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Vanda Maria Elias (organizadora) Amélia Salazar Reis * Ano Rosa Dias * Anna Christina Bentes Anna Maria Cintra * Antonio Carlos Xavier * Elisbeth de Alencor Emani Terra * Gil Negreiros * Graga Faria * Leonor Lopes Favero Livia Suassuna * Maria da Penha Lins * Maria Lucia C. V. O, Andrade Marli Quadros Leite * Mercedes Canha Crescitelli MG6nica Magalhées Cavalcante * Patricia Sousa Almeida * Paulo Ramos Rivaldo Capistrano Junior * Sandoval Gomes-Santos Sueli Cristina Marquesi * Vanda Maria Elias * Zilda Aquino Ensino de Lingua Portuguesa oralidade, escrita e leitura editoracontexto Copyright © 2011 da Organizadora ‘Todos os direitos desta edigio reservados & Edicora Contexto (Editora Pinsky Ltda.) “Montager de capa e diagramagdo Gustavo S. Vilas Boas Preparagio de textos ‘Rinaldo Milesi Revisio Lourdes Rivera ‘Dados Inrernacionais de Catalogagao na Publicacéo (ctr) (Camara Brasileira do Livro, se, Brasil) Ensino de lingua portuguesa: oralidade, eserita ¢ leirura / organizadora Vanda Maria Elias. ~ 1.ed,, 2 reimpressio, ~ So Paulo : Contexto, 2014. Vasios aucores. ISBN 978-85-7244-651-8 1. Comunicagéo oral 2. Escrita 3. Fala 4, Linguagem e linguas — Estudo e ensino 5. Linguistica 6. Oralidade I. Elias, Vanda Maria, 11-0639 CDD-410.7 Tndice para catdlogo sistemtico: 1, Portugués : Oralidade, escrita¢leitura: Ensino : Lingulstica 410.7 20r Eprtora Contexto Diretor editorial: Jaime Pinsky Rua Dr, José Elias, 520 Alto da Lapa 105083-030 ~ So Paulo —se asx: (11) 3832 5838 contexto@editoracontexto.com.br -wivwreditoracontexto.com.br Escrita e reescrita de textos. no ensino médio Sueli Cristina Marquesi Neste capitulo, tenho por objetivo discutir o processo de escrita e reescrita que deve orientar a produgdo textual no ensino médio, ressaltando a importancia de aspectos tedricos na proposigio de metodologias que permitam ao professor trabalhar com esta questo de forma a priorizar a coeréncia estabelecida pelo aluno para a redacao de textos criticos e completos. Considerando 0 texto como evento comunicativo, em que convergem ages de natureza linguistica, cognitiva e social, fundamento-me em principios tedricos da Linguistica Textual e, na delimitagao aqui proposta, relaciono, para a construgao da coeréncia do texto, operagdes de retextualizagiio que permitam ao estudante do ensino médio escrever um texto que revele sua opiniao a respeito do tema em foco. CO estudo tem origem em um problema que tem se agravado nos tiltimos ano: o estudante do ensino médio ainda tem extrema dificuldade para escrever e, entao, na maioria das vezes, ele reproduz, em sua escrita, frases, clichés ou trechos de textos lidos, escrevendo um texto que nao revela um fio condutor orientador de sua esctita. Segundo minha andlise, a causa desse problema reside na auséncia de um trabalho que oportunize, ao estudante/escritor, vivenciar a escrita ¢ a reescrita de seu texto. Diante dessa realidade, considero que o professor de Lingua Portuguesa, para preparar suas aulas de redagiio, deve compreendé-la como um proceso de retextualizagdo para, entiio, buscar esiratégias que possibilitem ao estudante es- crever, ler e reescrever seu texto, num processo continuo de autoaprendizagem. Pensando em facilitar a compreensto dos principios tedricos aqui discutidos e, principalmente, de como eles podem contribuir para que o professor avance em suas priticas pedagogicas, organizo este capitulo em duas partes: na primeira, discuto aspectos tedricos que possam fundamentar o tratamento da escrita/rees- crita no ensino; na segunda, com base nos aspectos tedricos discutidos, apresento uma sugest&o para o trabalho em sala de aula, trazendo um exemplo de reescrita orientada pelo processo de retextualizagao. 