos católicos romanos, ainda ao longo da Reforma, rejeitaram os livros
apócrifos.
g) Nenhuma Igreja Ortodoxa Grega, Anglicana ou Protestante, até apresente data,
reconheceu os apócrifos como inspirados e canônicos.

À luz dos critérios para a canonicidade, faltam aos APÓCRIFOS o seguinte:

a) Não reivindicam ser proféticos


b) Não detêm a autoridade de Deus
c) Contem erros históricos:

Tobias
 Salvação pelas obras: 4:11; 12:8-9
 Histórias fictícias, lendárias e absurdas: 6:1-4
 Ensino de magias, feitiçarias e superstições: 6:5-9

II Macabeus
 Culto e Missa pelos mortos: 12:43-46
 Suicídio louvado e justificado: 14:39-46
 O próprio autor não se julga inspirado: 15:38-40

Eclesiástico
 Salvação pelas obras: 3:33
 Trato cruel aos escravos: 33:25-30

Judith
 Judith jejuava todos os dias, exceto os sábados (Judite 8:5-6) – Texto
legendário, usado por Roma para a idéia da canonização dos santos .
Entretanto, em nenhuma parte da Bíblia jejuar todos os dias da vida é sinal de
santidade. JESUS jejuou 40 dias/40 noites e não mais jejuou...

d) Embora seu conteúdo tenha algum valor para a edificação nos momentos devocionais,
na maior parte se trata de textos que já se encontram nos canônicos.
e) Nada acrescentam ao conhecimento das verdades messiânicas.
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f) O povo de Deus, a quem os apócrifos teriam sido originariamente apresentados,


recusou-os terminantemente.

Por outro lado, a Comunidade Judaica nunca mudou de opinião a respeito dos livros
apócrifos. Alguns cristãos tem sido menos rígidos e categóricos; mas, seja qual for o valor
que se lhes atribui, fica evidente que a IGREJA como um todo nunca aceitou os livros
apócrifos como Escrituras Sagradas.
(Geisler, Norman e Willian Nix – pg. 90 a 98 – INTRODUÇÃO BÍBLICA, Editora Vida -)

Considerações Importantes:

a) O Texto Hebraico, ou seja, a BÍBLICA HEBRAICA (o texto Massorético) não contém


os Apócrifos . Este texto é basicamente o mesmo cânon reconhecido pelos rabinos em
JAMNIA no ano 110dC (+ ou -). Os reformadores do século XVI voltaram-se para o Cânon
Hebraico. CALVINO, por exemplo, apontando o fato de não existir tradição unânime a
respeito dos Apócrifos como livros que devem ser considerados como inspirados.

b) O CONCÍLIO DE TRENTO em 1546 dC, aceitou pela primeira vez como canônicos os
seguintes apócrifos: Tobias, Judite, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico, Baruque, I e II
Macabeus e as adições dos livros de Ester e Carta de Jeremias. A VULGATA (Tradução do
VT para o latim – Versão da Igreja Católica), autorizada por este concílio, incluiu também I e
II Esdras e a Oração de Manasses.
Entretanto, a canonização que os apócrifos receberam neste concílio, não recebeu o apoio
da história, muito menos refletiu uma anuência universal, indisputável, dentro da própria
Igreja Católica, isto é os católicos não foram unânimes quanto à inspiração divina destes
livros.

A partir do CONCILIO DE TRENTO os livros apócrifos constante da Bíblia de edição católico-


romana são:
1. TOBIAS (após o livro canônico de Esdras)
2. JUDITE (após o livro de Tobias)
3. SABEDORIA DE SALOMÃO (após o livro canônico de Cantares)
4. ECLESIÁSTICO (após o livro de Sabedoria)
5. BARUQUE (após o livro canônico de Jeremias)
6. I MACABEUS (após o livro canônico de Malaquias)
7. II MACABEUS (após o livro de I Macabeus)

c) Lorraine Boetner (Catolicismo Romano) cita: O PAPA GREGÓRIO, o grande,


declarou que I Macabeus não é canônico. Nessa exata época (da Reforma), o CARDEAL

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CAJETAN, que se opusera a LUTERO publicou comentário sobre todos os livros fidedignos do
Antigo Testamento em 1532, omitindo os apócrifos. Antes ainda deste fato, o CARDEAL
XIMENES havia feito distinção entre os Apócrifos e o Cânon do Antigo Testamento em sua
obra Poliglota com Plutense , que por sinal foi aprovada pelo PAPA LEÃO X.

d) A Bíblia Sagrada – Tradução dos Originais, mediante a versão dos Monges de


Maredsous (Bélgica), pelo Centro Bíblico Católico, em sua 126ª. Edição, à qual foi revisada
pelo Frei João José Pereira de Castro, editada pela Editora Ave Maria Ltda, em sua
introdução geral, falando sobre a divisão da Bíblia, traz os seguintes parágrafos (pg. 15):

...A Bíblia foi então traduzida para o grego. Alguns escritos recentes foram-lhe
acrescentados sem que os judeus de Jerusalém os reconhecessem como inspirados. São os
seguintes livros: Tobias e Judite, alguns suplementos dos livros de Daniel e Ester, os livros da
Sabedoria e do Eclesiástico, Baruc e a Carta de Jeremias, que se lê hoje no ultimo capitulo de
Baruc. .... No tempo da Reforma, os protestantes, depois de terem hesitado por algum
tempo, decidiram não mais admiti-los nas sua Bíblias, pelo simples fato de não fazerem
parte da Bíblia Hebraica Primitiva. Daí a diferença que há ainda hoje entre as edições
protestantes e as edições católicas da Bíblia. Quanto ao Novo Testamento não há diferença
alguma.

e) A Igreja Romana aprovou os apócrifos em 18 de abril de 1.546, para combater o


movimento da Reforma Protestante, então recente. Nesta época os protestantes
combatiam violentamente as novas doutrinas romanistas: Purgatório, oração pelos mortos,
salvação mediante obras, etc. Obviamente, a Igreja Romana via nos APÓCRIFOS bases para
essas doutrinas e, apelou para eles, aprovando-os como canônicos.

f) Na época do Concílio de Trento houve prós e contras dentro da própria Igreja de


Roma. Nesse tempo os jesuítas exerciam muita influência no clero. Os debates sobre os
apócrifos motivaram os dominicianos contra os franciscanos. O Cardeal Pallavacini em sua
obra denominada História Eclesiástica declara que em pleno concílio 40 bispos dos 49
presentes, travaram luta corporal, agarrados às barbas e batinas uns dos outros. Foi nesse
ambiente espiritual que os apócrifos foram aprovados!!!!

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O CÂNON DO NOVO TESTAMENTO

A história do cânon do Novo Testamento difere da do Antigo Testamento em vários


aspectos. Em primeiro lugar, visto que o cristianismo foi desde o começo religião
internacional, não havia comunidade profética fechada que recebesse os livros inspirados e
os reunisse em determinado lugar. Faziam-se coleções aqui e ali, que iam se completando,
logo no início da Igreja.

Sua formação levou apenas duas gerações: quase 100 anos. Em 100 d.C. todos os
livros do Novo Testamento estavam escritos. O que demorou, foi o reconhecimento
canônico, isto motivado pelo cuidado e a hesitação das Igrejas de então, que exigia provas
terminantes da inspiração divina de cada um desses livros.

Não há notícia da existência oficial de uma entidade que controlasse os escritos


inspirados. Por isso, o processo mediante o qual todos os escritos apostólicos se tornassem
universalmente aceitos levou muitos séculos. Felizmente, dada a disponibilidade de textos,
há mais manuscritos do cânon do Novo Testamento que do Antigo.

