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Psicopatologia

1. Orientação = capacidade de se identificar adequadamente em relação ao tempo, ao locar, à


própria pessoa (orientação autopsíquica – quem é, e a visão do passado e presente como pertencentes
ao próprio) e à situação geral (orientação alopsíquica – interpretação da situação e o sentido para o
próprio).
Ordem pela qual é afetada: temporal, relativa à situação, espacial e relativa ao próprio.
Psicopatologias:
1 – Desorientação autopsíquica – não consegue fornecer dados sobre si e sobre a sua biografia.

2 – Desorientação alopsíquica – inclui a desorientação no tempo e no espaço, o indivíduo não se


apercebe da situação nem de quem são os outros.

3 – Desorientação no tempo – pode ser ligeira (envolve horas), moderada a severa (envolve dias,
meses ou anos) ou avançada (envolve estações do ano)

2. Consciência = estado de conhecimento de si próprio e do meio ambiente. Depende do bom


funcionamento da perceção, atenção, orientação, memória e pensamento. Existem dois tipos de
consciência: fundamental (noção do agora e aqui como processo biológico simples) e extensa (integra
o anterior e refere-se ao sentido do eu integrando no tempo histórico).

Consciência do eu = certeza de experiência do próprio incluindo noções como: vitalidade (certeza de


existir), atividade (agente com pensamentos e ações próprias), unidade (ser única pessoa), limites (ser
diferente do outro) e identidade (saber ser o mesmo ao longo do tempo, certeza da própria identidade).
Pode haver patologias associadas a estes 5 conceitos (ex. perturbação da unidade – personalidades
múltiplas).
Despersonalização – sensação de estranheza em relação ao próprio self.
Desrealização – sensação de estranheza relativa à realidade.
Alterações quantitativas (redução do estado de vigília, associado a patologias orgânicas)
1 – Obnubilição – ligeiro grau de sonolência, dificuldade na concentração e atenção.
2 – Sonolência – indivíduo acordado, mas adormece se não houver estímulo externo.
3 – Torpor – redução do nível de consciência, desperta apenas com estimulação forte.

4 - Coma – total inconsciência, sendo que nas fases mais profundas não apresenta resposta a qualquer
tipo de estímulo.
Alterações qualitativas (modo como os conteúdos da são apreendidos e vividos)

1 – Estado Oniróide – semelhante ao sonho, há menor captação de estímulos, desorientação no tempo


e no espaço, alucinações visuais associadas a medos, alucinações liliputianas (com pessoas)
associadas a prazer. Há uma incapacidade de distinguir entre as suas imagens mentais e as perceções,
e vivência de acordo com o mundo interno.
2 – Delirium – perturbação da consciência, atenção, memória, comportamento psicomotor, emoção e
ciclo sono-vigília. Delirium Tremens – associado a situações de abstinência alcoólica causando
alucinações visuais, tremores, febre etc.

3 – Estreitamento da consciência – a consciência está limitada, com poucas ideias e atitudes, podendo
haver ligeira desorientação temporal e espacial. Pode atingir o Estado Crepuscular = com início e fim
abruptos, explosões de violência não deliberadas, perseveração (repetição automática e frequente de
verbos) e automatismos (atos ou movimentos involuntários), com pós confusão e amnésia.

4 – Expansão da consciência – experiência subjetiva de estar mais alerta, perceção mais viva, maior
capacidade de atenção e memória e atividade intelectual mais intensa.

3. Atenção = focagem ativa (atenção voluntária dirigida para objetos) ou passiva (atenção
involuntária, arrastada para o campo da atenção) da consciência numa experiência, como um estímulo
sensorial ou uma representação interna.
Concentração = capacidade de manter atenção ao longo do tempo.
Atenção externa = focada no meio, mundo externo ao sujeito.
Atenção interna = focada nos processos mentais.
Atenção focalizada = concentração num campo limitado.
Atenção dispersa = espalhada de forma menos limitada
Distratibilidade = incapacidade de manter a atenção em situações relevantes.
Psicopatologias:
1 – Hiperprosexia – aumento muito elevado da atenção passiva em estímulos irrelevantes.
2- Hipoprosexia – diminuição da atenção passiva e aumento da fadiga.
3 – Pseudoprosexia – dificuldade da atenção por se estar focado em outros aspetos.
4 – Aprosexia – sem capacidade de atenção, por mais fortes e variados que sejam os estímulos.

5 – Estreitamento da atenção – focar apenas em partes do que é consciencializado, podendo ocorrer


fixação alucinatória, vivências delirantes internas, estados de medo ou de dor.

4. Memória = capacidade cognitiva de fixar e relembrar informação e experiências. Forma-se


através da apreensão (perceção adequada)  retenção (na memória sensorial, de curto-prazo ou de
longo-prazo)  Evocação (a partir da memória da longo-prazo), que corresponde ao reconhecimento,
no processo de retorno do material à consciência.
Alterações Quantitativas:
1 – Hipermnésia - capacidade mnésica muito superior ao normal, com grande facilidade em recordar.
Pode haver ecmnésia: recapitulação intensa e panorâmica de factos passados, supostamente
esquecidos; e eidolia: ecmnésia muito intensa, quase alucinação.
2 – Amnésia – incapacidade parcial ou total de fixar e evocar conteúdos mnésicos.
-Anterógrada – esquecer tudo após um facto/acidente importante.
-Retrógrada – incapacidade de evocar situações ocorridas antes de certo ponto.
-Lacunar – esquecimento de factos ocorridos entre duas datas.
-Remota – esquecimento de factos ocorridos no passado.
A amnésia pode ser dividida em dois subgrupos:
- Amnésia orgânica – menos seletiva em relação ao conteúdo do material esquecido, com os vários
estádios de formação da memória afetados. O indivíduo não consegue tomar conta de si.
- Amnésia psicogénica – perda de elementos mnésicos com valor simbólico e afetivo e está
normalmente associada a perturbações da fase de evocação (reconhecimento).
- Amnésia dissociativa – incapaz de recordar um período de vida, a sua própria identidade,
mas é capaz de tomar conta de si.
- Amnésia catatímica – seletiva, de acordo com a carga afetiva atual, ocorrendo no contexto
de perturbações depressivas e ansiosas.

Alterações Qualitativas:
1 – Paramnésia – distorção/falsificação das memórias e não perda destas.
Alterações da evocação – distorção não intencional das memórias de acordo com estados
afetivos atuais (falsificação retrospetiva); datar delírio como anterior á doença atual, determinado
pelo estado mental atual (delírio retrospetivo); síndrome de memórias falsas; falseamento da memória
em factos, que aparecem como novos ao doente (criptomnesia); descrição detalhada e falsa de um
acontecimento que supostamente ocorreu no passado (confabulações).
Alterações do reconhecimento – podem ser não delirantes: dejá-vu (reconhecimento de que já
se teve dada experiência, que nunca se teve) e jamais vu (sentir que se passa por uma situação pela
primeira vez, quando não é verdade); ou delirantes: falso reconhecimento positivo (pensar que
desconhecidos são conhecidos disfarçados), falso reconhecimento negativo (crença de que houve
mudança radical na sua aparência física).

