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Romantismo

Precedentes: Período de Transição (1808-1836)

Simultaneamente ao final das últimas produções do movimento árcade, ocorreu a vinda da


Família Real portuguesa para o Brasil. Esse acontecimento, no ano de 1808, significou, o início do
processo de Independencia da Colônia. O período compreendido entre 1808 e 1836 é considerado
de transição na literatura brasileira devido à transferência do poder de Portugal para as terras
brasileiras que trouxe consigo, além da corte e da realeza, as novidades e modelos literários do
Velho Continente nos moldes franceses e ingleses. Houve também a mudança de foco artístico e
cultural, da Bahia para o Rio de Janeiro, capital da colônia desde o ano de 1763.

Segundo o crítico literário Antônio Cândido, no livro Noções de Análise Histórico-literária:

"No Brasil não havia universidades, nem tipografias, nem periódicos. Além da
primária, a instrução se limitava à formação de clérigos e ao nível que hoje
chamamos secundário, as bibliotecas eram poucas e limitadas aos conventos, o
teatro era paupérrimo, e muito fraco o intercâmbio entre os núcles povoados do
país, sendo dificílima a entrada de livros."

O que explica o desenvolvimento literário incipiente, se comparado com o mesmo período na


metrópole. Os autores vistos até então eram produto da educação europeia e/ou religiosa que
receberam.
Com a vinda da Família Real, os livros puderam ser impressos no território, em função da Imprensa
Régia, derrubando a medida que proibia sua impressão e difusão sem a autorização prévia de
Portugal, dando início não apenas ao desenvolvimento da literatura mas, também, a um
sentimento de nacionalidade no território, uma das principais características do período romântico
brasileiro.

Contexto Histórico na Europa

O final do século XVIII presenciou a ascenção da tipografia, inventada pelo alemão Johannes
Gutenberg, que possibilitou o desenvolvimento da impressão em grandes quantidades de jornais e
romances. No início, os romances eram publicados diariamente nos jornais de forma fragmentada,
assim, a cada dia um novo capítulo da história era revelada. Esse esquema, importado para a
colônia, ficou conhecido como "folhetim" ou "romance de folhetim" e deu origem às telenovelas
que conhecemos nos dias de hoje.
Assim, com a Revolução da Imprensa, uma das principais características do período Moderno,
houve também a ascenção dos romances impressos, popularizando o artefato (o livro não era mais
considerado um artigo de luxo, inacessível) e proporcionando um largo alcance da literatura às
camadas inferiores da sociedade e também às mulheres, que raramente tinham acesso às letras e,
quando muito, eram alfabetizadas.
Considera-se o marco inicial do romantismo na Europa a publicação do romance Os sofrimentos do
jovem Werther, do escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe no ano de 1774. Historicamente,
um dos marcos principais do movimento foi a Revolução Francesa, responsável pela difusão dos
pensamentos Iluministras na Europa e nas suas colônias, que tanto inspirou os poetas árcades
brasileiros.
Com o processo de industrialização dos grandes centros, houve um delineamento das classes
sociais: a burguesia, com riquezas provenientes do comércio, e os operários das indústrias. Logo, a
literatura do período foi produzida pela classe dominante e para a classe dominante, deixando
claro qual a ideologiadefendida por seus autores.
Saiba mais:
Ideologia: conjunto de ideias ou pensamentos de um indivíduo ou grupo e que
pode estar ligado a ações políticas, econômicas e sociais.

