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World of Metal
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dungeons.records@gmail.com
Director
Fernando Ferreira
Colaboradores EDITORIAL
Fábio Pereira
David Carreto
Artur Castanha
Filipe Ferreira
União
Ana Filipa Nunes Já muitas vezes abordei neste espaço a questão de como os sonhos se realizam sem
Tiago Fidalgo estarmos à espera disso. O facto de estar a escrever estas palavras é um exemplo. Vamos
João Coutinho falar de outro. Quantas bandas não gostaríamos de ver reunidas? Bandas que fizeram
Sónia Molarinho Carmo parte do nosso crescimento musical ou que simplesmente tiveram impacto em nós.
João Pedro Freitas Alguns são impossíveis de acontecer, outros sendo impossíveis acabaram por acontecer
Daniel Laureano mesmo. Dave Lombardo voltar para os Slayer (sol de pouca dura), os Big 4 reunirem-se
Jaime Nôro para concertos, ainda que esporádicos; Nicholas Barker voltar a colaborar com Cradle
Miguel Correia Of Filth, Metallica colaborar com Dave Mustaine. A lista é longa e os exemplos mais
Sónia Ferreira que muitos.
Pedro Madeira
Fátima Inácio Quando recebemos a notícia o ano passado que os Helloween se iam reunir com Michael
Nuno Bacharel Kiske e Kai Hansen, não deixámos de ficar surpreendidos e maravilhados ao mesmo
tempo. Apesar de Andy Deris ter recuperado uma banda que parecia irremediavelmente
Jhoni Vieceli
perdida, os tempos em que Michael Kiske e Kai Hansen são representativos daquilo que
Inês Faria
a banda conseguiu fazer quando o power metal ainda estava em formação. As regras
João Pedro Silva
e fórmulas para o género foram estabelecidas naqueles três primeiros álbuns (mas
principalmente a dupla "Keepers).
Garage World A união em volta de um objectivo maior. Podemos falar de nostalgia ou de tentativa
de capitalizar sobre o passado, no entanto, e analisadas bem as coisas, nenhuma das
Miguel Correia carreiras das pessoas envolvidas estava propriamente a precisar de uma medida que
mcinbox@gmail.com poderia parecer de outra forma desesperada. Não, é tudo genuíno, é tudo honesto. E é
para os fãs, uma prenda que julgavam não ser vivos acontecer.
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Por vezes só temos que continuar a sonhar. O sonhos podem surpreender-nos ao realizar-
Tiago Fidalgo se. E por falar em sonhos, temos uma edição riquíssima, onde além de entrevistas com o
tiagofidalgo.wom@gmail.com melhor do underground nacional e internacional, também temos um guia musical para o
Moita Metal Fest, que se vai realizar no início do próximo mês. 2018 é um ano concorrido
em termos de eventos e o compromisso que fazemos é tentar trazer-vos o máximo que
pudermos. Este mundo do metal é grande e esta é a nossa missão, apresentá-lo todos os
Design meses, página após página.
Dina Barbosa
Tiago Fidalgo
Fernando Ferreira – Fevereiro 2018
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Indice
Sinto que este ponto é um que tenho que voltar de vez em quando. Se esta posição de andar por aqui a
distribuir bordoada, mês após mês, poderá parecer que me coloco num ponto acima de todos os outros
comuns mortais, isso não passa mesmo de impressão. Sou bastante exigente. Demasiado. Principalmente
comigo próprio. E normalmente estas sessões de violência escrita são exercícios de exorcismo de
coisas que vejo e faço, a par daqueles a quem aponto o dedo. E por vezes sou incompreensível e até,
provavelmente, injusto. No entanto, por forças de razão maior, não consigo evitar. A vida também ajuda
a que isso aconteça, colocando-me frente a frente com essas mesmas situações. Se calhar é uma forma do
Universo me mostrar o quão errado estou. Ou se calhar sou um enviado cósmico que desceu a este calhau
terreno para despejar a minha raiva.
Para mostrar a algumas pessoas que aquilo que fazem é parvo. Ou então - sabendo que provavelmente
não chegarei a essas pessoas - mostrar aos outros daquilo que é parvo fazer. Como por exemplo, sei lá...
ir para a primeira fila de um concerto tirar selfies. Já aqui falámos do quão é parvo termos o pessoal
todo armados em jornalistas e gravarem concertos no telemóvel com qualidade de imagem e de som
merdosas, para mais tarde apagar ou então para colocar no Facebook na vã glória de recolher mais uns
minutos (segundos?) de fama para as suas vidas patéticas. E de certa forma compreendemos. Existem
pessoas que o fazem porque é uma banda importante para eles, porque as bandas ou as músicas têm um
significado especial. Agora... a questão que deixamos é... será que estar a gravar ou a tirar fotografias
com o telemóvel é a forma correcta de viver esses momentos? Temos dúvidas, mas damos o benefício da
dúvida para quem possa sentir de forma diferente.
Voltando à vaca fria, e o pessoal que vai para a linha da frente e que está a fazer autênticas produções de
moda com selfies que visam aparecer nas redes sociais apenas a provar que são "in" e que estão na linha
da frente no que diz respeito aos eventos? Não, não estamos a falar do Rock In Rio ou do Nos Alive.
Estamos a falar de pequenos clubes, salas, onde o propósito é a celebração do nosso underground. Não
quero parecer fascista ou intransigente, ainda vivemos num país livre mas... não será falta de educação?
Falta de educação para com a banda que vê reduzida a sua importância a nada, quando vê uma cena destas
mesmo à sua frente. Não será falta de educação para os verdadeiros fãs, que gostariam estar mais perto
da banda, naquela posição - muitas vezes ganha passando à frente de outras pessoas?
Vale tudo para ganhar um pouco de notoriedade, mesmo num meio pequeno - neste caso apenas em
dimensão comparando com discotecas e outros eventos não tão dignos de interese, felizmente a cena está
cada vez mais forte - onde supostamente o interesse é apoiar a música e as bandas nacionais? Não serão
as bandas nacionais mais importantes ou o que interessa é apoiar-se nelas para fingir protagonismo ou
para impingí-lo já que o desespero é óbvio?
Não tenho resposta de momento, talvez para o próximo mês.