5. Humor
Afetividade – diz respeito ao conjunto de estados de humores e paixões que a pessoa vive de forma
própria e imediata. Influencia a sua personalidade e comportamento, e a vida afetiva pode ser
organizada em polos extremos (ex. dor-prazer).

Emoção – reação transitória positiva ou negativa a um conjunto de estímulos. Existem as emoções


primárias (raiva, nojo, medo, alegria, tristeza e surpresa) e secundárias (mais complexas).
Afeto – manifestação externa das emoções; vinculo a objetos significativos.
Estado de humor – estado de ânimo ou disposição mais prolongado. Profundo e difuso, sem objeto.

Sentimento – implica dimensão afetiva e cognitiva e participação global da personalidade. Diz


respeito à construção de significados.

Alterações quantitativas do humor normais: capacidade de reagir adequadamente às experiências e


de manifestar afetos apropriados.
Alterações quantitativas do humor patológicas:
Alterações Hipertímicas:
Crescente em termos de

1 – Euforia – alegria desproporcionada à circunstância. Ocorre na mania/hipomania.


intensidade

2- Expansão – boa disposição associado à dificuldade de controlar as próprias emoções, com elevada
desinibição. Ocorre na mania/hipomania.

3- Exaltação – alegria intensa, experiência de plenitude, com sensação de dissolução do eu e


tendência a compartilhar estados afetivos interiores. Ocorre na mania, transe e esquizofrenia.
Alterações Hipotímicas:
1 - Humor depressivo – sintoma base das perturbações depressivas, estando presente na tríade
cognitiva (visão negativa de si mesmo, das suas interações com o meio e do futuro).
2 – Tristeza anímica – tristeza mais comum, mais sentida no final do dia e acompanhada por insónias.
3 – Tristeza vitalizada – mais profunda e notável fisicamente, com uma pressão corporal (ex. nós no
estômago). Mais sentido ao despertar.
4 – Reatividade do humor – perda de capacidade de reagir a estímulos.
Alterações qualitativas do humor:
1 – Humor disfórico – mau-humor, predominando sensação de mal-estar, juntamente com ansiedade,
irritação e agressividade.

2 – Humor irritável – hiper-reactividade desagradável, hostilidade e agressividade a estímulos


externos.
Alterações qualitativas da expressão afetiva/emocional:
1 – Anedonia – incapacidade de tirar prazer das coisas.
2 – Rigidez afetiva – incapacidade de modulação dos afetos.
3 – Dissociação afetiva – não manifestação de emoções em situações em que seria esperada a
manifestação.
4 – Ia belle indifference – não mostrar sentimentos realmente sentidos.
5 – Indiferença afetiva – ausência de resposta emocional (aspetos exteriores sem expressão).
6 – Embotamento afetivo – redução da expressão emocional e incapacidade para se sentir consciente
das emoções.
7 – Labilidade afetiva – mudanças rápidas e imotivadas no estado emocional.
8 – Incontinência afetiva – falta de controlo na expressão dos afetos intensos.
9 – Paratimia afetiva – emoções não correspondem ao contexto em que são vividas.
10 – Ambivalência afetiva – sentimentos positivas e negativos voltados para o mesmo objeto.
11 – Puerilidade – alterações de humor com aspetos infantis (rir e chorar por motivos banais)
12 – Alexitimia – dificuldade em identificar e descrever sentimentos subjetivos, em distinguir
emoções de sensações físicas.
6. Vontade
Necessidade – desejo vivido como uma exigência, de um objeto, estado ou ato. Existem as
necessidades primárias (inatas, como a autoconservação) e secundárias (aprendidas no processo de
desenvolvimento)
Motivação – estado de ânimo determinado por necessidades que leva a atos para as satisfazerem.
Vontade – intenção dirigida para um dado fim, baseada numa motivação.
Psicopatologia das necessidades:
1 – Fome – polifagia (vontade excessiva de comer); bulimia; pica (comer coisas estranhas).
2 – Sede – polidipsia (aumento exagerado da sede); diminuição.

3 – Sono - hipersónia (aumento da duração do sono); insónias (inicial - dificuldade em adormecer;


intermédia – sono interrompido; terminal – acordar mais cedo do que o normal).
4 – Sexo – anomalias da intensidade; parafilias (objeto sexual anormal); práticas sexuais anormais;
rejeição do sexo biológico.
Psicopatologia da Vontade:

1 – Abulia – perda de vontade, pode haver desejo de fazer algo mas não há energia para iniciativa.
Comum na esquizofrenia.
2 – Hipobulia – diminuição da energia volitiva, apatia, indiferença. Comum em episódios depressivos

3 – Hiperbolia – aumento da energia volitiva. Anormalmente elevada em fases de mania aguda ou


hipomania.

7. Motricidade = função que assegura os movimentos do corpo. Os movimentos podem ser


voluntários ou automáticos.

Movimentos patológicos: alterações da mobilidade resultantes de disfunções e lesões na estrutura


corporal, independentes do psiquismo da pessoa.
Psicopatologia da motricidade:
1 – Acinesia – ausência de movimento.
2 – Hipocinesia – pobreza dos movimentos, lentidão motora.
3 – Hipercinesia – hiperatividade, agitação motora (acatisia – incapacidade de estar quieto).

4 – Paracinesias – existem dois tipos: maneirismos (movimentos voluntários realizados de forma


repetida) e estereotipias (produções verbais, gestos ou atitudes automáticos sem função adaptativa ao
contexto social - ex. tiques, tremores, mioclonias).

5 – Perturbação dos movimentos induzidos – exemplos: Obediência Automática (cooperação


exagerada); Ecopraxia (imitação de ações simples observadas); Ecolalia (repetição em forma de eco
de uma parte ou total do que foi dito); Preserveração (repetição sem sentido de uma ação que já
cumpriu o seu objetivo); Oposição (resistência à mobilização); Ambitendência (iniciar movimento
com objetivo e interrompê-lo).

6 – Perturbação da postura – exemplo: flexibilidade cérea (modelagem do corpo como se fosse cera);
catalepsia (manutenção de uma dada postura, imposta ou voluntária, devido à rigidez dos músculos).

8. Perceção = diz respeito ao conhecimento do mundo e do próprio meio somático a partir dos
dados sensoriais. As perceções são corpóreas, aparecendo no espaço objetivo externo, são constantes,
facilmente retidas e independentes da vontade (aceites passivamente).

