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Universidade de Lisboa- Faculdade de Letras

Licenciatura em História
Ano Letivo 2017/2018

História Moderna de Portugal


A vida dos portugueses em Ceuta

Docente: Professora Doutor João Cosme


Discentes: Francisco Sampaio Soares
Francisco Mutumbua
Henrique Campos

1
Índice

Introdução -----------------------------------------------------------------------3

Os Portugueses em Ceuta--------------------------------------------------3-7

Conclusão--------------------------------------------------------------------------7

Bibliografia------------------------------------------------------------------------8

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Introdução

Antes de começarmos a desenvolver o tema, importa referir que Dom Pedro


de Meneses, o protagonista da crónica em que nos baseámos (Crónica do
Dom Pedro de Meneses) que foi escrita por Gomes Eanes de Zurara, foi o
primeiro governador de Ceuta após a tomada desta cidade em 1415 com
grande importância comercial, devido a sua localização geográfica e
económica. Dom Pedro de Meneses governou Ceuta de 1415 a 1430, e de
1434 a 1437, data do seu falecimento, correspondente também ao fracasso
da conquista de Tânger, por parte dos portugueses. A Cronica do Dom Pedro
de Meneses vangloria o primeiro governador de Ceuta, bem como as suas
ações exuberantes, do mesmo modo que realça o expansionismo português
no Norte de África, bem como os feitos gloriosos do povo português.

Os Portugueses em Ceuta

Após a conquista de Ceuta, há uma mudança evidente no que diz respeito


por exemplo à religião: no dia 25 de Agosto de 1415, quatro dias após a
tomada de Ceuta por parte dos portugueses, foi celebrada uma missa a pedido
de Dom João I que “instruiu os clérigos mais destacados da expedição para
que tomassem as medidas apropriadas”1. Em 1420 foi mandada construir
uma Catedral, em Ceuta. Também o Papa Martinho V promoveu algumas
alterações religiosas, entre as quais a conversão de um Ermitério dos
franciscanos num convento, isto a pedido de Dom Pedro, que apesar de não
ter qualquer poder em Ceuta, aparentemente tinha algum, o poder estava
destinado ao dom João que por sua vez passou o seu filho infante dom
Henrique a “senhor de Ceuta”. As ordens de Cristo, Santiago e de Avis,
pediram para que os seus freires ficassem livres de pagar qualquer dívida, e

1
Vide et al, Nova História Militar de Portugal (Volume I), Círculo de Leitores, p.403

3
permaneceram por Ceuta, criando uma diversidade de ordens na praça
marroquina.

Para além desta evidente mudança “religiosa”, há outros fatores importantes


a ter em conta.
A guarnição de Ceuta permitiu aos portugueses terem o controlo desta cidade
marroquina durante muitos anos, e muitos nobres ficaram famosos pela
defesa de Ceuta. “No total seriam 2500 soldados e duas galés, para guardar
o Estreito”2.Mas nem todos eram felizes em Ceuta, por exemplo a plebe, na
sua maioria não queria permanecer inventando muitas vezes doenças para
poder regressar a pátria, em contraste com os nobres que lá estavam.
Segundo o Cronista Gomes Eanes Zurara, a razão pela qual a maioria do
povo não queria permanecer em Ceuta, tinham a ver com o facto de este ter
incertezas acerca da sua qualidade de vida e das suas famílias em Ceuta, visto
que eram os mais desfavorecidos. Outro motivo está relacionado com o
receio de não regressarem a Portugal, era, portanto, uma hipótese em cima
da mesa, isto porque podia haver retaliações por parte dos conquistados, e
não só visto que Ceuta era muito pretendida.
Um dos maiores obstáculos que se veio a resolver por parte dos portugueses
em Ceuta era a falta de abastecimento de água, mais precisamente a
manutenção da qualidade da água, a caça precária, e a fraca condição de
pasto para os animais, mais concretamente para os cavalos, devido aos
elevados custos que isto requisitava, o que nos leva querer que habitar e
desenvolver Ceuta era mais difícil do que se julgava. As Atalaias serviam de
posto de vigia e controlo do território dominado, os guardas “especialmente
bem colocados, trocavam sinais entre eles e enviavam mensagens à praça…”
Para além de todo este sistema de vigilância montado pelos Portugueses em
Ceuta, surge também uma estrutura informativa: “por quase todo o Norte de
África, de Tunes a Larache, na costa ou na serra, pelo reino de Granada e,
especialmente, em Gibraltar”, e evidentemente em Ceuta. Isto permitia aos
portugueses prever qualquer movimento suspeito por parte dos muçulmanos.
Importa referir que os Portugueses não se queriam reduzir apenas à posse de
Ceuta, como tal tentam expandir-se por outras zonas perto de Ceuta, algumas
sem sucesso como é o caso de Tanger e Tetuão, outras aldeias eram mesmo
saqueadas e invadidas pelos portugueses, também, sobretudo graças à
2
Vide idem, ibidem, p.405