Outra diferença entre a história do cânon do Antigo Testamento, em comparação ao


Novo, é que a partir do momento em que as discussões resultaram no reconhecimento dos
27 livros canônicos do Novo Testamento, não houve movimentos dentro do cristianismo no
sentido de acrescentar ou eliminar livros. Assim, o cânon do Novo Testamento encontrou
acordo geral no seio da Igreja Universal.

Os critérios da Canonização do Novo Testamento:

a) A origem apostólica
b) Universalidade - Aceitação (doutrinários e uso)
c) Inspiração (a universalidade traduz-se em inspiração)
d) Consistência doutrinária

O cânon do Novo Testamento é formado por 27 livros. Todos eles foram escritos no
período que vai do ano 50dC até o final do século. O ano 50 assinala o surgimento do
primeiro escrito do Novo Testamento que é a Primeira Carta de Paulo aos Tessalonicenses.
O ano de 95 assinala o surgimento do último livro, o Apocalipse escrito pelo Apóstolo João
neste ano.

O primeiro concílio eclesiástico a reconhecer todos os 27 livros do Novo


Testamento foi o CONCÍLIO DE CARTAGO/ÁFRICA EM 397dC. Alguns livros do NT,
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individualmente, já haviam sido reconhecidos como canônicos antes disse e a maioria deles
foi aceita como canônica no século posterior ao dos Apóstolos. A seleção do cânon foi um
processo que continuou até que cada livro provasse o seu valor, passando pelos critérios da
canonização.

Estímulos ao reconhecimento oficial dos livros:

Várias forças contribuíram para que o mundo da antiguidade providenciasse o


reconhecimento oficial dos 27 livros canônicos do Novo Testamento. Essas forças exerceram
pressões sobre os primeiros pais da Igreja (Clemente de Roma, Inácio de Antioquia,
Policarpo de Esmirna, Jerônimo, Orígenes ...) para produzirem uma lista oficial dos
canônicos.

a) Necessidades Internas: saber que livros deveriam ser lidos nas Igrejas.

b) Necessidades Externas: saber que livros deveriam ser traduzidos para as línguas
estrangeiras das pessoas convertidas.

c) Multiplicação dos Livros Heréticos que reivindicavam autoridade divina: Nesta época
surge a primeira relação de livros feita pelo herege agnóstico chamado MARCIÃO, a qual
omitia a maioria das cartas paulinas. Além disso, MARCIÃO ensinava sobre a existência de
dois Deuses : O do Antigo Testamento – Severo e, o do Novo Testamento – o Deus
amoroso; que se opunham mutuamente. Dizia ele, entre tantas outras heresias, que JESUS
veio como mensageiro da parte do Deus Amoroso e que fora morte por pressão do Deus do
Severo.

d) Pressões Políticas: O Imperador Deocleciano ordena em 303dC que as Escrituras fossem


destruídas pelo fogo . E, ironicamente, 25 anos antes o Imperador Constantino se
convertera ao cristianismo e dera ordem para que se distribuíssem exemplares da Bíblia.
Portanto, a perseguição política também fora um fato marcante para que a Igreja se
mobilizasse à canonização dos livros.

Podemos resumir tudo isso, dizendo que a grande maioria dos livros do Novo
Testamento jamais sofreu polêmicas quanto à inspiração. Todos os livros originariamente
reconhecidos como inspirados por Deus, que mais tarde sofreriam algum questionamento,
chegaram a gozar plena e definitiva aceitação por parte da Igreja no mundo inteiro.
Certos livros não-canonicos, que gozavam de grande prestígio, que eram muito
usados e que tinham sido incluídos em listas provisórias de livros inspirados, foram tidos
como valiosos para emprego devocional e homilético, mas nunca obtiveram reconhecimento
canônico por parte da Igreja.

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Dentre esses, circulava pela Igreja, (Ver pg. 119-122 do Livro Texto) com bastante
aceitação: Pastor de Hermas; O Didaquê ou Ensino dos doze apóstolos; Apocalipse de Pedro;
Evangelho segundo os Hebreus; etc.

Livros desaparecidos e citados no Novo Testamento:


a) Uma Carta de Paulo aos Coríntios: I Corintios 5:9 (Esta seria a 1ª. Carta?)
b) Uma Carta de Paulo aos Laodicenses: Colossences 4:16
c) Palavras de Jesus não registradas em nenhum Livro Canônico: João 21:25

Entretanto, só os 27 livros do Novo Testamento são tidos e aceitos como


genuinamente apostólicos, ou seja, só os 27 encontraram lugar permanente no cânon do
Novo Testamento.

O PROCESSO DE TRANSMISSÃO DA BÍBLIA

Até agora, vimos dois elos da cadeia vinda de Deus para nós, ou seja, o Elo da
Inspiração (outorga e registro da revelação de Deus para o homem, mediante os profetas), e
o Elo da Canonização (reconhecimento e compilação dos registros proféticos). Portanto, a
fim de compartilhar esses registros com a geração futura, era necessário que se copiassem,
traduzissem, recopiassem e retraduzissem esses livros. Este processo é o terceiro elo da
corrente de comunicação, o Elo da Transmissão.

INSPIRAÇÃO CANONIZAÇÃO TRANSMISSÃO

Visto que a Bíblia vem passando por quase 2.000 anos de transmissão (sem computar
o Antigo Testamento), é razoável que se pergunte se a Bíblia em Português, de que
dispomos hoje, no século XX, constitui reprodução exata dos textos hebraicos e gregos. Em
suma, até que ponto a Bíblia sofreu danos no processo da transmissão?

Seria incorreto dizer que todos os meios de comunicação (anjos, visões, vozes,
sonhos, teofanias...) não eram bons, uma vez que de fato foram meios que Deus usou para
comunicar-se com os profetas. Entretanto, enviar um anjo para que entregasse cada
mensagem de Deus, a cada ser humano, em cada situação, ou empregar vozes audíveis e
milagres diretos, tudo isso seria difícil de administrar e repetitivo.

No entanto, havia um caminho mais excelente, mediante o qual o Senhor se


comunicaria com os seres humanos de todas as eras por meios dos profetas. Deus decidiu

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fazer que sua mensagem se tornasse algo permanente e se imortalizasse por meio de um
REGISTRO ESCRITO entregue aos homens. (Bíblia = Livros).

O registro escrito constitui meio pelo qual se pode preservar o pensamento ou a


expressão, sem que os percamos por lapso da memória e ainda, o escrito, combate a má
interpretação e a má transmissão da mensagem. Outra vantagem da linguagem escrita
sobre os demais meios de comunicação é sua capacidade de propagação ou disseminação.

Em síntese, como a tradição oral tende a sofrer corrupção em vez de preservar a


mensagem, DEUS escolheu um modo exato de transmitir sua palavra através do REGISTRO
ESCRITO

Assim, os escritos originais, autênticos, saídos da mão de um profeta ou apostolo


(sempre sob a orientação do homem de Deus), eram chamados AUTÓGRAFOS. Esses não
existem mais!
Por essa razão, precisaram ser reconstituídos a partir de MANUSCRITOS e versões
primitivas do texto da Bíblia. Tais manuscritos oferecem evidencias tangíveis e importantes
da transmissão da Bíblia para nós por parte de Deus.

MANUSCRITO vem do latim: Manus = mão e Scriptus = escrita , ou seja, é um


documento escrito à mão. De todos os documentos do mundo antigo, o Novo Testamento
é o que conta com o maior numero de manuscritos. A falta dos autógrafos não nos deve
assustar, porque há milhares de manuscritos gregos e hebraicos copiados dos autógrafos,
espalhados pelo mundo. Assim é que até a invenção da imprensa por Gutenberg em
meados do século XV, as escritas eram feitas individualmente à mão pelos copistas.

Atualmente sabe-se da existência de mais de 5.300 manuscritos gregos do Novo


Testamento. Acrescente-se a esse numero mais de 10.000 manuscritos da Vulgata Latina e,
pelo menos 9.300 outras antigas versões, e teremos hoje mais de 24.000 copias de porções
do Novo Testamento.

