História e Teorias Clássicas das Relações Internacionais
Conceções das Relações Internacionais
- O Modelo Idealista -
Licenciatura em Relações Internacionais e Diplomacia
– 1.º Ano –
Docente: João Paulo Madeira
Ano Lectivo 2015-2016 Modelo Idealista Já no século XIV, o poeta italiano Dante Alighieri (1265-1321) escreveu sobre a “Universalidade do Homem" e imaginou um Estado Mundial unificado. Immanuel Kant (1724-1804) argumentou que fazer o bem era um fim em si mesmo, em vez de um meio para um outro fim.
O idealismo considera que para minimizar conflitos e maximizar a
cooperação entre as Nações deve-se concentrar a atenção nos aspetos jurídico-formais das Relações Internacionais, tais como o Direito Internacional e as Organizações Internacionais. É igualmente necessário concentrar a sua ação nas questões morais, tais como os Direitos Humanos. Conferência de Paz de Paris (1919) Após a Primeira Guerra Mundial (1914-1919), as potências vencedoras reuniram-se em Paris em 18 de Janeiro de 1919 para se discutir acerca das condições que seriam estabelecidas aos países derrotados (estabelecimento de novas fronteiras, indemnizações de reparações de guerra). Os representantes das potências centrais não foram convidados a participar (Alemanha; Áustria-Hungria; Império Otomano e a Bulgária, assim como os russos). A conferência foi dominada pelos chamados "Quatro Grandes" - Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e Itália.
Da esquerda para a direita: O Primeiro-Ministro David Lloyd George do Reino Unido, o
Primeiro-Ministro de Vittorio Emanuele Orlando de Itália, o Primeiro-Ministro Georges Clemenceau de França, e o presidente norte-americano Woodrow Wilson. Percurso biográfico de Woodrow Wilson Nasceu na Virgínia em 1856. Assistiu à destruição da Guerra de Secessão ou Guerra Civil Americana (1861-1865). Filho de um pastor presbiteriano e foi devotamente religioso. Woodrow Wilson teve experiências formativas que influenciaram sua visão de mundo idealista: ◦ Graduou-se em Princeton (frequentou o College de Nova Jérsia) e a Universidade de Virginia Law School e, em seguida, obteve o grau de Doutor na Universidade Johns Hopkins ◦ Seguiu a carreira académica como professor de ciência política, tendo sido reitor da Universidade de Princeton. ◦ Eleito 28º Presidente dos EUA entre 1913 e 1921, Woodrow Wilson defendeu a legislação, sendo socialmente consciente que reduziu as tarifas, formou o imposto federal, criou uma oferta mais elástica, as práticas comerciais desleais foram proibidas, o trabalho infantil proibido, e os trabalhadores dos caminhos de ferro limitados a uma jornada de oito horas de trabalho. ◦ Foi reeleito com o slogan "He kept us out of war" "ele manteve- nos fora da guerra" Modelo Idealista Wilson anunciou os seus “Catorze Pontos" como uma proposta de base para o armistício, um ano antes da Conferência de Paz de Paris.
Esta iniciativa representou numa escola de pensamento que uma nova
ordem mundial teria de ser construída com base no respeito pela lei, a aceitação de valores universais compartilhados, e o desenvolvimento de organizações internacionais.
Woodrow Wilson pretendeu que fossem realizados convénios
abertos para a paz, a liberdade absoluta de navegação sobre os mares em períodos de paz e de guerra, a remoção de todas as barreiras económicas e o estabelecimento de uma igualdade de condições de comércio entre todas as Nações, o desenvolvimento de garantias adequadas para a redução dos armamentos nacionais, ajustes nas disputas coloniais dando o mesmo peso aos interesses do governo de controle e da população colonial, e idealizou uma associação, uma “Liga Geral das Nações“. Catorze Pontos de Woodrow Wilson para a reconstrução europeia 1. Abolição da diplomacia secreta; 2. Liberdade dos mares; 3. Eliminação das barreiras económicas entre as nações; 4. Redução dos armamentos nacionais; 5. Redefinição da política colonialista, levando em consideração o interesse dos povos colonizados; 6. Retirada dos exércitos de ocupação da Rússia; 7. Restauração da independência da Bélgica ; 8. Restituição da Alsácia-Lorena à França; 9. Reformulação das fronteiras italianas; 10. Reconhecimento do direito ao desenvolvimento autónomo dos povos da Áustria-Hungria; 11. Restauração da Roménia, da Sérvia e de Montenegro e direito de acesso ao mar para a Sérvia; 12. Reconhecimento do direito ao desenvolvimento autónomo do povo da Turquia e abertura permanente dos estreitos que ligam o Mar Negro ao Mediterrâneo; 13. Independência da Polónia; 14. Criação da Liga das Nações, ou Sociedade das Nações (SdN). Críticas ao Catorze Pontos de Wilson Muitos aperceberam-se dos Catorze Pontos de Wilson como excessivamente idealistas. Para os Aliados que entraram em guerra com os acordos secretos nos tempos de guerra, procuraram recuperar os territórios e as possessões das nações derrotadas. Para as potências vencedoras, o espírito dos Catorze Pontos parecia violar os tratados estabelecidos.
