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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL

Processo N° 0003103-39.2017.4.01.3400 - 12ª VARA - BRASÍLIA


Nº de registro e-CVD 00152.2017.00123400.2.00338/00128

SENTENÇA “TIPO D”

1. O Ministério Público Federal ofertou denúncia em desfavor de FRANCISCO

EDNALDO PRACIANO, FRANCISCO GARCIA RODRIGUES, MARCELO AUGUSTO DA EIRA CORREA,

RAIMUNDO SABINO CASTELO BRANCO MAUES e REBECCA MARTINS GARCIA em razão da

suposta prática do crime tipificado no artigo 312 do Código Penal.

2. Para tanto, narrou, em síntese, que os acusados, no exercício de mandatos

parlamentares federais, durante os anos de 2007 a 2009, utilizaram indevidamente a cota de

passagens aéreas disponibilizada pela Câmara dos Deputados para o exercício da atividade

parlamentar, desviando, em favor de terceiros sem qualquer vínculo com a atividade

parlamentar, valores de que tinham a posse em razão do cargo.

3. Requereu, também, o arquivamento do feito quanto aos investigados

CARLOS ALBERTO CAVALCANTE DE SOUZA, JOSÉ LUPÉRCIO RAMOS DE OLIVEIRA e RONALDO

DE BRITO LEITE, por ausência de interesse de agir tendo em vista o transcurso de mais de oito

anos entre a data dos fatos e a presente data vez que eventual pena aplicada, em caso de

condenação, não ultrapassaria quatro anos e por tal razão estaria prescrita a pretensão

punitiva estatal.

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Documento assinado digitalmente pelo(a) JUÍZA FEDERAL SUBSTITUTA POLLYANNA KELLY MACIEL MEDEIROS MARTINS ALVES em
20/10/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006.
A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 73293823400221.

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4. É o relato necessário.

FUNDAMENTO E DECIDO.

5. De início, relativamente aos investigados CARLOS ALBERTO CAVALCANTE

DE SOUZA, JOSÉ LUPÉRCIO RAMOS DE OLIVEIRA e RONALDO DE BRITO LEITE, o feito deve ser

arquivado por falta de interesse de agir tendo em vista o transcurso de mais de oito anos

entre a data dos fatos e a presente data, sendo certo que eventual pena aplicada, em caso de

condenação, não ultrapassaria quatro anos e por tal razão estaria prescrita a pretensão

punitiva estatal.

6. Justamente pelos mesmos fundamentos, a denúncia ofertada em desfavor

de FRANCISCO EDNALDO PRACIANO, FRANCISCO GARCIA RODRIGUES, MARCELO AUGUSTO

DA EIRA CORREA, RAIMUNDO SABINO CASTELO BRANCO MAUES e REBECCA MARTINS GARCIA

deve ser rejeitada.

7. Isso porque, em que pese a pena máxima abstratamente cominada ao

delito (artigo 312 do CP), em face das condições judiciais do artigo 59 do Código Penal

(culpabilidade, os antecedentes, a conduta social, a personalidade, os motivos, as

circunstâncias e conseqüências do crime), as penas eventualmente aplicadas ao caso concreto

dificilmente seriam em patamar superior a dois anos de reclusão.

8. De tal sorte, se deflagrada uma ação penal para apurar os fatos

investigados, nenhum efeito prático produziria uma vez que se cominadas penas de até

quatro anos, o que dificilmente ocorreria, restariam prescritas em decorrência do lapso

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temporal transcorrido entre a data dos fatos e o eventual recebimento da denúncia (artigo

109, inciso IV, c/c o artigo 110, §1º, ambos do Código Penal). Dar prosseguimento ao feito

seria movimentar o aparato do Poder Judiciário sem qualquer utilidade posterior.

9. Portanto, transcorridos mais de 08 anos entre a data apontada como de

consumação dos delitos (2007 a 2009) e a presente data, forçoso o reconhecimento da

prescrição pelas penas em perspectiva (artigo 109, inciso IV c/c o artigo 110, §1º do Código

Penal).

10. Por oportuno, destaco:

“PENAL. PROCESSUAL PENAL. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE.


PRESCRIÇÃO. PENA EM PERSPECTIVA. PERTINÊNCIA.

I. A correta inteligência do princípio da finalidade pública e sua


necessária repercussão no dogma da indisponibilidade da ação penal
pública aliada à instrumentalidade do processo autorizam a
decretação da extinção da punibilidade pela pena em perspectiva,
vale dizer, pela reprimenda a ser ulteriormente concretizada em
eventual sentença penal condenatória.

