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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

DÉBORA LEONHARDT

DIAGNÓSTICO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO


CIVIL RECOLHIDOS POR CAÇAMBAS DE TELE-
ENTULHO NO MUNICÍPIO DE LAJEADO - RS

Lajeado

2010
DÉBORA LEONHARDT
BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu)

DIAGNÓSTICO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL RECOLHIDOS POR


CAÇAMBAS DE TELE-ENTULHO NO MUNICÍPIO DE LAJEADO - RS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas do Centro
Universitário UNIVATES, como parte dos requisitos
para a obtenção do título de bacharel em Engenharia
Ambiental.
Área de concentração: Engenharia Ambiental

ORIENTADOR: Prof. Ms. Everaldo Rigelo Ferreira

Lajeado

2010
DÉBORA LEONHARDT
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DIAGNÓSTICO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL RECOLHIDOS POR


CAÇAMBAS DE TELE-ENTULHO NO MUNICÍPIO DE LAJEADO - RS

Este trabalho foi julgado adequado para a obtenção do


título de bacharel em Engenharia Ambiental do
CETEC e aprovado em sua forma final pelo Orientador
e pela Banca Examinadora.

Orientador: Everaldo Rigelo Ferreira, UNIVATES


Mestre em Geologia Marinha pela UFRGS – Porto
Alegre, Brasil

Banca Examinadora:

Prof. Ms. Michely Zat, UNIVATES.

Prof. Ms. Cátia Viviane Gonçalves, UNIVATES.

Lajeado, Novembro de 2010.


Dedico este trabalho em especial a minha família, meu namorado e também a todos os
meus amigos, colegas, e ainda aos professores pelo apoio, compreensão, e dedicação.
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AGRADECIMENTOS
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À Deus por ter me dado a vida, a saúde, a força, e a coragem.


Aos meus pais, Sérgio e Roseli, e aos meus irmãos Rodrigo e Sérgio Júnior pela
ajuda, compreensão, carinho e incentivo em todos os momentos.
Ao meu namorado Irineu pela compreensão nos momentos de estudo, apoio, carinho e
incentivo.
Ao professor Everaldo Rigelo Ferreira por ter aceitado a missão desta orientação,
pelo material indicado, e por ter a vontade de juntamente comigo saber a situação atual dos
resíduos da construção civil no município de Lajeado.
Aos meus colegas de faculdade, pelo incentivo, amizade, coleguismo, ajuda, pelos
inúmeros materiais indicados para este trabalho, além da companhia durante toda minha
graduação.
Aos meus amigos, pela compreensão.
A UNIVATES pela oportunidade de ensino de qualidade.
E a todos que de uma maneira ou de outra contribuíram para a execução deste
trabalho. Muito Obrigado!
RESUMO
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O Brasil vem enfrentando um grande problema com a destinação dos resíduos sólidos
gerados, onde a urbanização e o aumento do poder aquisitivo da população ocasionam o
aumento no consumo de bens duráveis e não duráveis e consequentemente o aumento
significativo da quantidade de resíduos sólidos. Os resíduos sólidos por sua vez, podem ser
oriundos de atividades domésticas, industriais, hospitalares, de obras civis e inúmeras outras
atividades que gerem resíduos. O presente trabalho realizará um diagnóstico dos resíduos de
Construção Civil recolhidos por caçambas de tele-entulho no Município de Lajeado - RS.
Para a realização deste diagnóstico será analisado o equivalente a 20% da produção mensal
destes resíduos, o que corresponde a 70 cargas. A análise consiste em classificar os Resíduos
da Construção Civil nas classes A, B, C e D, conforme a Resolução 307 do CONAMA -
(Conselho Nacional do Meio Ambiente). Após a análise dos resíduos de construção civil
gerados no município, pretende-se propor a melhor alternativa de disposição final para este
tipo de resíduo. Mesmo que os resíduos da construção civil não sejam considerados resíduos
significativamente perigosos pela sua composição, apresentam inúmeros problemas e
impactos ambientais devido ao seu volume e a variedade de subprodutos utilizados no ramo
da construção civil.

Palavras - chave: resíduo, construção civil, destinação final correta.


ABSTRACT
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Brazil is facing a big problem with the disposal of solid waste, where the urbanization
and the increase of purchasing power of the population cause the increase of
consumption of durable and nondurable goods and consequently the significantly
increase of solid waste. Solid waste may be generated by domestic, industrial and
medical activities and also constructions and many other activities that generate waste.
This study will perform a diagnostic of construction waste collected by containers in
the City of Lajeado - RS. To perform this diagnostic it will be analyzed the equivalent
of 20% of the monthly production of these wastes, which corresponds to 70
containers. The analysis consists in classify the construction waste in classes A, B, C
and D according to Resolution 307 of CONAMA - (National Council of
Environment). After the analysis of construction waste generated in the city, we intend
to propose the best alternative to disposal it. Even if the construction wastes are not
considered dangerous, they represent several problems and environmental impacts due
to volume and quantity of byproducts used in the construction industry.

Keywords: waste, construction, proper disposal.


LISTA DE FIGURAS
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Figura 1 – Confecção de blocos de concreto com agregados reciclados......................29

Figura 2 – Confecção de mobiliário urbano com agregados reciclados de concreto. ..29

Figura 3 – Usina de reciclagem de Belo Horizonte......................................................30

Figura 4 – Veículo dotado de poliguindaste, realizando o carregamento de caçamba


basculante estacionária, para posterior deposição de RCC. .........................................38

Figura 5 – Caçamba estacionária basculante com presença de resíduos sólido


domésticos. ...................................................................................................................56

Figura 6 – Detalhamento dos resíduos sólidos domésticos encontrados na caçamba. .57

Figura 7 – Disposição irregular de RCC no município de Lajeado..............................58

Figura 8 – Disposição irregular e poluição visual causada pelos RCC no município de


Lajeado. ........................................................................................................................58

Figura 9 - Disposição inadequada dos RCC no município de Lajeado. .......................59

Figura 10 – Disposição irregular de RCC em trevos de acesso a cidade de Lajeado...60

Figura 11 – Deposição irregular de RCC em área nobre da cidade, degradando o


ecossistema existente....................................................................................................60
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
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Ilustração 1 – Divisão da participação da indústria da construção civil no PIB 2001. 19

Ilustração 2 – Percentual representado nas analises por classe. ...................................41

Ilustração 3 - Caracterização e classificação dos resíduos provenientes de demolição e


reformas. .......................................................................................................................44

Ilustração 4 - Caracterização e classificação dos resíduos provenientes de obras


residenciais. ..................................................................................................................46

Ilustração 5 - Caracterização e classificação dos resíduos provenientes de prédios em


construção.....................................................................................................................49

Ilustração 6 - Caracterização e classificação dos resíduos provenientes de outras obras


civis...............................................................................................................................51

Ilustração 7 - Classificação conforme a Resolução 307 do CONAMA dos RCC no


município de Lajeado. ..................................................................................................53

Ilustração 8 – Caracterização e classificação dos RCC gerados no município de


Lajeado. ........................................................................................................................54
LISTA DE TABELAS
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Tabela 1 - Quantidades de resíduos da construção civil produzidas no país e no


exterior..........................................................................................................................25

Tabela 2 - Modelo de ficha para caracterização do tipo de resíduo. ............................33

Tabela 3- Modelo de ficha para classificação e caracterização dos RCC. ...................35

Tabela 4- Modelo de tabela para classificação dos RCC conforme Resolução


CONAMA 307 e Resolução do CONSEMA 109, no município de Lajeado, nos meses
de pesquisa....................................................................................................................36

Tabela 5 – Dados referente ao total de cargas coletadas pelas empresas X, Y, Z em


Lajeado. ........................................................................................................................42

Tabela 6 - Classificação e caracterização dos resíduos provenientes das demolições e


reformas em ..................................................................................................................43

Tabela 7 - Classificação e caracterização dos resíduos provenientes de obras


residenciais em Lajeado................................................................................................45

Tabela 8 - Classificação e caracterização dos resíduos provenientes de prédios em


construção em ...............................................................................................................48

Tabela 9 - Classificação e caracterização dos resíduos provenientes de outras obras


civis em Lajeado...........................................................................................................50

Tabela 10 - Classificação e caracterização dos RCC em Lajeado................................52

Tabela 11 – Comparativo dos resíduos da construção civil Brasileiro e Lajeadense...55


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
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%: por cento
ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas
APP: Área de Preservação Permanente
CONAMA: Conselho Nacional do Meio Ambiente
CONSEMA: Conselho Estadual do Meio Ambiente
CO2: Dióxido de Carbono
EUA: Estados Unidos da América
hab: Habitante
kg: quilograma
m²: metros quadrados
m3: metros cúbicos
NBR: Norma Brasileira
pH: Potencial Hidrogeniônico
PIB: Produto Interno Bruto
PNRS: Política Nacional dos Resíduos Sólidos
RCC: Resíduos da Construção Civil
RCPA: Resource Conservation and Recoverin
RS: Rio Grande do Sul
RSCCD: Resíduos Sólidos da Construção Civil e Demolição
t: tonelada
12
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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................................................14
2 REVISÃO LITERÁRIA...................................................................................................17
2.1 Resíduos sólidos ...........................................................................................................17
2.2 O problema dos resíduos sólidos ..................................................................................17
2.3 A indústria da Construção Civil ...................................................................................18
2.4 Resíduos da Construção Civil ......................................................................................20
2.4.1 Composição dos Resíduos da Construção Civil .......................................................20
2.4.2 Classificação dos Resíduos da Construção Civil......................................................21
2.5 Legislação que Regulamenta a Gestão de Resíduos Sólidos........................................22
2.6 A geração de Resíduos da Construção Civil e seus Impactos Ambientais...................24
2.7 Destinações para os Resíduos da Construção Civil......................................................27
2.7.1 Reutilização de resíduos da construção civil............................................................27
2.7.2 Reciclagem de Resíduos da Construção Civil..........................................................28
2.7.3 Aterro de Resíduos da Construção Civil ..................................................................31
3 METODOLOGIA.............................................................................................................32
3.1 Proposta de Trabalho ....................................................................................................32
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES....................................................................................37
4.1 Identificação dos envolvidos na geração de Resíduos da Construção Civil e suas
responsabilidades......................................................................................................................37
4.2 Geração de Resíduos da Construção Civil no Município.............................................40
4.3 Caracterização e classificação dos Resíduos da Construção Civil gerados no
Município de Lajeado...............................................................................................................41
4.3.1 Demolição e reforma ................................................................................................42
4.3.2 Obras residenciais.....................................................................................................44
4.3.3 Prédios em construção ..............................................................................................47
4.3.4 Outras Obras Civis ...................................................................................................49
4.3.5 Análise Geral – Diagnóstico dos RCC em Lajeado .................................................51
13

4.4 Avaliação do fluxo dos Resíduos da Construção Civil gerados no Município de


Lajeado .....................................................................................................................................56
4.5 Proposta para gestão e disposição adequada para os Resíduos de Construção Civil ...61
CONCLUSÃO..........................................................................................................................63
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................................65


ANEXOS ..................................................................................................................................68
14
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1. INTRODUÇÃO

O mundo atravessa graves problemas da ordem ecológica, devido ao desmatamento e


as queimadas de florestas, a emissão excessiva de gases poluentes, a poluição de águas
superficiais e subterrâneas e aos graves problemas urbanos causados pelo lixo doméstico,
industrial, hospitalar e os provenientes de obras civis, entulhos gerados pelas novas
construções, reformas e demolições, entre muitos outros resíduos (Amorin et al., 1999).