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eNTREVISTA
Os Fu Machu são um dos mais incontestáveis nomes do stoner rock que continuou de
forma muito própria a tradição deixada por Kyuss. A propósito do excelente novo álbum
“Clone Of The Universe” apanhámos Scott Hill, guitarrista e vocalista da banda norte-
americana, para uma rápida mas interessante conversa.
Fernando Ferreira
Foto por John Gilhooley
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Bem vindos de volta! Calculo música. uma capacidade incrível de
que estejam bastante excita- transmitir o groove ao ouvinte.
dos com o lançamento do Calculo que esta experiência Temos um ditado em Portugal
novo álbum “Clone Of The não seja uma que possa ser que diz “é como o vinho do
Universe”. Já têm tido algum tocada ao vivo... mas seria Porto, quanto mais velho
feedback acerca dele? excelente se isso acontecesse. melhor”. Sentes a mesma
Achas que alguma vez poderá paixão hoje em dia tal como
Sim, estamos todos muito acontecer? no início da vossa carreira.
felizes com o novo disco.
Apenas agora começámos a ter Por acaso tocámos uma série Sim. Eu adoro tocar ao vivo.
algum feedback das reviews que de concertos de lançamento Adoro o som e o feeling de
têm sido feitas e até agora, “so do disco e tocámos a música uma guitarra com o volume no
far, so good”... de dezoito minutos. O público máximo.
aderiu à coisa...
“Clone Of The Universe” Já têm alguma coisa planeada
é um álbum surpreendente O vosso som sempre soou em termos de digressões aqui
sem o ser realmente. Temos natural e eu imagino-vos a para os nosso lados?
todo groove do fuzz rock que tocar numa sala de ensaios e
é contagiante e depois temos gravações e depois passado Vamos começar uma digressão
uma autêntica viagem com “Il algumas jams, “aqui está, aqui pela Europa no dia 1 de Março
Mostro Atomico”, que me fez está o nosso álbum”. Mesmo
olhar para o leitor após sete não sendo o vosso processo Os Fu Manchu foram uma
minutos e pensar “Isto ainda exactamente, não deverá estar das primeiras bandas que
é Fu Manchu?” Não que não muito longe disto, pois não? ouvi no género stoner (quando
fosse reconhecível, apenas foi o rótulo ainda nem era
inesperado. Como surgiu a É isso mesmo! popular) e a primeira que me
ideia para esta música épica recordo de capturar aquele
e, especialmente, como é que “Clone Of The Universe” não feeling da década de setenta
a participação de Alex Lifeson só soa a rock clássico como da do bom e velho rock. Hoje
dos Rush se sucedeu? década de setenta como o seu em dia é uma moda – com o
próprio alinhamento é pensado rótulo retro – ter um feeling
Bem, tivemos cerca de quinze como se fosse um vinil, com da década de sessenta ou
canções escritas para o álbum e “Il Mostro Atomico” a ocupar setenta na música. Continuas
continuámos a surgir com riffs o segundo lado todo como a manter-te actualizado nas
que gostávamos. Em vez de referiste. É uma preocupação novas coisas que vão surgindo,
escrever mais algumas canções, que têm em cada álbum no novas bandas, novos álbuns?
apenas guardámos os melhores que diz respeito a escolher o Alguma coisa que tenha
riffs que gostámos mais. alinhamento, pensar como se capturado a tua atenção?
Decidimos mais ou menos que fosse um vinil?
iríamos encaixar todos os riffs Obrigado... eu tento realmente
juntos e que iríamos fazer uma Normalmente tentamos criar ouvir novas coisas. Acabo
canção longa com eles de forma algum tipo de fluidez de sempre por estar mais
a ocupar todo o segundo lado do música para música. Queremos concentrado nas minhas
disco. Não fazemos realmente assegurar-nos que as músicas bandas favoritas como Clutch,
músicas de amor então esta foi no lado A do disco poderiam ou Monster Magnet, Corrosion Of
uma ideia fresca e nova para quereríamos tocá-las todas as Conformitu, Melvins... Gosto
nós. O nosso agente contactou o noites. realmente de uma banda nova
agente do Alex, fez a sua magia chamada Wrong.
e o Alex concordou em tocar na Doze álbuns e ainda têm
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eNTREVISTA
Os Get Your Gun são um bom exemplo da riqueza do rock alternativo que é bem mais
vasto do que aquilo que o termo grunge encerra. Com o seu segundo álbum de originais,
”Doubt Is My Rope Back To You“, o duo ascende a novos níveis de qualidade e obrigam-
nos a apresentá-los aos nossos leitores. Andreas Westmark, metade dos Get Your Gun
ajudou-nos na tarefa.
Fernando Ferreira
Olá e bem vindo à World vezes” com esta banda. que continua até a estar
Of Metal! Mesmo antes de Gravar, escrever a nossa Sendo um duo, como é que terminado. No entanto, neste
mergulharmos no “Doubt Is própria música, digressões foi o processo criativo e de disco especificamente eu quis
Rope Back To You”, o vosso prolongadas e para mim - a composição para “Doubt Is assumir a responsabilidade e
segundo álbum, apresenta- primeira vez que comecei a Rope Back To You? Houve trabalhar no som, melodias e
nos os Get Your Gun – e, usar a minha voz. Não penso um de vós que teve mais letras.
já agora, tenho reparado que algumas vez tenhamos participação no álbum?
que é um bocado difícil imaginado ou sonhado Este álbum soa mesmo de
de arranjar consenso em acerca de todas as coisas que Sempre fui aquele que trouxe forma poderosa e sobretudo
relação á definição do vosso já vivemos com a banda. No algo, uma pequena ideia dinâmica. Era esse um dos
som, gostaria também de ter princípio era apenas algo ou o quer que seja, para vossos objectivos?