Outro fato importante no processo da transmissão são os CÓDICES, ou seja, os livros


mais ou menos com o formato que hoje conhecemos, de folhas costuradas no dorso e que
começaram a aparecer no 2º. Século. Os códices trouxeram dois benefícios: o da
possibilidade de maior quantidade de matéria escrita formando uma coleção e, a facilidade
de se encontrar e se recorrer a algum trecho do documento.

A escrita dos Códices era feita em grego, em LETRAS UNCIAIS (maiúsculas). Os


manuscritos que não eram assim escritos eram chamados de CURSIVOS (em letras
minúsculas). Pelo século IV, o Antigo Testamento e o Novo Testamento eram transmitidos
juntos pela Igreja, em pergaminho na forma de Códice.

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Os mais importantes CÓDICES BÍBLICOS:

a) Códice Vaticano – Escrito na língua grega e data do IV século d.C. É o mais antigo
conhecido no mundo. É formado de 4 volumes, com 700 paginas e contem quase a
Bíblia inteira. Encontra-se na Biblioteca do Vaticano em Roma desde 1475.
Obviamente pertence à Igreja Católica Romana. O texto todo foi escrito sobre velino
fino (pele de antílopes).

b) Códice Sinaítico – Antiqüíssimo manuscrito grego. Foi encontrado na península do


Sinai, no mosteiro de Santa Catarina, em 1844. Esse manuscrito encontra-se
atualmente no Museu Britânico em Londres. É o manuscrito grego considerado em
geral a testemunha mais importante do texto, por causa de sua antiguidade, exatidão
e inexistência de omissões. Também escrito em velino fino.

c) Códice Alexandrino – É assim chamado porque faz parte da biblioteca em Alexandria.


Atualmente encontra-se no Museu Britânico em Londres. Manuscrito em grego e sua
data é do século IV d.C. Escrito em velino fino.

d) Códice Efraimita – Data do século 5º. d.C. Encontra-se na Biblioteca Nacional em


Paris. Nesse manuscrito estão todos os livros, com exceção de 2 Tessalonicenses e 2
João.

e) Códice Beza – Data da segunda metade do século 5º. d.C. Encontra-se da Biblioteca
de Cambridge, e contem os Evangelhos e Atos, não apenas em grego, mas também
em latim.

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OS ROLOS DO MAR MORTO

Desde que Davi matou Golias com uma pedra e uma funda, nenhuma outra pedra de
um menino pastor havia cativado o mundo de tal forma. Essa grande descoberta ocorreu
em março de 1947 quando um jovem árabe (Muhammad Adh-Dhib) estava perseguindo
uma cabra perdida nas grutas, a 12 km ao sul de Jericó e 1,5km a oeste do Mar Morto. Na
busca de sua cabra ele avistou uma caverna nos rochedos e, jogou uma pedra dentro dela e,
para sua surpresa, ouviu o som de um pote se quebrando. Ao investigar o que era,
encontrou os rolos que estavam protegidos em potes de barro.
Numa das grutas ele descobriu umas jarras que continham vários rolos de couro.
Deste dia, até 1956, outras grutas que continham rolos e fragmentos de rolos foram
escavadas próximas a QUMRAN. Nessas grutas, os essênios (seita religiosa judaica que
existiu por volta da época de Cristo), haviam guardado sua biblioteca. Um dos rolos era uma
copia completa de ISAIAS, escrita cerca de 150 anos antes de Jesus, ou seja, 1.000 anos mais
antiga do que qualquer outra copia previamente descoberta.
As descobertas do MAR MORTO são importantes porque produziram fragmentos da
comunidade judaica dos anos 130 a.C. a 70 d.C. Apenas o livro de ESTER não esta
representado nos rolos do Mar Morto. Isso significa dizer que a descoberta foi uma
contribuição importantíssima para o estudo da transmissão do Velho Testamento, dando
assim a certeza de que as Escrituras que chegaram até nós são fidedignas.
Em Antioquia antes da revolta dos Macabeus em 167 a.C. os sírios destruíram maior
parte dos manuscritos do Antigo Testamento. Essa destruição aconteceu entre os anos 175
– 163 a.C., por ordem do rei da Síria, Antíoco Epifânio, o qual queria abolir a religião judaica
e, o método que julgou apropriado foi destruir seus escritos sagrados e impedir seus cultos.
Foi nessa circunstância que a COMUNIDADE DE QUMRAN deu enorme contribuição
para a preservação e a transmissão das Escrituras, escondendo os rolos de manuscritos do
Antigo Testamento durante o período da insânia destrutiva desse rei.

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Régua do tempo:

Ano Zero

130 aC 70dC 1.681dC / Almeida 1.947dC 2.006dC

Achado do Mar Morto

TEXTO MASSORÉTICO

Entre os anos 500 a 1000dC, um grupo especial de escribas desenvolveu e,


cuidadosamente, preservou um texto hebraico oficial do Antigo Testamento que ainda é o
texto-padrão hoje. Por serem considerados mestres da masorah (que significa o que foi
passado adiante ), eles são chamados de MASSORETAS.

Os Massoretas eram os escribas e mestres cujo piedoso intuito era o de preservar


inalterado o texto da Bíblia Hebraica.

Os manuscritos gregos eram escritos sem quaisquer espaços entre as palavras:


Porqueasuasiniquidadeslevarásobresi . (Isaias 53:11). O hebraico era escrito somente com
as consoantes, sem as vogais e sem pontuação alguma. De 500 a cerca de 1000 d.C, o texto
hebraico sofreu importante adaptação.

Neste período os MASSORETAS introduziram a vocalização. Até então o hebraico era


escrito somente com as consoantes, tipo: Vc tm ld st pstl? = Você tem lido esta apostila?

Foi esta dificuldade que levou os MASSORETAS a inventarem um sistema de pontos


vocálicos (representando fonemas vogais). Podemos ter a certeza que esses escribas e
tradicionalistas manuseavam com extremo cuidado os manuscritos. Eram grupo de
estudiosos ocupados na tradição que circundavam a transmissão do texto hebraico e sua
mensagem. Foram os MASSORETAS que inventaram os parágrafos, as divisões das palavras,
a vocalização e a acentuação.

As vogais e os sinais de acentuação dos Massoretas ajudam aqueles que vivem numa
época posterior a tradição oral e que precisam se esforçar para aprender hebraico com os

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livros. Graças aos MASSORETAS, qualquer pessoa hoje que tenha bom domínio da língua
hebraica, pode ler o Antigo Testamento como era lido na antiguidade.

Os massoretas começaram a trabalhar por volta de 500dC (+ ou -) e continuaram


atuando até a invenção da imprensa. A totalidade da obra deles veio a ser conhecida como
MASSORA, e o texto bíblico por eles produzido, como TEXTO MASSORÉTICO.

O TEXTUS RECEPTUS

Recebe o nome de Textus Receptus , o texto grego que dominou, no campo do


estudo do Novo Testamento por mais de 300 anos. Este texto é também conhecido pelos
nomes de Texto Recebido ou Texto Grego Vulgarizado . ERASMO DE ROTERDÃ, em
1516 foi o primeiro a compilar e imprimir o Novo Testamento Grego, procurando unificar os
vários textos gregos existentes.

Em 1624 os irmãos Bonaventure e Abrahan Elzevir, impressores alemães, lançaram


uma edição do Novo Testamento de ERASMO, trazendo no prefácio da segunda edição as
seguintes palavras: No texto que é agora recebido por todos, não apresentamos nada
mudado ou alterado . Foi deste elogio exagerado dos editores que nasceu a expressão
Texto Recebido .