Desde a antiguidade, o homem sempre dependeu das rochas, inicialmente usadas


como abrigo e depois, como arma e ferramenta de trabalho. Hoje mesmo com toda a
sofisticação e tecnologia de que dispomos é indiscutível a nossa dependência aos recursos
minerais, que alimentam a indústria da Construção Civil (Amorin et al., 1999).

A indústria da construção civil ocupa posição de destaque na economia nacional,


sendo responsável por uma parcela significativa do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Dados recentes indicam que o macro complexo da construção civil responde por 15% do PIB
nacional (Construbussines, apud Souza et al., 2004).

Além desta participação direta no PIB, destaca-se também o grande contingente de


mão-de-obra direta empregada, o que corresponde a 3,92 milhões de empregos, sendo o maior
setor empregador da economia nacional (Construbussines, apud Souza et al., 2004).

Segundo informações apresentadas pela Revista Ecologia & Meio Ambiente, Ano VI,
n. 7 de Porto Alegre, o incremento populacional, a industrialização e o desenvolvimento
alimentam o crescimento econômico que, pelas reduções de prazos e custos, produz um
crescimento acelerado, que origina todo o tipo de resíduo, em maior quantidade nas regiões
metropolitanas, levando a degradação natural e à desagregação social.

Desta maneira o setor da construção civil é responsável por diversos impactos


ambientais tais como o uso intenso de recursos naturais não renováveis e grande geração de
resíduos sólidos. Embora outras indústrias tenham problemas semelhantes, a ineficiência em
alguns processos produtivos e, principalmente, o seu tamanho faz com que a indústria da
construção civil seja reconhecidamente como uma grande geradora de resíduos (John, 2000).
15

Logo, a preocupação com os resíduos sólidos, como os da construção civil, de uma


maneira geral é relativamente recente no Brasil. Diferentemente de países como dos Estados
Unidos da América (EUA) onde no final da década de 1960 já existia uma política para
resíduos, chamada de Resource Conservation and Recoverin (Lei da Conservação e
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Reciclagem de Recursos - RCPA), no Brasil recentemente foi sancionada no Congresso


Nacional a Política Nacional de Resíduos Sólidos, mas o Programa Brasileiro de Reciclagem
ainda não saiu do papel. Apesar de algum avanço na reciclagem de resíduos domiciliares,
obrigatoriedade de recolhimento de pneus e baterias, estamos certamente ainda longe de
políticas abrangentes como a política do governo dos EUA (John, 2000). Além dos EUA,
Japão, Inglaterra e Holanda também apresentam políticas para gerenciamento de seus resíduos
sólidos (Lima, 1999).

Quanto aos resíduos da construção civil, embora não sejam os resíduos mais
incômodos, sob o ponto de vista da toxidade, assustam pelo seu volume crescente, e requerem
medidas imediatas. Hoje no Brasil, apenas alguns municípios possuem políticas adequadas
para o gerenciamento deste tipo de resíduo. Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento
Básico (IBGE, 2000), apenas 32,2% dos municípios brasileiros destinam adequadamente seus
resíduos sólidos, sendo 13,8% em aterros sanitários e 18,4% em aterros controlados, e 5% dos
municípios não informou para onde destinam seus resíduos. No restante, os resíduos sólidos
são descartados em depósitos irregulares, conhecidos como “lixões”, os quais são
caracterizados por não possuírem qualquer tipo de controle.

Para evitar problemas ambientais ainda maiores, decorrentes da deposição irregular de


resíduos da construção civil, é necessário estudar alternativas para a destinação correta que
possa ser aplicada a realidade brasileira para o gerenciamento de resíduos sólidos da
construção civil e demolição (RSCCD). Muitos trabalhos já vêm sendo desenvolvidos, mas a
idéia de redução de contaminação do solo por RSCCD deve ser ampliada e continua.

No Brasil, a legislação que regulamenta a gestão dos resíduos sólidos, mesmo que de
uma maneira ampla, é a resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA)
307/2002. No Rio Grande do Sul (RS), foi instituída a resolução do Conselho Estadual do
Meio Ambiente (CONSEMA) 109/2005, ambas estabelecem as diretrizes para a elaboração
dos Planos Integrados dos Resíduos da Construção Civil.
16

Dentro deste contexto, o município de Lajeado – RS, como a maioria dos demais
municípios do Estado, ainda está se organizando para cumprir estas Resoluções. Diante deste
quadro, este trabalho consiste em realizar um diagnóstico dos Resíduos da Construção Civil
(RCC) recolhidos por caçambas de tele-entulho no município de Lajeado, onde os objetivos
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específicos do trabalho são:

• Identificar os agentes envolvidos na disposição dada aos RCC e as suas


responsabilidades, com embasamento das legislações vigentes;

• Identificar e caracterizar os componentes dos RCC gerados no município;

• Identificar a disposição atual dada aos RCC;

• Propor a melhor alternativa para a destinação final correta dos RCC.

Conforme a Constituição Federal de 1988 em seu artigo 225, “todos tem o direito ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem como o uso comum do povo e essencial a
sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e a coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”

Para obtenção dos resultados esperados buscou-se informações confiáveis com os


Órgãos Municipais pertinentes, como Secretaria Municipal do Meio Ambiente e de Obras,
além do acompanhamento nas obras civis onde continham as caçambas de tele-entulho, e
ainda buscou-se conhecer o transporte e os locais de deposição dos resíduos gerados nestas
obras.

Este trabalho está dividido em capítulos, sendo que após esta introdução é apresentada
a revisão literária, capítulo 2, onde são abordados com maior profundidade os temas
referenciados ao presente trabalho. No Capítulo 3 apresenta a proposta de trabalho, por fim,
no capítulo 4, estão os resultados obtidos durante o desenvolvimento do trabalho, seguido de
uma proposta para o gerenciamento dos RCC no município de Lajeado. Após, será realizado o
fechamento com a conclusão de trabalho.
17

2 REVISÃO LITERÁRIA
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2.1 Resíduos Sólidos

Segundo a norma brasileira NBR 10.004, “Classificação dos Resíduos Sólidos”, da


Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), atribui-se a resíduos sólidos,

Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da


comunidade de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de
serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de
sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de
controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem
inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam
para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face a melhor tecnologia
disponível.

Atribui-se ainda a resíduos sólidos, resto ou sobra das mais diversas atividades diárias
do homem em sociedade, animais ou de fenômenos naturais, cuja destinação deverá ser
ambientalmente e sanitariamente adequada. Os resíduos sólidos, popularmente conhecidos
como lixos, podem ser oriundos das mais diversas atividades, sejam elas, domésticas,
comerciais, industriais, agrícolas, de construção civil, hospitalar, entre inúmeras outras.

Estes resíduos em sua maioria são gerados após a produção ou transformação de bens
de consumo, gerando uma quantidade significativa de lixo, principalmente nos grandes
centros urbanos. Grande quantidade dos resíduos sólidos é composto por materiais recicláveis
que podendo retornar à cadeia de produção, já outros componentes são altamente perigosos ao
meio ambiente e necessitam um tratamento adequado.

2.2 O problema dos Resíduos Sólidos

A sociedade segue exposta diariamente aos riscos ambientais, decorrentes da


industrialização, crescimento populacional, elevação de consumo e má disposição de resíduos
sólidos, enquanto novos casos surgem a toda hora, muitas vezes decorrentes de erros e
omissões do passado (Saraiva, 2008).
18

Segundo Silva (2002), o crescimento urbano, a industrialização e a elevação do


consumo vêm provocando o aumento da geração de resíduos sólidos causando grandes
preocupações à sociedade, principalmente nas regiões metropolitanas, impondo grandes
demandas, tanto pela quantidade, quanto pelas características dos resíduos gerados. A
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interação entre os resíduos e o meio ambiente, paralelamente com o esgotamento de sua


capacidade de depuração, vem causando impactos ambientais.

O Brasil produz de 125 a 130 mil toneladas/dia de resíduo, resultando em 45 milhões de


toneladas por ano. Analisando estes números fica claro que o Brasil que concentra 3% da
população mundial é responsável por 6,5% da produção de resíduos no mundo. Fica evidente
que estamos vivendo em uma sociedade consumista e que gera muitos resíduos, sendo que
apenas 11% desses recebem a destinação correta (Brasil & Santos, 2004).

Enquanto países em desenvolvimento, como o Brasil destinam apenas 11% dos resíduos
para aterros sanitários controlados, países como Suécia e Noruega, estão muito a frente. A
união Européia é progressiva, o não comprimento significa advertência e punições. Na
Suécia, a proposta é eliminar a coleta de resíduos domiciliares, com a instalação de postos
públicos para receber o lixo do cidadão. Já na Noruega, onde o território é pequeno, o
governo investe em composteiras (Brasil & Santos, 2004).

Segundo Filho et al. (2007), tudo que nos cerca será resíduo um dia, casas, pontes,
veículos, móveis. A esse total, devemos somar todos os resíduos do processo de extração de
matéria-prima e a produção destes bens. Assim, em qualquer sociedade, a quantidade de
resíduo gerado supera a quantidade de bens consumidos.

Devido à variedade enorme de resíduos existentes nas diversas regiões do país, e a


complexidade do tema, faz-se necessário a adequação das políticas para o gerenciamento dos
resíduos sólidos, uma vez que o mais difícil já se encontra superado, implantação de
legislação: a Resolução 307 de CONAMA em 2002, ao definir entre outros, o Plano Integrado
de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil.

2.3 A Indústria da Construção Civil

A indústria da Construção Civil, que ocupa posição de destaque na economia nacional,


apresenta uma parcela significativa no PIB (Ilustração 1), conta com um grande contingente
de mão de obra direta, além de ser responsável por um consumo considerável de materiais,
19

seja em quantidade e em diversidade. Conforme, Souza (2005), quando se fala em resíduo da


construção civil no cenário nacional, surge a comparação com a indústria automobilística,
pois a quantidade de metros quadrados produzidos pela indústria da construção civil é
bastante superior ao número de veículos novos disponibilizados a cada ano no país, chegando
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a uma relação de 100 a 200 vezes maior o consumo em massa de materiais na indústria da
construção civil, em relação à indústria automobilística.

12%
23%

6%

59%

Material da Construção Civil - produção + comercilização


Bens de Capital para Construção
Construção de Edificações + Construção Pesada
Serviços Diversos - Atividades Imobiliárias e Outros Serviços

Ilustração 1 – Divisão da participação da indústria da construção civil no PIB 2001.


Fonte: CONSTRUBUSSINESS, apud, SOUZA, 2004.

Embora, os demais setores da economia nacional também apresentam problemas, a


indústria da construção civil sofre com o reconhecimento de maior geradora de resíduos
sólidos. O interesse em saber a quantidade exata de resíduos gerados pelo setor existe a
muitos anos, muitas vezes inserido na discussão da redução de desperdícios (Souza, 2005).