Representação é diferente de perceção: são imagens subjetivas, aparecendo no espaço subjetivo


interno, têm de ser sempre criadas de novo e dependem da vontade (produzidas ativamente).

Processo de perceção = existem 3 fases neste processo: (1) existência de um evento sensorial; (2)
perceção sensorial; (3) perceção com significado. O homem nunca atinge uma visão pura da
realidade, uma vez que a perceção incorpora visão subjetiva própria da personalidade.
Psicopatologias da perceção:

1 – Distorções sensoriais – existe um objeto real cuja perceção é distorcida. A alteração pode ocorrer
na intensidade da perceção, quando esta aumenta (hiperestesia) ou diminui (hipoestesia), ou na
qualidade, havendo alterações da cor, da dimensão (macropsia – objetos parecem maiores; micropsia
– objetos parecem menores), da forma (dismorfopsias) e separação da perceção (sensações entram
em conflito, parecendo separadas).

2 – Falsas perceções – existe uma perceção “de novo” que pode ser ou não uma resposta a um
estímulo externo. Existem três tipos.

Ilusões – um objeto percecionado é combinado com uma imagem mental de forma a produzir
uma perceção falsa.

Alucinações – perceção sem objeto que ocorre na mente, de imediato, tal como na perceção
verdadeira, com objetividade e nitidez. São uma projeção – localizadas no espaço exterior. Embora
venha de dentro, o sujeito reage como sendo uma perceção verdadeira vinda de fora. Podem ser
auditivas (perturbações de humor, alcoolismo crónico), visuais (delirium, demências), olfativas, do
gosto e do tato. Comuns na esquizofrenia, mania psicótica e depressão psicótica.

Pseudo-alucinações – falsa alucinação devido à falta de consciência sensorial. São sentidas


como vindas do interior, têm um caracter irreal e facilmente reconhecido.

9. Pensamento = pensar é antecipar os acontecimentos significativos do mundo, construir


modelos da realidade e simular o seu funcionamento.
Perturbações do pensamento, 4 tipos:

1 – De curso – relativamente ao ritmo do pensamento: pode ser acelerado, com fuga de ideias,
circunstanciado (perde-se em detalhes desnecessários), lento, inibido (custa pensar); relativamente à
continuidade: perseveração (ideia persistente para além do ponto em que é relevante), bloqueio do
pensamento (suspensão brusca e imotivada do pensamento).
2 – Da forma – défice de abstração, pensamento desagregado, incoerente, desorganizado.

3 – Da posse – ideias obsessivas e compulsões (ideias que ocorrem contra a vontade do individuo,
invasor e sem motivo), alienação do pensamento (crença de que os pensamentos são controlados por
entidades extrínsecas): imposição do pensamento, roubo de ideias, difusão do pensamento (sente que
não lhe pertence).

4 – Do conteúdo – o pensamento pode consistir numa ideia sobrevalorizada (errónea, pensamento


centra-se em torno de ideia que assume tonalidade afetiva acentuada); ideia delirante (geralmente
falsa, vivida com convicção absoluta); delírio primário (ideias não associadas a outros processos
psicológicos, sem causa aparente e como algo novo); delírio secundário (derivado de outros
processos psicológicos – ex. delírio de perseguição, grandeza, niilista, negando a existência do corpo
ou mente).

10. Linguagem = método para comunicar ideias, emoções e desejos, através de um sistema de
símbolos produzido voluntariamente.
Perturbações do discurso:
Perturbações orgânicas

1 – Disartria – dificuldade em articular as palavras, fala pastosa.


2 – Dislexia – dificuldade em descodificar palavras.
3 – Afasia da compreensão – consegue falar, mas sem sentido lógico.
4 – Afasia de expressão – fala pouco, com o encadeamento de palavras em frases reduzido ao mínimo.

5 – Perturbações funcionais – gaguejar, logorreia (discurso prolongado, contínuo e incompreensível),


discurso monossilábico, mutismo, ecolalia etc.
11. Inteligência = capacidade para pensar e agir racionalmente e logicamente.

Oligofrerias: quando o funcionamento intelectual está a baixo da média: atraso mental ligeiro (QI 50-
69), atraso mental moderado (35-49), atraso mental grave (20-34), atraso mental profundo (0-19).

Incapacidade intelectual: pode haver défices em funções intelectuais como o raciocínio e pensamento
abstrato; ou no funcionamento adaptativo, resultando na falha em atingir padrões de
desenvolvimento, independência pessoal e responsabilidade social; tanto os défices intelectuais como
os adaptativos têm início no período de desenvolvimento.
Causas de défice intelectual: perturbação da estrutura ou função cerebral; falta de experiência
sensorial; perturbação do contacto com a realidade; perturbação dos afetos, dificultando a perceção,
a atenção e a motivação.

12. Personalidade = organização complexa, interna e dinâmica, com relativa estabilidade e que
caracteriza o modo próprio de pensar, sentir e agir de uma pessoa. Evolui e é influenciada pelo
contexto, constituindo uma forma de adaptação. É uma construção contínua que depende de fatores
inatos, socioculturais (educação, família, cultura) e das experiências pessoais.

Temperamento: relativo às disposições inatas e reações emocionais do indivíduo na interação com o


meio, incluindo o seu nível de energia e reatividade.
Carácter: conjunto de hábitos enraizados ao longo do desenvolvimento do self com os outros.
Psique: autoconsciência intuitiva e inteligente.

Tipos de personalidade: Myers – Briggs, baseando-se na tipologia da personalidade criada por Jung
(extroversão, introversão, sensação, intuição, pensamento e sentimento), acrescentou dois conceitos
tipos: julgamento e perceção. Deste modo apresentou 16 tipos de personalidade, a partir da
combinação dos 8 conceitos (sendo que cada pessoa tem de ter um dos conceitos de cada par na sua
personalidade ex. tipo ESPJ – extrovertido, sensação, pensamento e julgamento).
Extroversão: preferência para assimilar energia do mundo exterior, das pessoas e atividades.
Introversão: preferência para assimilar energia do mundo interior, das ideias e emoções.
Sensação: preferência por captar informação através dos 5 sentidos e observar o real.
Intuição: preferência por captar informação através do “6º sentido”.
Pensamento: decisões tomadas de forma lógica e objetiva.
Sentimento: decisões tomadas de forma pessoal e baseada em valores.
Julgamento: preferência por ter uma vida planeada e organizada.
Perceção: preferência por ter uma vida espontânea e flexível.

Perturbação da personalidade: considera-se a personalidade perturbada quando as suas características


deixam de ser adaptativas. Pessoas com estas perturbações têm padrões enraizados e incuráveis de se
relacionar e entender o mundo e a elas próprias.

