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Cultivo de Crassostrea brasiliana na Baía de Guaratuba - PR

Trabalho referente ao dia Treze de Junho de 2018 na matéria de


Malacocultura de Engenharia de Pesca.

Prof. Dr.: Carlos Augusto Prata Gaona

BIANCA KESSELRING V. MACHADO

ELISA MAIA DE GODOY

GABRIEL RINALDI LATTANZI

HIRAM SIANDELA DA ROCHA

REGISTRO - SP

JUNHO DE 2018
1. Introdução

O Brasil, com grande potencial hídrico e biológico, é apontado com um dos países
de maior potencial para a expansão da aquicultura, especialmente frente a crescente
demanda mundial por alimentos de qualidade, conforme dados da FAO 2016.

O consumo de ostras trata-se de uma cultura para populações que a extraem do


ambiente natural para subsistência. Além disso, com baixo nível de gordura, conquistaram
espaço na gastronomia mundial oferecendo sabores diversificados, de acordo com o local
de desenvolvimento (NOVAES, 2011).

Frente ao aumento do consumo de ostras, surge à ostreicultura (cultivo de ostras)


realiza em ambiente natural, inicialmente no Oriente, e no Brasil na década de 30
(BATALHA et al., 2002), ganhando força no inicio dos anos 70.

No Brasil, a produção de sementes em laboratório ainda é muito pequena. Segundo


Baldan (2009), a produção da ostra nativa, até pouco tempo, dependia exclusivamente de
sementes dos bancos naturais para cultivo e comercialização, o que vem ocasionando o
esgotamento dos mesmos. A aquisição de sementes produzidas em laboratório é o principal
fator para o desenvolvimento sustentável dos cultivos de ostras. Além de não causar impacto
nos bancos naturais, as sementes produzidas em laboratório já são selecionadas, garantindo ao
produtor maior qualidade e regularidade na produção (BALDAN et al., 2009).
Com diversas espécies do gênero Crassostrea, a C. brasiliana trata-se de uma das
espécies nativas de maior interesse comercial devido seu maior porte, baixa taxa de
mortalidade e fácil adaptação às condições climáticas de praticamente toda a costa
brasileira.

2. Biologia da Espécie

Segundo Silva (2007), nas últimas décadas os estudos sobre a biologia e a ecologia
das ostras têm se intensificado com o objetivo de desenvolver técnicas de cultivo adequadas
a cada região e espécie.

A ostra do mangue está inserida no filo Mollusca, classe Bivalvia, ordem Ostreoida,
família Ostreidae e gênero Crassostrea (Figura 1), originando assim a Crassostrea brasiliana
(Figura 2).
Figura 1. Taxonomia.

Figura 2. Crassostrea brasiliana. Fonte: Ostrensky et al. (2015).

Amplamente distribuída pela costa brasileira, desde o Estado de Santa Catarina até o
Maranhão e no Estado de São Paulo, C. brasiliana é encontrada principalmente em costões
rochosos e em raízes de mangues (Figura 3), conforme Lopes (2008).

Figura 3. Ostras fixadas nas raízes do mangue. Fonte: Atlas dos Manguezais Brasileiros (2018)

A morfologia das ostras pode ser influenciada por fatores ambientais, de forma que a
sua classificação baseada em características como estrutura, cor ou forma das conchas pode
acarretar em grande chance de erro (IGNÁCIO et al., 2000).
Neto & Ostrensky (2012) descrevem que as ostras do gênero Crassostrea apresentam
corpo envolvido por duas conchas ou valvas articuladas em sua porção dorsal por um
ligamento córneo, com altura de 50 a 130 mm, coloração esverdeada e amarronzada com
feixes brancos (AMARAL, 2010) e com corpo composto por: conchas, músculo adutor,
brânquias, manto, sistema digestivo, sistema circulatório e sistema nervos (Figura 4).

Figura 4. Morfologia da ostra. Fonte: Ostrensky et al. (2015).