A geração de resíduos sólidos neste ramo da indústria, que utiliza quase sempre
recursos não-renováveis, e onde resíduos sempre são gerados, ocorrem por meio de diversos
processos produtivos relacionados à execução de empreendimentos imobiliários, como
modernização, demolição e construção de novas obras, devido principalmente ao crescimento
populacional e o aumento do número de pessoas em centros urbanos (John, 2000).

É importante ressaltar que a cadeia produtiva da construção civil consome entre 14 e


50% dos recursos naturais extraídos do planeta, no Japão corresponde a cerca de 50% dos
materiais que circulam na economia e nos EUA, o consumo de mais de dois bilhões de
toneladas representa cerca de 75% dos materiais circulantes (John, 2000).
20

Este assunto voltou às discussões devido às questões ambientais atuais, pois uma vez
que desperdiçar materiais, seja na forma de resíduo, ou sob a forma natural, de uma maneira
geral significa desperdiçar recursos naturais e perdas financeiras, fato este que coloca a
construção civil no centro das discussões na busca do desenvolvimento sustentável nas suas
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diversas dimensões.

2.4 Resíduos da Construção Civil

Os resíduos da construção civil são provenientes de construções, reformas, reparos e


demolição de obras de construção civil, restos de preparações e da escavação de terrenos, tais
como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas,
tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidro,
plásticos, tubulações, fiação elétrica e outros, comumente chamados de entulho de obras,
caliça ou metralha.

Este tipo de resíduo, da construção civil e demolição é classificado conforme a NBR


10.004 como resíduos classe II B - Inertes, ou seja, quaisquer resíduos que, quando
amostrados de uma forma representativa, segundo a NBR 10.007 da ABNT, e submetidos a
testes de solubilidade com água destilada ou deionizada, não tem nenhum de seus
constituintes solubilizados em concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água.

Porém devido a sua composição alguns RCC podem ser classificados como resíduos
perigosos, classe I, ou seja, são aqueles resíduos cuja suas propriedades físicas, químicas ou
infectocontagiosas podem acarretar em riscos à saúde pública e/ou riscos ao meio ambiente,
quando o resíduo for gerenciado de forma inadequada, conforme NBR 10.0004.

2.4.1 Composição dos Resíduos da Construção Civil

A composição dos RCC originado da construção civil apresenta variações


consideráveis em cada região do país, em função da diversidade de tecnologias construtivas
utilizadas. A madeira é muito presente nas construções de origem americana e japonesa, tendo
presença menos significativa na construção de moradias de europeus e de brasileiros; o gesso
é fartamente encontrado na construção americana e européia e só recentemente vem sendo
utilizado de forma mais significativa nas construções dos centros urbanos brasileiros.

Segundo Lucena apud Bernardes et al. (2008), a composição dos resíduos de


construção provenientes das atividades construtivas varia muito em quantidade e volume. Foi
21

constatado no Brasil que os resíduos de construção civil são compostos, principalmente, de


tijolos, areias e argamassas (em torno de 80%). Numa menor proporção foram encontrados
ainda restos de concreto (9%), pedras, rochas naturais (6%), cerâmica (3%), gesso (2%) e
madeira e seus derivados (1%), além disso, encontra-se em um pequeno percentual aço e
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outros metais, plásticos, vidros e papéis. Ainda os resíduos de tijolo, argamassa e areia são os
mais gerados, independentemente do tipo de obra considerada, uma vez que as suas
porcentagens não variam significativamente entre um tipo e outro.

Conforme informações apresentados acima, os RCC apresentam uma diversidade da


composição muito grande, decorrente da tradição construtiva e do local de realização da obra
civil, mas mesmo assim permitem ainda assegurar que a imensa maioria dos resíduos gerados,
em qualquer das localidades do Brasil, é formada por parcelas de resíduos recicláveis.

2.4.2 Classificação dos Resíduos da Construção Civil

Os resíduos sólidos da construção civil e demolição talvez sejam os mais heterogêneos


dentro dos diversos resíduos gerados atualmente, pois ele é constituído de restos de
praticamente todos os materiais e componentes utilizados pela indústria da construção,
conforme artigo três da Resolução CONAMA 307, de 5 de junho de 2002, que estabelece
diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil; estes são
classificados como classe A, B, C, e D, e o art. 10º dispões sobre a destinação correta para
cada classe, onde:

2.4.2.1 Classe A

São resíduos reutilizáveis como agregados, tais como os oriundos de:

• Pavimentos e de outras obras de infra-estrutura, inclusive solos provenientes de


terraplenagem.

• Edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de


revestimento, etc.) argamassas e concreto;

• Processos de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto


(blocos, tubos, meios-fios, e tc.) produzidas nos canteiros de obras.
22

Deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou encaminhados a


áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de modo a permitir a sua
utilização ou reciclagem futura.
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2.4.2.2 Classe B

São resíduos recicláveis para outra destinação, tais como plásticos, papel / papelão,
metais vidros, madeiras e outros.

Estes resíduos deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de


armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou
reciclagem futura.

2.4.2.3 Classe C

São os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações


economicamente viáveis que permitam sua reciclagem, recuperação, tais como produtos
fabricados de gesso.

Tais resíduos deverão ser armazenados, transportados e destinados em conformidade


com as normas técnicas especificas.

2.4.2.4 Classe D

São os resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como: tintas,


solventes, óleos, amianto e outros, ou aqueles contaminantes oriundos de demolições,
reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros.

Estes resíduos deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e destinados em


conformidade com as normas técnicas especificas.

2.5 Legislação que Regulamenta a Gestão de Resíduos Sólidos

Em 31 de Agosto de 1981, foi instituída a Lei 6.938, conhecida como Política


Nacional do Meio ambiente, que tem objetivo a preservação, melhoria e a recuperação da
qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar no País, condições ao
desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da
dignidade da vida humana.
23

Já em 1988 a Constituição Federal Brasileira, em seu artigo número 225, diz que:

Todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem como o uso
comum do povo e essencial a sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público
e a coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
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gerações.

O mesmo foi trazido na Constituição do Estado do Rio Grande do Sul em seu artigo
número 251.

Dando continuidade, com intuito de mitigar e reduzir os impactos ambientais causados


por estes resíduos sólidos, em 2002, surgiu a Resolução do CONAMA 307, para estabelecer e
determinar aos municípios, a obrigatoriedade de executar um Plano de Gerenciamento de
RCC, buscando soluções para os pequenos volumes, bem como o disciplinamento dos
grandes geradores.

Conforme a Resolução do CONAMA 307, no primeiro momento os municípios


deveriam elaborar, implementar e coordenar a destinação dos RCC, com prazo máximo de 12
meses para a elaboração (prazo esse que expirou em janeiro/2004) e 18 meses para a
implementação (prazo esgotado em julho/2004).

Num segundo momento, os RCC devem ser caracterizados, triados, acondicionados,


receber transporte e destinação final adequada. Vale ressaltar que cada Município é
responsável pela definição de quem é pequeno gerador, conforme seus próprios critérios de
classificação.

Além disso, a resolução determinou um prazo de 18 meses (até julho/2004) para que
os Municípios e o Distrito Federal parem de dispor os RCC em aterros de resíduos
domiciliares, ou em áreas impróprias e irregulares.

Ainda, a Resolução diz também que os geradores deverão ter como objetivo prioritário
a não geração de resíduos e secundariamente a redução, a reutilização, a reciclagem e a
destinação final deste tipo de resíduo. Conforme informações contidas na própria Resolução,
reutilização é o processo de reaplicação de um resíduo, sem transformação do mesmo, e
reciclagem é o processo de reaproveitamento de um resíduo, após ter sido submetido à
transformação.
24

No ano de 2005, o CONSEMA criou a Resolução 109 que estabeleceu diretrizes para
elaboração do Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, a ser
elaborado pelos Municípios. Esta resolução foi embasada na Resolução CONAMA 307.
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Desta maneira cabe aos municípios legislar sobre o gerenciamento dos RCC,
facilitando a proteção ao Meio Ambiente, através da escolha inteligente do local para
deposição dos mesmos, as penalidades pelos despejos em locais inadequados, entre outras
ações. Mas ao mesmo tempo, conforme Silva & Brito (2006) identificar um local para a
deposição destes resíduos é um desafio complexo ao órgão municipal, pois além de levar em
consideração a preservação dos recursos naturais, evitando impactos ambientais, se deve
também assegurar condições de vida digna a população menos favorecida, proporcionando a
toda a sociedade o processo de desenvolvimento das cidades.

Através desta legislação fica clara a responsabilidade do gerador deste tipo de resíduo,
(construtoras e pessoas físicas) pelo transporte e destinação final dos mesmos. Com isso
alimentando mais um ramo da indústria da construção civil, as empresas de armazenamento e
transporte de RCC em caçambas basculantes estacionárias que facilitam o transporte até o
local destinado pelo órgão ambiental para deposição adequado destes resíduos.

Recentemente foi instituída no Brasil a Política Nacional dos Resíduos Sólidos


(PNRS), Lei nº 12.305, de 02 de Agosto de 2010, que dispõe sobre seus princípios, objetivos
e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento
de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder
público e aos instrumentos econômicos aplicáveis.

2.6 A Geração de Resíduos da Construção Civil e seus Impactos Ambientais

Os resíduos sólidos apresentam uma variedade muito grande em sua quantidade e


composição. Os RCC representam de 41 a 70% em massa dos resíduos sólidos urbanos
gerados no Brasil, esses resíduos, quando mal gerenciados, degradam a qualidade da vida
urbana e sobrecarregam os serviços de limpeza pública.

Em cidades de médio e grande porte a produção de RCC varia de 230 a 760 hg/hab
ano, média de 500 hg/hab ano, pode-se então, estimar um montante de 68,5x106 t RCC/ano
visto que, no Brasil, 137 milhões de pessoas vivem no meio urbano (John, 2004).
25

Grande parte dos resíduos gerados no setor da construção civil são oriundos das perdas
e desperdícios durante a realização de obras civis, processos como incorporação de
instalações em paredes de alvenaria que exigem a quebra parcial da parede recém construída e
sua reconstrução com argamassa, serve como exemplo (John, 2004).
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O Brasil desperdiça uma quantidade muito grande de resíduos, o que pode variar dos
diversos estados da federação, mas este problema não atinge somente países em
desenvolvimento como o Brasil, alguns países desenvolvidos também sofrem com este tipo de
problema, conforme tabela 1.

Tabela 1 - Quantidades de resíduos da construção civil produzidas no país e no exterior.

Local de geração Geração estimada


(t/mês)
Brasil São Paulo 372.000
Rio de Janeiro 27.000
Porto Alegre 58.000
Belo Horizonte 102.000
Salvador 44.000
Curitiba 74.000
Fortaleza 50.000
Florianópolis 33.000
Brasília 160.000
Europa 16.000 a 25.000
Reino Unido 6.000
Japão 7.000
Fonte: SILVA (2006).

Como vimos na tabela 1, na capital do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, a quantidade
de resíduos gerados é bastante significativa, correspondendo a 58.000 t/mês.

A falta de efetividade ou, em alguns casos, a inexistência de políticas públicas que


disciplinam e ordenam os fluxos da destinação dos resíduos da construção civil nas cidades,
associada ao descompromisso da legislação por parte dos geradores, a destinação incorreta e
ilegal dos resíduos, provocam inúmeros impactos ambientais (John, 2004).