Sintomas mais comuns: aloplásticos (sensação de ser outrem a produzir características que
sabe serem suas), autoplásticos (acha que as suas características são auto-geradas), egossintónicos
(indivíduo sabe ser a sua maneira de ser) e egodistónicos (não reconhece a sua maneira de ser).

DSM-V: para haver diagnóstico de perturbação da personalidade (A) o comportamento e


experiência interna desvia-se marcadamente do esperado na cultura da pessoa; (B) o padrão tem de
ser inflexível e global numa grande variedade de situações pessoais e sociais; (C) o padrão origina
deficiência na vida social e profissional; (D) o padrão é estável, de longa duração e o seu início ocorre
na adolescência ou vida adulta inicial; (E) não é consequente de outra perturbação mental; (F) não é
devida ao efeito fisiológico direto de uma substância ou outra condição metida.
Existem 3 grupos de perturbação da personalidade:

Grupo A = singulares/excêntricos = são pessoas desconfiadas, obstinadas e argumentativas,


introspetivas, com restrição dos afetos e isoladas. Não perdem o contacto com a realidade e não têm
alucinações.

1 – Perturbação paranoide da personalidade – padrão de excessiva desconfiança dos outros


e interpretação das motivações alheias como malévolas.

2 – Perturbação esquizoide da personalidade – padrão de alheamento da vida social e


restrição da expressividade emocional.
3 – Perturbação esquizotípica da personalidade – padrão de desconfiança agudo no
relacionamento próximo, distorções cognitivas e percetivas e comportamento excêntrico.
Grupo B – dramáticos/emocionais/erráticos – pessoas orientadas para os seus próprios interesses,
desrespeitando e ignorando as necessidades dos outros. Têm labilidade emocional e procuram atenção
através de comportamentos disruptivos.

1 – Perturbação antissocial da personalidade – desrespeito e violação dos direitos dos outros,


sem remorsos.

2 – Perturbação estado-limite (Borderline) – padrão de instabilidade nas relações


interpessoais, na autoimagem e nos afetos. Marcada impulsividade e sentimento crónico de vazio.
3 – Perturbação Histriónica – excessiva emotividade e procura de atenção.

4 – Perturbação narcísica da personalidade – padrão de grandiosidade, necessidade de


admiração e ausência de empatia.

Grupos C – ansiosos/medrosos – pessoas que expressam um comportamento mais ansioso e inibido,


mostram-se inseguras, e sentem-se com poucos recursos para lidar com as exigências da vida.

1 – Perturbação evitante da personalidade – padrão de inibição social, sentimentos de


inadequação e hipersensibilidade ás avaliações negativas.

2 – Perturbação dependente da personalidade – padrão de comportamento submisso,


associado a uma excessiva necessidade de ser cuidado pelos outros.

3 – Perturbação obsessivo-compulsiva – padrão de preocupação com a ordem, perfecionismo


e controlo.

Etiologia: fatores biológicos (hormonas, neurotransmissores como endorfina e serotonina);


temperamentais (crianças medrosas, disfunções no SNC na infância); intrapsíquicos (relações
objetais internas, mecanismos de defesa); fatores de interação (ajustamento pais-filhos; experiências
de vida traumáticas).

13. Ansiedade
Ansiedade normal: fraca, pouco frequente, curta duração, relativa a estímulos externos e tem poucas
consequências a nível social, cognitivo e da performance.
Ansiedade patológica: moderada a intensa, frequente, de longa duração, reação desadequada a
estímulos internos, apresenta sintomas físicos e com consequências a nível social, cognitivo e da
performance.

A ansiedade é um traço da personalidade e portanto é influenciada pelos mesmos fatores (genéticos,


socioculturais, experiências passadas, fatores inconscientes, estímulos externos e internos). O que
ocorre nos processos de ansiedade é: há uma dada valorização cognitiva que leva a uma ativação
emocional, causando ansiedade e despoletando um dado comportamento (adequado ou inadequado).
Psicopatologia da Ansiedade:

Síndrome ansiosa – apresenta sintomas psicológicos (ansiedade, irritabilidade, hipersensibilidade


ao ruído, agitação interior e dificuldade de concentração, fadiga fácil), somáticos (gastrointestinais,
respiratórios, cardiovasculares e neuromusculares, tensão muscular) e perturbações do sono (insónias
e terror noturno).
Perturbação aguda de stress – inclui 7 perturbações:

1 – Perturbação de pós-stress traumático – ansiedade constante na sequência de uma situação


traumática.

2 – Perturbação da ansiedade generalizada – ansiedade constante, excessiva e persistente com os


sintomas atrás definidos, relacionada com acontecimentos como o trabalho ou desempenho escolar.

3 – Perturbação de ansiedade fóbica – ansiedade intermitente, surgindo em circunstâncias


particulares. A exposição ao objeto da fobia leva a ansiedade, e o evitamento do mesmo leva á
ansiedade antecipatória. O medo é desproporcionado face ao perigo real e ao contexto sociocultural.
Pode ser uma fobia específica (relacionada com objetos, animais ou situações, como andar de avião),
fobia social (medo de situações sociais em que o indivíduo está exposto ao possível escrutínio dos
outros) ou agorafobia (ansiedade em uso de transportes públicos, espaços abertos ou fechados com
pessoas, estar numa fila/multidão ou estar fora de casa sozinho).

4 – Perturbação de pânico – ansiedade intermitente, não relacionada com circunstâncias particulares.


Há ataques de pânico inesperados recorrentes, preocupação constantes em relação a novos ataques e
às suas consequências (ex. ataque cardíaco; perder o controlo; morrer) e alterações do comportamento
não adaptativas para evitar os ataques.  Ataque de pânico = ocorrência abrupta de intenso medo ou
desconforto, sendo um período relativamente curto de intensa ansiedade em que predominam os
sintomas somáticos (palpitações, tremores, sufoco, suores, sensação de frio/calor etc). Pode ocorrer
na sequência das perturbações anteriores.

5 – Perturbação obsessivo-compulsiva: ansiedade intermitente associada a obsessões e/ou


compulsões - pessoa tem comportamentos sob a força de uma imposição interior consciente e
repetitiva. Obsessões são pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes, experimentados como
intrusivos e não desejados. Compulsões são comportamentos mentais repetitivos que a pessoa se sente
coagida a realizar, em resposta a uma obsessão. O indivíduo tenta ignorar as obsessões, ou neutraliza-
as com outros pensamentos/ações - realizando compulsões, numa tentativa de diminuir o sofrimento
(mas estas podem ser excessivas ou não se relacionarem de forma realista à obsessão).

6 - Perturbação de ansiedade de separação – medo/ansiedade inapropriados para a fase de


desenvolvimento ou excessivos em relação à separação das pessoas principais de ligação.