4
fragilidade defensiva dessas zonas que nem sequer tinham muralhas. O
objetivo passava por criar um clima de instabilidade nas cidades à volta de
Ceuta, onde os chefes dessas cidades perdessem o controlo sobre os seus
habitantes, e houvesse um êxodo desses habitantes da cidade, o que era
benéfico para os portugueses porque ficavam com caminho livre e com
menor probabilidade de ataques a Ceuta. A presença portuguesa em Ceuta,
bem como sua guarnição devem-se em muito às comunicações que se
estabeleciam entre o Algarve e Ceuta, isso permitia manter de pé o reino
cristão português no norte de África. De certa forma os Portugueses que
estavam em Ceuta, eram recompensados, surge um imposto, designado dos
“dez reais”, dos quais não há muitas informações, mas sabe se apenas que
eram dirigidos para apoiar os Portugueses que defendiam o território em
Ceuta.

Em relação à alimentação em Ceuta, os portugueses alimentavam-se de


forma muito semelhante à que se alimentavam em Portugal, exceto as
tâmaras que eram provenientes da cultura africana. De resto era tudo à base
de carnes de vaca, de porco, perdiz, entre outras, e claro o peixe. O vinho era
também muito consumido pelos portugueses em Ceuta, bem como a
aguardente. Outros componentes da alimentação eram o azeite, o sal, o alho,
as cebolas, tudo produtos tipicamente “nossos” (portugueses). Do vinho
sabe-se apenas que não era produzido na praça africana, mas vinha do
Algarve, no entanto a produção da aguardente era feita mesmo em Ceuta. As
tâmaras eram colhidas em Ceuta e por essa razão era um produto local.
Apesar de toda esta diversidade de produtos alimentares que expus, era
notório que havia por vezes crises de fome, devido ao fraco abastecimento
de cereais.

O vestuário estava limitado aos grupos existentes devido ao poder


económico, mas também devido à etiqueta que tinha como função
demonstrar o luxo e marcar diferenças entre os diferentes grupos da
sociedade. O vestuário estava dependente da “produção e importação dos
tecidos e da evolução das manufaturas têxteis3.” Lã, algodão, linho eram os
tecidos usados sendo a estes aplicados riscas ou bordados, nacionais ou
internacionais. Devido à grande diversidade de cristãos que estavam em
Ceuta a negociar, graças a eles havia uma ampla variedade de produtos.

3
Vide et al, VII Jornadas de historia de Ceuta. La vida cotidiana en Ceuta a través de los tiempos,
Instituto de Estudios Ceutíes, 2007