Sendo que, conforme a Resolução CONAMA de 1986, impacto ambiental é


conceituado como “qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do
meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades
humanas que, direta ou indiretamente afetem a saúde, a segurança e o bem estar da população;
26

as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio


ambiente e a qualidade dos recursos naturais”.

Entre os impactos ambientais que a disposição inadequada dos RCC pode gerar a
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sociedade e ao meio ambiente, cito:

• Degradação e obstrução de recursos hídricos (rios e córregos);

• Degradação áreas de preservação permanente (APP);

• Degradação de ecossistemas;

• Proliferação de vetores, agentes transmissores de doenças;

• Obstrução dos sistemas de drenagem, tais como piscinões, galerias, sarjetas, etc;

• Ocupação de vias e logradouros públicos por resíduos, com prejuízo à circulação de


pessoas e veículos, além da própria degradação da paisagem urbana;

• Utilização de grande quantidade de recursos naturais;

• Existência e acúmulo de resíduos que podem gerar risco por sua periculosidade;

• Poluição visual.

Além dos impactos ambientais citados acima, deve-se levar em consideração os


impactos negativos ao meio ambiente advindos da extração de matéria-prima para uso da
construção civil, pois a mineração e o processamento de minerais desempenham um
importante papel na determinação de problemas ambientais como o desmatamento, a erosão
do solo e a poluição do ar e da água.

A indústria de materiais de construção é igualmente responsável por outra gama de


impactos negativos. A indústria cimenteira no Brasil, por exemplo, é responsável pela geração
de mais de 6% do total de CO2 gerado no país (John, 2000).

Outro aspecto importante é a grande semelhança dos RCC aos agregados naturais e
solos, em razão de suas características químicas e minerais. Entretanto, os RCC podem
apresentar outros tipos de resíduos como óleos de maquinários utilizados na construção,
27

pinturas e restos de telhas de cimento amianto, que podem causar impactos ao solo, águas e
ar.

Conforme Schneider (2003) os RCC podem apresentar riscos à saúde pública


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decorrente do acondicionamento em caçambas metálicas localizadas em vias públicas, devido


a presença de material orgânico, produtos perigosos e de embalagens vazias que podem reter
água e outros líquidos além de favorecer a proliferação de mosquitos e outros vetores de
doenças.

2.7 Destinações para os Resíduos da Construção Civil

A relação entre os conceitos de Meio Ambiente, valorização de resíduos, saúde


pública e saneamento básico vem aumentando consideravelmente e as ações nestes setores
começam a se interligar, para garantir uma qualidade de vida melhor para população
brasileira. Desta maneira, no que se refere à destinação correta de RCC, destaca-se a
possibilidade de realizar o aproveitamento de resíduos para desenvolvimento de novos
materiais e processos construtivos.

Sendo assim, o princípio de responsabilidade, atribuindo ao gerador e a sua


responsabilidade pelo seu resíduo, é um elemento facilitador no que tange às etapas de
acondicionamento, transporte, aproveitamento (reutilização ou reciclagem) e destinação final
dos RCC em aterros de resíduos inertes.

2.7.1 Reutilização de Resíduos da Construção Civil

No contexto acima descrito, podemos considerar a reutilização de RCC como o


aproveitamento dos resíduos da construção civil sem transformação física ou físico-química,
assegurando, quando necessário, o tratamento destinado ao cumprimento dos padrões de
Saúde Pública e Meio Ambiente.

O reaproveitamento das sobras de materiais dentro da própria obra é uma maneira de


fazer com que os materiais que seriam descartados, e que apresentam um determinado custo
financeiro e ambiental retornem em forma de materiais novos e sejam re-inseridos na
construção evitando a retirada de novas matérias-primas do Meio Ambiente.

Desta maneira, entre os materiais que podem ser reutilizados, cito:


28

• Resíduos de limpeza de terreno, solos e rochas podem ser reutilizados como


aterro e reaterros.

• Rochas também podem ser utilizadas na jardinagem.


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• Blocos cerâmicos, blocos de concreto, areia e brita, podem ser reutilizados


como bases de pisos e enchimentos.

• Madeira pode ser reutilizada na construção de cercas, portões, além de ser


utilizada como escoras e travamento.

Outra alternativa é a transformação dos RCC em novos produtos, através do processo


de reciclagem.

2.7.2 Reciclagem de Resíduos da Construção Civil

A reciclagem de resíduos da construção civil consiste no processo de transformação de


RCC que envolve a alteração das propriedades físicas e físico-químicas dos mesmos,
tornando-os insumos destinados novamente a processos produtivos. Este tipo de destinação
para os RCC já vem sendo utilizado em algumas cidades brasileiras, e cada vez mais se
apresenta como um material de construção com desempenho satisfatório, principalmente para
a realização das atividades citadas abaixo:

• Pavimentações: É a forma mais simples de reciclagem de resíduos utilizados


como base, sub-base, revestimento primário, na forma de brita corrida ou ainda em mistura do
resíduo com solo.

• Agregado para concreto: Os resíduos processados pelas usinas de reciclagem


podem ser utilizados como agregado para concreto não estrutural, a partir da substituição dos
agregados convencionais (areia e brita), como confecção de blocos de concreto e mobiliário
urbano, conforme figuras 1 e 2.
29
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Figura 1 – Confecção de blocos de concreto com agregados reciclados.


Fonte: Lima, 2009.

Figura 2 – Confecção de mobiliário urbano com agregados reciclados de concreto.


Fonte: Lima, 2009.
30

• Agregado para confecção de argamassa: Após processado por equipamentos


denominados britadores, que moem o entulho na própria obra, em granulometrias semelhantes
as da areia, ele pode ser utilizado como agregado para argamassas de assentamento e
revestimento.
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Existem ainda, outros usos para os resíduos reciclados da construção civil, como:
cascalhamento de estradas, preenchimento de vazios em construções, preenchimento de valas
de instalações e reforços de aterros (gabiões).

Conforme Lima (2009), algumas prefeituras como Belo Horizonte, estão implantando
locais apropriados para receber os RCC, locais conhecidos como usinas para reciclagem de
entulhos. Estes locais são constituídas basicamente por um espaço para deposição do resíduo,
uma linha de separação, um britador que processa o resíduo na granulometria desejada e um
local de armazenamento, onde o entulho já processado aguarda para ser utilizado, conforme
figura 3.

Figura 3 – Usina de reciclagem de Belo Horizonte.


Fonte: Fundação Educacional e Cultura de Belo Horizonte, (www.metro.org.br/sebastiao/entulho) acessado em
27/09/2010.
31

É importante ressaltar que a aceitação, além da participação da população, na procura


por materiais produzidos a partir de resíduos ou de matérias-primas secundárias, pode ser
propulsor na aplicação deste ramo da indústria da construção civil, o da reutilização e
reciclagem, considerando que a indústria da construção civil apresenta-se, dentro deste
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contexto, como um grande potencial para reutilizar e reciclar seus resíduos, devido a
viabilidade que apresenta de incorporação desses resíduos nos materiais de construção,
possibilitando ainda inúmeros benefícios ao meio ambiente, entre eles:

• Redução nos custos dos produtos da construção;

• Preservação dos recursos naturais;

• Prolongamento da vida útil das reservas naturais; fauna e flora devido à


diminuição, por exemplo, da extração de matérias de jazida natural de solos e
rochas;

• Aumento da vida útil das áreas de destinação final dos RCC;

• Além de ser, sem dúvida, a melhor alternativa para destinação correta dos
RCC.

2.7.3 Aterro de Resíduos da Construção Civil

Aterro de resíduos da construção civil é uma área destinada a disposição final dos
RCC gerados. Este aterro pode funcionar para recebimento de pequenas quantidades de
resíduo, apenas para nivelamento de terreno (terraplenagem) ou como área para recebimento
de resíduos inerteis.

O aterro de resíduos inerteis, assim como a terraplenagem são áreas onde são
empregadas técnicas de disposição de RCC Classe A, ou seja, resíduos inertes. Estas
alternativas visam apenas a estocagem de material segregado, de forma a possibilitar o uso
futuro da área. Neste local também são empregados princípios de engenharia para confiná-los
ao menor volume possível, de maneira a não causar danos à Saúde Pública, e ao Meio
Ambiente.

Logo, os resíduos devem receber outro forma de destinação, onde cabe ao gerador
obter informações junto ao fabricante.
32

3 METODOLOGIA
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3.1 Proposta de Trabalho

O estudo foi realizado no município de Lajeado, localizado em uma região estratégica,


do Vale do Taquari, no Estado do Rio Grande do Sul, com uma população de
aproximadamente 68 mil habitantes, conforme dados da Prefeitura Municipal de Lajeado.

O diagnóstico dos RCC recolhidos por caçambas de tele-entulho no município de


Lajeado foi desenvolvido em três etapas, a primeira delas, foi a busca de informações na
Secretaria do Meio Ambiente do Municipal de Lajeado e as legislações vigentes, sendo assim
possível realizar a identificação dos geradores de RCC, os prestadores de
serviço/transportadores de RCC, a área destinada no município para deposição destes resíduos
e a responsabilidade do Poder Público no gerenciamento dos RCC.

Os prestadores de serviços também foram identificados nas ruas da cidade, através das
caçambas basculantes estacionárias identificadas com a logo-marca da Empresa.

Ainda nesta etapa, foi realizado o levantamento de dados referentes à quantidade de


empresas (prestadoras de serviço/transportadoras), que possuem Licença Ambiental para
realizar o armazenamento de RCC em caçambas basculantes estacionárias e transportá-las
com resíduo no território municipal. Além de obter informações sobre a quantidade de áreas
licenciadas no município para o recebimento deste tipo de resíduo e a existência ou não de
locais de recebimento irregular dos RCC.

Finalizando a primeira etapa, foi verificado que o município de Lajeado não está
enquadrado na Resolução 307 do CONAMA e Resolução do CONSEMA 109, ou seja, não
elaborou e implantou o Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, previsto
pelas Resoluções.

Na segunda etapa foi realizada a caracterização e classificação dos resíduos conforme


previsto na Resolução 307 do CONAMA e Resolução do CONSEMA 109. Para isto foram
analisados 20% das cargas geradas em um mês no município de Lajeado, o que corresponde a
70 cargas analisadas, conforme informações das empresas de tele-entulho.
33

As caçambas analisadas foram escolhidas de maneira aleatória dentro do município,


onde foi tomado o cuidado para escolher caçambas que estão vazias, ou seja, que foi locada a
recentemente da obras, e que não havia recebido nenhum tipo de material. Desta maneira,
com a escolha de caçambas vazias, facilitaria as analises e o acompanhamento da deposição
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do material para caracterização.

Para a realização da caracterização e classificação dos RCC depositados em cada uma


das caçambas de tele-entulho analisadas, foi realizado contato com o chefe da obra onde se
encontra locada a caçamba, para obter maiores informações sobre o tipo de obra civil que
estava sendo executada, e quais seriam os principais resíduos gerados durante a execução dos
trabalhos. Além disso, foi realizado um acompanhamento de cada obra e o preenchimento da
caçamba de tele-entulho, o que possibilitou uma análise mais eficiente dos resíduos
depositados em cada uma das caçambas analisadas, obtendo o percentual real de cada tipo de
resíduo sólido da construção civil presente nas caçambas de tele-entulhos.