a tua opinião sobre isso. para fazer. Começámos a explorarmos em conjunto. É
tocar juntos em 2008 mas não uma coisa “andar para trás e As dinâmicas são
Olá e obrigado pela entrevista. consigo apontar exactamente para a frente”, eu a trazer algo provavelmente uma marca
Os Get Your Gun são o momento exacto que a para cima da mesa e depois regrostada nossa e eu não
Simon e eu, dois irmãos que banda tomou forma. Em ambos a explorarmos juntos estou certo porquê – acho
começaram a banda quando termos de estilo, não penso ou o Simon a comentar por que é simplesmente algo que
eramos bastante novos. Não que estejamos interessados cima e eu a ir a trabalhar gostamos de fazer. Não penso
tínhamos muita experiência e em definir o que fazemos, tendo esses mesmos que nenhum de nós tenha
a banda abriu-nos realmente além de dizer que é uma comentários em consideração ouvido assim tanto música
os olhos ao mundo da música espécie de rock alternativo. E e depois voltar com o que clássica mas sinto que há de
e tivemos muitas “primeiras boa música, espero. quer que resultou daí – algo alguma forma uma associação
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a ela, em termos às dinâmicas incorporada na música ou outras A vossa música tem uma forte
extremas, à parte mais física. Mas artes. Nunca tive a mentalidade de fã componente cinematográfica,
ainda em termos de dinâmicas, – sou muito teimoso e egoísta. Para criando imediatamente imagens na
definitivamente não quisemos usar mim a maior inspiração é abordagem mente do ouvinte. Se alguém vos
essa ferramenta da mesma forma que diferente ao instrumento. Comecei propusesse fazer uma banda sonora
fizemos no nosso primeiro álbum a brincar com os sintetizadores e para um filme, concordarias? Achas
“The Worrying Kind”, que tinha esta orgãos e depois tentei aplicar esse que isso mudaria a abordagem que
espécie de dinâmica de homem das som à gutiarra, a aprender novas tens à música?
cavernas – ao ir dos 0 aos 100 em técnicas para o meu instrumento
meio segundo. Sentia-se que era um principaç. Podes dizer que te traz Pessoalmente adoraria fazer bandas
murro na cara. Eu queria fazer algo de volta o sentimento de estares a sonordas e é algo que quero mesmo
que se desenvolve-se lentamente e aprender a tocar, o que faz as coisas fazer no fuuro. Não penso que a
fosse rodeando o ouvinte. Penso que tornarem-se frescas e as novas ideias minha abordagem seria muito
o novo álbum é épico e poderoso vão acabar por surgir. diferente, além do facto de agora ter
mas ao mesmo tempo as letras são uma moldura ou um mundo que já
algo reveladoras e na maior parte do está formado. Imagino que isso iria
tempo estou a cantar como se fosse
apenas para uma pessoa. Pensando "Pessoalmente tornar as coisas mais fáceis.
restringirmos a
primeiro contacto com o André partilha online permitem às
Matos da Raising Legends bandas de hoje em dia terem
Records. Foi lá que gravamos ferramentas de promoção que
e pudemos contar com a ajuda
dele na produção do álbum.
uma das várias eram impensáveis há 20 anos e
ajudar a dar a conhecer o seu
Também contamos com a ajuda
e talento do Manuel Bernardo
(Equaleft) para a produção
facetas do Rock." trabalho, portanto onde se vê
um declínio de vendas pode-
se ver um aumento de pessoas
do artwork deste primeiro nos festivais e concertos
trabalho. Findas as gravações, porque se tornou mais fácil
a Raising Legends Records conhecer novas bandas e novas
decidiu apostar em nós e sonoridades. Continuam a
Vamos conseguir ver-vos a haver muitos projectos que
incluir-nos no seu “rooster” tocar pelo país durante este
já extenso de bandas e editar/ carregam a bandeira do rock,
ano de 2018? mesmo dentro do panorama
promover o “Tabula Rasa”.
Ficamos extremamente felizes Sim, sem dúvida! Esse é o nacional com bandas como
por ter este apoio que é muitonosso objectivo principal Low Torque, Dollar LLama,
importante para qualquerpara 2018, ir para a estrada e Killimanjaro entre outras, e
banda. promover o máximo possível muito dificilmente alguma vez
este nosso primeiro trabalho. há de desaparecer porque o
A internacionalização é algo Temos já no dia 10 de Fevereiro rock é uma cultura.
que está nas vossas mentes? E
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eNTREVISTA
eNTREVISTA
Os Collapse Under The Empire são um dos grandes com a passagem do tempo,
nomes do pós-rock europeu, com uma twist electrónico já que aquilo que o alimenta
muito próprio. Acabados de lançar o excelente “The Fallen raramente muda e os
ingredientes musicais são
Ones”, conseguimos falar com a dupla Chris e Martin quase sempre os mesmos.
para sabermos mais deste bom momento que a banda Poucas bandas se atrevem
a atravessar as fronteiras
atravessa. do género. O nosso som
Fernando Ferreira encaia muito bem no nicho
do “syntie elektronik” e é
ua mistura de banda-sonora,
Bem vindos à World Of direcção do som electrónico apontadas ao género pós showgaze, gótico, música
Metal! E parabéns pelo e encaramo-lo como um rock em termos gerais é clássica, triphop e, claro,
vosso último álbum “The trabalho de transição para de não haver inovação, pós rock. Além de que o
Fallen Ones”, que parece uma mudança fundamental apenas a repetição da facto de nos últimos anos
que tem vindo a ganhar no nosso som. Neste Verão fórmula de cada um ou termos sido considerados
boas críticas um pouco celebramos dez anos de a do próprio género. em revistas diferentes como
por todo o lado. Como tem jubílio e gostaria de concluir No entanto, no vosso “Sonis Seducer” ou “Zilo”
sido até agora? esta secção com uma espécie caso, e como acabaste de álbum do mês mostra que
de retrospectiva, um álbum confirmar, há essa intenção andámos sempre nos limites
Sim, obrigado! Estamos duplo com três novas faixas de introduzir algo novo no do pós-rock. Eu diria que
extasiados pela forma como e várias raridades. O timing seu som. Concordas com podem ver-nos como uma
o novo álbum estar a ser tãonão poderia ser melhor, dar todas estas opiniões? banda principiante no
bem recebido pelos nossos um passo arriscado numa género pós rock. Também é
ouvintes e pela crítica. Nãodirecção diferente sem Sim, é exactamente isso que assim que muitos dos nossos
é algo que seja evidente deixar as raízes pós rock por eu também queria dizer. É ouvintes que não tiveram
para nós quando acabamos completo. Esperamos poder importante reiventarmo-nos acesso ao género antes,
um trabalho, já que se tornacontinuar a levar os nossos passo a passo e continuar a nos descrevem. Claro que
cada vez mais difícil com fãs numa viagem. Vai evoluir. Foi o que tentámos ficamos muito satisfeitos
o tempo para satisfazer as continuar definitivamente fazer com cada álbum e por ouvir isso.
