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O NARCISISMO: UMA INTRODUÇÃO AO CONCEITO FREUDIANO DE AUTO-

ADORAÇÃO

NARCISISM: AN INTRODUCTION TO THE FREUDIAN CONCEPT OF SELF-


WORSHIP
Larissa Cristie Pinto Garcia 1
Gustavo Angeli2

RESUMO: Este trabalho objetiva apresentar o conceito de Narcisismo, bem como


mensurar as estruturas psicológicas que fazem relação com o mesmo. Sendo este, um
traço da personalidade que foi dividido em narcisismo primário e, narcisismo
secundário. Todavia, são em totalidade elaborados por Sigmund Freud, em sua obra ‘’
Narcismo: Uma Introdução’’, do ano de 1914.
Palavras-chave: Psicanálise. Freud. Narcisismo.

ABSTRACT: This work aims to present the concept of Narcissism, as well as to


measure the psychological structures that relate to it. Being this, a personality trait that
is, divided into primary narcissism and, secondary narcissism. However, they are
entirely elaborated by Sigmund Freud, in his work "Narcissism: An Introduction", of the
year 1914.
Keywords: Psychoanalysis. Freud. Narcissism.

1 INTRODUÇÃO

‘’ Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto


Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto
É que Narciso acha feio o que não é espelho’’ (VELOSO,
1978)

Este trabalho acadêmico tem como objetivo, explanar o conceito de Narcisismo,


utilizado por Freud em sua obra ‘’ Sobre o narcisismo: uma introdução’’ (On Narcissism
em inglês, Zur Einführung des Narzißmus em alemão). Tendo Freud, (1914/1990),

1 Estudante de Psicologia do Centro Universitário de Brusque. E-mail: laricagarcia@unifebe.edu.br


2 Professor. Centro Universitário de Brusque. E-mail: gustavooangeli@gmail.com
introduzido o conceito de ‘‘Narcisismo’’, vindo originalmente da descrição clínica
psiquiátrica, o termo, foi inicialmente proposto por Paul Nacke em 1899, para explicar a
conduta de um indivíduo que utiliza o próprio corpo, como um objeto sexual, sugerindo
que, seria esta, uma forma de perversão. Nesta obra, é atribuído grande valor, pois nela
é preparado o solo para o fértil plantio de conceitos que posteriormente explicariam
toda a estrutura da psique de forma que Freud denominou de Metapsicologia,
ressaltando os estudos sobre as relações do Consciente com o Inconsciente.

2 REFERENCIAL TEÓRICO
Segundo aponta Laplanche e Pontalis (2001), por referência ao mito de Narciso, é o
amor, pela imagem de si mesmo. Aparecendo pela primeira vez na literatura de Freud
1910, ao explicar a escolha de objetos nos homossexuais, segundo Freud (1910, apud
Laplanche e Pontalis, 2001 p. 311) ‘’ [...] tomam a si mesmos como objeto sexual;
partem do narcisismo e procuram jovens que se pareçam com eles, e a quem possam
amar assim como a mãe deles os amou’’. Conforme Roudinesco (1998) o termo
narcisismo foi utilizado pela primeira vez em 1887, por Alfred Binet, psicólogo francês,
para descrever um viés de fetichismo que consiste em se tornar a própria pessoa como
objeto sexual.

‘’ [...] até atingir plena satisfação mediante esses atos. Desenvolvido a esse
ponto, o narcisismo tem o significado de uma perversão que absorveu toda a
vida sexual da pessoa, e está sujeito às mesmas expectativas com que
abordamos o estudo das perversões em geral’’ (FREUD, 1914/1990, p.10).

Freud (1914/1990) atentou para as pesquisas psicanalíticas, que revelam que


determinadas características narcisistas isoladas, aparecem em indivíduos sujeitos a
outros distúrbios. ‘’ e por fim apareceu a conjectura de que uma alocação da libido que
denominamos narcisismo poderia apresentar-se de modo bem mais intenso e
reivindicar um lugar no desenvolvimento sexual regular do ser humano’’ (FREUD,
1914/1990, p. 10). Neste sentido, o Narcisismo não seria propriamente uma perversão,
mas, afirma Freud (1914/1990, p. 10) ’’o complemento libidinal do egoísmo do instinto
de auto conservação’’. Ainda sobre o instinto de conservação, além disto, Freud afirma