Juntamente com o acompanhamento das obras e o preenchimento das caçambas de


tele-entulho foi realizado acompanhamento fotográfico, com objetivo de facilitar no processo
de caracterização e classificação dos RCC gerados no município de Lajeado.

Para isso, foram desenvolvidas fichas para auxiliar a caracterização e classificação, e


obter maior detalhamento nas análises, onde consta a empresa que realizar o serviço, a
localização da caçamba e a data da coleta dos dados. Além disso, os RCC encontrados nas
caçambas foram classificados em: demolições e reforma, obras residenciais (construções
horizontais), prédios em construção (construções verticais) e outras obras, conforme tabela 2.

Tabela 2 - Modelo de ficha para caracterização do tipo de resíduo.

FICHA DE IDENTIFICAÇÃO DE ENTULHO


Empresa: Data:
Endereço:
Identificação do Local
a - Demolição e Reforma
b - Obras Residenciais
c - Prédios em Construção
d – Outras
34

Após a classificação dos resíduos entre as quatro Classes acima, estes ainda foram
classificados e quantificados através da utilização de percentual de cada tipo de resíduo
presente em cada caçamba basculante estacionária analisada, conforme tabela 3.
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35

Tabela 3- Modelo de ficha para classificação e caracterização dos RCC.

Classificação
(Resolução 307
Resíduo Percentual (%) Volume (m³) CONAMA)
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Areia A
Argamassa A
Brita A
Carpete B
Cerâmica A
Concreto A
Gesso C
Isopor -
Lâmpadas -
Louças A
Madeira B
Manta Asfáltica C
Material elétrico B
Material orgânico * -
Metais B
Óleos e graxas D
Papel e papelão ** B
Plásticos B
PVC B
Rolos e pincel *** D
Solos (rochas) A
Solos (terra) A
Tecido -
Telhas A
Tijolos A
Tintas D
Vidros B
*Material orgânico compreende resíduo orgânico doméstico e resíduo verde (oriundo de podas de árvores e arbustos).
**Papel e papelão contaminados com argamassa.
***Rolos e pinceis contaminados por tintas e/ou solventes.

Na tabela 3 os resíduos como isopor, material orgânico e tecido, não recebem


classificação conforme Resolução 307 CONAMA (A, B, C, D), pois não se tratam de resíduos
da construção civil.
36

Além disso, não foi considerada a possibilidade de contaminação do resíduo com


óleos de maquinário utilizado na construção civil e restos de pintura em tijolos e argamassas,
devido a necessidade de análises mais específicas.
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Após a classificação e caracterização dos RCC com a utilização das tabelas acima, os
RCC puderem ser classificados de acordo com a Resolução CONAMA 307 e Resolução do
CONSEMA 109, em suas classes A, B, C e D, conforme tabela 4.

Tabela 4- Modelo de tabela para classificação dos RCC conforme Resolução CONAMA 307 e
Resolução do CONSEMA 109, no município de Lajeado, nos meses de pesquisa.

Classe de
Resíduos Percentual
Classe A
Classe B
Classe C
Classe D
Total

Finalmente, pode-se concluir o diagnóstico da situação atual dos RCC no município de


Lajeado.

A terceira etapa do trabalho consistiu em propor a melhor alternativa para a disposição


final para dos RCC gerados e recolhidos por empresa de tele-entulho no município de
Lajeado, com base nos dados obtidos na caracterização e classificação dos mesmos.
37

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
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Abaixo serão apresentados os resultados obtidos durante o desenvolvimento do projeto


e do trabalho de conclusão do curso de Engenharia Ambiental e suas discussões.

4.1 Identificação dos envolvidos na geração de Resíduos da Construção Civil e suas


responsabilidades

4.1.1 Gerador do Resíduo

No município de Lajeado, os geradores de RCC, podem ser representados por pessoas


físicas, em obras particulares de pequeno e médio porte, e ainda por pessoas jurídicas, como
construtoras e incorporadoras.

Conforme previsto nas Resoluções, os geradores seriam responsáveis desde a geração


do resíduo até a destinação final do mesmo, através da adoção de métodos, técnicas e
processos de manejos compatíveis com a destinação corretas no meio ambiente. Que visem
também atender as demandas sanitárias e econômicas locais.

4.1.2 Prestador de Serviço/Transportador

No município de Lajeado, os prestadores de serviços/transportadores são


representados por empresas de tele-entulho, que em sua maioria utilizam coletores com
capacidade de 3 a 5 m³ por carga, operados por veículo dotado de poliguindaste e caçambas
basculantes estacionárias, conforme figura 4. Esta atividade é regulamentada pela Lei
Municipal nº 6.039, referente ao transporte, e posicionamento das caçambas de RCC no
município de Lajeado.

Estas empresas privadas realizam o recolhimento dos RCC gerados no Município e


realizam o transporte dos RCC até uma área de disposição final, na maioria das vezes áreas
irregulares.
38
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Figura 4 – Veículo dotado de poliguindaste, realizando o carregamento de caçamba basculante


estacionária, para posterior deposição de RCC.

O município conta com diversas empresas que realizam este tipo de atividade, sendo
que duas empresas destacam-se e são responsáveis pela maior parte do recolhimento e
transporte dos RCC gerados no município, já as demais empresas recolhem quantidades
relativamente menores.

Portanto, para o desenvolvimento deste trabalho, será mantido o sigilo das empresas,
onde estas serão chamadas de: Empresa X, Empresa Y, Empresa Z.

Conforme dados nas empresas X, Y, Z atualmente são geradas no município


aproximadamente 350 cargas mensais, que varias de 3 m³ até 5 m³ por carga.

Onde:

Empresa X é responsável pelo recolhimento de 130 cargas mensais;

Empresa Y é responsável pelo recolhimento de 120 cargas mensais;

Empresa Z é responsável pelo recolhimento de 100 cargas mensais.


39

É importante ressaltar que este tipo de atividade não possui Licença Ambiental emitida
pelo Órgão Municipal competente, Secretaria Municipal de Meio Ambiente, devido à
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dificuldade de enquadramento da atividade conforme a Resolução CONSEMA 102 de 24 de


maio de 2005, que dispõe sobre a competência do Licenciamento Municipal de atividades e
empreendimentos com Impacto Ambiental Local.

Sendo assim, conforme Resoluções do CONAMA e CONSEMA seria de


responsabilidade do prestador de serviço/transportador, cumprir e fazer cumprir as
determinações que disciplinam os procedimentos e operações de processos de gerenciamento
de resíduos sólidos e de resíduos de obras civis.

4.1.3 Cedente da Área para o Recebimento de Resíduos Inertes

É responsabilidade do cedente da área cumprir e fazer cumprir as determinações e


normativas que disciplinam os procedimentos e operações de aterros de resíduos inertes, em
especial, o seu controle ambiental.

No município de Lajeado, o cedente da área pode ser representado por pessoas físicas,
que solicitam a deposição de RCC para a realização de aterros/terraplenagem (nivelamento de
terreno), ou ainda a própria prefeitura municipal, através da disponibilização de área para
deposição de RCC. O município atualmente, não disponibiliza área licenciada pelo Órgão
Ambiental competente para o recebimento de RCC, e sim área licenciada para a deposição de
resíduos verdes.

Em maio de 2010, foi levantada pelo Jornal A Hora dos Vales, a existência de um
lixão clandestino no Bairro Jardim do Centro, onde havia um grande volume de resíduos
orgânicos e resíduos de construção civil, na área que esta reservada para deposição de restos
de plantas e árvores cortadas pela Prefeitura, conforme reportagem em anexo 1, ficando
evidente a deposição dos RCC nesta área.

Sendo assim, uma fração significativa de RCC gerado no município não recebe a
disposição final correta, em áreas adequadas. O que fica evidente pela existência de inúmeros
pontos críticos em vias e logradouros públicos que sofrem pela sistemática deposição
irregular de RCC, o que comprometem a paisagem urbana (poluição visual), o tráfego de
pedestres e de veículos, a drenagem urbana, o risco de contaminação do solo e recursos
40

hídricos pelos resíduos não inertes perigosos. Além da possibilidade de multiplicação de


vetores causadores de doenças e outros efeitos, tornando-se assim também um problema de
Saúde Pública.
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4.1.4 Poder Público

É de responsabilidade do Poder Público normatizar, orientar e fiscalizar a


conformidade da execução dos processos de gerenciamento do Plano Integrado de Resíduos
da Construção Civil. É também de responsabilidade do poder público disponibilizar estruturas
como áreas de recebimento, centrais de triagem, armazenamento temporário de pequenos
volumes de RCC (Resolução CONAMA 307 e Resolução do CONSEMA109).

O município de Lajeado não apresenta legislação específica para o gerenciamento dos


RCC, e também não está enquadrado na Resolução do CONAMA 307, pela qual os
municípios deveriam elaborar, implementar e coordenar a destinação dos RCC, através de um
Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, com data prevista para a
implantação até Julho de 2004.

Portanto, como o Poder Público do município de Lajeado não elaborou e não


implantou o Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, tanto geradores,
quanto os prestadores de serviço e os cedentes da área, ficam sem normas a serem cumpridas
e muito menos fiscalizadas.

4.2 Geração de Resíduos da Construção Civil no Município

Considerando-se que o número de caçambas de tele-entulho geradas mensalmente no


município de Lajeado é de 350 caçambas/mês e o volume médio das caçambas de 4m³,
obtém-se um volume médio de 1.400 m³/mês em RCC, que equivale a 47 m³/dia,
aproximadamente 11 caçambas/dia.

Conforme Junior (2007) adotou-se uma massa específica para os RCC de 1.200 kg/m³
obtém-se uma geração de 1.680 t/mês ou 56 t/dia no município de Lajeado. Considerando que
a população do município é de aproximadamente 68.000 habitantes, estima-se uma geração
per capta de 0,82 kg/hab.dia ou aproximadamente 300 kg/hab.ano. Sendo assim, verifica-se
que o valor de 300 kg/hab.ano encontrado está na faixa de valores de 230-760 kg/hab.ano
relatados por John (2004).
41

Logo, quantidade de resíduo gerado durante um mês em Lajeado, 1.680 t, é bastante


pequena quando comparada a quantidade gerada pela capital do Estado, Porto Alegre, 58.000
t/mês, que tem uma população em torno de 1.300.000 habitantes.
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4.3 Caracterização e classificação dos Resíduos da Construção Civil gerados no


Município de Lajeado

De acordo com a metodologia descrita acima, foram analisadas 70 caçambas de tele-


entulho, o equivalente a 20% dos RCC gerados em um mês no município de Lajeado. Estas
caçambas foram divididas em quatro classes conforme o tipo de obra, aquelas oriundas de
demolição e reforma, de obras residenciais, de prédios em construção, além de outras obras
civis.

Dentre as 70 cargas analisadas, o percentual mais expressivo foi das obras de


demolição e reformas, 46 cargas, totalizando 65%, seguido das obras residenciais e de prédios
em construção que juntas totalizaram 18 cargas, equivalente a 26% dos resíduos analisados, e
as demais obras civis correspondem a 6 cargas, 9% do total dos resíduos, conforme ilustração
2.

Outras Obras1; 9%
Prédios em
Construção; 10%

Obras Residenciais;
16%
Demolição e
Reforma; 65%

Ilustração 2 – Percentual representado nas analises por classe.