nossas próprias intenções instrumental porque é essa a cada EP. Conseguimos fazê-
sem nos repetirmos.nossa força. lo com bastante sucesso na Todo o álbum flui em
Levamos este álbum um minha opinião. O pós rock harmonia... existe algum
pouco mais além em Uma das críticas pode tornar-se monótono tipo de conceito? Quem
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são os “caídos”? Às vezes parece muitos escrevem-nos a contar desligar a parte de vós que diz
que é a raça humana que caiu de que ouvem a nossa música em “nesta parte, fiz isto, naquela
graça e está a caminhar para a caminhadas, expedições ou apenas fiz aquilo”. Alguns músicos não
extinção... em trabalho criativo. conseguem simplesmente ouvir
o que fizeram após terminar
As músicas em “The Fallen Ones” um álbum. É o que acontece
têm a intenção de evocar uma
viagem distópica que tem como "As músicas em “The convosco?
objectivo inpirar a exploração das
paisagens de um futuro pessimista. Fallen Ones” têm a Gostamos de ouvir a nossas
músicas quando elas estão
Em termos temáticos, na minha
opinião, o álbum enquadra-se nos intenção de evocar uma acabadas. Por vezes achamos
que elas ainda são melhores com
dias de hoje. Apesar de todo o
medo do futuro, o álbum deverá viagem distópica que alguma distância.
“The Fallen Ones” foi lançado,
oferecer um quadro de esperança.
Muitas das músicas e conceitos tem como objectivo tal como já falámos, através da
vossa própria editora, Finaltune.
reflectem as nossas perspectivas
pessoais, emoções e pensamentos inpirar a exploração Apreciam ter este tipo de
controlo sobre o vosso trabalho,
mas o pós rock sempre deu aos
ouvintes a hipótese de associar das paisagens de um para além da liberdade que já
falámos?
as suas próprias imagens e
sentimentos à canção devido a não futuro pessimista." Recebemos alguns pedidos de
ter letras. Nunca sabemos onde é outras editoras no passado. Por
que a viagem nos leva. O que faz um lado, as coisas não foram
com que seja excitante para nós O vosso primeiro concerto
foi apenas poucos anos avante porque não eram assim
também. Se mergulhares na nossa tão vantajosos, por outro, outras
música, a maior parte das ideias atrás e sempre disseram que
apenas tocariam em ocasiões editoras não nos podem oferecer
vêm por si só, então continuamos valor acrescentado. Construímos
a insistir e dar ao álbum uma específicas e especiais. É algo
que se manterá com “The Fallen uma boa rede de vendas e de
uniformidade. Na realidade, todos promoção com a nossa própria
os nosso álbuns e EPs são trabalhos Ones”? Têm alguns planos de
andar pela Europa. editora Finaltune e somos
conceptuais de alguma forma, completamente independentes.
porque todos contamos histórias Apesar de muito do trabalho da
que cada um poderá interpretar Desde 2009 que lançámos seis
álbuns de estúdio e cinco EPs. editora que temos de investir além
de forma diferente. É importante da composição e escrita, penso
para nós também. Não há limites Recentemente publicámos a
nossa discografia completa que vamos continuar a lançar
musicalmente ou tematicamente todos os nossos lançamentos pela
se, como nós, estás num nível no nosso site (N. E. https://
collapseundertheempire.com/ Finaltune no futuro.
emocional. Sempre tivemos um
fraquinho pelos sons e disposições discography/). Fazemos muito
DIY e esta regularidade de O que é que pensam do impacto
melancólicas. Não interessa o que da música (não só a vossa) tem
façamos, vai soar sempre de forma lançamentos não seria possível
com concertos por cima. Ambos no mundo de hoje? Acham que
sobria e triste mas ao mesmo tem poder suficiente para mudar
tempo, iluminadora. Não é possível não somos músicos profissionais,
a verdade é essa. Por outro lado, o mundo, mudar o estado das
de descrever que, de alguma forma, coisas como “The Fallen Ones”
és levado numa viagem. isso cria-nos muita liberdade
em termos artísticos. Isto faz sugere?
Vocês estão sempre ocupados, com que seja difícil trabalhar Penso que a música tem uma
com os vossos projectos e outras num projecto que toque ao vivo. influência indirecta no estado
ocupações... será Collapse Under Depois de muito tempo e de das coisas. Decisões importantes
The Empire um escape de tudo muitos pedidos para tocarmos ao podem ser influenciadas pela
isso? Eu pergunto isto porque vivo, decidimos tocar “C.U.T.E. -
música. Especialmente com
parece a música perfeita para Live” com a ajuda de amigos que as letras das músicas poderão
nos ajudar a fugir da realidade. se identificam com a banda e comtransmitir-se mensagens ou tomar
a música que fazemos. Tivemos determinadas posisções. Muitas
Para nós ainda é um dos sorte e conseguimos tocar o ano vezes o intérprete é aquele que
melhores hobbies que possas passado no Dunk! Festival na usa a música como uma forma
imaginar. Trabalhamos de forma Bélgica. Estamos a trabalhar em de chegar a mais pessoas. Música
completamente independente sem fazer mais concertos e esperamosinstrumental, como a fazemos
edições na nossa própria editora. tocar alguns novamente no final é um pouco mais difícil. Para
Isto é, claro, muito libertador e do ano. transportar a nossa mensagem,
assegura-nos muita criatividade no
estúdio. A nossa música é de certa São capazes de se colocarem na usamos de forma crescente
forma muito próxima da natureza. perspectiva do ouvinte e sentir imagens e videos.
Também notámos isso porque a música ou não conseguem
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eNTREVISTA
eNTREVISTA
Por vezes é assim. Do nada surgem bandas com um álbum de estreia que nos deixam rendidos.