Acontece que o Textus Receptus não era outro senão o próprio texto bizantino
(Teodoro Beza, 1519-1605), que rolara durante centenas de anos em cópias manuscritas e
acumulara uma sobrecarga de acréscimos e erros. Apesar disso, tornou-se o texto básico
do mundo protestante, e sua autoridade era considerada canônica. Muitos teólogos dos
séculos XVI e XVII adotaram-no verdadeiramente como um texto revelado.

Por haver sido descuidada e apressada, a primeira edição estava repleta de erros
tipográficos. O próprio ERASMO numa carta enviada a um amigo, reconheceu logo depois
que sua obra havia sido mais precipitada que editada (Ap. Kümmel – Introdução ao Novo
Testamento, pg. 714). E embora a maioria desses erros fossem corrigidos nas quatro
edições seguintes, o texto permaneceu praticamente o mesmo e esse era o mais sério
defeito das edições de Erasmo. Infelizmente, foi assim que o Novo Testamento Grego foi
oferecido ao mundo...

Isso gerou uma grande crise na história do texto bíblico. Até porque o poder que o
Textus Receptus obteve se deveu ao fato de que não teve competidores na forma de
textos impressos por longo tempo e, por causa disso, aqueles que usavam o Novo
Testamento Grego impresso, como base de suas traduções, naturalmente produziam o Novo
Testamento em suas línguas, e retinham as muitas formas que o Texto Receptus
solidificara, mas que não faziam parte do Novo Testamento original.
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Entretanto, depois dos quase 500 anos (2005 dC) do texto impresso e das mais de mil
edições já surgidas desde ERASMO, além das centenas de outros estudos técnicos, a CRITICA
TEXTUAL (ver abaixo) do Novo Testamento chegou a um estágio tal de desenvolvimento que
há hoje uma concordância generalizada entre os estudiosos, ao mesmo tempo que o
numero de variantes contestadas é por demais reduzido.

E, mesmo que uma nova edição venha a divergir em alguns pormenores do texto que
é hoje geralmente aceito, as descobertas e pesquisas mais recentes mostram que nosso
NOVO TESTAMENTO GREGO deve estar muito próximo do texto primitivo dos escritos do
Novo Testamento, que foram introduzidos no cânon.

ASSIM, o Textus Receptus é um caso completamente encerrado! Nenhum dos


modernos especialistas de renome em estudos do Novo Testamento defende-o de alguma
forma como o texto mais próximo dos autógrafos.

A CRÍTICA TEXTUAL

A palavra CRÍTICA origina-se do verbo grego Krino que significa JULGAR. A ciência
que procura estabelecer o texto original de um trabalho escrito cujo autografo não mais
exista é denominada Crítica Textual . Conhecida nos meios seculares por Ecdótica , sua
aplicação não se restringe apenas a Bíblia, sendo extensível a qualquer peça de literatura
cujo texto original tenha sido eventualmente alterado no processo de cópia e recópia,
sobretudo antes da invenção da imprensa no século XV. Em outras palavras, a CRITICA
TEXTUAL tem com o primeiro objetivo conhecer a exatidão de um texto.

Baixa Crítica e Alta Crítica: A Crítica Textual costumava ser chamada de Baixa
Crítica como aquela que representava os níveis primários na estrutura do estudo crítico, em
contraposição à Alta Critica que estuda os problemas de composição, incluindo o autor, a
data, o lugar e as circunstancias em que foi escrito o material em questão.

As expressões Baixa Critica e Alta Critica , porém, tem dado margem a objeções
por parecerem indicar diferentes graus de importância. Em vista disso, em tempos recentes
tem sido substituídas respectivamente pelas expressões: CRÍTICA TEXTUAL e CRÍTICA
HISTÓRICA, que melhor descrevem a natureza e os objetivos de ambas as ciências.

Alta Crítica é a discussão das datas e da autoria dos livros. Ela estuda a Bíblia do lado
de fora, externamente, baseada apenas em fontes do conhecimento humano. A Crítica
Textual estuda somente o texto bíblico, e, ao lado da arqueologia, vem alcançando um
progresso valioso, posto à disposição do estudante das Escrituras.

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Até a invenção da imprensa no século XV, os manuscritos eram produzidos por


copistas, que frequentemente cometiam erros de transcrição. Quando sabemos que os
manuscritos eram copiados uns dos outros, sem ser possível a conferencia com o texto
original é fácil concluir, que os erros tendiam a multiplicar-se nas cópias posteriores.

Portanto, a finalidade essencial da CRITICA TEXTUAL é restabelecer em toda a sua


pureza o texto como saiu das mãos do autor, purificando os erros dos copistas, tais como:
adições indevidas, notas marginais que foram inseridas no texto ou correções tendenciosas
visando atenuar, ou torcer o sentido de uma frase, modificar o estilo, transformar o
pensamento de um escritor.

O trabalho da CRITICA TEXTUAL requer muita perícia e técnica especializada que


deve ser conquistada com muito esforço. Para chegar a um bom fim, o CRÍTICO, entre
outras coisas deve saber:

a) PALEOGRAFIA – A ciência da Escrita Antiga

b) TECNICA DA RECENSÃO – Comparação entre os manuscritos

c) ARQUEOLOGIA – Estudo da antiguidade

d) PERITO EM COLAÇÃO – Processo de comparar um manuscrito a um texto


impresso e assim verificar as eventuais diferenças entre ambos. E, para se fazer esta
distinção, a CRITICA TEXTUAL dispõe de dois critérios diferentes, embora necessariamente
simultâneos e interdependentes: A Critica Interna e a Crítica Externa.

Crítica Interna - Procura precisar o valor dos textos através do seu conteúdo,
procurando descobrir o que o autor mais provavelmente teria escrito, considerando:
a) Seu estilo e vocabulário através do livro
b) O Contexto
c) Harmonia com o uso do autor em outros lugares nos Evangelhos
d) No caso do NT sempre considerar a base aramaica do ensino de Jesus

Critica Externa - O mais importante na Critica Externa é reconstituir, tanto quanto


possível, a história dos diferentes estados do texto, agrupando os documentos semelhantes
e procurando saber porque se teriam tornado diferentes. Envolve considerações como:
a) A idade do manuscrito (Quanto mais antigo é o documento, menos
viciado ele deve estar pelos copistas)
b) A família a que o manuscrito pertence
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c) O número de manuscritos que apresentam a variante


d) Influencias externas sofridas pelo texto.
Conclusão:
Sem um bom texto grego, tão mais próximo dos autógrafos quanto lhe
permitam os trabalhos da CRÍTICA TEXTUAL, não é possível fazer Exegese, Hermenêutica,
Critica Histórica ou Literária, nem mesmo Teologia. De modo que, depois de todas as
descobertas e de todos os avanços critico-textuais, podemos crer que a despeito das falhas e
limitações dos copistas, a integridade geral do texto sagrado foi preservada.
Portanto, a CRITICA TEXTUAL tem dado à fé um firme alicerce, ao demonstrar
cientificamente que, de fato, a Palavra de Deus ainda nos fala hoje com o mesmo poder e
com a mesma eloqüência com que falou aos cristãos apostólicos.

TRADUÇÕES E VERSÕES

VERSÃO e TRADUÇÃO são a mesma coisa! São cópias feitas nas línguas em que a
Bíblia é traduzida. Ou seja, possibilita as pessoas que não podem ler na língua original, a
tomarem conhecimento da mensagem universal das Escrituras Sagradas. Compete,
entretanto lembrar, que as traduções não são inspiradas por DEUS, porém, servem como um
testemunho da existência e autenticidade dos originais.
A BÍBLIA não foi logo traduzida, porque o grego era a língua de todo o mundo
civilizado, mas quando o cristianismo chegou às partes menos helenizadas do Império
Romano e a influencia grega declinava, TRADUÇÕES se fizeram necessárias para que os
cristãos lessem a Bíblia no seu próprio idioma.