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ser o Narcisismo um traço de normalidade no indivíduo, fazendo uma comparação com
a esquizofrenia, propõe (1914/1990 p.10/11):

Esses doentes, que eu sugeri designar como parafrênicos, mostram duas


características fundamentais: a megalomania e o abandono do interesse pelo
mundo externo (pessoas e coisas). Devido a esta última mudança, eles se
furtam à influência da psicanálise, não podendo ser curados por nossos
esforços. Mas o afastamento do parafrênico face ao mundo externo pede uma
caracterização mais precisa. Também o histérico e o neurótico obsessivo
abandonam, até onde vai sua doença, a relação com a realidade. A análise
mostra, porém, que de maneira nenhuma suspendem a relação erótica com
pessoas e coisas. Ainda a mantêm na fantasia, isto é, por um lado substituem
os objetos reais por objetos imaginários de sua lembrança, ou os misturam com
estes, e por outro lado renunciam a empreender as ações motoras para
alcançar as metas relativas a esses objetos.

Segundo Freud (1914/1990), a atitude narcisista nos neuróticos implica numa


resistência transferencial intensa. Enquanto na esquizofrenia há retirada da libido do
mundo externo para o eu, já na neurose a libido que foi retirada dos objetos vai investir
os objetos da fantasia. A partir desta afirmação, eis que surge a pergunta: ‘’ qual o
destino da libido retirada da esquizofrenia?’’ (FREUD, 1914/1990, p. 11). Tendo a
megalomania, criada a partir da libido objetal, mostrado o caminho a seguir, conforme
afirma Freud (1914/1990, p.11) ‘’ a libido retirada do mundo externo foi dirigida ao Eu,
de modo a surgir uma conduta que podemos chamar de narcisismo’’. Segundo o
conceito de Eu, afirma Freud (1914/1990, p.13/14):

O valor dos conceitos de libido do Eu e libido de objeto está em que derivam da


elaboração de características íntimas dos processos neuróticos e psicóticos. A
distinção entre uma libido que é própria do Eu e uma que se atém aos objetos
constitui o inevitável prosseguimento de uma primeira hipótese, que separava
instintos sexuais de instintos do Eu. Pelo menos a isso me levou a análise das
puras neuroses de transferência (histeria e neurose obsessiva), e sei apenas
que todas as tentativas de prestar contas de tais fenômenos por outros meios
fracassaram radicalmente.

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Freud (1914/1990), ainda, dividiu o Narcisismo em dois tipos, o narcisismo primário
e o narcisismo secundário. Sendo que no primário, o sujeito teria como modo de
satisfação da libido o auto-erotismo, que foi conceituado como o prazer que o órgão tira
de si mesmo. Por conta disso, essas pulsões, de forma independente, buscam
satisfazer-se no próprio corpo. Freud (1914/1990) ressalta a posição dos pais na
constituição do narcisismo primário nos filhos. Portanto o amor dos pais aos filhos, é o
narcisismo dos mesmos, renascido e transformado em amor objetal. Assim, Freud
definiu a escolha objetal ‘anaclítica’ ou de ‘ligação’, quando ama-se segundo o modelo
do amor recebido na relação com as figuras parentais, aquela que alimenta e protege.
Sobre a relação da esquizofrenia com o amor objetal, verificou-se que:

‘’ O delírio de grandeza, próprio a esses estados, nos indica o caminho.


Sem dúvida, nasceu às expensas da libido de objeto. A libido retirada do mundo
externo foi conduzida para o eu e assim surgiu uma atitude que podemos
chamar narcisismo. Mas o delírio de grandeza não é uma criação nova, como
sabemos, é a ampliação e o desdobramento de um estado que já existia antes.
Isso nos leva a conceber o narcisismo que nasce da retirada dos investimentos
objetais como um narcisismo secundário que se edifica sobre a base do outro,
primário’’ (FREUD, 1914/1990, p.19)

No conceito de Narcisismo secundário, Freud (1924/1990) explora dois momentos


distintos, que seria primeiramente o Investimento nos objetos, seguindo este
investimento reforma para o seu (ego). Quando, ainda bebê, o indivíduo já é capaz de
diferenciar seu próprio corpo do mundo externo, identificando suas necessidades e
quem, ou o que, é apto para satisfazê-las. Visto que, o indivíduo concentra em um
objeto suas pulsões sexuais parciais, há esse investimento objetal, que se dirige para a
mãe e o seio como objeto parcial. Porém, conforme cresce, a criança identifica que não
é o único objeto de desejo da mãe, perdendo o trono, de seu reinado até então,
absoluto. Portanto, a partir desta constatação, a criança vai ao mundo em busca de
fazer-se amado pelo outro, em agrada-lo para reconquistar o seu amor. Contudo, afirma
Nasio (1988) este amor, só é reconquistado a partir do ideal do seu eu.