136 Ensino de Lingua Portuguesa Sobre a retextualizacao : Os estudos tedricos sobre retextualizagao tém em_| Termo introduzido por Marcuschi (1993) uma referéncia fundamental, e ainda | Travaglia (2003 [1992}), i , =. | na area da traduio. que 0 autor tenha, em seus estudos, visado a relagao entre as modalidades oral e escrita da lingua, detendo-se na retextualizagao da fala para a escrita, adoto seus fundamentos, pois acredito que as operagdes por ele propostas podem ser empregadas na retextualizacdo da escrita para a escrita, como se pode ver a seguir, relacionando-as aos principios da coeréncia textual ea referenciagao, Marcuschi define as operagGes de retextualizacao categorizando-as em dois processos: o processo de compreensdo, que contempla as operagées de inferéncia, inversao e eliminagao, cujo tratamento proporei por meio da relagdo com a coe- réncia, e 0 processo de reformulagio, que contempla as operagées de acréscimo, substituigo e reordenago, cujo tratamento proporei por meio da relagéo com a referenciagao. Aadogio desta concepgao de retextualizagao para o texto escrito me permite estabelecer uma correlag&o com o estreito didlogo que considero haver entre leitura e escrita, e afirmar que a escrita e reescrita do texto no ensino médio exige um mas, antes de tudo, construir a defesa de um pensamento em relagao a elas; esse escritor sé existira se for um leitor capaz de, com base em leituras realizadas ¢ mesmo em leituras do préprio texto, construir sentidos, e, assim, produzir um | texto final com originalidade e criticidade, esta tiltima traduzida pelo que Dias { (1986) destacou em estudo realizado sobre redagées: escritor criativo em relagao ao uso da lingua, que nao s6 deverd expor suas ideias, | | A produgao de um texto deve ser fruto de um pensamento refiexivo, deve representar 0 salto qualitativo, a codificagtio de informagées reoperadas que se interligam, intencionalmente, ¢ que sao oriundas nao do exercicio mecanico dos leitores entendidos como decodificadores de letras, mas, de leitores cuja compreensao implica a percepgao das relagdes entre 0 texto € 0 contexto, E possivel, desta forma, considerar que, na base da retextualizagao, se en- contra o principio da solugao de um problema, ligado 4 compreensiio de textos lidos ¢ A eserita, e que, para tanto, se, de um lado, hé estratégias que facilitam a compreensio, de outro, hé aquelus que fucilitam a escrita. Pensar essas estratégias ¢ pensar um trabalho que contemple a leitura que integra texto € contexto; ¢, também, pensar um trabalho que contemple a escrita ——qte-tHtrapassa-ont oa a i Estratégias para a compreensao Escrita e reescrita de textos no ensino médio 137 Quaisquer estratégias que se possa pensar para realizar uma leitura focada na construgao de sentidos nos remete, seguramente, 4 interacdo entre leitor e texto, orientada pela relag&o que o leitor estabelece entre texto e contexto. Trata-se de um proceso complexo, que exige um leitor atento a algumas condigdes que garantem a compreensio. Essas condig6es foram assim definidas por Marcuschi (1988: 51): 1. condigio de base textual, em que a condigao basica para a organizagaio de texto € transmissio de sentidos compreensiveis é a existéncia de um sistema linguistico de dominio comum e suficiente aos propdsitos dos interactantes; condigao de conhecimentos relevantes partilhados, em que, para que a base textual seja eficaz em atividades interacionais, exige-se mais do que o simples dominio de regras linguisticas, pois supée a necessidade de conhecimentos relevantes partilhados; condigio de coeréncia, em que as condigdes (1) e (2) s6 serdo significativamente produtivas se 0 texto for coerente. Como um dos fatores condicionantes necessarios 4 compreensao, a coeréncia tematica é construida tanto na produgio quanto na leitura do texto; condigaio de cooperagaio, em que a compreensao se dé como uma atividade interacional em situagdes concretas e reais de recepgio e produgao, exigindo contratos e negociagées bilaterais que se evidenciam na co- laboragdo mtitua que, mesmo quando violada, deve preservar vias de acesso relevantes; condigdo de abertura textual, em que, na medida em que a compreensao se submete a condigao (4), o texto transforma-se numa proposta de sentido com caracteristicas de abertura estratégica, ou seja, com 7 possibilidades interpretativas dentro de alternativas mutuamente aceitaveis; condig&io de base contextual, em que a condigdo (5) cria uma indeter- minagtio que as condigdes (2) ¢ (4) resolvem apenas parcialmente; por isso, é necessaria outra condig&o que requer a presenga de contextos suficientes situados num tempo e espago, definidos tanto para a produgdo quanto para a recepgaio; condigao de determinagao tipolégica, em que 0 tipo de texto ¢ impres- cindivel de ser considerado, j4 que cada tipo carrega em si condigdes restritivas especificas, tanto de contextualizagao como de indeterminagiio, agindo conjuntamente