7 - Mutismo seletivo – incapacidade de falar em situações sociais específicas nas quais é esperado
falar (ex. escola).

Perturbação dismórfica – preocupação com a perceção de um ou mais defeitos físicos, que não são
observáveis ou são discretos para os outros. Leva a comportamentos repetitivos ou atos mentais em
resposta a estas preocupações.
Perturbação de acumulação – dificuldade persistente em separar-se das suas coisas.

Perturbações dissociativas – sintomas de doença física ou certos tipos de doença mental que
surgem na ausência da patologia somática a que estão normalmente associados, sendo os sintomas
produzidos inconscientemente. Há uma conversão = converter conflito psicológico num sintoma
corpóreo.
14. Depressão = pode ocorrer no contexto de uma experiência normal (morte de uma
familiar), de uma doença somática ou ser uma perturbação (do humor, por exemplo, é o que vamos
realçar)

Síndrome depressiva = pessoa com aspeto pouco arranjado, postura curvada, pestanejo diminuído,
perturbação do sono; com humor deprimido permanente, tristeza anímica e/ou vitalizada, falta de
confiança e energia; com pensamentos de infelicidade, pessimismo (tríade cognitiva), desespero,
morte, culpa, vergonha, anedonia, alterações das memórias (amnésia catatímica), dificuldade em
pensar e se concentrar, isolamento social. Pode levar a despersonalização e ter relação com fobias.

Episódio depressivo major – dura pelo menos 2 semanas (14 dias), e, pela gravidade da
depressão, causa problemas sociais, ocupacionais e em todas as áreas importantes. Há presença de
ideias delirantes congruentes com o humor (desvalorização, culpa etc.) e não congruentes com o
humor (perseguição).
Perturbação depressiva persistente - humor cronicamente depressivo.

Síndrome maniforme = pessoa com humor elevado, eufórico e ao mesmo tempo irritável; há um
aumento da atividade e energia, agitação, com logorreia e fuga das ideias e distratibilidade. Há
presença de ideias expansivas não delirantes ou delirantes (mais autoestima, grandeza, perseguição).
Há ainda uma diminuição do sono, maior apetite, mais líbido, excessivo envolvimento em atividades
com alto potencial de consequências causadoras de sofrimentos.

Episódio maníaco – dura pelo menos 1 semana (7 dias) e a perturbação do humor é


suficientemente grave para causar problemas ao nível social, ocupacional ou levar a internamento.
Há muita agitação, euforia, menos sono e ideias delirantes.

Episódio hipomaníaco – dura pelo menos 4 dias, com alterações no humor e funcionamento
observáveis pelos outros, mas o episódio não é suficientemente grave para causar problemas a nível
social, ocupacional ou implicar internamento.

Perturbação Bipolar I – há ocorrência de pelo menos um episódio maníaco e é uma perturbação


maníaco-depressiva (com episódios depressivos major).

Perturbação bipolar II – há ocorrência de pelo menos um episódio hipomaníaco e pelo menos um


episódio depressivo major, sem nunca ter ocorrido um episódio de mania. A alteração frequente e
imprevisível entre depressão/hipomania causa sofrimento significativo a nível pessoal, social, etc.
Perturbação ciclotímica – há vários episódios hipomaníacos e depressivos (não major) com intervalos
curtos em estado normal (não mais do que 2 meses).

15. Suicídio e comportamentos auto-lesivos


Suicídio = ato intencional de pôr termo à vida, com pleno conhecimento e expectativa, por parte do
individuo, de um resultado fatal. É a atualização da tendência auto lesiva.

Ideação suicida = pensamentos cujo conteúdo central é acabar com a própria vida, sendo percursores
dos comportamentos auto lesivos ou suicidas. Podem apresentar-se em forma de desejos ou plano de
cometer suicídio sem que haja efetivamente passagem ao ato, podendo tornar-se pensamentos
recorrentes que trazem sensação temporária de alívio/controlo sobre a realidade.
Comportamentos auto lesivos = comportamentos sem intencionalidade suicida consciente, mas com
intencionalidade auto lesiva consciente.
Atos suicidas:

1 – Tentativas de suicídio (para-suicídios) – ato levado a cabo que visa a própria morte mas por
razões diversas resulta em frustração.

2 – Suicídio consumado – ato levado a cabo pelo individuo que provoca morte, com intenção. Inclui
intencionalidade patológica (ex. obedecer a vozes que comandam).

Significados associados à ideação suicida e tentativa: desejo de dormir, escapar de um problema


(refúgio); desejo de deixar de sofrer; ausência de horizontes na vida; culpa e auto castigo; desejo de
exercer controlo além da morte; desejo de reunião com pessoa amada; identificação a pessoa perdida
(também suicida); desejo de renascimento – novo começo.
Significados associados aos comportamentos auto lesivos: tentativa de libertação de dor psíquica
através da física; forma de expressar raiva; forma de auto punir; modo de sentir, ultrapassando
sentimentos de anestesia e vazio

Dor psicológica (estímulo intolerável, aspeto mais comum no suicídio)  Procura-se solução
(propósito) Interrupção da consciência (objetivo). Esta dor psicológica causa stress, devido à
frustração das necessidades psicológicas, e emoções como o desespero e o abandono. O individuo
encontra-se num estado cognitivo ambivalente e percetivo restrito. Pode haver comunicação da
intenção (ato interpessoal).

Factos: (1) não tem de se ser doente mental para pensar em suicídio, sendo a maioria das pessoas
inteligentes mas exigentes com elas próprias; (2) Não são apenas pessoas específicas que cometem
suicídio e grande parte das pessoas comunica a sua intenção; (3) quem já realizou tentativas corre
mais risco; (4) o suicídio não é sempre impulsivo; (4) discutir ideação suicida de forma direta e
sensível é um fator protetor, pois alivia a ansiedade e solidão; (5) a maioria das crises tem duração
limitada e baseia-se em pensamentos confusos.

Fatores de risco: plano de suicido; disponibilidade de meios; tentativas prévias; abuso de substâncias;
perturbações de pânico com depressão; perdas recentes; isolamento; preocupações económicas;
esquizofrenia; depressão major; perturbação de personalidade e de ansiedade; doença física
incapacitante; impulsividade; baixa autoestima; hostilidade e agressividade; perfecionismo e rigidez,
comportamentos auto lesivos ou tentativas; histórico familiar.

Fatores de proteção: Individuais (capacidade de resolução de problemas, de pedir ajuda e de


adaptação; noção de valor pessoal; estratégias comunicacionais; projetos de vida); sociais (suporte e
apoio; valores culturais, éticos e espirituais; facilidade de acesso a serviços de saúde; vínculos fortes
á família; clima laboral positivo).