Os franceses, devido às suas experiências de guerra, consideravam a
Alemanha uma permanente ameaça, não aceitando, desse modo, os pontos de Wilson sobretudo no que se refere à cooperação e a paz internacional.
Os franceses e mesmo os britânicos consideravam que os Estados
Unidos da América entraram relativamente tarde na guerra e, por esse motivo, não sofreram baixas significativas. Além disso, consideram inapropriada esta pretensão por parte dos EUA, visto terem vivido experiências de conflito no Pacífico. Críticas ao Catorze Pontos de Wilson No final do Tratado de Versalhes (1919), o ponto de vista francês e britânico prevaleceu. Este Tratado resultou numa punição das potências derrotadas da Guerra (Alemanha; Áustria-Hungria; Império Otomano), procurando nele manter a paz, não pela via da cooperação, mas pelo enfraquecimento da Alemanha.
Foi negado aos alemães o desenvolvimento da aeronáutica e da
Marinha de Guerra. Procuraram limitar o tamanho do exército alemão para 100.000 soldados. Foi ainda impedido à Alemanha e à Áustria qualquer tipo de união política. Estes países teriam ainda de pagar elevados custos de reparação de guerra.
O que sobreviveu a respeito dos Catorze Pontos de Wilson foi
a designada “Associação Geral das Nações“. Tal resultou no Pacto da Liga das Nações, com 42 membros. Os EUA nunca se juntou a Liga porque o Senado rejeitou essa pretensão.
A Liga das Nações, não conseguiu manter a paz no mundo, tendo
sido dissolvida por volta de 1942. Críticas e reações A Liga das Nações foi ineficaz por dois motivos: 1. Embora tenha sido projetada para resolver disputas internacionais por meio da arbitragem, ela não dispunha de poder para fazer cumprir as suas decisões. 2. A premissa básica da segurança coletiva não se concretizou porque a qualquer momento, uma ou mais das grandes potências, não viria a pertencer à Liga das Nações. No entanto, a SdN estabeleceu o padrão que serviu de modelo para a criação das Nações Unidas. A 18 de abril de 1946, a LdN passou as responsabilidades à recém-criada Organização das Nações Unidas (ONU.).
Woodrow Wilson foi considerado um idealista até o fim, mesmo
quando foi questionado sobre a praticidade da Liga das Nações. Wilson referiu que “se ela não funcionar, deverá pelo menos ser feito o seu trabalho”. A principal critica apontada aos idealistas, deve-se ao facto de estes estarem mais interessados em saber como o mundo deveria ser, em vez de se preocuparem como ele realmente é. Mesmo assim, os idealistas reagem referindo que não aceitam que a realidade apresentada pelos realistas seja a única realidade possível. Modelo Idealista: Criação da ONU Os idealistas referem que o protesto alemão contra o Tratado de Versalhes levou à ascensão ao poder de Adolfo Hitler, tendo culminado na Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Os idealistas argumentam que as suas ideias não foram
totalmente implementadas e, portanto, não foram testadas;
Mesmo tendo sido incapazes de antecipar e prevenir a Segunda Guerra
Mundial, foram estes responsáveis pela origem e surgimento de um paradigma a partir de 1945.
Foi criado no pós-Segunda Guerra Mundial, a Organização das
Nações Unidas (fundada em 24 de Outubro de 1945) - com o objetivo de formular e preservar o Direito Internacional. Referências Bibliográficas DOUGHERTY, J. E. & PFALTZGRAFF, R. L. (2001). Relações Internacionais. As Teorias em Confronto. Lisboa: Gradiva. FERNANDES, J. P. T. (2009). Teorias das Relações Internacionais: Da Abordagem Clássica ao debate Pós-Positivista. 2.ª Ed. Coimbra: Almedina. HOMEM, A. P. B. (2010). História das Relações Internacionais: O Direitos e as Concepções: Políticas na Idade Moderna. Coimbra: Almedina. MENDES, N. C. (2008). História e Conjuntura nas Relações Internacionais. Lisboa: Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas. MOREIRA, A. (2002). Teoria das Relações Internacionais. 4.ª Ed. Coimbra: Almedina. MORGENTHAU, H. (1948). Politics Among Nations, The Struggle for Power and Peace. 2ª Ed. New York: Alfred A. Knopf. SANTOS, V. M. (2007). Introdução à História das Relações Internacionais. Lisboa: ISCSP. RATO, V. (1997). Curso de Formação Diplomática. Lisboa: Universidade Lusíada. WALTZ, K. N. (2002). Teoria das Relações Internacionais. Lisboa: Gradiva. WALKER, R.B.J. (1992). Inside/Outside: International Relations as Political Theory. Cambridge: Cambridge University Press. WEBER, C. (2009). International Relations Theory. A Critical Introduction. 3rd Ed. London: Routledge.
Os engenheiros do caos: Como as fake news, as teorias da conspiração e os algoritmos estão sendo utilizados para disseminar ódio, medo e influenciar eleições
Agenda 2030 - senhores e escravos?: A verdade sobre The Great Reset, e a influência do WEF, Blackrock, e das elites globalistas - Crise Econômica - Escassez de Alimentos - Hiperinflação Global