com as condig6es (5) € (6). Refletindo sobre essas condigées, é possivel ressaltar que 0 leitor que realiza ‘a compreensio do(s) texto(s) lido(s) a partir desse conjunto de atividades intera- 138 Ensino de Lingua Portuguesa tivas e cognitivas, ao cumprir as operagdes de inferéncia, inversio e eliminagao, prepara-se para escrever seu texto de acordo com a linha de coeréncia tragada pela leitura que faz do tema proposto. Estratégias para a escrita Somando-se a todas essas estratégias de compreensio, que, na verdade, dao conta de oferecer as bases para que o escritor possa produzir um texto cujo con- tetido revele um pensamento reflexivo, possivel pelo salto qualitative que é capaz de dar em relag&o aos textos lidos, por questo metodoldgica e de delimitacao, dou destaque a duas estratégias para garantir uma producao que nao seja simples transposigdo de frases, clichés ou trechos de textos lidos. A primeira delas refere-se ao principio da coeréncia textual, e a segunda ao processo de referenciag&o, ambas pensadas para oferecer as bases para que 0 estudante/escritor possa realizar uma progressao textual caracterizada por uma sequéncia encadeadora de ideias e por uma categorizagdo de mundo feitas por ele a partir do fio condutor estabelecido para o desenvolvimento de seu texto. No que diz respeito ao principio da coeréncia, defendo-o como estratégia a ser trabalhada pelo professor, por considerar que o estudante/escritor, no contexto aqui discutido, sera capaz de obter uma retextualizagao coerente se aplicar, na construgao de seu texto, as quatro metarregras propostas por Charolles (1978): * metarregra da repetigao, apresentando, no desenvolvimento de seu texto, elementos de recorréncia estrita, a fim de garantir seu cardter sequencial, seu desenvolvimento homogéneo e continuo, sua auséncia de ruptura; * metarregra de progressao, apresentando, no desenvolvimento de seu texto, contribuicéo semantica constantemente renovada; + metarregra de no contradigdo, nao introduzindo, no desenvolvimento de seu texto, elementos semanticos que contradigam um contetido posto ou pressuposto anteriormente; * metarregra de relagdo, ndo introduzindo, no desenvolvimento de seu texto, fatos que nao estejam relacionados ao mundo ali representado. No que diz respeito ao proceso de referenciagiio, defendo-o como estratégia a ser trabalhada pelo professor, por considerar que 0 estudante/escritor, no contexto aqui discutido. sera capaz de obter uma retextualizagao coerente, se for capaz de, na expansiio de seu texto, categorizar o referente e fazer uso de expressdes consonantes com o contexto de sua produgao. Nesse sentido, a referenciagdo deve ser vista como um processo de miltiplas possibilidades de escolhas lexicais que o escritor pode fazer, dentro de uma perspecti- va linguistica interacionista e discursiva, conforme propuseram estudiosos do tema. | | | | | Escrita e reescrita de textos no ensine médio 139 O processo vivenciado pelo estudante deve ser, entao, 0 de ajustar expressdes ou palavras, o que nao se faz diretamente em relagio ao referente dentro do mundo, mas no quadro contextual, sendo importante pensar no apenas na abordagem linguistica, mas também na cognitiva, estando ambas estreitamente imbricadas, jd que sto concernentes as priticas e aos discursos. A referenciagiio, assim como a categorizagaio, assume, pois, um carter de pratica simbélica, necessariamente passando pela leitura de mundo do escritor. Dentre as escolhas que pode fazer para desenvolver o proceso de referencia- gao de seu texto com criatividade e criticidade, ha que se destacar a possibilidade de uso de anéforas indiretas que, por meio da ativagao de referentes novos no texto, possibilitam a expansdo de um texto criativo ¢ inovador. ‘As anaforas indiretas ndo esto, como sempre estiveram, restritas ao campo dos pronomes e da referéncia em sentido restrito, deixando, pois, de ser apenas repetigdo de uma expressio ou sintagma, para constituir-se, no texto, em. expressdes que se reportam a outras expressdes, enunciados, contetidos ou contextos textuais, contribuindo, assim, para a continuidade topica referencial. ‘As expressdes utilizadas por cada escritor, em cada texto, funciona, con- forme assevera Koch (2004), como uma espinha dorsal do texto, que permite ao escritor construir, com base na maneira pela qual se encadeiam e