ANTIGAS TRADUÇÕES
As traduções mais antigas continham trechos do Antigo Testamento e às vezes
também do Novo. Aparecem antes do período dos concílios da Igreja (cerca de 350 d.C.),
abarcando obras como o Pentateuco Samaritano, os Targuns Aramaicos, O Talmude, O
Midrash e a Septuaginta. Essas traduções tinham o propósito duplo que não pode ser
subestimado: eram usadas a fim de disseminar a mensagem dos autógrafos ao povo de Deus
e, ajudá-lo na obrigação de manter a religião pura. A proximidade dos autógrafos também
indica sua importância, visto que conduzem o estudioso da Bíblia de volta aos primórdios
dos documentos originais.
Conhecendo os termos:
Pentateuco Samaritano: Pode ter-se originado no período de Neemias, em que se
reedificou Jerusalém. Essa obra foi uma porção manuscrita do texto do próprio Pentateuco.
Targuns Aramaicos: Os escribas nos tempos de Esdras escreveram paráfrases das
Escrituras hebraicas em Aramaico. Não eram traduções, mas textos explicativos da
linguagem arcaica da TORÁ . Portanto, Targuns são paráfrases ou interpretações. Vários
targuns não-oficiais, em aramaico, foram encontrados nas cavernas de Qumran.

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Talmude: Desenvolveu-se como um corpo da lei civil e canônica hebraica, com base
na TORÁ . Basicamente representa as opiniões e as decisões de professores judeus de cerca
de300 a 500d.C. Era altamente considerada como a segunda lei, sendo a TORÁ a primeira.
Midrash: Uma exposição formal, doutrinária e homilética das Escrituras, redigida em
hebraico ou em aramaico. O Midrash eram comentários em vez de paráfrases.
Septuaginta: Os lideres do judaísmo produziram uma versão modelar do Antigo
Testamento em língua grega conhecida como Septuaginta. Bastante conhecida pela sigla
LXX. (Septuaginta - palavra grega que significa setenta). A tradição diz que essa versão foi
feita por 70 anciãos judeus na cidade de Alexandria, no Egito (284 – 247 a.C.) É a mais
importante tradução do Velho Testamento e até hoje, continua sendo a versão oficial da
Igreja Ortodoxa Grega.

TORÁ: A palavra Torá referia-se originalmente a uma instrução particular transmitida


ao povo por um porta-voz de Deus, como um profeta ou sacerdote. Como esses
ensinamentos consistem, sobretudo em preceitos, a palavra Torá é muitas vezes traduzida
como Lei; e como esses ensinamentos consistem na essência da primeira divisão da Bíblia
que compreende os livros Gênese, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio, a palavra
TORÁ também serve para designar essa unidade, conhecida como PENTATEUCO (da
expressão grega para cinco pergaminhos), ou os cinco livro de Moisés.

TRADUÇÕES MEDIEVAIS
As traduções da Bíblia produzidas durante a Idade Média em geral continham tanto o
Antigo como o Novo Testamento. Foram concluídas entre 350 a 1400dC. Durante este
período as traduções da Bíblia eram dominadas pela VULGATA LATINA (Tradução do
Hebraico para o Latim) de Jerônimo.
TRADUÇÕES MODERNAS
As traduções modernas surgiram a partir da época de Wyclife que foi considerado o
pai da primeira bíblia completa em inglês. A seguir William Tyndale (1492-1536) fez sua
tradução diretamente das línguas originais, em vez de usar a VULGATA LATINA como fonte.
Dessa época surgiu uma multiplicidade incrível de traduções que continham o total ou
apenas partes do Antigo e as vezes do Novo Testamento. Logo após o desenvolvimento
dos tipos móveis de Johann Gutenberg (1454) a história da transmissão, da tradução e da
distribuição da Bíblia adentra uma era inteiramente nova.
Traduções Alemãs: Inegavelmente a mais famosa é a tradução de LUTERO. Essa
tradução foi extraordinária, não apenas no campo religioso, contribuindo para a propagação
da Reforma, mas também no terreno lingüístico, fixando a língua germânica e dando-lhe
forma literária. A Bíblia de Lutero foi a base das seguintes traduções: Sueca, Dinamarquesa,
Islandesa, Holandesa, Finlandesa e vários outros dialetos.
Traduções Inglesas: Em nenhuma outra língua tem havido tantas traduções e
revisões da Bíblia como a inglesa. Vejamos as principais:
a) João Wycliffe – A primeira tradução de toda Bíblia para o inglês foi feita por ele
(1330-1384). Essa tradução foi conservada em manuscritos até o Século XIX quando foi
impressa em 1948. É uma tradução literal da VULGATA LATINA.
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b) O Novo Testamento de Tyndale – Willian Tyndale produziu para o inglês, do Novo


Testamento de Erasmo com ao auxilio da VULGATA LATINA e da TRADUÇÃO DE LUTERO o
Novo Testamento em 1525.
c) A Bíblia de Genebra – As destruições de Bíblias na Inglaterra era tremenda. Devido
às perseguições dos católicos, alguns reformadores fugiram para Genebra, onde três deles
empreenderam essa nova tradução da Bíblia. É a primeira tradução inglesa baseada nos
originais hebraico e grego. Esta era a Bíblia de Shakespeare.
d) King James Version – Em nossa língua chama-se Versão do Rei Tiago. Por
autorização do Rei Tiago I da Inglaterra uma comissão de 47 pessoas credenciadas
completaram essa tradução que foi impressa em 1611 com uma dedicação dos tradutores
ao Rei Tiago. É comumente conhecida como King Version (K.J.V.).
Embora fosse considerada a melhor versão do mundo da época, acharam-se nela
alguns erros, e de diversos sábios partiram propostas para que ela sofresse uma revisão.
Dois fatores preponderantes contribuíram para que esta revisão fosse feita: a) A
descoberta de melhores manuscritos e, b) A necessidade de atualização da linguagem. A
revisão do Novo Testamento foi publicada em 1946 e do Velho Testamento em 1952.

AS TRADUÇÕES PARA O PORTUGUÊS

Até o fim do século XVI não havia nenhuma tradução completa e impressa das
Escrituras em Português. João Ferreira de Almeida foi quem primeiro traduziu a Bíblia
para o nosso vernáculo. Nasceu em 1628, filho de pais católicos, em Lisboa/Portugal. Em
1656 ALMEIDA foi ordenado pastor da Igreja Reformada. Tornou-se ativo ministro e zeloso
no trabalho da evangelização, e pregava em português, espanhol, francês e holandês.
Durante sua longa vida pastoral escreveu e publicou várias obras de caráter religioso, das
quais se sobressai a versão da Bíblia em Português.
Ele traduziu todo o Novo Testamento primeiro e depois se empenhou na tradução do
Antigo Testamento, não tendo, contudo, concluído o trabalho. Traduziu até o livro de
Ezequiel capítulo 41, versículo 21 quando faleceu em Java (Holanda) em 1691.
Na página de rosto da primeira publicação do Novo Testamento (1681) o nome do
autor aparece como Padre, e na segunda edição (1693) consta como Reverendo Padre. A
partir de então, todas as edições, mesmo modernas, tem sido lançadas com o nome de
Padre.
Ele, porém, não era um padre da Igreja Católica. Ele era ministro evangélico na
Holanda. Isso de deveu porque os missionários holandeses na Ásia se intitulavam a si
mesmos de padres dominicanis . É provável que, em virtude de não conhecerem bem o
português, tivessem julgado que o adjetivo dominicano era derivado de Dominus (Senhor), e
ingenuamente achavam que usando a expressão padres dominicanus fosse a mesma coisa
que ministros do Senhor . Isso gerou alguma confusão que acabou dando a impressão que
pertencessem à Ordem Católica dos dominicanos.
Alguns Críticos afirmam que o Novo Testamento é tradução direta do Grego e o
Velho Testamento do Hebraico. Não há muita certeza de quanto hebraico e grego ALMEIDA
conhecia e de que fonte se valeu para a sua tradução. Há apenas suposições de que se valeu

