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Nesse contexto, verifico que foi comprovada nos autos a incapacidade do 2º Réu para outorgar

a referida procuração, a qual inclusive teve sua nulidade declarada pelo Juízo da Vara de
Registros Públicos no processo sob o no 0198397-31.2015.8.19.0001 (fls. 492/497 do processo
0203975-19.2015.8.19.0001).

Observa-se que no dia anterior à lavratura da procuração em questão, o 2º Réu foi examinado
pelo Dr. Odoroilton Larocca Quinto, contratado pela 3a Ré, que atestou a sua incapacidade
naquela ocasião, o que não crível a tese de capacidade do agente para outorgar uma
procuração no dia imediatamente seguinte.

Nesse diapasão, a alegação dos Réus de invalidade do laudo pericial do Dr. Odoroilton não
merece acolhimento, sendo insuficientes as afirmações de que o profissional “agia de modo
estranho” para desqualificar suas conclusões.

Além disso, não há nos autos qualquer demonstração de que o médico teria se negado a
entregar o laudo a quem o contratou ou retomar contato com a família, prova que seria de
fácil constatação mediante cópia, por exemplo, de e-mails ou outras tentativas de
comunicação.

Nesse sentido, a entrega do laudo feito anteriormente ao Autor não pode ser entendida de
como hipótese de violação de sigilo médico, uma vez que, deve-se ressaltar, o Autor é filho
paciente examinado ora Réu, sendo crível que essa entrega seja apenas uma tentativa de
retornar à família os resultados do laudo em questão.

Ademais, ainda que se afaste o laudo pericial do Dr. Odoroilton, é fato incontroverso que a 3ª
Ré contratou o referido profissional para atestar a capacidade de seu marido, ora 2o Réu, no
dia 12/02/2015, acompanhado pelo escrivão do 14º Ofício de Notas. É fato incontroverso,
ainda, a outorga de procuração pelo 2o Réu, frise-se, no dia imediatamente seguinte a esse
exame, perante outro cartório, qual seja, o 10o Ofício de Notas.

Diante desses fatos, é possível constatar que os próprios familiares duvidavam da capacidade
do 2º Réu para outorgar uma procuração, caso contrário, não teriam contratado um médico
para examiná-lo, sendo razoável, até mesmo, concluir que simplesmente não concordaram
com as constatações do Dr. Odoroilton no dia 12/02/2015 e por isso não o procuraram
novamente.

Ressalte-se que os resultados do laudo do Dr. Odoroilton foram confirmados por outros dois
profissionais de saúde, Dr. Luiz Eduardo de Castro Drummond e Dr. Talvane de Moraes, que
atestaram a impossibilidade de intervalos lúcidos diante da progressividade da doença, que
acomete o 2º Réu, afirmando que seu discernimento e manifestação de livre vontade estariam
gravemente prejudicados (fls. 340/353 e fls. 194/302).

Destaca-se, ainda, que, no laudo pericial do Dr. Talvane de Moraes, o profissional afirma que o
2o Réu estaria totalmente incapacitado para outorgar a procuração em questão (fls. 353) e
que tal ato estaria em desacordo com as diretrizes anteriormente imprimidas à empresa,
sendo incoerente com a sua história pessoal (fls. 352).
Não é possível, portanto, priorizar as declarações do médico pessoal do Réu (fls. 154 do
processo 0203975-19.2015.8.19.0001), que foi o único a atestar sua capacidade plena, uma
vez que destoantes todos os demais pareceres acostados aos autos.

Assim, conforme atestado nos laudos médicos (fls. 36 e 37/39 e fls. 340/353 do processo
0203975-19.2015.8.19.0001), José Augusto Flor, na data em que outorgou a procuração, já
não se encontrava em condições de capacidade para tal, o que caracteriza a nulidade de
quaisquer atos praticados utilizando o referido documento.

Dessa forma, como tanto na Promessa de Compra e Venda como na Reunião de Sócios a 3a Ré,
Maria de Lourdes, atuou como mandatária do 2o Réu, José Augusto Flor mediante procuração
nula, é imprescindível também a declaração de nulidade dos referidos atos, conforme art. 166,
I do Código Civil.

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