Contexto Histórico no Brasil

Chegada da Família Real Portuguesa a Bahia (1952), de Candido Portinari


Considera-se que o período romântico no Brasil inicia em 1836, com a publicação da obra Suspiros
Poéticos e Saudades, do poeta Gonçalves de Magalhães e vai até o ano de 1881, com a
publicação do romance realista Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis.
Como dito anteriormente, o desenvolvimento da literatura brasileira propriamente dita aconteceu a
partir da vinda da Família Real para o Rio de Janeiro que gerou um forte desenvolvimento artístico e
cultural na colônia, agora afinado com a produção literária europeia. Porém, a insatisfação das
classes dominantes com o Império fez com que surgissem tentativas de independência da
metrópole, produzindo um sentimento de nacionalismo que culminaria com a Declaração da
Independência, em 1822, por Dom Pedro I.
Outro aspecto importante é com relação à escravidão dos negros: o Brasil era uma das poucas
colônias americanas que ainda sustentava o sistema econômico baseado do trabalho escravo, o
que gerou opiniões controversas por parte dos autores daquela época. Temos expressões literárias
abolicionistas (p. ex.: o poeta Gonçalves de Magalhães) e outras que tratavam do tema
superficialmente (p. ex.: o romancista Bernardo Guimarães) ou sequer tocavam na questão.
A independência das colônias latino-americanas impulsionou um sentimento de nacionalidade
diretamente refletida pela literatura. A formação dessas literaturas esteve a cargo de autores que
projetavam os ideais de uma nação em crescimento e desenvolvimento e que até hoje são
considerados constitutivos da história da nação. No entanto, essa literatura fundacional e canônica
da América Latina é revista por muitos professores, críticos literários e historiadores pois apresentam
apenas uma visão referente à formação das nações latino-americanas. Como assinala o professor
e crítico literário Eduardo F. Coutinho:
"Na América Latina, durante o século XIX, o sujeito encunciador do discurso fundador
do estado-nação tomou como base um projeto patriarcal e elistista, que excluiu não
só a mulher, mas índios, negros, analfabetos e, em muitos casos, aqueles que não
possuíam nenhum tipo de propriedade. A preocupação dominante era marcar a
diferença da nova nação com relação à matriz colonizadora, mas o modelo era
obvia e paradoxalmente a metrópole; daí a necessidade de forjar-se uma
homogeneidade que excluísse todas as diferenças."

O que causa uma sensação de estranhamento é o paradoxo observado no período: ao mesmo


tempo em que ideias sobre o sentimento de nacionalidade aflorava nos corações dos brasileiros (e
demais latino-americanos), parte da população permanecia na miséria e/ou em situações de
escravidão, sem acesso à emancipação e aos direitos humanos básicos.

Referências:
CÂNDIDO, Antônio. Noções de Análise Histórico-literária. São Paulo: Associação Editorial Humanitas,
2005.
COUTINHO, Eduardo F. Mutações do comparatismo no universo latino-americano: a questão da
historiografia literária. In: SCHMIDT, Rita T. Sob o signo do presente: intervenções comparatistas. Porto
Alegre: UFRGS Editora, 2010.
Principais Características do Período Romântico

A carroça de feno (1821), de John Constable

"Em cada país o romantismo produziu uma nova literatura exuberante com imensas variações entre
seus autores porém, em todos eles, persistem algumas características em comum: opulência e
liberdade, devoção ao individualismo, confiança na bondade da natureza e no homem "natural" e
na fé permanente nas fontes ilimitadas do espírito e da imaginação humanos."
- Bradley, Beatty e Long
O romantismo floresceu na Alemanha (Goethe e Schlegel), na França (Madame de Stäel e
Chateaubriand) e na Inglaterra (Coleridge e Wordsworth), como resposta aos modelos pretendidos
pelos Iluministas, que privilegiavam o racional e o objetivo, em detrimento do emocional e da
subjetividade.
Houve, no período, o desenvolvimento da chamada poesia ultra-romântica, dos romances (novels)
e dos romances históricos (romances). Tanto a prosa quanto a poesia foram amplamente
difundidos no período. Porém, com a ascenção da imprensa e da burguesia comercial, os
romances e os periódicos foram ganhando cada vez mais espaço e se popularizaram a ponto de
atingir um novo público leitor que até então não tinha acesso à literatura.
Há uma diferença significativa com relação aos padrões poéticos vistos até então no Arcadismo,
que se assemelhavam à estrutura camoniana e eram inspirados nas obras greco-romanas. O verso
clássico deu espaço ao verso livre, aquele sem métrica e sem entonação, e ao verso branco, sem
rima, que possibilitou uma maior liberdade de criação do poeta romântico, agora livre para
expressar sua individualidade.
Os temas principais da poesia romântica giram em torno do sentimento de nacionalidade surgido a
partir novo do contexto histórico e cultural. A nova pátria, com a declaração da independência,
manifestava-se através da exaltação da natureza do país, no retorno ao passado histórico e na
criação dos heróis nacionais.
A hipervalorização dos sentimentos e das emoções pessoais (angústias, tristezas, paixões,
felicidades etc.) também é característica do movimento, que pressupunha uma olhada para o
interior do artista e de suas emoções, em detrimento do racional e do objetivo iluminista. Esse
sentimentalismo exagerado está refletido nos enredos que, em sua maoria, consistem em histórias
de amor ou, quando este não é o mote principal, em histórias em que o amor e a paixão
prevalecem.
A individualidade como refúgio proporciona também a evasão para mundos distantes como forma
de escapar a sua realidade. Essa característica está associada, principalmente, aos autores da
chamadaGeração Mal-do-Século - autores acometidos pela tuberculose (a doença considerada o
mal do século XIX) - que almejavam uma vida de prazeres em países e territórios distantes para
escapar à dor e à morte.
O culto à natureza ganha traços diferenciados no romantismo pois, a partir de agora, passa a
funcionar não apenas como pano de fundo para as histórias mas também, passa a exercer
profundo fascínio pelos artistas. Além disso, a natureza passa a entrar em contato com
o eu romântico, refletindo seus estados de espírito e sentimentos.
Nos romances góticos, surgidos no final do século XVII e desenvolvidos durante o século XIX, a
natureza tem um papel muitas vezes hostil e ameaçador na trama, responsável por momentos de
tensão. Com o passar do tempo, essa natureza transformou-se em um clichê para histórias de terror
na forma de cenários assustadores: noite, névoa, pântanos, neve, árvores retorcidas etc.