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Segundo Freud (1914/1990), o ego ideal é ambiguamente, um substituto do
narcisismo perdido da infância (onipotência infantil), bem como, o produto da
identificação das figuras parentais, assim como seus intermediários sociais. O
narcisismo dos indivíduos surge, deslocado em direção a esse ego ideal. Bem como o
ego infantil, o ego ideal, configura-se detentor de todo valor e perfeição. Assim sendo,
os indivíduos com tal vertente, não estão dispostos a renunciar seu narcisismo infantil, e
toda sua perfeição. Projetando, diante de si como sendo seu ideal, o substituto deste
amor narcisista de sua infância, aonde o próprio bebê era seu ideal. Sendo de
características normais este processo dar-se com a criança, do contrário afirma,
MOMBACH (2014, p. 3. apud CORDIÉ, 1996):

Pois bem, o bebê constituir-se-á a partir dessa primeira relação dual com a
mãe, onde vai extrair significados primordiais e fundamentais destes
investimentos libidinais, que refletiram mais tarde na construção de seus
próprios significados. Contudo, para que se inaugure esta construção psíquica é
necessária, a passagem do bebê pelo Narcisismo. Caso contrário, conforme
Cordié (1996) podem ocorrer acidentes de percurso na constituição deste corpo
imaginário e libidinal podendo provocar distúrbios diversos, como, por exemplo,
as doenças psicossomáticas, distúrbios instrumentais e também debilidade.

Quando ocorre a formação do ideal, as exigências do ego automaticamente


aumentam acerca do que Freud (1914/1990), estabeleceu como o fator de maior
potência a favor, ao que se refere ao recalque. Sendo que o objetivo do eu (ego), é
reencontrar a perfeição e o amor narcísico, sendo que para isso ele deverá satisfazer
as exigências do ideal do ego (eu). Conforme aponta Laplanche e Pontalis (2001,
p.156), acerca da escolha do objeto narcísico:

A escolha narcísica de objeto opõe-se à escolha de objeto por apoio na medida


em que não é a reprodução de uma relação de objeto preexistente, mas a
formação de uma relação de objeto a partir do modelo da relação do sujeito
consigo mesmo. Nas suas primeiras elaborações da noção de narcisismo,
Freud faz da escolha narcísica homossexual uma etapa que leva o sujeito do
narcisismo à heterossexualidade: a criança escolhería a princípio um objeto de
órgãos genitais semelhantes aos seus. Mas já no caso da homossexualidade a
noção de escolha narcísica não é simples: o objeto é escolhido a partir do
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modelo da criança ou do adolescente que o sujeito foi um dia, e o sujeito
identificam-se com a mãe que outrora tomava conta dele.

Freud (1914/1990) ressalta que a escolha objetal narcísica é um amar a si mesmo,


através de semelhante, sendo que, em todo amor objetal há uma parcela de
narcisismo. Sendo, este objeto, um reflexo do eu. Já o ideal sexual, segundo Freud
(1914/1990), tem uma relação auxiliar com o ideal de ego podendo, portanto, ser
empregada na satisfação substituta, onde a realização narcisista encontra obstáculos.
Sendo ele, a busca do indivíduo, por um amor que seja do tipo narcisista da escolha
objetal. Segundo Laplanche e Pontalis (2001), esta escolha se faz com base no modelo
da relação do individuo consigo mesmo, e em que o objeto o representa sob alguns
aspectos.

O modelo de escolha de objeto narcísica, caracterizado por Freud (1914/1990),


também é visto como o amor, que o autor chama de essencialmente feminino. O
emprego que algumas mulheres fazem em si mesmas se compara em intensidade ao
amor que os homens lhes dedicam. Tal necessidade feminina consiste em, mais em
serem amadas e menos em amar, conforme Freud (1914/1990) afirma que mesmo para
as mulheres narcisistas há um caminho que as leva ao amor objetal, que é através do
amor ao filho. Todavia esse amor carregue um traço narcisista no sentido em que o
investimento é dirigido a alguém que foi parte do próprio corpo, portanto parte de si
mesma.