Na tabela 5, são apresentados os totais de caçambas analisadas por empresa, onde se


pode observar a dominância absoluta da empresa X, responsável pelo carregamento de 36
42

caçambas, o equivalente a 52% no material analisado, as empresas Y e Z se igualam, e são


responsável por 17 caçambas cada empresa, totalizando cada empresa 24% dos resíduos
analisados.
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Tabela 5 – Dados referente ao total de cargas coletadas pelas empresas X, Y, Z em Lajeado.

Empresa
X Y Z
Tipo de Resíduo Nº Cargas Nº Cargas Nº Cargas Total
a- Demolições e Reformas 27 10 9 46
b- Obras Residenciais 3 5 3 11
c - Prédios em Construção 2 2 3 7
d – Outros 4 0 2 6
Total 36 17 17 70

Após a realização da análise mostrada acima, os RCC foram caracterizados e


classificados detalhadamente em cada uma das classes já descritas, como pode ser visto a
seguir.

4.3.1 Demolição e Reforma

Nesta classe foram analisadas 46 caçambas de RCC, totalizando 65% das caçambas.
As informações dos resíduos encontrados neste grupo estão demonstradas na tabela 6, onde
consta o tipo de resíduos encontrados, o percentual, bem como a classificação de acordo com
a Resolução 307 do CONAMA.

Nessas caçambas foi constatada uma variedade muito grande de resíduos como tijolos,
concretos, argamassa, solos (terra), cerâmica, gesso, madeira, material orgânico, entre outros.
A maior parte dos resíduos foi classificada, de acordo com a Resolução 307 do CONAMA,
como resíduos Classe A, com percentuais próximos de 71,29%, seguido os resíduos Classe B
com aproximadamente 11,48%, 6,98% de resíduo Classe C e um percentual muito pequeno de
resíduo Classe D, 2,11%.

Além dos resíduos Classe A, B, C e D, conforme Resolução 307 do CONAMA, neste


grupo foi encontrado um percentual significativo de matéria orgânica, 8,14%, material estes
que não se enquadra nesta Resolução, portanto não deveriam ser encontrados nas caçambas de
tele-entulho, e sim ser encaminhados a Coleta Seletiva do município.
43

Tabela 6 - Classificação e caracterização dos resíduos provenientes das demolições e reformas em


Lajeado.

Classificação
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(Resolução 307
Resíduo Percentual (%) Volume (m³) CONAMA)
Areia 2,78 5,12 A
Argamassa 11,26 20,72 A
Brita 0,00 0,00 A
Carpete 0,13 0,24 B
Cerâmica 7,72 14,20 A
Concreto 16,41 30,19 A
Gesso 6,98 12,84 C
Isopor 0,17 0,31 -
Lâmpadas 0,04 0,07 -
Louças 0,76 1,40 A
Madeira 3,70 6,81 B
Manta Asfáltica 0,00 0,00 C
Material elétrico 0,22 0,40 B
Material orgânico * 7,76 14,28 -
Metais 0,54 0,99 B
Óleos e graxas 0,11 0,20 D
Papel e papelão ** 2,80 5,15 B
Plásticos 3,50 6,44 B
PVC 0,26 0,48 B
Rolos e pincel *** 0,00 0,00 D
Solos (rochas) 0,00 0,00 A
Solos (terra) 9,59 17,65 A
Tecido 0,17 0,31 -
Telhas 0,43 0,79 A
Tijolos 22,34 41,11 A
Tintas 2,00 3,68 D
Vidros 0,33 0,61 B
*Material orgânico compreende resíduo orgânico doméstico e resíduo verde (oriundo de podas de árvores e arbustos).
**Papel e papelão contaminados com argamassa.
***Rolos e pinceis contaminados por tintas e/ou solventes.

Ainda neste grupo, observam-se a inexistência de resíduos como brita, manta asfáltica,
rolos e pinceis, solos (rochas). Todas as informações acima citadas podem ser analisadas com
maior detalhamento na ilustração 3.
44

Tijolos 22,34%

Concreto 16,46%

Argamassa 11,26%
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Solos (terra) 9,59%

Material orgânico 7,76%

Cerâmica 7,72%

Gesso 6,98%

Outros * 3,16%

Madeira 3,70%

Plásticos 3,50%

Papel e papelão 2,80%

Areia 2,78%

Tintas 2,00%

* Resíduos que individualmente não atingiram um percentual de 1% (brita, carpete, isopor, louças, manta
asfaltica, material elétrico, metais, óleos e graxas, PVC, rolos e pinceis, solos (rochas), tecidos, telhas, vidro,
lâmpadas).

Ilustração 3 - Caracterização e classificação dos resíduos provenientes de demolição e reformas.

Neste grupo encontra-se um percentual bastante elevado de tijolos, concreto e


argamassa, que totalizam aproximadamente 50% do material gerado, justamente por se tratar
de demolição e reforma, onde consequentemente estes são os materiais mais descartados.

Além disso, também se encontrou um percentual significativo de cerâmicas e gesso,


devido as modernizações realizadas durante as reformas. Ficando claro que não existe uma
gestão de obra eficiente, que evite os desperdícios de materiais, uma vez que todos estes
apresentam custos ao proprietário da obra.

4.3.2 Obras Residenciais

As caçambas de tele-entulho procedentes de obras residenciais, ou seja, construções


horizontais totalizaram 11 cargas, correspondente a 16% das caçambas analisadas. As
informações obtidas durante as análises estão demonstradas na tabela 7, onde constam
informações dos resíduos encontrados, o percentual, bem como a classificação de acordo com
a Resolução 307 do CONAMA.
45

Tabela 7 - Classificação e caracterização dos resíduos provenientes de obras residenciais em


Lajeado.

Classificação
Volume (Resolução 307
Resíduo Percentual (m³) CONAMA)
BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu)

Areia 11,36 5,00 A


Argamassa 11,36 5,00 A
Brita 0,82 0,36 A
Carpete 0,00 0,00 B
Cerâmica 6,36 2,80 A
Concreto 10,00 4,40 A
Gesso 0,00 0,00 C
Isopor 0,27 0,12 -
Lâmpadas 0,00 0,00 -
Louças 0,00 0,00 A
Madeira 3,82 1,68 B
Manta Asfáltica 0,00 0,00 C
Material elétrico 0,00 0,00 B
Material orgânico * 4,64 2,04 -
Metais 0,91 0,40 B
Óleos e graxas 0,00 0,00 D
Papel e papelão ** 3,27 1,44 B
Plásticos 4,34 1,91 B
PVC 0,18 0,08 B
Rolos e pincel *** 0,09 0,04 D
Solos (rochas) 0,00 0,00 A
Solos (terra) 29,00 12,76 A
Tecido 0,00 0,00 -
Telhas 0,00 0,00 A
Tijolos 9,09 4,00 A
Tintas 4,49 1,98 D
Vidros 0,00 0,00 B
*Material orgânico compreende resíduo orgânico doméstico e resíduo verde (oriundo de podas de árvores e arbustos).
**Papel e papelão contaminados com argamassa.
***Rolos e pinceis contaminados por tintas e/ou solventes.

Nas caçambas desta classe, os resíduos como solos (terra), areia, argamassa, concreto
e tijolos em conjunto chegam a aproximadamente 70%, mas o destaque maior fica por conta
dos solos (terra) que corresponde sozinho a 29% dos resíduos analisados.
46

Analisando os resíduos deste grupo pela classificação do CONAMA, os resíduos da


Classe A tiveram a maior representatividade, com 77,99%. Os resíduos da classe B
representam 12,52% dos resíduos, onde os percentuais de cada resíduo ficam em média de 3 a
4%, como é o caso dos papeis, plásticos e madeira. Os resíduos da Classe D totalizam 4,58%
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dos resíduos e são representados pelas tintas, óleos e graxas.

Neste grupo não foi encontrado nenhum percentual de resíduos da Classe C, tais como
manta asfáltica e gesso. Porém, assim como na classe anterior o percentual de material
orgânico também apresenta-se de maneira significativa, totalizando 4,91%. E os demais
resíduos como brita, carpete, isopor, louças, metais, PVC, rolos e pinceis, solos (rochas),
tecido, vidro, lâmpada que individualmente não atingiram 1%, foram demonstrados na
ilustração 4, como outros resíduos.

Solos (terra) 29,00%

Areia 11,36%

Argamassa 11,36%

Concreto 10,00%

Tijolos 9,09%

Cerâmica 6,36%

Tintas 4,49%

Material orgânico 4,64%

Plásticos 4,34%

Madeira 3,82%

Papel e papelão 3,27%

Outros 2,26%

Ilustração 4 - Caracterização e classificação dos resíduos provenientes de obras residenciais.

Neste grupo foi encontrado um percentual bastante significativo de solos (terra)


devido a grande quantidade de implantação de fossas sépticas e piscinas, obras que
necessitam de escavações. Além disso, neste grupo também ocorre muito desperdício elevado
de materiais Classe A, principalmente areia, argamassa, concreto e tijolos, devido má gestão
da obra.
47

4.3.3 Prédios em Construção


BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu)

As caçambas de tele-entulho procedentes de prédios em construção, ou seja,


construções verticais totalizaram 7 cargas, correspondente a 10% das caçambas analisadas.
Informações estas que estão demonstradas na tabela 8, onde constam os resíduos encontrados,
o percentual de cada resíduo, bem como a classificação de acordo com a Resolução 307 do
CONAMA.

Entre o material encontrado neste grupo, destacam-se os resíduos de Classe A,


totalizando 81,01%, e representados principalmente por solos (terra), concreto, tijolos,
argamassas e cerâmicas.

Dando continuidade as análises, observa-se que o percentual das demais classes foi
muito pequeno, sendo encontrado 9% de resíduos Classe B, aqueles que são considerados
recicláveis para outros fins, como papel e papelão, PVC, vidros e outros. Além de, apenas
2,14% de resíduos da Classe C, gesso, e 3% de resíduo contaminado, Classe D.

Neste grupo também foi encontrado um percentual de material orgânico, o equivalente


a 4,85%, resíduo este que pode vir a causar prejuízos ao Meio Ambiente, além de
proporcionar a proliferação de micro e macro vetores, agentes transmissores de doenças.

Neste grupo foram analisadas somente 7 cargas, pois na maioria das vezes a execução
de obra de novos prédios é realizada por grandes construtoras, que realizam a segregação dos
seus RCC dentro da própria obras, não utilizando os serviços de tele-entulho terceirizado.
Logo, o material segregado por estas empresas não foi considerado na realização deste
trabalho.
48

Tabela 8 - Classificação e caracterização dos resíduos provenientes de prédios em construção em


Lajeado.