Sinais de alerta: demonstrar tristeza, falta de esperança, choro raiva etc.; falar sobre a morte e realizar
preparativos, como resolver assuntos; mudança acentuada nas atitudes e aparência; ter
comportamentos de risco; isolamento com dificuldade de relacionamento familiar e social; aumentar
ou iniciar consumo de álcool, drogas ou fármacos.
16. Stress = conjunto de perturbações biológicas e psicológicas provocadas por uma
agressão sobre o organismo. A resposta de curto prazo aos stressores é dada pelo sistema nervoso
autónomo, que decide entre a luta ou a fuga. As as pessoas assumem diversos estilos defensivos e
comportamentos de coping: comportamentos de procura de informação, comportamentos afiliativos
(procura de vinculação, relação harmoniosa entre as pessoas) e comportamentos de resolução de
problemas.
Perturbação aguda de stress (3 dias a 1 mês)

1 – Perturbação de stress pós-traumático - remete para um problema de ansiedade que ocorre depois
de uma pessoa ter sido exposta a um acontecimento que constitui um trauma psicológico. Há sintomas
intrusivos (lembranças, sonhos), reações dissociativas (flashbacks, mal-estar psicológico intenso),
humor e cognições negativas, sintomas de evitamento, de ativação (perturbação do sono,
comportamento irritável, acessos de raiva, hipervigilância, resposta de sobressalto exagerada),
episódios de pânico e distanciamento emocional. Evitam-se estímulos que possam desencadear o
ciclo das lembranças traumáticas.

2 – Perturbação de ajustamento – individuo tem humor depressivo, ansiedade, comportamento


perturbado assim como as emoções.
Em termos de sintomas, os sintomas somáticos são mais prevalentes do que os emocionais.

17. Somatização
Os sintomas somáticos podem vir de doenças somáticas, alterações fisiológicas, medicamentos ou
perturbações psíquicas – quando as alterações emocionai são persistentes e frequentes podem dar
origem a alterações físicas, ou seja, a somatização é a apresentação de sintomas somáticos na ausência
de doenças físicas ou lesões de tecidos. Pode ser uma sequela de uma doença/lesão anterior e é piorada
em circunstâncias indutoras de stress.
Medicina psicossomática = enfatiza a unidade do corpo e da mente e as suas interações.
Medicina Comportamental = estuda desenvolvimento do conhecimento cientifico e técnicas
comportamentais e biomédicas relevantes para a saúde e doença, e aplicação destes na prevenção,
diagnóstico e tratamento.
Sintomas autonómicos (do SNA):
Simpático: taquicardia, aumento da tensão arterial, vasoconstrição, midríase (dilatação da pupila).
Parassimpático: bradicardia, vasodilatação, miose (contração da pupila), aumento da salivação.

Perturbação dos sintomas somáticos = individuo apresenta um ou mais sintomas somáticos,


pensamentos persistentes e desproporcionados sobre os sintomas, níveis de ansiedade elevados, com
dor predominante. Duração: mais de 6 meses.

Perturbação da ansiedade relacionada com a doença: preocupação com ter adquirido ou vir a adquirir
doença grave, embora os sintomas sejam fracos ou ausentes. Ansiedade e preocupação elevada, com
duração superior a 6 meses.
Perturbações psicológicas que podem apresentar sintomas somáticos:
1 – Perturbações ansiosas, de humor, esquizofrénicas, relacionadas com substâncias.
2 – Perturbações factícias – sintomas produzidos intencionalmente, sendo que o individuo está
consciente dos seus comportamentos, ainda que inconsciente das motivações subjacentes. A
perturbação pode ser imposta ao próprio ou a outra pessoa.
3 – Perturbação de conversão – paciente converte conflito psicológico em um sintoma corpóreo.

Fatores predisponentes = genéticos, stress na infância, crenças sobre doenças, inibição das emoções,
alexitimia, baixo limiar à dor, perturbações psicológicas (ansiedade, depressão, hipocondria, stress).

Fatores de manutenção = perturbações psicológicas, falta de confidente, reforço social e ganho


secundário.

18. Loucura e Psicose


Síndrome paranoide = apresenta sintomas positivos (delírios; bloqueio do pensamento; perda de
associação de ideias; incoerência; alucinações auditivas, táteis, cinestésicas e visuais; alterações do
comportamento como isolamento, estranheza, agitação psicomotora, auto e hétero agressividade),
sintomas negativos (alogia – ausência de lógica e pobreza do conteúdo do pensamento; diminuição
do interesse por atividades sociais; anedonia; abulia; apatia; dificuldade de planeamento; perda de
auto cuidado e embotamento afetivo), e sintomas afetivos e cognitivos (relativos à atenção, memória
verbal e trabalho, linguagem e funções executivas).

Esquizofrenia = é um tipo de psicose caracterizada pela dissociação e separação das funções


psicológicas e mentais. É influenciada por múltiplos genes, sendo que o peso da genética na etiologia
da doença é de cerca de 80%. No entanto o ambiente também tem influencia: complicações obstétrica,
infeções maternas, má nutrição materna, nascer durante o inverno e no meio urbano, consumo de
canábis, migração. Apresenta como conjunto de sintomas típicos os da síndrome paranoide. Difere
das perturbações da personalidade do grupo A (onde está incluída a perturbação paranoide da
personalidade) por apresentar delírios e alucinações – os sintomas são parecidos mas nas perturbações
do grupo A não há perda de contacto com a realidade, e na esquizofrenia há.

Apresenta sintomas como a perturbação de associação (pensamento pobre e incoerente),


ambivalência (sentimentos oposto em relação ao mesmo objeto, causando falta de iniciativa),
perturbação do afeto (rigidez afetiva e desadequada), e autismo (pessoa vive num muito próprio, fora
da realidade). Na esquizofrenia há ainda sintomas de primeira ordem: perceção delirante, influência
do pensamento (roubo, inserção e difusão do pensamento); pensamentos audíveis – alucinações
auditivo-verbais com vozes de comando; eco do pensamento; alucinações somáticas; sentimentos,
impulsos e atos vividos como provocados por agente externo.E sintomas de segunda ordem: ideias
delirantes repentinas; perplexidade; alterações de humor depressivas ou eufóricas; embotamento
afetivo.
Subtipos de esquizofrenia – segundo o DMS-V já não existem

1 – Paranoide – doentes reservados, desconfiados e hostis. Suspeitam que lhes querem fazer mal e
isolam-se progressivamente. Têm ideias delirantes de influência, roubo e difusão do pensamento.
2 – Catatónica – há alterações psicomotoras – inibição motora (catatonia inibida) ou acentuada
agitação psicomotora, podendo levar à exaustão física, comportamento violento/destrutivo e discurso
incoerente (catatonia agitada).
3 – Desorganizada – desorganização do pensamento e comportamento, alterações afetivas com
resposta emocional desadequada, maneirismos, afastamento social, contacto pobre com a realidade.