remetem umas s outras, um roteiro que orientard novos leitores para determinados sentidos implicados no texto. Refietindo sobre os processos de compreensio e de reformulagao e rela- cionando-os aos dois principios que elegi para se constituirem como estratégias do professor no tratamento da escrita e da reescrita no ensino médio, considero ser possivel abordar o primeiro processo — 0 da compreensio, com suas operagdes de inferéncia, invers4o ¢ eliminagdio —, por meio das metarregras da coeréncia textual, ¢ 0 segundo — o da reformulagiio, com suas operagdes de acréscimo, substituigo ¢ reordenagdo -, por meio do processo de referenciacao. Essa reflexo permite-me apresentar uma sugestio para o trabalho em sala de aula, focada no processo de retextualizag&o, que, ao ser subsidiada pelos principios tedricos aqui discutidos, possibilita ao professor trabalhar a escrita no ensino médio como um processo de autoaprendizagem continua, em que as etapas se complementam. ‘Ambos os textos compéem corpus de pesquisa em Uma sugestdo para o trabalho contre de retextualizagao em sala de aula Nucleo Extensionista Ensino de Lingua Portuguesa, " rach " ‘sta 0 4 m do Instituto de Pesquisas Esta sugesto contemplaarealizagiio de quatro etapas de Lnguitons Seite Sepimtiae | trabalho e, para facilitar sua compreensio, arrolo dois textos iP-PUCS. 140 Ensino de Lingus Portuguesa (a) e (b), respectivamente, de escrita ¢ de reescrita orientada pelo process de retextualizagao. Indico como (a) uma redagao escrita por estudante concluinte do ensino fundamental, para o exame do saresp, que obteve conceito | (Insuficiente) nos trés critérios adotados pelo referido sistema de avaliagao: tema, género e coeréncia; e como (b) uma reescrita da mesma redacdo feita por um estudante do primeiro ano do ensino médio, realizada apés trabalho do professor orientado pelo processo de retextualizacao e pelas estratégias dele decorrentes, aqui discutidos. Primeira etapa: leitura e compreensdo do texto a ser retextualizado Nesta etapa, 0 professor em conjunto com os estudantes: + [8a redagdo (a), que deverd ser retextualizada; + discute sua expansao em rela¢4o ao tema proposto; + por meio de um trabalho de desmontagem textual, levanta as ideias nela arroladas ¢ a relagdo entre elas ¢ 0 tema proposto; + discute a existéncia da justaposigdo de frases e a transposigao de clichés ou de trechos de textos lidos. Segunda etapa: da compreensdo para a reformulagéo Nesta etapa, a partir do trabalho realizado na primeira etapa, o professor pede a cada estudante que, individualmente: + estabelega inferéncias, inversées ¢ eliminagdes; + pense no tema e em uma ideia central que queira defender; * proponha acréscimos, substituigdes e reordenagdes; * _ estabelega um fio condutor para a reescrita do texto e proponha ideias que possam desenvolvé-lo. Como se pode notar, o trabalho desenvolvido nas etapas 1 e 2 leva em conta © principio da coeréncia, tomando por base as metarregras da repeti¢fio, da pro- gressio, da relagdo e da nao contradigao. Terceira etapa: a reformulagao Nesta etapa, o professor pede para cada estudante pensar em elementos ou expressdes linguisticas que Ihe permitam escrever seu texto com criatividade e criticidade. Escrita e reescrita de textes ne ensine médio 141 Quarta etapa: a retextualizagao Nesta etapa, com base em todo o trabalho desenvolvido, o professor pede para cada estudante escrever seu texto, x Apés concluir a escrita de seu texto, o estudante é Por motivo de delimitagao, 7 7 nao discuto nesta proposta orientado, ainda, a ler o novo texto, analisando se a retex- aspectos relativos as tualizagao solucionou os problemas do texto (a). autocorre¢Ges gramaticais. Redagio (a) Aescola dos meus sonhos “Aescola piiblica tem varios pontos positivos e também varios pontos negativos. Sobre a educagdo temos ambos os dois pontos de vista, nem sempre todos (0 professores de uma escola publica sto bons, alguns conseguem manter a ordem e o respeito dentro da sala de aula e conseguem passar seus contetidos 9s alunos, mas também tem alguns que nfo conseguem administrar uma sala de aula, no conseguem impor a ordem e 0 respeito perante aos alunos. Infelizmente isso acontece nas boas e nas mas escolas, mas, quando o aluno & esforgado e quer aprender, a convivéncia com o professor fica muito mais agradavel. Redagao (b) Aescola dos meus