II. No caso concreto, o suposto ilícito se consumou em fins de 2004.


Tendo a norma penal incriminadora referida na denúncia (Decreto-
Lei 201/1967, art. 1º, III) previsto a aplicação de pena de prisão de
03 (três) meses a 03 (três) anos, não há como se reconhecer
utilidade em ação penal ajuizada mais de 06 (seis) anos após os
fatos. É que virtual acórdão condenatório somente teria validade
acaso culminasse com a aplicação de pena superior a 02 (dois) anos,
o que, diante das circunstâncias do caso concreto, não se afigura
verossímil.

III. O prestígio da persecução penal é tão mais significativo quanto


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maior for sua eficácia. Iniciar ação criminal para, a final, prolatar
acórdão sem qualquer eficácia importa, sem dúvida, em ofertar
significativa contribuição para sua desmoralização e descrédito.

IV. Denúncia rejeitada. (INQ 0018002-04.2010.4.01.0000/BA, rel.


Juiz Federal Marcus Vinícius Reis Bastos (convocado), 2ª Segunda
Seção, Maioria, Publicação: e-DJF1 de 16/03/2011, p. 06).

“PENAL. PROCESSO PENAL. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. ART. 171


DO CP. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÃO PROVIDO. PRESCRIÇÃO
ANTECIPADA, OU PROJETADA, OU PRECALCULADA, OU EM
PERSPECTIVA.

A doutrina e a jurisprudência divergem, predominando, no entanto,


a orientação que não aceita a prescrição antecipada. É chegada a
hora, todavia, do novo triunfar.

A prescrição antecipada evita um processo inútil, um trabalho para


nada, chegar-se a um provimento jurisdicional de que nada vale,
que de nada servirá. Desse modo, há de reconhecer-se ausência do
interesse de agir.

Não há lacunas no Direito, a menos que se tenha o Direito como lei,


ou seja, o Direito puramente objetivo. Desse modo, não há falta de
amparo legal para aplicação da prescrição antecipada.

A doutrina da plenitude lógica do direito não pode subsistir em face


da velocidade com que a ciência do direito se movimenta, de sua
força criadora, acompanhando o progresso e as mudanças das
relações sociais. Seguir a lei ‘à risca, quando destoantes das regras
contidas nas próprias relações sociais, seria mutilar a realidade e
ofender a dignidade mesma do espírito humano, porfiosamente
empenhado nas penetrações sutis e nos arrojos de adaptação
consciente’ (Pontes de Miranda).

Recurso em sentido estrito não provido.” (TRF-1ª Região, RCCR nº

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1997.35.00.000060-0, 3ª Turma, Relator Desembargador Federal


Tourinho Neto, Maioria, DJ de 29/07/2005).

“PENAL E PROCESSUAL PENAL. PRESCRIÇÃO ANTECIPADA OU EM


PERSPECTIVA. PROCESSO NATIMORTO.

1. Deve ser reconhecida a prescrição de forma antecipada, tendo por


referência, não o fato jurídico da pena aplicada, mas apenas a pena
hipotética ou em perspectiva, quando de logo se sabe,
induvidosamente, que a sentença a ser proferida, se der pela
condenação, não terá nenhuma eficácia. Hipótese em que, cessando
o interesse de agir, de forma intercorrente, o processo revela-se tal
como um ‘natimorto’.

2. Recurso improvido”. (TRF-1ª Região, RCCR nº


1997.35.00.026404-6, 3ª Turma, Relator Desembargador Federal
Olindo Menezes, Maioria, DJ de 24/06/2005).

11. Diante de tal quadro, revela-se certa a inutilidade de um decreto

condenatório tomando-se por base as penas provavelmente impostas aos acusados no caso

de condenação, tendo em vista que nenhum efeito jurídico produziria, ante a evidente

incidência da prescrição pela pena em perspectiva.

12. Em face do exposto:

13. DETERMINO O ARQUIVAMENTO dos autos relativamente aos investigados

CARLOS ALBERTO CAVALCANTE DE SOUZA, JOSÉ LUPÉRCIO RAMOS DE OLIVEIRA e RONALDO

DE BRITO LEITE, por falta de interesse de agir tendo em vista o transcurso de mais de oito

anos entre a data dos fatos e a presente data;

14. REJEITO A DENÚNCIA ofertada em desfavor de FRANCISCO EDNALDO

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Nº de registro e-CVD 00152.2017.00123400.2.00338/00128

PRACIANO, FRANCISCO GARCIA RODRIGUES, MARCELO AUGUSTO DA EIRA CORREA,

RAIMUNDO SABINO CASTELO BRANCO MAUES e REBECCA MARTINS GARCIA à míngua de

interesse de agir ante a inevitável prescrição da pretensão punitiva do Estado, com base na

pena em perspectiva, com fulcro no artigo 395, inciso II, do Código de Processo Penal.

15. Cientificar o Ministério Público Federal, após, sem recurso, arquivar os

autos com baixa na distribuição.

Brasília, 20 de outubro de 2017.

POLLYANNA KELLY MACIEL MEDEIROS MARTINS ALVES

Juíza Federal Substituta da 12ª Vara

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