Conceitos importantes

a) Subjetivismo e Individualismo - glorificação do que é particular e íntimo, dos sentimentos.


Segundo o professor Sergius Gonzaga, em seu livro Manual de Literatura Brasileira (Mercado Aberto,
1989):
Com frequência, o destino da grandeza individual é a "maldição", ou seja, distanciamento pessoal
da vida em sociedade, através da solidão voluntária, da orgia, da ofensa aos valores comuns, da
recusa em aceitar os princípios da comunidade. Isto ocorre em um segundo momento, quando os
artistas se dão conta da impossibilidade de uma nova experiência napoleônica e da mediocridade
da burguesia pós-revolucionária, voltada apenas para a acumulação de capital.
b) Patriarcalismo - o século XIX também é conhecido por refletir em sua literatura canônica uma
sociedade conservadora e patriarcalista. Neste modelo, a família (homem, mulher e filhos) é o
núcleo da sociedade burguesa, cujo poder está centrado na figura do pai. Os enredo giram
basicamente em torno dela, de suas relações, seus costumes e seus desejos.
Embora no Brasil o modelo de sociedade patriarcal sempre esteve presente desde o início da
colonização, no Romantismo que uma explicitação desse modelo, pois ele fazia parte do projeto
nacional presente no século XIX, isto é, aparecia na literatura como reflexo da ideologia dominante
e para estabelecer os costumes esperados na sociedade e destinados principalmente às mulheres
Com o advento do Realismo (movimento literário seguinte) muitos autores dedicam-se a criticar
este modelo e a retratar (da forma mais realista possível) as mazelas que se encontravam por trás
da família burguesa, como a submissão das mulheres, a violência praticada contra esposas e filhas
e a própria condição dessas personagens, moedas de troca a fim de garantir a situação financeira
das famílias.

c) Eurocentrismo - com a expansão mercantilista, a europa se transformou na grande potência


mundial expandindo seus mercados para além do continente, espalhando sua visão de mundo e
acreditando na soberania dos países e no modo de pensar europeu. As consequencias causadas
pelo choque cultural dos europeus com outras sociedades (principalmente africanas, asiáticas e
americanas) criou uma série de estereótipos a respeito desses povos "bárbaros" e a ideia de que o
pensamento europeu seria civilizatório moldou as colônias e que foi refletida através da história
principalmente na literatura do século XIX.

f) Nacionalismo - com o desenvolvimento de uma burguesia mercantil, os reinos europeus foram se


dissolvendo e desenvolvendo, inicialmente, uma ideia de organização política e cultural autônoma.
Nas colônias, o sentimento de nacionalidade surgiu como reação à política mercantil restritiva das
metrópoles e do desejo de liberdade econômica e política. No Brasil, os escritores produziram obras
importantes motivadas pelo ideal nacionalista no sentido de delinear uma literatura que fosse
considerada brasileira e não mais submissa à colônia.