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do TEXTO MASSORÉTICO, do TEXTUS RECEPTUS, da VULGATA CLEMENTINA e do auxilio de


alguma TRADUÇÃO MODERNA.
A Bíblia por João Ferreira de Almeida que hoje existe não é, realmente dele, por
causa das diversas correções e versões, e pelas traduções dos livros que ele não chegou a
fazer. Entretanto, sendo ele o primeiro a dar ao protestantismo português as Sagradas
Escrituras, é digno de ser reconhecido como o autor da Bíblia que tem o seu nome.
ARC – A Imprensa Bíblica Brasileira publicou em 1951 a edição REVISTA E
CORRIGIDA, abreviadamente conhecida por ARC.
ARA – Uma comissão de especialistas brasileiros trabalhando de 1946 a 1956
preparou a Edição REVISTA E ATUALIZADA, conhecida abreviadamente por ARA. A
publicação é da Sociedade Bíblica do Brasil.
Versão Figueiredo – Entre os tradutores que surgiram, avulta-se o nome de outro
português, o Padre Antonio Ferreira de Figueiredo, nascido em 1725 e falecido em 1797.
Suas traduções foram sendo publicadas aos poucos, ao longo de muitos anos. Esta versão
incluiu os livros apócrifos e, a edição de 1783 saiu com uma nota explicativa, por onde se
percebe que os APÓCRIFOS NÃO ERAM AINDA CONSIDERADOS CANONICOS NEM MESMO
PELA IGREJA CATÓLICA: Contem este Antigo Testamento, além dos livros canônicos,
geralmente recebidos, todos os livros apócrifos... - O curioso e significativo é que a
edição de 1828 saiu sem os livros apócrifos!!

A BÍBLIA NO BRASIL
Uma edição do Novo Testamento de 1879 feita pela Sociedade de Literatura Religiosa
e Moral do Rio de Janeiro, é tida como sendo a primeira edição brasileira. Em 1904 fruto do
trabalho de uma comissão para traduzir os textos hebraico e grego foram lançadas duas
edições experimentais dos dois primeiros evangelhos. O Novo Testamento completo saiu em
1910 e a Bíblia completa em 1917. Em 1940 lançou-se a Edição Revista e Atualizada da
versão ALMEIDA e só em 1948 foi criada a Sociedade Bíblica do Brasil. Como as Bíblias
editadas no Brasil eram impressas fora, criou-se a Imprensa Bíblica Brasileira, sendo esta
pioneira da impressão da Bíblia no Brasil.
Em 1988 a Sociedade Bíblica do Brasil traduziu e publicou a Bíblia na Linguagem de
Hoje, apresentando uma linguagem mais contextualizada. Por fim, uma comissão
constituída de especialistas em grego, hebraico, aramaico e português, coordenada pelo
Rev. Luiz Sayão, lança pela Sociedade Bíblica Internacional a Nova Versão Internacional.
Traduções Católicas – Uma das mais difundidas é a tradução de Matos Soares,
publicada pelas Edições Paulinas, que foi traduzida da Vulgata, que apresenta a teologia
romana. Encontramos também a versão Ave Maria tradução do Frei João Maredsous.
Outra tradução realizada no Brasil e que esta baseada nas línguas originais é a Santa
Bíblia . Alem de outras, a Bíblia de Jerusalém é um dos mais significativos projetos
intelectuais em matéria da Bíblia. Foi traduzida diretamente dos textos originais, seguindo a
Crítica Textual da Escola Bíblica de Jerusalém.
FATOS E CURIOSIDADES SOBRE A BIBLIA
a) BÍBLIA é uma palavra que não aparece na Bíblia

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b) A palavra DEUS aparece em todos os livros da Bíblia, exceto em Ester e Cânticos dos
Cânticos.
c) Usar a BÍBLIA em cerimônias de juramento, bem como testemunhar num tribunal,
vem da antiga pratica dos Judeus de fazer uma promessa e então dizer: Lembre que
Deus esta nos vigiando (Genesis 31:50). Durante a Idade Média os cristãos juravam
tocando numa cruz, numa Bíblia ou numa relíquia sagrada que acreditavam ter
pertencido a uma pessoa piedosa.
d) O documento mais antigo, na atualidade, que traz um trecho da Bíblia é um
fragmento dos Rolos do Mar Morto, escrita em 225aC. A passagem é de um dos livros
de Samuel que faz parte do AT.
e) O texto mais antigo do Novo Testamento existente é um pedaço do Evangelho de
João. Escrito em torno de 125dC, talvez em torno de 30 anos depois da composição
do Evangelho. O fragmento contem partes de João 18:31-33.
f) Jesus nasceu em Belém de Judá uns dois anos antes da morte de Herodes, o Grande,
o que aconteceu em 4aC. Quando o calendário romano foi reformado, séculos mais
tarde, houve um erro de uns seis anos no calculo do começo da era cristã. É por isso
que, em vez do ano 1 da era crista, a data correta do nascimento de Jesus é 6aC.
g) A Bíblia foi traduzida e publicada mais do que qualquer outro livro da história.
Parcialmente ou na sua íntegra, ela já foi traduzida para mais de 2.400 línguas.
Atualmente, estudiosos reconhecem a existência de cerca de 6.900 línguas em todo o
mundo.
h) Uma pessoa lendo no ritmo normal pode ler a Bíblia em voz alta em cerca de 100
horas, ou talvez, em menos tempo.
i) Gráfico: AT NT Total
Livros 39 27 66
Capítulos 929 260 1.189
Versículos 23.146 7.957 31.103
j) O capítulo que esta no centro da Bíblia é o Salmo 117, que é, também, o menor
capítulo da Bíblia. Este Salmo de dois versículos, resume a mensagem de Deus ao
mundo, e a resposta apropriada das pessoas a Deus.
k) O homem mais velho mencionado na Bíblia é Matusalém, que tinha 969 anos quando
morreu (Genesis 5:27)
PROBLEMAS DE TRADUÇÃO NAS EDIÇÕES DE ALMEIDA
Edição Revista e Corrigida: E.R.C.
Edição Revista e Atualizada: E.R.A.
II REIS 3:27, parte b
E.R.C. ... pelo que houve grande indignação em Israel, por isso, retiraram-se dele e
voltaram para a sua terra .
E.R.A. ... pelo que houve grande ira contra Israel, por isso, se retiraram dali e
voltaram para a sua própria terra .

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(Houve indignação em ou contra ?)


JÓ 6:14
E.R.C. Ao que está aflito devia o amigo mostrar compaixão, ainda que o deixasse o
temor do Todo-Poderoso .
E.R.A. Ao aflito deve o amigo mostrar compaixão, a menos que tenha abandonado o
temor do Todo-Poderoso .
(Quem abandonou o Todo Poderoso: o amigo ou o aflito?)
LUCAS 14:23
E.R.C. E disse o senhor ao servo: Saí pelos caminhos e atalhos e força-os a entrar,
para que a minha casa se encha .
E.R.A. Respondeu-lhe o senhor: Sai pelos caminhos e atalhos e obriga a todos a
entrar, para que fique cheia a minha casa
(Diz a Crítica Textual o verbo forçar ou obrigar vai contra o livre arbítrio que Deus nos
concedeu e que, o verbo no seu original grego chamado Anagcadzo significa:
constranger, fazer a pessoa sentir a necessidade...)
MARCOS 12:41
E.R.C. E, estando Jesus assentado defronte a arca do tesouro, observava a maneira
como a multidão lançava o dinheiro na arca do tesouro...
E.R.A. Assentado diante do gazofilácio, observava Jesus como o povo lançava ali o
dinheiro...
(Diz o Crítico Textual que A expressão Arca do Tesouro foi mudada para o rebuscado
Gazofilácio, entretanto, este vocábulo jamais deveria ser usado, porque nem um
significado tem para o povo em geral. Muito mais feliz foi a BLH com a prosaica expressão
Caixa de Ofertas ).
I TESSALONICENSES 5:23
E.R.C. E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e
alma, e corpo sejam plenamente conservador irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo .
E.R.A. E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo, e o vosso espírito, alma e
corpo, sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo .
(A Crítica Textual nos alerta em que a troca da preposição para pela contração na , nos
levam a compreensão de que o preparo para o encontro com Cristo deve ser feito ao longo
de toda a experiência crista e não NA vinda ou NAS proximidades da vinda do Senhor. Por
outro lado, o original grego traz a preposição EM e não a preposição PARA).