Segundo Wakamatsu (1973), a ostra C. brasiliana é considerada eurialina, suportando


ampla variação de salinidade de 8 a 34 UPS, apresentando melhor desempenho na faixa de 15
a 25 UPS. A ostra do mangue demonstra ter preferência por águas com temperatura variando
de 23 a 31 ºC, segundo dados de ABSHER (1989), além disso, são hermafroditas sequenciais,
atingindo a maturidade sexual antes de atingir os 30 mm, aproximadamente 120 dias após a
fixação. Lopes (2008) descreve que C. brasiliana, ao fim de doze meses em cultivo na região
de Cananéia, SP, atingiu comprimento e altura média de 44 mm e 60 mm, respectivamente.
Nas épocas de reprodução, a fecundação externa ocorre quando uma ostra inicia a
liberação dos ovócitos (Figura 5) ou esperma na água, fazendo com que todas as ostras que
estejam próximas iniciem o processo simultâneo de desova, formando o “banco de ostras”,
conforme SEAP (2003).

Figura 5. Ciclo de vida. Fonte: SEAP (2003).


3. Caracterização da área de estudo

O litoral do estado do Paraná possui extensão de 105 Km localizado na costa sul do


Brasil, apresentando duas baías: o complexo estuarino de Paranaguá, com área total de 612
Km² e a Baia de Guaratuba com 48,57 Km² de área, conforme dados de Lanna et al. (2000).

A Baía de Guaratuba (Figura 6) trata-se de um estuário situado na planície costeira


do litoral sul, localizada no município de Guaratuba entre as latitudes 25° 50’ e 25° 55’ e
longitudes 48° 30’ e 48° 45’W. Segundo Ipardes (1995), o clima da região é definido como
subtropical úmido, com pluviosidade anual média de 2.84 mm e temperatura média de
29,6°C e 14,5°C no verão e inverno, respectivamente.

Figura 6. Mapa da Baía de Guaratuba, litoral do Estado do Paraná, Brasil. Fonte: Elton Augusto
Lehmkuhl (2010).

Caracterizada por apresentar maré semidiurna com amplitudes máxima e mínima de


1,5 e 0,7 m, respectivamente, conforme Marone et al., (2006), a Baía de Guaratuba, na sua
área mais interna, possui profundidade máxima de 5 m e a comunicação com o oceano se
dá por uma abertura de 700 m de largura, segundo Christo (2006). A região é margeada por
extensos manguezais e alarga-se em direção ao continente, caracterizado por várias ilhas,
canais e rios que desembocam, especialmente, nas áreas internas da baía (SANTOS, 2003).

Segundo dados do Instituto Ambiental do Paraná, em 1992 foi criada a APA de


Guaratuba que possui uma área aproximada de 200 mil hectares e engloba todo o município
de Guaratuba e busca proteger a rede hídrica, os remanescentes da Floresta Atlântica e os
manguezais, além de disciplinar o uso turístico, conservar a fauna, flora, sítios
arqueológicos e ainda compatibilizar o uso racional dos recursos ambientais da região e a
ocupação ordenada do solo, contribuindo com a qualidade de vida das comunidades
caiçaras e da população local.
A Baía de Guaratuba, assim como as demais baías da região sul do Brasil, suporta uma
atividade pesqueira quase exclusivamente em escala artesanal, realizada por comunidades que
habitam as margens do estuário (GIA, 2009). Dessa forma, a localização de bancos naturais
de ostras na região favorece o extrativismo, ocasionando uma intensa exploração, que pode
provocar danos irreversíveis aos bancos naturais.
Westphal (2012) identificou 38 bancos de ostras na região da Baía de Guaratuba, com
a maioria localizada ao norte da Baía (Figura 7), região onde há maior ramificação de rios e
vasta presença de mangue.

Figura 7. Bancos de ostras identificados na Baía de Guaratuba - PR. Fonte: Westphal (2012).

Frente à quantidade de bancos de ostras, à pressão extrativista e à demanda de


mercado, a qual se intensifica nos períodos de verão quando o número de habitantes das
cidades litorâneas aumenta significativamente na Baia de Guaratuba (Prefeitura de Guaratuba,
2007), a ostreicultura na região torna-se uma alternativa viável, principalmente se houver
associação dos produtores locais visando redução de custo para obtenção de sementes em
laboratório, no Centro de Produção e Propagação de Organismos Marinhos (CPPOM), o que
resultará em sustentabilidade da produção e, possivelmente, aquisição de certificação de
produto sustentável.