Primeira metade do século XIX


As primeiras manifestações do período romântico aconteceram em forma de poesia. Suspiros
poéticos e saudades, de Gonçalves de Magalhães inaugura o movimento romântico no Brasil, no
ano de 1836. Além disso, diversos outros autores desenvolveram suas temáticas por meio da poesia,
o que permitiu aos críticos agruparem as manifestações literárias do gênero em três principais
gerações.

Primeira Geração Romântica: nacionalista ou indianista


Nessa geração, os temas principais giram em torno da nova pátria, com menções ao passado
histórico do país. Também estão presentes temas como a exaltação do índio, considerado o herói
nacional por excelência, que deu nome à geração. O mito do bom selvagem, do filósofo Rousseau
é aqui traduzido na figura do índio que, além de valente e defensor da sua terra, é livre e
incorruptível. Seus principais autores são Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias e Araújo Porto-
Alegre.
Segunda Geração Romântica: mal-do-século
Inspirados nas obras dos poetas Lord Byron, Goethe, Chateaubriand e Alfred de Musset, os autores
dessa geração também são conhecidos como "byronianos". As principais características da
geração são: o individualismo, egocentrismo, negativismo, dúvida, desilusão, tédio e sentimentos
relacionados à fuga da realidade, que caracterizam o chamado ultra-romantismo. São temas
recorrentes nas obra dos autores da segunda geração: a idealização da infância, a representação
das mulheres virgens sonhadas e a exaltação da morte. Seus principais poetas são Álvares de
Azevedo, Casimiro de Abreu, Junqueira Freire e Fagundes Varela.
Lord Byron (1788 - 1824)

George Gordon Byron foi um poeta romântico inglês que influenciou toda uma
geração de escritores com sua poesia ultrarromântica. A ele estão associados
termos como o spleen, que significa tédio, mau humor e melancolia, geralmente
causados por amores não correspondidos ou pela descrença na vida em razão da
aproximação da morte, temáticas comuns na poesia ultrarromântica.
De família aristocrática (porém, com dívidas), passava a vida a escrever poesia e a
gastar dinheiro, vivendo no ócio. Suas principais obras são Horas de Lazer (1870), A
Peregrinação de Childe Harrold(1812-1818) e Don Juan (1819-1824).

Álvares de Azevedo (1831 - 1852)

Poeta romântico por excelência, Álvares de Azevedo nasceu em São Paulo e estudou na
Faculdade de Direito, porém, não chegou a concluir o curso. Faleceu jovem, aos 21 anos, vítima
da tuberculose e da infecção resultante de um acidente de cavalo. A partir de então, desenvolveu
verdadeira fixação com a própria morte, escrevendo a respeito da passagem do tempo, do
sentido da vida e do amor - esse último, jamais realizado.
Seu livro de poesias, Lira dos Vinte Anos (publicada postumamente em 1853), carrega consigo a
melancolia de um poeta empenhado em expressar seus sentimentos mais profundos. O conjunto de
poesias também evidencia um poeta sensível, imaginativo e harmonioso.
Pode-se dizer que sua obra possui características góticas, pois retratam paisagens sombrias,
donzelas em perigo, personagens misteriosas, envoltas em vultos e véus entre outros.
Saiba mais:

Tuberculose: doença grave que pode atingir todos os órgãos do corpo, especialmente os
pulmões, pois o bacilo causador (Koch) se desenvolve nas regiões do corpo em que há
bastante oxigênio. Em estágios mais avançados, o doente passa a tossir com pus e
sangue (a chamada hemoptise). Os principais sintomas são: tosse crônica, febre, suor
noturno, dores na região torácica e perda de peso. No Brasil, muitos escritores do período
romântico sofriam de tuberculose muitos chegando, inclusive, a falecer em decorrência
da doença. Logo, aquela geração de poetas ficou conhecida como a "geração do mal-
do-século", isto é, da tuberculose.

Romance gótico: subgênero originado na Inglaterra ao final do século XVIII. As principais


características desse romance dizem respeito à atmosfera de terror, aos enredos
assustadores e aos personagens. Neles, é comum encontrar cenários medievais, donzelas,
cavaleiros, vilões e personagens do meio religioso e mistérios envolvendo as linhagens das
famílias aristocráticas.