Classificação
Percentual Volume (Resolução 307
Resíduo (%) (m³) CONAMA)
BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu)

Areia 0,29 0,08 A


Argamassa 12,14 3,40 A
Brita 2,14 0,60 A
Carpete 0,00 0,00 B
Cerâmica 6,43 1,80 A
Concreto 18,57 5,20 A
Gesso 2,14 0,60 C
Isopor 0,00 0,00 -
Lâmpadas 0,14 0,04 -
Louças 0,00 0,00 A
Madeira 2,86 0,80 B
Manta Asfáltica 0,00 0,00 C
Material elétrico 0,43 0,12 B
Material orgânico * 4,71 1,32 -
Metais 1,71 0,48 B
Óleos e graxas 0,71 0,20 D
Papel e papelão ** 1,43 0,40 B
Plásticos 0,71 0,20 B
PVC 0,86 0,24 B
Rolos e pincel *** 0,00 0,00 D
Solos (rochas) 0,00 0,00 A
Solos (terra) 27,15 7,60 A
Tecido 0,00 0,00 -
Telhas 0,00 0,00 A
Tijolos 14,29 4,00 A
Tintas 2,29 0,64 D
Vidros 1,00 0,28 B
*Material orgânico compreende resíduo orgânico doméstico e resíduo verde (oriundo de podas de árvores e arbustos).
**Papel e papelão contaminados com argamassa.
***Rolos e pinceis contaminados por tintas e/ou solventes.

Nestas análises não foi encontrado nenhum percentual de carpete, isopor, louças,
manta asfáltica, rolos e pinceis, solos (rochas), tecidos e telhas. E para facilitar o
entendimento, os demais resíduos da tabela 9, tais como areia, material elétrico, óleos e
graxas, plásticos, PVC e lâmpadas, que individualmente não atingiram 1% foram
demonstrados na ilustração 5 como outros resíduos.
49

Solos (terra) 27,15%


Concreto 18,57%
Tijolos 14,29%
Argamassa 12,14%
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Cerâmica 6,43%
Material orgânico 4,71%
Outros 3,14%
Madeira 2,86%
Tintas 2,29%
Gesso 2,14%
Brita 2,14%
Metais 1,71%
Papel e papelão 1,43%
Vidros 1,00%

Ilustração 5 - Caracterização e classificação dos resíduos provenientes de prédios em construção.

Nesta classe, assim como nas demais, os materiais como concreto, tijolos, argamassa e
cerâmica apresentam um percentual significativo de destarte, podendo concluir que este tipo
de resíduo é gerado independente do tipo de obra devido a ineficiência de alguns processos
construtivos e má gestão da obra.

4.3.4 Outras Obras Civis

Neste são consideradas as caçambas de tele-entulho que não se enquadram nas classes
acima, por não se tratar nem de reforma, demolições, obras residências e nem construções de
prédios. Estas caçambas totalizaram 6 cargas, correspondente a 9% das caçambas analisadas,
informações estas demonstrados na tabela 9, onde consta os resíduos encontrados, o
percentual, bem como a classificação de acordo com a Resolução 307 do CONAMA.
50

Tabela 9 - Classificação e caracterização dos resíduos provenientes de outras obras civis em


Lajeado.

Classificação
Volume (Resolução 307
BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu)

Resíduo Percentual (%) (m³) CONAMA)


Areia 47,00 11,28 A
Argamassa 2,60 0,62 A
Brita 0,00 0,00 A
Carpete 0,00 0,00 B
Cerâmica 6,69 1,61 A
Concreto 0,00 0,00 A
Gesso 0,00 0,00 C
Isopor 0,00 0,00 -
Lâmpadas 0,00 0,00 -
Louças 0,00 0,00 A
Madeira 1,67 0,40 B
Manta Asfáltica 0,00 0,00 C
Material elétrico 0,00 0,00 B
Material orgânico * 2,50 0,60 -
Metais 1,70 0,41 B
Óleos e graxas 0,00 0,00 D
Papel e papelão ** 1,67 0,40 B
Plásticos 2,50 0,60 B
PVC 0,00 0,00 B
Rolos e pincel *** 0,00 0,00 D
Solos (rochas) 0,00 0,00 A
Solos (terra) 33,67 8,08 A
Tecido 0,00 0,00 -
Telhas 0,00 0,00 A
Tijolos 0,00 0,00 A
Tintas 0,00 0,00 D
Vidros 0,00 0,00 B
*Material orgânico compreende resíduo orgânico doméstico e resíduo verde (oriundo de podas de árvores e arbustos).
**Papel e papelão contaminados com argamassa.
***Rolos e pinceis contaminados por tintas e/ou solventes.

Nas análises deste grupo novamente os resíduos Classe de A tiveram maior percentual
e se destacaram, sendo responsáveis por 89,96% dos resíduos deste grupo, compostos
principalmente por areia, solos (terra), cerâmicas e argamassa. Já os resíduos Classe B
totalizaram 7,54% do material, representado por papel e papelão, plásticos, metais e madeira.
51

Já os materiais Classe C e D não foram detectados neste grupo. Porém 2,5% do material
analisado é representado por material orgânico, o qual não deveria ser encontrado nestas
análises, por não se tratar de RCC, conforme ilustração 6.
BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu)

Não foi encontrado neste grupo, nenhum percentual de brita, carpete, gesso, concreto,
isopor, louças, manta asfáltica, material elétrico, PVC, rolos e pinceis, solos (rochas), tecidos,
telhas, tijolos, tintas, vidros e lâmpadas.

Areia 47,00%

Solos (terra) 33,67%

Cerâmica 6,69%

Argamassa 2,60%

Material orgânico 2,50%

Plásticos 2,50%

Metais 1,70%

Papel e papelão 1,67%

Madeira 1,67%

Ilustração 6 - Caracterização e classificação dos resíduos provenientes de outras obras civis.

Neste grupo foi detectado um percentual elevado de solos (terra) e areia, devido a
análise de caçambas de tele-entulho que continham praticamente somente estes resíduos,
oriundas de escavações.

Quanto ao percentual de areia encontrado nestas análises, suspeita-se que as empresas


do ramo da construção civil estejam usando as caçambas de tele-entulho de maneira
inadequada, para colocação de matéria-prima, e não resíduo. Porém, não se descarta a
possibilidade do material encontrado nestas caçambas estar contaminado de maneira que não
pudesse ser utilizado na obra, e seja considerado resíduo.

4.3.5 Análise Geral – Diagnóstico dos RCC em Lajeado

Após a análise individual de cada classe acima demonstrada é possível realizar um


diagnóstico geral das 70 caçambas, além de obter a caracterização e classificação dos RCC
gerados no município de Lajeado, conforme tabela 10, onde constam informações dos
52

resíduos encontrados, o percentual, bem como a classificação de acordo com a Resolução 307
do CONAMA.

Tabela 10 - Classificação e caracterização dos RCC em Lajeado.


BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu)

Classificação
(Resolução 307
Resíduo Percentual (%) Volume (m³) CONAMA)
Areia 15,36 10,75 A
Argamassa 9,34 6,54 A
Brita 0,74 0,52 A
Carpete 0,03 0,02 B
Cerâmica 6,80 4,76 A
Concreto 11,25 7,87 A
Gesso 2,28 1,60 C
Isopor 0,11 0,08 -
Lâmpadas 0,05 0,03 -
Louças 0,19 0,13 A
Madeira 3,01 2,11 B
Manta Asfáltica 0,00 0,00 C
Material elétrico 0,16 0,11 B
Material orgânico 4,90 3,43 -
Metais 1,22 0,85 B
Óleos e graxas 0,21 0,14 D
Papel e papelão 2,29 1,60 B
Plásticos 2,76 1,93 B
PVC 0,33 0,23 B
Rolos e pincel 0,02 0,02 D
Solos (rochas) 0,00 0,00 A
Solos (terra) 24,85 17,40 A
Tecido 0,04 0,03 -
Telhas 0,11 0,08 A
Tijolos 11,43 8,00 A
Tintas 2,20 1,54 D
Vidros 0,33 0,23 B
*Material orgânico compreende resíduo orgânico doméstico e resíduo verde (oriundo de podas de árvores e arbustos).
**Papel e papelão contaminados com argamassa.
***Rolos e pinceis contaminados por tintas e/ou solventes.
53

Com os dados obtidos é possível perceber o elevado percentual de resíduo da Classe


A, aproximadamente 80,06 %, representados principalmente por solos (terra) areia, tijolos,
concreto e argamassa. Seguido de 10,13% de resíduos da Classe da B, onde destacam-se a
madeira, papel e papelão e os plásticos.
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Continuando as análises, os resíduos Classe C representam 2,28% do material


analisado e é representado unicamente pelo gesso. Já na Classe D o percentual é de 2,42%, e o
resíduo com maior ênfase é a tinta.

Além do material acima descrito outros resíduos também foram encontrados, como
material orgânico, isopor, lâmpadas e tecidos, representando 5,10% do material analisado.
Informações estas contidas na ilustração 7, onde é possível analisar o percentual de cada tipo
resíduo encontrado nas 70 cargas conforme a classificação conforme a Resolução 307 do
CONAMA.

Outros; 5,10%
Classe D; 2,42%
Classe C; 2,28%
Classe A; 80,06%
Classe B; 10,13%

Ilustração 7 - Classificação conforme a Resolução 307 do CONAMA dos RCC no município de


Lajeado.

Na ilustração 8 pode ser analisada a caracterização e a classificação geral dos RCC


encontrados durante a realização deste trabalho. Deve-se observar a grande quantidade de
resíduos como solos (terra), areia, tijolos, resíduos estes gerados em qualquer tipo de obra,
além da inexistência de materiais como manta asfáltica e solos (rochas).
54

Solos (terra) 24,85%

Areia 15,36%

Tijolos 11,43%
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Concreto 11,25%

Argamassa 9,36%

Cerâmica 6,80%

Material orgânico 4,90%

Madeira 3,01%

Plásticos 2,76%

Papel e papelão 2,29%

Gesso 2,28%

Tintas 2,20%

Metais 1,21%

Brita 0,74%

Vidros 0,33%

PVC 0,33%

Oléos e graxas 0,21%

Louças 0,19%

Material elétrico 0,16%

Telhas 0,11%

Isopor 0,11%

Lâmpadas 0,05%

Tecido 0,04%

Carpete 0,03%

Rolos e pincel 0,02%

Solos (rochas) 0,00%

Manta Asfáltica 0,00%

Ilustração 8 – Caracterização e classificação dos RCC gerados no município de Lajeado.


55

Além disso, pode se observar que os lajeadenses estão desperdiçando um percentual


elevado de resíduos de alto custo, como argamassa, concreto, cerâmicas, madeira, entre
outros, e mais uma vez ressalto que este desperdício é causado pela má gestão dos materiais e
dos processos durante a realização da obra civil, além dos erros causados pelo
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desconhecimento dos trabalhos executados por parte dos operários e chefes de obras, ou seja,
falta de mão de obra qualificada.

Continuando as análises dos resultados, estes podem ser comparados aos estudos feitos
por Lucena apud Bernardes et al. (2008), já apresentados durante o desenvolvimento deste
trabalho. Onde a autora comenta que foram constatados no Brasil que os resíduos de
construção civil são compostos, principalmente, de tijolos, areias e argamassas, resíduos de
concreto, cerâmica, gesso e madeira e seus derivados, conforme tabela

Tabela 11 – Comparativo dos resíduos da construção civil Brasileiro e Lajeadense.

Tipo de Resíduo da Resíduos da Construção Resíduos encontrados no


Construção Civil Civil Brasileiros Diagnóstico realizado em
Lucena apud Bernardes et al. Lajeado-RS
(2008)
Tijolos, areia, argamassa 80% 36,49%
Concreto 9% 11,25%
Cerâmica 3% 6,79%
Gesso 2% 2,28%
Madeira 1% 3,01%

A diferença em alguns valores pode ser devido às tecnologias construtivas utilizadas,


além origem dos povos habitantes da região. O gesso, por exemplo, é muito utilizado em
construções em estilo americano e europeu, assim como a madeira é muito utilizada em
construções de estilo americano.