Nunca se esquecer que a VERSÃO ALMEIDA é anterior as recentes descobertas no


campo dos manuscritos bíblicos. Isso significa dizer que as versões mais modernas são mais
exatas, com base nesses novos achados
Entretanto, ALMEIDA (Revista e Atualizada) merece plena confiança inclusive pela
sua honestidade quando todo conteúdo entre colchetes é matéria da tradução de ALMEIDA
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que não se encontra no texto grego adotado. Ou seja, os textos duvidosos na E.R.A. são
apresentados entre colchetes. Verificar: Mateus 18:11, Marcos 7:16, Marcos 9:44, Marcos
11:26, Lucas 17:36, João 5:4, Atos 8:37, Atos 15:34, Atos 24:6-7, Atos 28:29....

Como Estudar a Bíblia

Através do estudo da Bíblia chegamos a conhecer a verdade que nos liberta (João
8:32). Entretanto, muitas pessoas que acreditam que o estudo da Bíblia é importante nunca
aprenderam como estudar efetivamente e entender a mensagem da revelação de Deus.
Consideremos algumas sugestões práticas de coisas que nos ajudarão a ser melhores
estudantes da Bíblia.
Atitudes e Preparações Necessárias
Antes que possamos estudar efetivamente a Bíblia, precisamos considerar sua fonte
e abordar o estudo com profundo respeito pelo Deus que nos criou e nos revelou sua
vontade nas Escrituras. É importante estudar com absoluto respeito pela palavra de Deus.
Samuel aceitou a instrução de Eli e recebeu as palavras de Deus com uma atitude de
humildade: "Fala, Senhor, porque o teu servo ouve" (1 Samuel 3:9-10). Cada vez que
abrirmos as páginas das Escrituras, deveremos demonstrar exatamente esta atitude. O
estudante humilde tem que ter também um coração aberto. Pedro nos diz que precisamos
esvaziarmo-nos do mal para que possamos aceitar o puro evangelho com o ardente desejo
dos recém-nascidos querendo leite (1 Pedro 2:1-3). Com humildade e corações abertos,
procuramos cumprir o compromisso de cada servo fiel de Cristo: obedecer tudo o que Jesus
nos ordenou (Mateus 28:19-20).
O estudo proveitoso também depende de uma valorização correta do texto que
estamos estudando. A Bíblia contém a completa, suficiente e final revelação da vontade de
Deus para o homem, por isso deverá ser estudada cuidadosa e respeitosamente. O
estudante fiel da palavra deverá estar familiarizado com as afirmações de textos tais como 2
Timóteo 3:16-17; 2 Pedro 1:3; Judas 3; Hebreus 1:1-4; 2:1-3 e Gálatas 1:6-9.
Devemos estudar também com respeito pelo silêncio das Escrituras. Muitos erros
podem ser evitados se temos o cuidado de não falar presunçosamente quando Deus não
falou. Agir quando Deus não disse nada é mudar sua palavra (veja a ilustração em Hebreus
7:12-14, onde o escritor mostra que Jesus não foi um sacerdote de acordo com a lei do
Velho Testamento, mas que ele mudou a lei ao tornar-se um sacerdote de uma tribo que
não estava autorizada a servir desta maneira). Jesus tinha o direito de mudar a lei, mas nós
não. Tais passagens como 2 João 9; 1 Coríntios 4:6 e Apocalipse 22:18-19 nos lembram do
perigo de ir além ou acrescentar à palavra revelada.

Uma outra prática importante, quando entramos no estudo das escrituras, é a


oração. Devemos orar como o salmista o fez: "Desvenda os meus olhos, para que eu
contemple as maravilhas da tua lei" (Salmo 119:18).
Ferramentas Para o Estudo da Bíblia
Há vários recursos que podem ser úteis em nosso estudo da Bíblia. O mais
importante é a própria Bíblia. Somos abençoados em nosso tempo por termos Bíblias em
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quase todas as línguas faladas. Há um bom número de traduções portuguesas. Escolha uma
que seja inteligível, mas que mantenha cuidadoso respeito pela mensagem sendo traduzida.
Ajuda-nos bastante ter várias traduções diferentes para comparar.
Muitos outros livros têm sido escritos para auxiliar no estudo da Bíblia. Uma Chave
Bíblica, por exemplo, é muito útil para localizar várias passagens que usam a mesma palavra.
Serve como um tipo de índice listando as palavras da Bíblia e onde são encontradas. Vários
tipos de dicionários são também bem úteis no estudo da Bíblia. Muitos mal-entendidos
podem ser evitados ou corrigidos pela consulta a um dicionário comum. Dicionários
especiais de palavras bíblicas são ainda mais valiosos, pois freqüentemente dão explicações
úteis do modo como uma palavra é usada nas Escrituras. Ainda que eles sejam um pouco
difíceis de se aprender a usar, os dicionários bíblicos baseados nas línguas bíblicas originais
(hebraico e grego) nos ajudam a apreciar mais precisamente os significados de algumas
palavras. É claro que tais outros livros não são essenciais ao entendimento de nossa
responsabilidade diante de Deus, mas podem esclarecer a mensagem da Bíblia e nos auxiliar
a apreciar sua força e beleza.
Pode também ser útil estudar o ambiente do texto, usando tais auxílios como os atlas
ou os mapas das terras bíblicas, livros sobre história, etc. Tais livros servem para ressaltar o
rico significado do texto.
Comentários aparecem em muitas formas. Podem ser bastante úteis, ou muito
destrutivos. Comentários são simplesmente as explicações de autores humanos sobre o
significado dos textos bíblicos. Eles vão desde breves artigos ou mesmo notas de rodapé em
Bíblias de estudo, até coleções de livros. Podem ser encontrados em boletins, revistas,
sermões, etc. Ao usar todas estas fontes, precisamos nos lembrar que seres humanos nunca
são infalíveis e que todo o ensinamento tem que ser examinado à luz das Escrituras (Atos
17:11; 1 Tessalonicenses 5:21-22).
Sugestões Sobre Como Estudar a Bíblia
Há algumas sugestões práticas que podem ajudar a desenvolver bons hábitos no
estudo da Bíblia por toda a vida:
1. Leia, leia, leia! O passo mais importante no estudo efetivo é a leitura do texto. Isto
deverá envolver pelo menos dois tipos de leitura: (a) Leitura geral do texto da Bíblia para
tornar-se cada vez mais familiar com a mensagem da Bíblia como um todo (um plano bom e
prático é ler a Bíblia inteira pelo menos uma vez por ano), e (b) Leitura mais cuidadosa de
textos específicos que você estiver estudando.
2. Procure entender o contexto. Um dos erros mais comuns no estudo e ensino da
Bíblia é tirar um versículo do seu contexto para interpretá-lo de um modo que vai contra o
significado do texto e contra o amplo contexto da Bíblia como um todo. Se você estiver
estudando um capítulo, olhe primeiro o livro onde foi encontrado. Se estiver estudando um
versículo, leia pelo menos o capítulo que o envolve. Muitos erros serão evitados pela
cuidadosa consideração do contexto em cada estudo. Ajuda no entendimento da Bíblia
procurar respostas para questões simples, tais como: Quem está falando a quem? Por quê?
Quando e onde tudo isto ocorreu?
3. Observe que tipo de texto você está estudando. É uma narrativa que relata uma
parte da história da Bíblia? Está o autor desenvolvendo um argumento para explicar ou
refutar alguma doutrina? É uma profecia? Contém o texto mandamentos específicos? É uma