‘’ Se introduzimos nossa distinção entre instintos sexuais e do Eu, temos


de reconhecer para o amor-próprio uma dependência bem íntima da libido
narcísica. Nisso nos apoiamos em dois fatos fundamentais: o de que nas
parafrenicas o amor-próprio é aumentado, nas neuroses de transferência é
diminuído; e que na vida amorosa não ser amado rebaixa o amor-próprio,
enquanto ser amado o eleva. Como afirmamos, ser amado representa o
objetivo e a satisfação na escolha narcísica de objeto. É fácil observar, além
disso, que o investimento libidinal de objetos não aumenta o amor-próprio. A
dependência do objeto amado tem efeito rebaixador; o apaixonado é humilde.
Alguém que ama perdeu, por assim dizer, uma parte de seu narcisismo, e
apenas sendo amado pode reavê-la. Em todos esses vínculos o amor-próprio

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parece guardar relação com o elemento narcísico da vida amorosa.’’ (FREUD,
1914/1990, p. 31)

Para Freud (1914/1990), o Narcisismo, por si só, não é considerado uma patologia.
Sendo ele, um integrador e protetor da personalidade e, também, do psiquismo. Alguns
aspectos fazem parte do funcionamento narcisista como, a preocupação exagerada
com o corpo, demonstra uma exagerada necessidade de se sentirem amados e
valorizados, buscam elogios, frustram-se com críticas, sentem-se infelizes quando
ignorados. Os indivíduos narcisistas mantêm relacionamentos superficiais, tendo
dificuldade em relacionar-se de forma mais profunda, inclusive na terapia apresentam
resistência a manter uma relação verdadeira. Outra dificuldade apontada consiste no
próprio estudo direto do narcisismo, pois segundo Freud (1914/1990, p.16):

O principal acesso a ele continuará sendo provavelmente o estudo das


parafrenias. Assim como as neuroses de transferência nos possibilitaram
rastrear os impulsos instintuais libidinais, a dementia praecox e a paranoia nos
permitirão entender a psicologia do Eu. Mais uma vez teremos que descobrir, a
partir dos exageros e distorções do patológico, o que é aparentemente simples
no normal. No entanto, para nos aproximarmos do conhecimento do narcisismo,
algumas outras vias continuam abertas para nós, e são elas que passo agora a
descrever: a consideração da doença orgânica, da hipocondria e da vida
amorosa dos sexos.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em sua obra, Freud constrói uma análise de fundamental importância, bem


como os conceitos primordiais, que incorporados à psicanálise, que identificam e
estabelecem as relações fundamentais das relações de objeto, pulsão e destino das
pulsões, as idealizações do eu ou eu ideal, abrindo caminho nesse percurso para a
compreensão das bases da estrutura psíquica e da transferência narcísica e amor
objetal.

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Freud (1914/1990) sinaliza a relevância da temática ao referir-se à distinção
entre narcisismo primário e narcisismo secundário, conceitos que podem ser
relacionados à diferenciação das estruturas neurótica e psicótica. A concepção do ideal
do ego permite um primeiro olhar da estrutura social, de onde vem que o ideal moral da
civilização é constituído com base no narcisismo. Tendo ele sido originado da
incapacidade de se renunciar ao modo de satisfação narcísica já obtida.

REFERÊNCIAS

FREUD, S. (1914). Sobre o narcisismo: uma introdução. In: FREUD, S. Edição standard
brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. v.14. Rio de Janeiro:
Imago, 1990.

LAPLANCHE, J; PONTALIS, J. B. Vocabulário da Psicanálise. São Paulo:Martins


Fontes, 2001.

MOMBACH, E. M. 2014 Amor, Narcisismo e Dor. Rio Grande do Sul: Circuito


Psicanalítico do Rio Grande do Sul, 2014 – APUD CORDIÉ, A. Os atrasados não
existem, psicanálise de crianças com fracasso escolar. Porto Alegre: Artes Médicas,
1996.

NASIO, J. D. A criança magnífica da psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 1988.

VELOSO, C. Muito: dentro da estrela azulada – Sampa. São Paulo: 1978. Disponível
em: https://musicasbrasileiras.wordpress.com/2010/07/26/sampa-caetano-veloso/
Acesso em: 20/05/2018.

ROUDINESCO, E.; PLON, M. Dicionário de Psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,


1998.

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