A frustração presente em sua obra é amenizada apenas através da lembrança da mãe e da irmã.
Além disso, a perspectiva da morte, apesar de assustadora, traz conforto por saber que cessará a
dor física causada pela doença e pelos sofrimentos amorosos do poeta. Veja no poema abaixo:
Se eu morresse amanhã!

Se eu morresse amanhã,viria ao menos


Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que amanhã!
Eu pendera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!

Que sol! que céu azul! que dove n'alma


Acorda a natureza mais loucã!
Não me batera tanto amor no peito,
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!
Além de poeta, Álvares de Azevedo produziu a peça de teatro Macário (1852), escrita após haver
sonhado com o diabo. A peça conta a história de um personagem que, em uma viagem de
estudos, faz amizade com um desconhecido e desobre ser ninguém mais, ninguém menos que o
próprio satã. Não há menções sobre o nome da cidade em que eles se encontram, porém, há
referências diretas à cidade de São Paulo. Assim, o poeta aproveita para fazer uma crítica à
devassidão na qual a cidade estava imersa.
Azevedo também escreveu um romance chamado Noite na Taverna (publicada postumamente
em 1855), uma narrativa composta por cinco histórias paralelas sobre cinco homens que relatam,
em um bar, histórias de terror vivenciadas pelos mesmos. São eles: Solfieri, Bertram, Gennaro,
Claudius Hermann e Johann. Os nomes são claramente europeus e fazem referência aos romances
românticos produzidos naquele continente (especialmente os italianos e os alemães), bem como
sua temática macabra, inspirada nos romances góticos.

Casimiro de Abreu (1839 - 1860)

Nasceu em Capivary (RJ) e aos quatorze anos embarcou com o pai para Portugal, onde escreveu
a maior parte de sua obra, em que denota a saudade da família e da terra nativa. Poeta da
segunda geração romântica, Casimiro escreveu poemas onde o sentimento nativista e a busca
pela inocência da infância estão presentes. Pertenceu, graças à amizade com Machado de Assis,
à então recém fundada Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira de número seis. Vítima
da tuberculose, faleceu na cidade de Nova Friburgo (RJ).
Os aspectos formais de sua obra são considerados fracos, porém, sua temática revela grande
importância no desenvolvimento da poesia romântica para as letras brasileiras. Sua linguagem
simples, acompanhada por um ritmo fácil, rima pobre e repetitiva revelam um poeta empenhado
na expressão dos sentimentos saudosistas com relação à pátria e à infância. Essa última, em tom de
profunda nostalgia, revela um tempo em que a vida era mais prazerosa, junto à natureza e longe
dos afazeres e das responsabilidades da vida adulta.
Sua produção poética está reunida no volume As primaveras (1859) cujo poema mais conhecido
éMeus oito anos, em que o poeta canta a saudade da infância vivida:

Meus oito anos


Oh que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
A sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais.
Como são belos os dias
Do despontar da existência
Respira a alma inocência,
Como perfume a flor;
O mar é lago sereno,
O céu um manto azulado,
O mundo um sonho dourado,
A vida um hino de amor!
(...)

Saiba Mais:
O poema Meus oito anos é um dos mais populares da literatura brasileira, sendo parodiado por
diversos autores, principalmente pelos poetas do período conhecido como Modernismo.
Terceira geração romântica: condoeira
A terceira geração romântica é caracterizada pela poesia libertária influenciada, principalmente,
pela obra político-social do escritor e poeta francês Victor Hugo, que originou a expressão "geração
hugoana". Além disso, a ave símbolo da geração é o condor, ave que habita o alto das cordilheiras
dos Andes, e que representa a liberdade daí o nome da geração ser condoeira. A poesia dessa
geração é combativa e prima pela denúncia das condições dos escravos, decorrência do sistema
econômico brasileiro, baseado no trabalho escravo. Os poetas dessa geração também clamam
por uma poesia social em que a humanidade trabalhe por igualdade, justiça e liberdade.
Seus principais autores são Castro Alves e Sousândrade.
A visão do poeta demonstra paixão e fulgor pela vida, diferentemente dos poetas ultrarromânticos
da geração precedente.