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parábola? É parte do Novo Testamento (que se aplica nos dias de hoje) ou da velha lei (que
governava os judeus do Velho Testamento)?
4. Entenda as palavras que você está estudando. Neste ponto, aquele dicionário da
Bíblia ou outra tradução pode ser muito útil.
5. Procure auxílio em outras passagens. Muitos dos mais difíceis textos da Bíblia são
esclarecidos por mais simples afirmações em relatos paralelos ou similares. A Bíblia é o seu
próprio e melhor comentário! Desde que verdade nunca contradiz verdade, é nossa
responsabilidade estudar diligentemente para reconciliar as discrepâncias aparentes.
6. Estude para conhecer a verdade, não para defender crenças pessoais ou
tradições humanas.
7. Faça anotações. Muitas pessoas acham muito útil o uso de um caderno para
anotar as observações sobre o texto, perguntas que elas querem saber, etc. Mais leituras e
estudo muitas vezes responderão a dúvidas ou questões, por isso é bom ter anotações que
você possa usar para aumentar o seu conhecimento.
8. Lembre-se de que a Bíblia nos dá o que necessitamos, mas nem tudo o que
poderíamos querer. A infinita sabedoria de Deus está além da nossa compreensão, e há
muitas coisas que poderemos querer saber que não estão reveladas na Bíblia (veja
Deuteronômio 29:29). Temos que aprender a contentarmo-nos com o que Deus disse e não
devemos nos permitir opinar e presumir para falar onde ele não falou.
O Valor do Estudo Bíblico
O estudo da Bíblia é um trabalho que desafia e dá satisfação, oferecendo muitos
benefícios nesta vida, e que ajuda a equiparmo-nos para ficar na presença de Deus
eternamente. Somos grandemente abençoados pelo privilégio de nos ser permitido ler e
reler a carta de amor que Deus nos deu nas Escrituras. Que nossas vidas e hábitos de estudo
reflitam a atitude expressada no Salmo 119:14-17:
"Mais me regozijo com o caminho dos teus testemunhos do que com todas as
riquezas. Meditarei nos teus preceitos e às tuas veredas terei respeito. Terei prazer nos
teus decretos; não me esquecerei da tua palavra. Sê generoso para com o teu servo, para
que eu viva e observe a tua palavra."

BIBLIOGRAFIA

Geisler, Norman e Willian Nix – INTRODUÇÃO BÍBLICA, Editora Vida.


Nascimento, Washington R. – OS CAMINHOS DA REVELAÇÃO BÍBLICA, Editora Juerp.
Lohfink, Gerhard – AGORA ENTENDO A BÍBLIA, Edições Paulinas.
Alexander, J.H. – LER E COMPREENDER A BÍBLIA, Assoc. Religiosa Casa da Bíblia.
Champlin, R.N. e J.M.Bentes – ENCICLOPEDIA DE BÍBLIA, TEOLOGIA E FILOSOFIA, 6 vol.,
Candeias.
A BÍBLIA ANOTADA, Editora Mundo Cristão.
QUERO ENTENDER A BÍBLIA – Casa Publicadora das Assembléias de Deus.

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Introdução Histórico-Literária à Bíblia

Miller, Stephen M. e Robert V. Huber – A BÍBLIA E SUA HISTÓRIA – O Surgimento e o


impacto da Bíblia, Sociedade Bíblica do Brasil
Recomendamos para o estudante de teologia e interessado em aprender mais
sobre a interpretação dos textos sagrados, a ter em sua biblioteca os livros, comentários e
bíblias abaixo.

1. Merece confiança o Velho Testamento? –


http://minhateca.com.br/carloserafim/Documentos/Introdu*c3*a7*c3*a3o+Biblic
a/Merece+confianca+o+Antigo+Testamento+-+Gleason+larcher+jr,328863279.pdf

2. Introdução ao Antigo Testamento.


http://minhateca.com.br/carloserafim/Documentos/Introdu*c3*a7*c3*a3o+Biblic
a/Introdu*c3*a7*c3*a3o*2bao*2bAntigo*2bTestamento*2b-
*2bWilliam*2bS.*2bLasor*2c*2bDavid*2bA.*2bHubbard*2c*2bFrederic*2bW.*2bB
ush,328863280.pdf
3. Introdução ao Novo Testamento-
http://minhateca.com.br/carloserafim/Documentos/Introdu*c3*a7*c3*a3o+Biblic
a/D.+A.+Carson*2c+Douglas+J.+Moo+*26+Leon+Morris+-
+Introdu*c3*a7ao+ao+Novo+Testamento,328863282.pdf
4. Merece confiança o Novo Testamento?
http://minhateca.com.br/neuwirth/Livros/Introdu*c3*a7*c3*a3o+Biblica/Merece+
confian*c3*a7a+o+novo+testamento+f.+f.+bruce,366844681.pdf

5. Bittencourt, B. P. (1965). O Novo Testamento: Cânon, língua, texto. São Paulo: ASTE.
6. Crítica Textual do Novo Testamento - Wilson Paroschi - VIDA NOVA © 1993 Wilson
Paroschi - 1 . Edição: 1993 - 2a. edição: 1999 - Reimpressões: 2002, 2004, 2007, 2008
(capa nova), 2010
7. História, Doutrina e Interpretação da Bíblia, por Joseph Angus. 2 volumes. Rio de
Janeiro, Casa Publicadora Batista, 1951. (São Paulo, Editora Hagnos, 2004, volume
único)
8. A Bíblia e como chegou até nós, por John Mein. Rio de Janeiro, JUERP (Junta de
Educação Religiosa e Publicações), 1990.
9. A Origem da Bíblia, por Philip Wesley Comfort (editor). Rio de Janeiro, CPAD (Casa
Publicadora das Assembléias de Deus), 1998.
10. A Bíblia Hebraica e a Bíblia Cristã - Introdução à História da Bíblia, por Julio Trebolle
Barrera. 2ª edição. Petrópolis (Rio de Janeiro), Editora Vozes, 1999.
11. A Bíblia e sua história - o surgimento e o impacto da Bíblia, por Stephen M. Miller e
Robert V. Huber. Barueri (São Paulo), SBB (Sociedade Bíblica do Brasil), 2006.
12. A Bíblia: uma biografia, por Karen Armstrong. Rio de Janeiro, Editora Jorge Zahar,
2007.
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Introdução Histórico-Literária à Bíblia

13. Origem e Transmissão do Texto do Novo Testamento, por Wilson Paroschi. Barueri (São
Paulo), SBB (Sociedade Bíblica do Brasil), 2012.
14. O Texto do Antigo Testamento - edição reformulada da Introdução à Bíblia Hebraica de
Ernest Würthwein, por Alexander Achilles Fischer. Barueri (São Paulo), SBB (Sociedade
Bíblica do Brasil), 2013.
15. O Texto do Novo Testamento - Introdução às edições científicas do Novo Testamento
Grego bem como à teoria e prática da moderna crítica textual, por Kurt Aland e
Barbara Aland. Barueri (São Paulo), SBB (Sociedade Bíblica do Brasil), 2013.
16. História da Bíblia no Brasil, por Luiz Antonio Giraldi. 2ª edição. Barueri (São Paulo), SBB
(Sociedade Bíblica do Brasil), 2013.
17. Uma Breve História sobre a Bíblia, por Constantino Kouzmin-Korovaeff (tradutor). São
Paulo, Editora Escala, 2012

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