Foi o que aconteceu com os Novareign e “Legends”. O espectro do power metal de orientações
mais progressivas não é pobre mas ainda assim a estreia dos californianos teve um grande
impacto aqui na redacção da World Of Metal e acreditamos que assim será um pouco por todo o
lado. Apresentando em exclusivo a banda a Portugal, tivemos Balmore Lemos, guitarrista dos
Novareign
Fernando Ferreira
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Olá e bem vindos à World disso, eu juntei-me à banda e que o álbum estava finalizado,
Of Metal! E bem vindos começámos a compôr o nosso tivemos uma reunião com
com realmente um excelente EP “Reign Of The Infinite Sun” M-Theory para vermos como
e impressionante álbum! e usámos esse EP para ajudar a poderíamos trabalhar juntos e
“Legends” é um grande encontrar músicos que levavam levar o álbum mais longe. Tudo
trabalho que nos traz o melhor a sério a sua arte. Foi quando correu bem e M-Theory estava
do power metal mas com um o baixista Moizilla Galvez e o de mente aberta e sempre nos
feeling progressivo sem que se Paul “The Beast” Contreras se apoiou desde o início naquilo
tenha a sensação de estarmos juntaram e solidificaram o que é que queríamos fazer então não
perante uma proposta comum Novareign. houve dificuldade nenhuma em
de metal progressivo. Temos decidir colaborarmos com eles
velocidade, temos o aspecto para promover “Legends” e
técnico, músicas complexas e
longas, mas principalmente,
"Considerando que material futuro.
"A ideia de
e Avant Guardian apenas para
Podemos dizer que há nomear algumas.
um ceonceito geral para
“Legends”? Ao olhar para a
capa e ouvir as lestras, estas heróis a superar Quando vemos os nossos idolos
a desaparecer e as nossas
lendas parecem ser todos
heróis históricos... foram eles adversividades bandas clássicas a tornarem-
se cada vez mais velhas e a
que vos inspiraram ou querem
inspirar os vossos fãs com os é um conceito reformarem-se, é bom ver
que temos uma banda nova a
feitos de tais lendas?
universal que é surgir com tanta força e com
um álbum tão potente. Sentes
que a música pesada vai de
apelativo a quase
A ideia de heróis a superar
adversividades é um conceito alguma forma renovar-se a ela
universal que é apelativo a quase própria?
todos. Uma das razões que eu
penso que o power metal ressoa
todos." Absolutamente! Seria uma
em todos nós é por causa das suas verdadeira pena que os nosso
ideias animadoras e poderosas heróis que construíram os
que a maior parte das pessoas Têm alguns planos de caminhos para se ser bem
adoram ouvir de uma maneira ou promover o “Legends” aí sucedido num género de música
forma. Apesar de não haver um nos E.U.A. ou até mesmo na como o heavy metal, que não
conceito que atravesse cada um Europa? é parte do mainstream, apenas
dos temas, a maior parte deles para vê-lo desaparecer com
Temos aspirações para ir e eles. Quase que se sente como
são inspirados pela ideia de promover o álbum em qualquer
nos erguermos e empenharmos uma responsabilidade manter
sítio e em todos os sítios onde estas ideias e música viva!
o melhor que conseguirmos. houver procura pelo o que
Além de que a ideia de que Desde que a nova geração de
estamos a fazer. Mas por agora, músicos mantenham a mesma
se lutas por uma causa justa e estamos a focar-nos em publicar
nobre que é verdadeira para o mentalidade de escrever música
o álbum aqui nos E.U.A até que é genuína e verdadeira a eles
teu coração, independentemente que a oportunidade certa para
de conseguires ou não, o próprios, vai continuar a ressoar
ir para além mar se apresente. com um público e vai continuar
simples facto de lutares bem Assim que essas oportunidades
deveria ser considerado sempre a carregar a bandeira do heavy
se revelem, podemos então a metal através dos anos e vai com
como uma vitória. Em relação planear de acordo com elas.
ao artwork, atirámos algumas esperança continuar a resistir e
ideias para cima da mesa como Os E.U.A. não é o país mais superar o teste do tempo.
a capa deveria ser, e o Moizilla conhecido para o power metal
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eNTREVISTA
eNTREVISTA
eNTREVISTA
Fernando Ferreira
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Cinco longos anos sem que o meu interesse para com encaixar numa mistura na era
Necrophobic, bem vindos de Necrophobic estava a crescer. dos “Hrimthursum” e “Death To
volta! Como é ter o álbum Falei com o Johan acerca disto All”. Quando mostrei as minhas
cá fora depois de tudo o que e ele sentia o mesmo. Era como demos à banda, começámos
aconteceu? se a “nossa” banda andasse de a trabalhar na estrutura geral
concertos em concertos sem dos temas e no som. Tentámos
Obrigado! É muito bom estar nós. Estranhamente, Joakim arranjar uma base death metal
de volta com um álbum forte Sterner contactou-nos por esta muito sólida e poderosa para as
depois de toda a turbolência! altura. Ele também sentiu o músicas. Um navio de guerra de
Mais uma vez nos erguemos! mesmo. Que o nosso lugar era onde pudessemos lançar mísseis
A primeira mudança no vosso nos Necrophobic e noutro lado de black metal. E eu penso que
alinhamento foi o regresso do qualquer. Assim a energia dada é o segredo do nosso som de
Anders Strokirk. Como foi pelas forças das trevas estavam blackned death metal. Temos
tê-lo de volta na banda após a apontar todas na mesma uma secção rítmica death
quase vinte anos? direcção. Eu e o Johan não metal e uma guitarra lead black
tivemos que pensar sobre isso metal com a secção vocal. Dá
Fantástico! É sempre duas vezes. Largámos o que à música um grande contraste.
complicado subsituir membros estavamos a fazer e juntámo-nos Black metal normalmente tem
e especialmente com vocalistas. à banda novamente. E foi como uma base frágil para se manter
Felizmente o Anders estava se o tempo não tivesse passado e o death metal puro por vezes
disposto a isso. E também e nunca tivessemos saído. falta-lhe nuances. Nós tentamos
ele manteve-se fiel à cena Excepto aquela energia má do ter os dois.
durante todos estes anos, o que passado que tinha desaparecido.
é importante. Não queres um As canções têm aquela perfeita
gajo que já não gosta de metal atmosfera do som clássico do
como frontman, certo? Eu vejo "Não queres um gajo metal extremo sem sacrificar
nenhum poder. Onde é que foi
isso muitas vezes em bandas
que se reúnem. Para mim, como que já não gosta de gravado e como é que foi todo
o processo de gravação?
compositor, estava ansioso para
ver o que conseguíamos fazer metal como frontman, Este álbum foi gravado no
juntos. E resultou perfeitamente.