4. Delineamento
Para a produção, serão utilizadas ostras nativas da espécie Crassostrea brasiliana. As
sementes serão obtidas no Centro de Produção e Propagação de Organismos Marinhos
(CPPOM), localizado em Guaratuba (PR) e posteriormente, serão alocadas em travesseiros
em sistema de tabuleiros para engorda em ambiente natural, ao norte da Baia de Guaratuba.
Serão instalados 32 tabuleiros em áreas rasas na região do manguezal, onde ficarão
fixos horizontalmente à profundidade de 1,5m, apresentando seções de 3m x 0,85 m de
largura e 0,5 m de altura, formados por vergalhões de aço de construção (ENGEPESCA,
2007) e compostos de 96 travesseiros.
Os travesseiros (Tabela 1) serão confeccionados com telas plásticas retangulares de
1m x 0,5m de altura e compreenderão 3 diferentes malhas, conforme crescimento das ostra.

Tabela 1. Travesseiros e malhas.


Travesseiro Malha Densidade (ostra/trav.) Quantidade Total de Ostras
Berçário 2 mm 6.000 3 18.000
Juvenil 10 mm 1.000 16 15.300
Adulto 25 mm 200 77 15.300

A cada 15 dias as ostras serão expostas à radiação solar (castigo) para devida
eliminação de parasitas. O manejo será realizado a cada 40 dias para classificação das ostras
por tamanho e redistribuição das mesmas nos travesseiros, totalizando em torno de 12 meses
de cultivo, com tamanho mínimo comercial de 50 mm.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABSHER, T.M. 1989. Populações naturais de ostras do gênero Crassostrea do litoral do


Paraná - Desenvolvimento larval, recrutamento e crescimento. Tese Doutorado
(Instituto Oceanográfico), Universidade de São Paulo.

NOVAES, A.L.T. Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina


(Epagri), Florianópolis, SC.

BATALHA, M.O. et al. 2002. A maricultura no Estado de São Paulo. São Paulo: SEBRAE:
GEPAI: GENAQUI.

Castilho-Westphal, G. G. 2012. Ecologia da ostra do mangue Crassostrea brasiliana


(Lamarck, 1819) em manguezais da baía de Guaratuba-PR.

CHRISTO, S.W. 2006. Biologia reprodutiva e ecologia de ostras do gênero Crassostrea


(Sacco, 1897) na Baía de Guaratuba (Paraná – Brasil): um subsídio ao cultivo. Tese de
Doutorado (Pós Graduação em Ciências, área de concentração Zoologia),
Universidade Federal do Paraná, 146 p.

GIA. 2009. Projeto de Maricultura de Ostras no Complexo Lagamar-SP e Baía de Guaratuba


– PR: Desenvolvimento de bases tecnológicas, ecológicas e mercadológicas. Curitiba,
Grupo Integrado de Aquicultura e Estudos Ambientais, UFPR, 63p.

IGNACIO, B.L. et al. 2000. Genetic evidence of the presence of two espécies of Crassostrea
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Disponível em: <www.ibge.gov.br> Acesso em: 01 jun. 2018.

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Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social. Curitiba. 166p.

LANNA, P.C.; MARONE, E.; LOPES, R.M. & MACHADO, E.C. 2000. The subtropical
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LEHMKUHL, E.A. et al. 2010. Thalassiosirales (Diatomeae) da baía de Guaratuba, Estado


do Paraná, Brasil. Biota Neotropica, v. 10, n. 2.

Lopes, G. R. 2008. Crescimento da ostra-do-mangue Crassostrea brasiliana (Lamarck, 1819)


cultivada em dois ambientes no estado de Santa Catarina.

MARONE, E.; NOEMBERG, M.A ; LAUTERT, L.F.C.; SANTOS, I.; ANDREOLI, O R.;
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<http://www.engepesca.com.br/produto/travesseiro-para-cultivo-de-ostras> Acesso
em: 05 jun. 2018.

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