4 – Indiferenciada – gradual, com perda de vontade (abulia), interesse (apatia), ambição e inicitavi,
isolamento social, desprezo pelas obrigações sociais e indiferença. Há presença de ideias delirantes,
alucinações e comportamento desorganizado.

5 – Residual – a pessoa tem de ter passado por pelo menos um episódio prévio de esquizofrenia no
passado, apesar de não ter sintomas muito marcados. Tem capacidade de viver em comunidade mas
não tem capacidade de manter uma profissão.
Doença Psicótica – em sentido restrito é sinónimo de psicose e é considerado o estado mental
patológico caracterizado por desvios do comportamento. Há ideias delirantes, alucinações
proeminentes, ausência de crítica à sua natureza patológica e perturbação da vivência do eu.

Alguns fatores de risco são alterações do sono, humor depressivo, ansiedade,


irritabilidade, diminuição da atenção, isolamento social, deterioração do funcionamento e uso de
substâncias. Fatores de risco mais elevado de psicose são interferências do pensamento; perseveração;
bloqueio do pensamento; perturbação da linguagem recebida, escrita ou falada; menor capacidade de
distinguir entre ideias, perceções, fantasias e memórias verdadeiras; desrealização; perturbação da
perceção visual e auditiva.

Estádios = 0 – aumento do risco para a doença psicótica, ainda sem sintomas; 1 – sintomas
pouco específicos ou ligeiros; 2 – primeiro episódio psicótico; 3 – recorrência de doença psicótica; 4
– doença psicótica grave ou persistente.

19. Domínios neurocognitivos = são 6: atenção complexa; função executiva; aprendizagem e


memória; linguagem; percetivo motor; cognição social.

Atenção complexa = constituída pela atenção sustentada (manter concentração durante algum tempo),
dividida, seletiva e velocidade de processamento.
Função executiva = relacionada com o planeamento, tomada de decisão, memória de trabalho,
resposta às reações, controlo ou inibição de hábitos, flexibilidade cognitiva.

Aprendizagem e memória = memória imediata (dura segundos), recente (de curta duração e
relacionada com a evocação espontânea com pista e memória de reconhecimento), memória de longo
prazo (semântica e autobiográfica); aprendizagem implícita (adquirir conhecimento sem intenção de
aprender).

Linguagem = expressiva (destaca emissor, capacidade de se expressar); gramática e sintaxe;


linguagem recetiva (destaca capacidade de compreender a palavra falada)

Percetivo motor = perceção visual, visuoconstrutiva (capacidade de juntar estímulos físicos e realizar
movimentos para organizá-los); praxia (função que permite a realização de gestos coordenados);
gnosia (capacidade de perceção e reconhecimento de objetos e sensações).
Cognição social = reconhecimento de emoções; teoria da mente (habilidade de atribuir estados
mentais a si e aos outros e perceber que os outros possuem estado diferentes dos seus).
Psicopatologias:

1 - Delirium = Síndrome confusional aguda – perturbação da consciência, atenção, memória,


perceção, pensamento, comportamento psicomotor, emoção e ciclo sono-vigila. Há uma diminuição
abrupta da consciência, desorientação, perturbação de humor. Desenvolve-se em horas ou dias. É
consequência do efeito fisiológico direto de outra condição médica ou substâncias de abuso (?).

Perturbação ao nível da consciência: diminui capacidade de perceção de estímulos


externos, de centrar, manter ou mudar a atenção.

Perturbação das funções cognitivas: défice na memória, alteração do pensamento,


linguagem e desorientação.

2 – Perturbação neuro-cognitiva major – há presença de múltiplos défices cognitivos com pelo


menos uma dos seguintes sintomas: afasia, apraxia, agnosia, disfunção executiva. DMS-V – evidência
de declínio significativo em um ou mais domínios cognitivos, com base em preocupação do
indivíduo, de informador ou clínico, ou em défice substancial no desempenho cognitivo (testes
neuropsicológicos). Os défices interferem na vida diária (deterioração do funcionamento social e
ocupacional) e não ocorrem exclusivamente no contexto de um delírio, podendo ser devidos a outras
causas, como as apresentadas a seguir.

- Alzheimer – início insidioso, evolução lenta e progressiva, com degeneração neuronal.


Evidências de declínio de memória e aprendizagem e de pelo menos um outro domínio cognitivo
(orientação, afetividade, inteligência, pensamento, discurso, apraxias etc.)

- Perturbação frontotemporal – desinibição, apatia, falta de simpatia ou empatia,


perseveração, compulsivo. Declínio da cognição social e/ou das capacidades executivas.

- Corpos de Lewy – variações acentuadas na atenção e vigília, alucinações visuais


pormenorizadas, parkinsonismo com inicio após o declínio cognitivo. Perturbação do sono REM.

-Perturbação neurocognitiva vascular – há uma relação temporal entre o início dos défices
cognitivos e um ou mais eventos cerebrovasculares. O declínio é mais proeminente na atenção
complexa e nas funções executivas.

3 - Demência = insidiosa, dura mais de um ano, queixas escondidas, lentamente progressiva, humor
lábil e superficial, agravamento dos sintomas da parte da tarde. Há uma perda da memória a curto
prazo, défice nas funções executivas e visuoespaciais, dificuldades diárias, desorientação temporal e
espacial e défice na linguagem. Alterações progressivas no comportamento com consequências
sociais, afasia, e pode haver sintomas psicóticos com alterações da personalidade precoces. Por fim
há ainda défices na capacidade de abstração, na flexibilidade mental, velocidade de processamento e
memória de trabalho. Pode decorrer de AVC (meses após este).

Diferente de pseudo-demência = datada, dura menos de 6 meses, queixas exageradas, inconstante e


flutuante, humor alterado e agravamento dos sintomas matinal.

20. Perturbações alcoólicas


Consumo nocivo = padrão de consumo que provoca problemas médicos, psiquiátricos,
comportamentais ou sociais.
Perturbação do uso de álcool = padrão problemático de consumo de álcool que conduz a mal estar ou
défices clinicamente significativos, manifestados por duas ou mais das seguintes condições: álcool é
muitas vezes consumido em quantidades superiores ou por um período de tempo mais longo do que
o pretendido; existe desejo persistente ou esforço mal sucedido para diminuir ou controlar o uso de
álcool; é gasta uma grande quantidade de tempo em atividades necessárias à obtenção e uso de álcool
ou a recuperar dos seus efeitos; há craving pelo uso de álcool; o uso é recorrente, resultando na
incapacidade para cumprir obrigações importantes; o uso de álcool é contínuo apesar de causar
problemas sociais devido aos seus efeitos; diminuição da participação em importantes atividades
sociais, ocupacionais ou recreativas devido ao uso de álcool; uso recorrente em situações em que é
fisicamente perigoso; uso continuado, apesar de se saber ter um problema persistente, físico ou
psicológico, causado ou exacerbado pelo uso de álcool, tolerância definida por necessidade de
quantidades acentuadamente crescentes de álcool para atingir o efeito desejado ou diminuição do
efeito do mesmo com o uso continuado da mesma quantidade de álcool; presença de abstinência,
manifestada por: síndrome de abstinência característico do álcool; ou o álcool é consumido para evitar
ou aliviar os sintomas de abstinência. (o mesmo é usado para definir toxicodependência de substancia)

Intoxicação pelo álcool = há ingestão recente; alterações comportamentais ou psicológicas


problemáticas clinicamente significativas; uma ou mais condições de entre: discurso empatado,
descoordenação, marcha instável, défices de atenção/memoria, estupor (sem reação a estímulos
externos) ou coma.