Mas apesar de tudo, ele é o
certo? Eu vejo isso estídio do Fredrik Folkare aqui
em Estocolmo. Foi fantástico
cantor do primeiro álbum e não
deveria surpresa nenhuma que
muitas vezes em bandas que ele tenha escolhido continar
ele seria perfeito para liderar
este navio de guerra.
que se reúnem." a trabalhar com esta banda.
Mesmo tendo que passar o
trabalho de guitarras para mim
Outra mudança no e para o Johan. Como ele tinha
Focando “Mark Of The produzido todos os álbuns
alinhamento foi o regresso de Necrogram” especificamente,
dois dos vossos guitarristas, desde o “Hrimthursum”, não
soa mesmo poderoso e mantém queriamos perdê-lo. É uma
tu, Sebastian e também o o vosso som característico de
Johan Berge. Quais foram os parte muito importante dos
fusão entre o death e o black Necrophobic. Trabalhámos
motivos para regressares aos metal. Tiveram algum tipo de
Necrophobic? arduamente com as demos antes
objectivo antes de começarem de entrar em estúdio. Então tudo
Necrophobic é a banda onde eu a compôr para aquilo que ficou arranjado e preparado
mais investi e trabalhei durante queriam fazer? antes das gravações. Tivemos
a minha carreira. Tenho escrito Na realidade eu tinha escrito cada um cerca de dois dias no
mais canções para esta banda três músicas antes da minha estúdio. Eu gravei todas as
do que qualquer outra. Eu e o saída em 2011. Não eram minhas guitarras, duas guitarras
Joakim trabalhámos para deixar adequadas na altura para entrar ritmo masi harmonias e solos
esta besta cescer desde 1996, no “Death To All”. Eu guardei- para cada música em menos de
então é eufemismo dizer que as para mais tarde. Quando dez horas. É menos de uma hora
grande parte da minha vida voltei à banda, eu peguei onde total por música. Mas o trabalho
musical reside nas fronteiras tinha parado. O processo e preparação foram enormes. Os
que encerram os Necophobic. de composição fluiu muito outros fizeram o mesmo.
Desde que eu saí em 2011, eu livremente. Eu estava a apontar
senti que algo importante estava para as estruturas de músicas A música “Pesta” destaca-
a faltar. No Outono de 2016 e atmosferas que pudessem se por ser mais lenta, com
senti duma maneira muito forte um feeling doom, algo que
26
mas acho que desde
o nosso primeiro
álbum que sempre
tivemos partes que
eram mais lentas e
atmosféricas.
Sempre adorámos
as vossas covers,
têm algo planeado
para este ábum,
como faixas
bónus?
Não, desta vez não.
Não há material
extra que tenha
sido gravado.
Mas também,
conseguimos gravar
um álbum inteiro
em menos de um
ano depois da
reunião da banda.
Os Necrophobic
são uma das
poucas bandas que
se mantiveram
fieis ao seu som e
ao mesmo tempo
capazes de evoluir.
Olhando para
trás, todas as
mudanças, todas
as dificuldades,
todos os sacrifícios,
“Mark Of The
Necrogram”
sente-se como uma
espécie de triunfo,
certo?
Yeah! É um triunfo
d e fi n i t iva m e n t e .
Vivemos com es-
tas dificuldades
desde o início.
Nunca ascendemos
acima da cena do
normalmente não fazem. Foi The Necrogram”. O EP era um underground, nunca
por esta razão que decidiram vinil muito limitado e seria um tivemos as atenções principais.
usá-la novamente depois de desperdício deixar que aquela Mas isto faz com que as bases
ter estado no EP? Parece que canção desaparecesse numa sejam fortes. O Joakim nunca
foi regravada, é correcto? edição tão limitada. Foi escrita desistiu, uma única vez. Ele
com um tempo mais lento do que continuou com todo o poder,
A bateria foi regravada e o resto das canções o que lhe dá
teve uma linha de guitarra não interessa o quê. É fantástico
um feeling diferente. Até pode mesmo! Ele deveria ter um
adicionada. O resto é o mesmo. ser que não tenhamos usado
Esta música é importante na relógio de ouro pela resistência.
antes esse feeling mais doom
estrutura do todo que é “Mark Of de uma forma tão acentuada
27
eNTREVISTA
31
Normalmente o terceiro
álbum é sempre visto como
aquele que estabelece o tom
da carreira de uma banda.
Tiveram algum tipo de
pressão quando começaram
a trabalhar no “The Banished
Heart”?
Dobber - Até um certo ponto, familiar mas ainda assim nova. tentamos) interiormente. É
sentimos que há um cruzar de Combinando o poder e o amor pessoal? A música, o conceito
capacidades com a nossa música. por Katatonia, Anathema e My e as letras?
É cinemática e a voz da Cammie Dying Bride antigos com música
faz com que se infiltre de forma extrema moderna e pelo nosso Dobber - Muito pessoal. Vem
sedutora, definitivamente. Antes amor pelo velho jazz, blues e de um lugar que normalmente
que te apercebas, temos pessoas R&B. É apenas uma combinação está Escondido, definitivamente.
que não gostam de metal a de influências e das nossas Tão poderoso que não tem
ouvir a música muito pesada por interpretações depois de tudo. hipótese senão ser canalizado
causa de um único cantar de Um lugar divertido para nós através disto. Nada pára a sua
sereia. A encalhar com os seus estarmos e para criarmos a partir concepção de todo. Quando
barcos nas rochas. Sentimos dele. fomos abordados pela editora
realmente que temos algo de para um novo álbum foi um
único para oferecer. Música do “The Banished Heart”, como doce alívio. Estar debruçados
coração de um lugar muito real, álbum, lida com sentimentos, na história ou conto e depois
embrulhado de uma maneira a maior parte deles aqueles sermos chamados para contá-
com os quais lidamos (ou la. É, de qualquer forma muito
32
“Antes que te apercebas, temos
pessoas que não gostam de metal
a ouvir a música muito pesada por
causa de um único cantar de sereia.”
íntimo. Nu. emocionalmente?