Além das tecnologias construtivas, a relação acima demonstra a diferença nos valores
de cerâmica, gesso e madeira. Fato este ligado diretamente ao poder aquisitivo dos
Lajeadenses, quando comparada com a média nacional dos brasileiros.
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De uma maneira geral, pode ser observar que grande parte dos RCC gerados é oriundo
de perdas e desperdícios durante a realização da obra civil, ou seja, inexistência ou
ineficiência da gestão de obra.
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4.4 Avaliação do fluxo dos Resíduos da Construção Civil gerados no Município de


Lajeado

A qualidade dos trabalhos realizados pelas empresas prestadoras de


serviços/transportadoras foi avaliada através de observações in loco do sistema de transporte.
Verificou-se que as caçambas de tele-entulho estacionadas nas vias públicas não possuem
qualquer tipo cobertura e identificação volumétrica. Além de ser inexistente a indicação de
quais os resíduos que tal recipiente pode abrigar e transportar.

Os munícipes, principalmente os que trafegam em vias públicas, utilizam as caçambas


estacionadas em logradouros públicos para depósito de outros tipos de resíduos como, por
exemplo, resíduo sólido doméstico, conforme mostra a figura 5 e 6.

Figura 5 – Caçamba estacionária basculante com presença de resíduos sólido domésticos.


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Figura 6 – Detalhamento dos resíduos sólidos domésticos encontrados na caçamba.

Tal atitude é tomada por falta de conscientização ambiental dos munícipes, pois toda
a cidade é servida de coleta seletiva regular, além do número considerável de lixeiras
distribuídas pela cidade.

Este problema é causado principalmente pela falta de informação e conhecimento da


atual legislação por parte dos geradores, prestadores de serviço/transportadores e o órgão
ambiental municipal. Associado ainda a falta de fiscalização pelo órgão competente, e pela
disciplina das empresas de tele-entulho as quais não deveriam transportar caçambas contendo
outro tipo de resíduos, além dos RCC.

Outro ponto de destaque é a inexistência de um sistema de triagem, reutilização,


reciclagem e infra-estrutura básica para a disposição final dos RCC no município. Nas figuras
a seguir são demonstrados alguns dos locais, entre vários identificados durante o
desenvolvimento do trabalho, que além de serem utilizados para disposição final de resíduos
por empresas prestadoras de serviços/transportadoras, também são utilizados por geradores de
pequenos volumes de RCC.
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Figura 7 – Disposição irregular de RCC no município de Lajeado.

Figura 8 – Disposição irregular e poluição visual causada pelos RCC no município de Lajeado.
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Figura 9 - Disposição inadequada dos RCC no município de Lajeado.

Os locais que recebem RCC de maneira incorreta tornam-se locais atrativos para a
deposição de outros tipos de resíduos como, resíduos domésticos, resíduos comercial, além de
resíduos perigosos como lâmpadas fluorescentes, latas de tintas entre outros. Além desses
locais se serem atração de macrovetores, como: cães, gatos, ratos.

Assim como em diversas outras cidades do Vale do Taquari, em Lajeado a deposição


irregular de RCC acontece em áreas de acesso a cidade, como trevos e avenidas principais,
muitas vezes em áreas nobres da cidade, causando poluição visual e impactos aos
ecossistemas locais, conforme figura 10 e 11.
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Figura 10 – Disposição irregular de RCC em trevos de acesso a cidade de Lajeado.

Figura 11 – Deposição irregular de RCC em área nobre da cidade, degradando o ecossistema


existente.

Durante a realização dos trabalhos não foi constatado a disposição dos RCC em
mananciais hídricos e em suas APPs.
61

4.5 Proposta para gestão e disposição adequada para os Resíduos de Construção Civil

Diante os resultados deste trabalho, pretende-se propor ações para melhorar a gestão
dos RCC no município de Lajeado, respeitando as características dos resíduos gerados no
município, e as diretrizes da Resolução 307 do CONAMA.
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As ações a serem propostas são se suma importância para o gerenciamento dos RCC a
curto e médio prazo, uma vez que o município apresenta-se bastante atrasado em relação às
diretrizes determinadas pelo CONAMA e com inúmeros impactos ambientais detectados.

As ações propostas estão alicerçadas em alterações ligadas a relação existente entre


geradores de RCC e as empresas prestadoras de serviços/transportadoras do município, além
de adequações nas estruturas das caçambas de tele-entulho e alternativa correta para
destinação dos RCC.

Entre as ações propostas para melhorar a relação do gerador e as empresas prestadoras


de serviço/transportadora sugere-se as seguintes ações:

• Repassar ao contratante dos serviços informações referente às suas


responsabilidades como gerador de RCC, ou seja, da sua responsabilidade pela
destinação final correta através da adoção de métodos e técnicas que não
causem danos ao meio ambiente;

• Implantar cartilhas explicativas focadas na separação e deposição correta dos


RCC nas caçambas basculantes estacionárias. Cartilhas estas a serem
distribuídas aos contratantes, seguida de treinamentos para as empresas e
funcionários do ramo da construção civil e demais interessados que utilizam os
serviços;

Além das ações já descritas sugere-se a realização de adequações simples nas


caçambas basculantes estacionárias, entre elas:

• Implantar sistema de identificação do tipo de resíduo que pode ser


acondicionado nas caçambas basculante estacionária. Sugere-se a implantação
de adesivo ou pintura, “Somente deposição de Resíduo de Construção Civil”,
“Proibido a colocação de lixo orgânico”, entre outras.
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• Implantar cobertura plástica ou metálica nas caçambas basculantes


estacionárias, o que evita a exposição dos resíduos as alterações climáticas,
além de diminuir os riscos de queda dos RCC durante ao transporte;
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Com base na caracterização e classificação dos RCC gerados no município de Lajeado


propõe-se a realização e implantação das seguintes ações:

• Dos 25 tipos de RCC identificados, os que representaram os maiores


percentuais foram os provenientes de solos (terra), tijolos, concreto, argamassa,
cerâmica, que somados, chegaram a aproximadamente 79% dos resíduos
coletados; classificados como Classe A, remetem à importância da implantação
do Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção para o município de
Lajeado, pois, na sua totalidade, são passíveis de reaproveitamento e
reciclagem, diminuindo as áreas de disposição final e, assim, causando menor
impacto ao meio ambiente;

• Juntamente com a ação acima sugere-se a implantação de uma central de


triagem, uma usina de reciclagem, e criação e regularização de área para
disposição final para resíduos provenientes de construção civil, aterro de
resíduos inerteis, conforme exige a Resolução n 307 do CONAMA.

Ações estas que além de diminuir o impacto ambiental, possibilidade a destinação


correta dos resíduos e a utilização dos subprodutos oriundos da reciclagem dentro do
município, além da venda dos mesmos a população.

Juntamente com as ações propostas acima, deve-se buscar informações e auxílio com
os Órgãos Ambientais para obter o Licenciamento Ambiental da atividade, pois se trata de
uma atividade de gerenciamento e processamento de resíduos sólidos, que de um maneira
geral apresentam risco ambiental.

Além de todas as ações propostas para a correta gestão dos RCC no município de
Lajeado, é necessário o desenvolvimento de ações que divulguem o projeto junto as empresas
do ramo da construção civil. Outro pilar para a consolidação do sistema é o estabelecimento
de um programa de fiscalização ambiental municipal abrangente, rigoroso, capaz de ampliar e
difundir a necessidade do cumprimento aos compromissos legais em realizar a gestão de RCC
de maneira sustentável.
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CONCLUSÃO
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O município de Lajeado, assim como a maioria dos municípios brasileiros, ainda não
realiza o manejo correto dos RCC de acordo com as diretrizes estabelecidas pela Resolução
307 do CONAMA/109 do CONSEMA. O município possui sistema de transporte eficiente,
realizado por empresas privadas, porém não possui um local adequado de disposição final e,
além disto, muitos geradores desconhecem ou ignoram a atual legislação.

Durante a realização do trabalho os RCC foram coletados por 03 (três) empresas


prestadoras de serviço/transportadoras, empresas conhecidas como empresas de “tele-
entulhos”, o equivalente a 1.400 m³/mês, que equivale a 47 m³/dia de resíduos,
aproximadamente 11 caçambas/dia. Estimou-se que a geração dos RCC em massa
corresponde a 1.680 t/mês ou 56 t/dia. Considerando a população urbana de 68.000
habitantes, verifica-se uma geração per capita de 0,82 kg/hab.dia ou 300 kg/hab.ano.

Sendo que destes 1.400 m³/mês, em torno de 80,06 % dos resíduos correspondem a
materiais Classe A, representados por areia, argamassa, concreto, cerâmicas, solos, tijolos
entre outros. Já os resíduos recicláveis como papel, papelão, plástico e metais representam
10,13% do material analisado. O percentual de resíduo Classe C foi representado somente
pelo gesso, pela inexistência de manta asfáltica no material analisado, totalizando 2,28%. E os
resíduos contaminados, Classe D, representaram 2,42%, onde foram encontrados tintas, óleos
e graxas.

Além dos resíduos classificados pela Resolução CONAMA 307, foi encontrado um
percentual de 5,10% de outros materiais, onde o material orgânico, resíduo doméstico,
representada 4,90% do material, e o restante são tecidos, isopor e lâmpadas.

Desta maneira, observa-se o grande percentual de resíduos passíveis de reciclagem,


reforçando assim a necessidade de implantação de um sistema de gestão de Resíduos da
Construção Civil, que contemple Plano de Gerenciamento de resíduos da Construção Civil,
com estrutura para recebimento, armazenamento e triagem destes resíduos, além de uma usina
de reciclagem.
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Todo e qualquer sistema de gestão de resíduos da construção civil, somente alcançará


os seus objetivos de redução, reutilização e reciclagem, se o município criar um sistema de
controle eficiente e, principalmente, em conjunto com um sistema de fiscalização ambiental.
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Sendo assim, a indústria da construção civil deve enfrentar os grandes desafios do


momento, como a diminuição do déficit habitacional, a criação e o melhoramento da infra-
estrutura de transporte, saneamento e energia, porém sem esquecer os problemas ambientais
causados por essa demanda. De maneira que as soluções dos problemas ambientais façam
parte da rotina das empresas, e do gerenciamento das obras pelos engenheiros e operários.
Isso deve ocorrer, não só com o intuito de proporcionar uma melhor qualidade de vida atual,
mas também, proporcionar às futuras gerações, um meio ambiente ecologicamente
equilibrado.

Sugestões para futuros trabalhos

 Estabelecer número de caçambas por regiões (bairro) da cidade;

 Realizar parceria com as empresas de tele-entulho, para preenchimento das fichas na


obra;

 Utilizar balanças, para obter informações de quantidade de resíduo em quilogramas ou


toneladas;

 Realizar análises e estabelecer a massa especifica dos RCC gerados em Lajeado;

 Aumentar o percentual de analise, para 30 ou 50%.


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ANEXOS
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Anexo 1 – Reportagem do Jornal A Hora dos Vales, de 5 de maio de 2010.

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