sonhos ‘Aescola dos meus sonhos & aquela que oferece aos alunos coisas importantes para eles. Em uma escola piblica, existem coisas boas e ruins. ‘Muitos aspectos contribuem para que uma escola seja boa ou ruim. Em uma escola boa os professores conseguem manter a disciplina, dao contetidos bem explicados, os alunos se interessam em aprender ¢ os colegas tém amizade. Em uma escola ruim, acontece 0 contrario ¢ 0 resultado é que os alunos nao tém motivago para aprender. ‘Aescola dos meus sonhos é aquela que consegue fazer com que as coisas boas vencam as coisas ruins ¢ que os alunos e professores formem um grupo para aprender. Se isto acontecer, as escolas sero muito mais proveitosas para 0s alunos e eles vao perceber quanto ¢ importante aprender. Comparando as redagdes (a) e (b), é possivel observar que a redagio (a) nao revela um fio condutor em seu desenvolvimento; nela, ha apenas a justaposigo de algumas ideias que nao se relacionam entre si, comprometendo a expansaio adequada do texto. Jé a redagio (b) revela um fio condutor e, em seu desenvolvi- mento, coeréncia entre o titulo e as ideias indicadas na introdugao, por meio de um processo de referenciagao que vai além de nominalizagdes ou pronominalizagdes, 142. Ensino de Lingua Portuguese uma vez que revela o uso de outros elementos ou expressées linguisticas, para referir-se & “escola boa”. A analise do processo de expansio de (b) evidencia o respeito as me- tarregras de coeréncia e a utilizagdo de expressdes para a referenciagao que permitiram a nao circularidade do texto. E notavel, a leitura do texto (b), que o aluno vivenciou as etapas aqui propostas para proceder a retextualizagao do texto (a): eliminou o que nao era pertinente a ideia central a ser defendida; procedeu a inversdes e inferéncias; propds acréscimos, substituigdes e reor- denagdes; estabeleceu, enfim, um fio condutor considerando o préprio titulo — “escola dos meus sonhos” -, e, a partir dele, propds ideias para a defesa de seu ponto de vista sobre o que considera ser uma “boa escola”, assim como buscou expressdes linguisticas que permitiram o desenvolvimento coerente desse ponto de vista. Consideragées finais Poder trabalhar as aulas de redacdo no ensino médio por meio da escrita e dareescrita de textos, levando em conta o processo de retextualizacao, abre pers- pectivas para integrar as atividades de leitura e escrita ¢ propiciar ao estudante a autoaprendizagem: ele 1é, escreve, reflete, analisa e reescreve seu texto, em atividades integradas. Nesse sentido, o processo de retextualizagéo assume um espago privile- giado que permite ao professor criar possibilidades para que 0 estudante, por meio do exercicio da escrita, avance no campo da andlise e da reflexdo sobre seu proprio texto. Nestas consideragées finais, quero destacar que, quaisquer prdticas pen- sadas para aulas de redagio devem pressupor um embasamento tedrico que permita ao professor libertar-se de modelos preestabelecidos construir, para cada situagdo, estratégias que estejam em conson4ncia com procedimentos metodolégicos adequados. Assim, 0 exercicio da docéncia na 4rea de Lingua Portuguesa deve ser um convite continuo 4 busca de estudos tedricos que permitam ao professor refletir sobre a escrita na escola e pensar muitas outras atividades para o ensino. Posso concluir este capitulo ressaltando, por fim, a importancia de o pro- fessor, para o desenvolvimento de suas aulas de redagdo, buscar estratégias fundamentadas em principios tedricos que lhe permitam ver o texto como fené- meno sociocognitivo-interacional, e traté-lo, sempre, no contexto de interesse do estudante, por meio de atividades praticas que dispensam, para este tiltimo, a abordagem teérica, Escrite e reescrita de textes no ensino médio 143 Bibliografia ‘Apam, Jean-Michel. linguistica textual: introdugdo & andlise textual dos discursos. Sao Paulo: Cortez, 2008. ‘BeauGRANDE, Robert de, New foundations for a science of text and discourse: cognition, communication, and the freedom of access to knowledge and society. Norwood, New Jersey: Ablex, 1997. CviAROLLES, Michel, Introduction aux problémes de la coherence des textes. Langue Francaise, Paris: Larousse, 1. 38, 1978, pp. 7-41. Dus, Ana Rosa F. Andlise de redagdes de vestibular e sua correcdo avaliativa. So Paulo, 1986. 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