5
Como por exemplo “borzeguins, panos de chamalote, calções, saias, capas,
chapéus, cintos, camisas” entre outros, eram todos produtos de vestuário
disponíveis em Ceuta.
As casas eram confortáveis, construídas com pedra, cal, barro, madeira,
telha, vidro. Eram escuras por dentro, dada a má iluminação. Eram frágeis,
devido aos materiais enumerados, que eram mal usados, e também porque
estamos a falar dos séculos XV e XVI. Ou seja, as casas em Ceuta eram uma
mistura entre as que foram deixadas pelos muçulmanos em 1415 quando se
deu a conquista de Ceuta, e as que se foram construindo ao longo dos tempos,
sendo que as diferenças entre ambas são pouco significativas. Como
acontece hoje em dia a posse das casas mais luxuosas estava destinada aos
mais ricos, com maior capacidade monetária.
No que diz respeito à população em Ceuta, por vezes tinham problemas de
saúde, sobretudo devido às guerras que marcaram essa época, evidentemente
esses problemas eram tratados nos hospitais. No entanto essa resposta
médica não era a mais eficaz, visto que as técnicas medicinais não eram tão
desenvolvidas. A doença que marca mais esta época e que de certa forma
assolou a cidade marroquina e não só, é designada de Peste, com a qual
muitos morreram e levou a um decréscimo demográfico. Portugal como
forma de dar resposta a estes problemas enviou muitos profissionais de saúde
para Ceuta. Como já deu para entender nem tudo eram coisas boas em Ceuta,
os conflitos eram recorrentes entre todos os estratos da sociedade, e também
devido à constante ameaça muçulmana. Segundo a crónica de D. Duarte de
Meneses, há relatos desse ambiente violento que se vivia em Ceuta. Esta
violência era perpetuada pelos homens com o auxílio de várias armas como:
“adagas, punhais, bestas, espadas, lanças, setas, facas, pedras”, basicamente
utilizava-se tudo o que estivesse à mão e tivesse capacidade de ferir alguém.
Importa referir que o porte de arma era estritamente proibido pelo rei.
Quanto à religião que já foi falada, é muito semelhante à que se vive hoje em
dia, com algumas alterações. Os sacramentos presentes na vida de cada
cristão, as peregrinações, as missas, as festas sagradas (Corpo de Deus,
Páscoa, Natal) eram habituais em Ceuta. As igrejas mais conhecidas de
Ceuta eram a igreja de Santa Maria de Africa, Vera Cruz, e também a de São
Pedro.
As atividades de lazer eram sobretudo de caça, pesca os jogos de cartas,
xadrez, dados, a música, as touradas, a equitação, mas tudo dependia de
quem tinha possibilidade económica para as fazer.

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Basicamente todos estes pontos que abordámos, ainda que se distanciem no
tempo, são muito parecidos à realidade atual.

Conclusão

Por último, concluímos que as diferenças entre o quotidiano de Ceuta e


Portugal não são assim tantas, antes pelo contrário, como se pode verificar
ao longo deste trabalho muitas são as semelhanças: alimentação, modo de
vestir, crenças, atividades lúdicas, entre outras. Mas evidentemente que
tinha de haver semelhanças, trata-se do povo português, a terra é outra, mas
o povo é o mesmo, ou seja, a cultura é a mesma. Em 1415 conquista-se
Ceuta, e tenta-se construi-la à moda portuguesa, de um modo geral Portugal
é bem sucedido em África, especialmente em Ceuta, porque soube adaptar-
-se às condições que África dispunha. Quando os portugueses assumem um
controlo das terras do norte de África, conseguem impor a sua hegemonia e
cobrar tributos que essas terras têm de prestar aos portugueses.

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Bibliografia

 BARROCA, M.J. ; DUARTE, L.M. ; MONTEIRO, J.G., Nova


História Militar de Portugal (Volume I), Círculo de Leitores

 SERRÃO, Joaquim Veríssimo, História de Portugal (Volume II),


Editorial VERBO

 THOMAZ, Luís F.F.R., De Ceuta a Timor, DIFEL

 VV.AA, VII Jornadas de historia de Ceuta. La vida cotidiana en


Ceuta a través de los tiempos, Instituto de Estudios Ceutíes, 2007

 ZURARA, Gomes Eanes, Crónica do conde D. Duarte de


Meneses, edição diplomática de Larry King-Lisboa Universidade
Nova de Lisboa, 1978

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