Seus trabalhos mais importantes são:


a) poesia lírico-amorosa: a poesia lírico-amorosa está associada ao período em que o poeta esteve
envolvido com a atriz portuguesa Eugênia Câmara. Assim, a virgem idealizada dá lugar a uma
mulher de carne e osso e sensualizada. No entanto, o poeta ainda é um jovem inocente e terno em
face a sua amada corporificada e cheia de desejo.
Seus poemas mais famosos dessa fase estão presentes em sua primeira publicação, Espumas
Flutuantes(1870), conjunto de 53 poemas que versam sobre a transitoriedade da vida frente à
morte, sobre o amor no plano espiritual e físico, que apela para o sentimental e para o sensual e
sensorial. Além disso, o romance com a atriz portuguesa acendeu no poeta o desejo de escrever
sobre esperança e desespero.
b) poesia social: poeta da liberdade, Castro denuncia as desigualdades sociais e a situação da
escravidão no país, além de solidarizar-se com os negros, que eram trazidos de modo precário
dentro dos navios negreiros. Castro clamava à natureza e às entidades divinas para que vissem a
injustiça cometida pelos homens sobre os homens e intervissem para que a viagem rumo ao Brasil
fosse interrompida.
Graças a sua obra empenhada na denúncia das condições dos negros, ficou conhecido como "o
poeta dos escravos", por solidarizar-se com a situação dos que aqui vinham e eram submetidos a
todo tipo de trabalho em condições desumanas.
As obras mais importantes dessa fase são:
Vozes D'África: Navio Negreiro (1869)
A Cachoeira de Paulo Afonso (1876)
Os Escravos (1883)
Didivido em seis cantos, segundo a divisão clássica da epopeia:
1º canto: descrição do cenário;
2º canto: elogio aos marinheiros;
3º canto: horror - visão do navio negreiro em oposição ao belo cenário;
4º canto: descrição do navio e do sofrimento dos escravos;
5º canto: imagem do povo livre em suas terras, em oposião ao sofrimento no navio;
6º canto: o poeta discorre sobre a África que é, ao mesmo tempo tempo, um país livre, acaba por
se beneficiar economicamente da escravidão.
O poema épico é eloquente e verborrágico. Embora o último navio negreiro que tenha chegado
ao país date de 1855, a escravidão ainda era parte do sistema econômico brasileiro.

Saiba mais:
eloquente - que é convincente, persuasivo e expressivo; que se expressa de maneira loquaz.
verborrágico - que se expressa utilizando muitas palavras nem sempre providas de uma ideia lógica.
Curiosidades:
(1) A poesia de Castro Alves já demonstra aspectos, temáticas e tendências do movimento
chamado Realista, que "nega" os preceitos românticos embora sua obra seja romântica.
(2) Em 1941 o escritor baiano Jorge Amado escreveu o ABC de Castro Alves, uma biografia sobre o
poeta e sua obra. Há um trecho que exemplifica bem tanto a poesia amorosa quando a poesia
social do poeta baiano:
Este, cuja história vou te contar, foi amado e amou muitas mulheres. Vieram brancas, judias e
mestiças, tímidas e afoitas, para os seus braços e para o seu leito. Para uma, no entanto, guardou
ele suas melhores palavras, as mais doces, as mais ternas, as mais belas. Essa noiva tem um nome
lindo, negra: Liberdade.

RESUMO
O Romantismo: século XIX

CONTEXTO HISTÓRICO
- Revolução da Imprensa e ascenção do
romance;
- Vinda da Família Real para o Brasil (em
1808);
- Independência do Brasil (em 1822).

CARACTERÍSTICAS
- Individualismo;
- Subjetivismo;
- Verso livre e verso branco;
- Sentimento de nacionalidade;
- Culto à natureza.

PRINCIPAIS AUTORES

Poesia
1a Geração Romântica: Nacionalista ou
Indianista
- Gonçalves de Magalhães
- Gonçalves Dias
- Araújo Porto-Alegre

2a Geração Romântica: Mal do Século


- Álvares de Azevedo
- Casimiro de Abreu
- Junqueira Freire
- Fagundes Varela

3a Geração Romântica: Condoreira


- Castro Alves
- Sousândrade

Prosa
- Joaquim Manoel Macedo
- Manoel Antônio de Almeida
- José de Alencar

Teatro
- Martins Pena

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