é uma viagem séria e não temos É a minha natureza e a minha produtor, como foi?
tempo suficiente nesta terra para catarse. Em termos de som, “The
brincadeiras e ser apenas um Banished Heart” é esmagador, Dobber - Sendo este disco tão
coração tonto e mesmo assim mesmo poderoso. pessoal, especialmente para a
ainda conseguir atingir ou criar Cammie e para mim próprio,
as coisas que quero ou preciso. Podes dizer-nos mais acerca quis supervisionar todo o
A minha visão pessoal, claro. E do processo de produção. Sei processo no estúdio. Precisava
vejo as trevas a serem expulses. que ficaste com a cadeira do de ter as mãos em tudo. O
34
pessoal e eu escrevemos a a sequenciação ao vivo disso surreal ter alguém que eu
música e eu vou montando mudou o nosso mundo todo. admirava tanto e cuja voz eu
conforme avançamos. Escolher Sentimos como se estivessemos reverencio, cantar uma canção
o que temos e a direcção que no meio de tudo. Fantástico e eu que eu tenha escrito. Para mim
quero ir. No passado usámos um recomendo-o verdadeiramente. “No Color, No Light” é uma das
engenheiro de som fantástico Fizemos demos de pré-produção. músicas mais tristes do álbum.
e também meu amigo Russ Sequenciámos as guitarras com Surgiu de um lugar muito
Russel para misturar os álbuns Positive Grid e depois voltámos vulnerável e realmente sabíamos
mas desta vez eu precisava de a amplificar no estúdio. Apesar que só poderíamos confiar numa
tempo. Tempo para me sentar de guardarmos algumas coisas pessoa para nos ajudar com o
com ele e fazer com que as do Positive Grid no disco para impacto da sua mensagem e para
cenas resultassem. A bateria reforço. Excelente programa. manter a sua integridade em
acústica foi sequenciada numa O baixo teve o tratamento termos de alma. A voz do Tom
sala excelente. Usámos Neve complete também. Da tom adicionou uma profundidade
e API (N.E. pré-amplificadores natural do Keegan para os tons que a minha sozinha não
de microfones para bateria) de refrão distorcidos à la Type conseguiria atingir. Deu à canção
em tudo! Com ecos naturais O’Negative e Acid Bath que um poder tal que não poderia
por todo o disco. Voltámos a se pode ouvir durante todo o ficar mais agradecida pela forma
aplificar a bateria, teclados e disco. Vocalizações através de como resultou.
cordas através de um eco Big um diafragma largo Charter Oak
Sky e foi tudo alimentado para para a Cammie e SM7 para as Parece-nos que o vosso som
uma sala através de uma série de cenas de coros e vocalizações é bem mais aceite aqui na
microfones mono e stereo. Com masculinas. A cammie através Europa do que no vosso
pouco ou quase sem plugins de Neve 1073 para um LA2A próprio país. É correcto?
de eco. Tem um som específico e Distressor para suavizar tudo
e todos hoje em dia andam no final. Muitos parabens aos Dobber – Definitivamente temos
pelos Valhalla/Echoboy/Altiverb. ouvidos brilhantes de Craig tido essa sensação até agora.
Usámos também Copperphones Douglas (engenheiro de mistura)
Realmente sentimos que os
port udo lado (microfones retro e co-engenheiro Chris Kritikos!
E.U.A. vão andar atrás de nós
que dão uma cor e distorção com este disco. O que seria
a tudo – ouçam à voz de Cammie, tens um dueto com fantástico! Mas na maior parte
Cammie no tema título para se Tom Englund dos Evergrey na das vezes, as coisas mais épicas
aperceberem da cor deles). Assim bonita “No Color, No Light”. e melódicas servem na Europa
que conseguimos adicionar todo Como é que surgiu? A sua voz como uma luva e adoramo-la.
o peso, sente-se como algo muito soa perfeita e eleva o poder
diferente de tudo aquilo que já da música a um outro nível. Sendo dos E.U.A., calculo que
tínhamos feito. Usei bastante as venham à Europa quando
coisas da Spitfire Audio no disco Cammie – Concordo têm ofertas sólidas para uma
para as cordas e orquestrações. completamente. Foi um digressão. Têm algo planeado?
Voltar a amplificar e a fazer momento verdadeiramente Seria exvcelente ter-vos na
Europa.
35
Foto por Franz Schepers
36
Para muitos fãs, a realização de um sonho que julgavam ser
impossível. A reunião dos Helloween com Kai Hansen (Membro
fundador da banda e primeiro vocalista) e Michael Kiske (associado
ao que é considerado a fase mais clássica da banda, do "Keeper Of
The Seven Keys", dividido em duas partes/dois álbuns. O sonho é
real, conforme vamos mostrar nas próximas páginas.
por Miguel Correia e Fernando Ferreira
37
Tudo começou na década 1970. numa sonoridade diferente em “7 Sinners”, (2010), “Straight
Kai Hansen e Piet Sielck (Iron relação ao passado. Kiske segue Out Of Hell, (2013) 3 “My God-
Savior) formaram os Gentry o o curso de uma carreira a solo Given Right”, (2915), foram os
que seria o embrião para aquilo após uma saída nada pacifica e lançamentos seguintes e os fãs,
que seria anos mais tarde os Ingo, por motivos de saúde, saiu esses, sempre fiéis, enchiam
Helloween. Mais tarde, 1980, no meio da tour de “Chameleon” os espaços por onde a banda
Markus Grossokopf (baixo) e e mais tarde a noticia de sua passava, em sucessivas digressões,
Ingo Schwichtenberg (bateria), morte, por suicídio, viria a mas no pensamento de todos
juntaram-se ao grupo, então, marcar fortemente os seus estava e sempre estiveram
sobre a sigla de Second Hell, antigos colegas. presentes os primeiros anos, a
nome este que duraria apenas época dos “Keeper”! Os rumores
dois meses, dando o lugar a 1993, viu chegar Andi Deris de uma possível reunião iam-se
Iron First. Michael Weikath, (ex-Pink Cream 69) e em 1994 sucedendo, desmentidos de um
entrou para o lugar de Piet, que Uli Kusch, (ex-Gamma Ray). lado, sem comentários do outro,
decidiu dedicar-se a produções Começou aqui quele que seria o mas o certo é que os média iam
e engenharia de som e surgem período mais estável da história deitando para a fogueira muita
os Helloween, corria o ano da banda alemã e “The Time lenha nesse sentido, até que a
de 1984. “Oernst of Life” e Of The Oath”, foi a estreia de mesma ateou e, finalmente, em
“Metal Invaders” seriam os nova formação, que ansiava Novembro de 2016, é anunciado
primeiros lançamentos incluídos desde então por estabilidade. ao mundo que os ex-membros-
na colectânea “Death Metal” O álbum foi dedicado a Ingo membros Kai Hansen e Michael
e foi o abrir de caminho para e a tour que viria a seguir deu Kiske se iriam juntar novamente
o EP “Helloween”, em 1985. origem a “High Live”, em 1996, ao grupo e a interrogação surge
As mudanças não paravam e segundo álbum ao vivo gravado no pensamento de todos, então
após o lançamento de “Walls em Espanha e Itália. “Keeper Of e Deris, que tanto deu de si
Of Jericho”, Kai Hansen decide The Seven Keys – The legacy” ao grupo de forma brilhante?