Delirium Tremens = consiste no agravamento do delírio alcoólico subagudo, com crises convulsivas
e marcados sintomas físicos, podendo levar ao colapso circulatório e à morte. Causa torpor da
consciência, alteração cognitiva global, tremor, agitação psicomotora, alteração do ciclo sono-vigília,
perturbações emocionais, ilusões, alucinações visuais, delírio ocupacional, sintomas
neurovegetativos (febre, taquicardia, hipertensão arterial).

Alcoolismo crónico = pode manifestar-se em hepatite alcoólica, miocardiopatia, coagulação,


miopatia.
Etiologia – Tipologia de Clonninger (1981):

Tipo I: fatores principalmente ambientais, afetas os dois sexos de igual forma, afeta mais pessoas a
partir dos 25 anos e tem melhor prognóstico.
Tipo II: fatores principalmente genéticos, afeta mais o sexo masculino e idades inferiores aos 25 anos,
tem maior gravidade prognóstica e maior percentagem de alterações comportamentais.

21. Toxicodependência = fenómeno psicológico e comportamental, de evolução


habitualmente crónica, com causas genéticas, fisiológicas e sociais. São caracterizadas por perda de
controlo sobre substâncias, uso compulsivo apesar dos danos causados, craving e tendência a recair
após a abstinência.
Conceitos básicos:

Substâncias psicoativas = alteram o estado de consciência, humor, pensamento, perceção e


comportamento do individuo. Causam prazer, o que constitui um reforço e uma recompensa.
Tolerância = necessidade de quantidades crescentes da substância para atingir a intoxicação ou efeito
desejado. Ocorre diminuição acentuada do efeito com a utilização continuada da mesma quantidade
de substância.

Dependência de substâncias = causa prazer (reforço positivo), tolerância, dependência física (reforço
negativo); dependência psicológica, uso compulsivo, descontrolo comportamental e a substância
domina a hierarquia motivacional.

Dependência física = leva a ocorrência de um quadro de privação depois de paragem ou


redução significativa da substância ou após administração de um antagonista (síndrome de
abstinência).
Dependência psicológica = causa desejo marca de consumir uma substância (craving).
Fatores etiológicos:
Sociais: disponibilidade da substância; influência do grupo; disfunção familiar; falta de apoio.

Psicológicos: desejo de sensações novas, impulsividade, dificuldades relacionais, comportamentos


de risco e rebeldia.

Biológicos: sistemas envolvidos – de recompensa (relacionado com as vias de reforço do sistema


dopaminérgico-mesolímbico); da motivação; da aprendizagem e memória; e do controlo.

Sistema de recompensa – vias de reforço: o que ocorre com os estímulos naturais é que a
libertação de dopamina precede a ocorrência do estímulo, nos estímulos condicionados, e a atividade
dopaminérgica aumenta com a incerteza da recompensa. No consumo de substância há uma ação
direta destas no aumento da atividade dopaminérgica, causando uma sensitização (tornar sensível,
imprescindível) aos efeitos da substância – aumenta a recompensa da substância, estimulando a
motivação para o consumo. Na abstinência há uma hipoatividade dopaminérgica.
Substâncias de abuso

1 – Cannabis – tem efeitos que duram 2 a 3 horas, como a euforia, autoconfiança, alteração da
perceção do tempo, aumento da sensibilidade, alteração da concentração de memória, boca seca,
taquicardia, olhos vermelhos, maior apetite. Tem algumas psicopatologias associadas: ansiedade,
crises de pânico, desconfiança, ideias delirantes, fenómenos alucinatórios, e pode evoluir para uma
psicose esquizofrénica, dependendo da quantidade consumida e precocidade.

Consumo crónico: apatia, síndrome amotivacional, afastamento social, desinteresse, falta


de objetivos.
Tolerância: desenvolve-se rapidamente, e não é muito marcada.
Dependência psicológica: há desejo de consumir mas não há craving.
Dependência física: pouco significativa, causando irritabilidade, inquietação, insónias.

2 – Opióides – causa analgesia (falta de sensibilidade à dor), euforia, sonolência, dificuldade de


concentração, indiferença ao stress, náuseas, obstipação, depressão respiratória. (ex. heroína)
Tolerância: muito marcada
Dependência psicológica: muito marcada, com craving.
Dependência física: hiperatividade noradrenégica.

Síndrome de privação aguda: ansiedade, craving, midríase, suores, calafrios, dores,


irritabilidade, insónia, náuseas, taquicardia.

Síndrome de abstinência prolongada: dura vários meses, com presença de dores difusas,
astenia (diminuição de resistência do sistema), humor instável, irritabilidade, sintomatologia
depressiva, perturbação da memória e atenção.

3 – Cocaína – estimulante do sistema nervoso central, aumento da energia e atividade, estado de


alerta, aumento da confiança, muito euforizante, midríase, taquicardia, hipertensão, vasoconstrição
local. Duração limitada.
Tolerância: menos marcada do que nos opióides.
Dependência psicológica: muito marcada, com craving.

Dependência física: inquietação, irritabilidade, depressão e ideação suicida, fadiga, apatia,


dores, perturbação do sono, agitação ou lentificação psicomotora

Efeitos da dependência: ansiedade marcada, ataques de pânico, agitação, desconfiança,


hipervigilância, ideias delirantes, alucinações, comportamentos estereotipados e pode evoluir para
psicose esquizofrénica.

4 – Ecstasy – tem efeitos positivos (bem-estar, elevação do humor, autoestima e sensualidade,


melhoria nas relações, estado de felicidade) e negativos (náuseas, anorexia, tremores, sudação, défices
na atenção e memória). Tem curta duração e pode ainda causar sonolência, fadiga e irritabilidade.
Pode estar associado a complicações psiquiátricas como crises de pânico, delírios e alucinações,
depressão.
Tolerância e dependência: não significativa.
Síndrome de privação: pouco significativo.

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