deixar a viz e concentra-se nas vê a luz do dia em 2004 e Como tudo iria acontecer?
seis cordas e surge o jovem embalados pela gigantesca tour
Michael Kiske, então com 18 e pela vontade de compor, os O posterior anúncio da
anos de idade. Helloween lançam logo no ano “Pumpkins United World Tour”
seguinte “Gambling With The logo dissipou todas as dúvidas,
Com essa formação os Devil” e saem novamente numa Kai, Deris e Michael iriam
Helloween lançaram-se ao tour mundial acompanhados partilhar o palco num formato
sucesso e “Keeper Of The Seven pela primeira vez pelos Gamma único e que muito prometia.
Keys Part I” e Kepper Of The Ray, banda de Kai Hansen. Daí em diante a euforia tomou
Seven Keys Part II” tornaram a conta de todos aqueles que
perspectiva de o sonho poder Estavam criadas as fundações durante anos a fim seguiam e
ser uma realidade. Por todo o para a tão ansiada estabilidade. acompanhavam todos os passos,
mundo o nome Helloween viu Deris estava integradíssimo e e como disse anteriormente,
o seu reconhecimento de uma assim Michael Weikath e os seus sempre fiéis, os fãs da “abóbora”
banda de sucesso e que começou restantes pares sentiam nisso e naturalmente todos os fãs
a arrastar um sem número de a força para uma inspiração de metal sem exceção, teriam
fãs... o futuro estava ali! inesgotável, que serviria para a motivos ver algo único.
realização de outros lançamentos
Foi o começou de uma caminhada discográficos marcantes, caso Sinal de que tudo estava a rolar
que viu alguns percalços ao nível de “Unarmed – Best Of 25Th e que as turbulências passadas
da estabilidade da formação. Anniversary”, que foi com toda estavam arrumadas, em outubro
Depois tempos de afirmação a certeza o registo mais arrojado de 2017 é lançado em formato
e com o lançamento de do de sempre. Comemorando os 25 digital, aquela que seria a
primeiro registo ao vivo, “Live In anos de carreira, os Helloween forma escolhida de celebrar a
The UK” e em 1989 Kai Hansen lançavam uma seleção de dez reunião dos Helloween, o EP
deixa a banda. Roland Grapow temas regravados acusticamente “Pumpkins United” encantava
(ex- Rampage) é o senhor que acompanhado de uma edição e fazia recordar os primórdios.
se segue, mas, havia muito mais limitada onde surge um novo A World Of Metal, “juntou-
para acontecer. “Pink Bubbles videoclip de “Dr. Stein” e até aos se” ao grupo e não quis deixar
Go Ape” (1991) é o primeiro dias de hoje a faixa de qualidade passar ao lado esta marca
trabalho sem Hansen e o seu dos seus trabalhos esteve sempre importante da história do heavy
sucessor “Chameleon” surge presente em tudo o que faziam. metal, aproveitando também a
38 Foto por Martin Häusler
Foto por Franz Schepers
gentileza e disponibilidade de passos para este Helloween Não houve nada de difícil,
Michael Weikath tentou numa United? finalmente, tudo surgiu tão
oportuna entrevista saber todos naturalmente. Tivemos que
os pormenores possíveis desta Bem, como disse, estava nos conhecer um pouco
reunião.
longe e foi algo que foi mais nesta configuração de
começando a ganhar forma tantas pessoas, mas foi bom
Olá e bem-vindo à World Of
recentemente, apesar do Kai é uma atmosfera até muito
Metal. Provavelmente esta é
Hansen estar sempre a falar tranquila.
a pergunta mais ouvida no
sobre nessa possibilidade e
ano passado pela imprensa e
vontade, ele queria muito. Sabemos que vocês iniciaram
fãs, mas não podemos evitá-
Acho que foi ele o grande toda esta fase "Helloween
lo ... Algum vez te passou pela
responsável pelos primeiros United" sem saber como
cabeça voltar a partilhar o
passos. Em 2013 reencontrei seria, mas os shows estão
mesmo palco com Kai Hansen
o Michael Kiske no backstage esgotados e até conseguiram
e Michael Kiske?
de um show, finalmente escrever uma nova música
conversamos e arrumamos juntos, podemos supor que
Olá, obrigado pela
todas as nossas diferenças e tudo tem funcionado muito
entrevista... não, nunca tinha
claro essa hipótese também bem. Como tem sido esta tour
pensado nisso antes, estava
começou a ser falada. No final até ao momento?
longe – era mesmo algo que...
de tudo, defina a pedra final
não imaginava poder voltar a
aqui estamos! Até agora, foram além da
acontecer!
crença e todos eles fantásticos.
O que foi mais fácil ou difícil Nem nos nossos sonhos mais
Como foi que tudo aconteceu?
em todo o processo? selvagens, pensávamos que
De onde vieram os primeiros
seria assim. Uma viagem
Somos uns privilegiados e temos tido a honra de todos com ideias. Uma coisa que ficou definida
divulgar aqui bandas lusas e honestamente todas elas logo no inicio, foi quando Mary entrou na banda
de enorme qualidade. Nesta edição a WOM encontra dizendo que não iria ser a típica vocalista feminina
Nuno Ramalho, português radicado no Reino Unido, de metal sinfónico/ gótico. “
“Para já só de ferias! A minha vida é por aqui no
Reino Unido mas nunca se sabe o dia de amanhã! “Borderline” é a primeira de doze faixas que marca o
Gostaria de um dia poder voltar a tocar aí! Já inicio do arremesso sonoro a que banda nos sujeita.
ouve um contacto para um concerto, mas o ideal Um desfile fantástico de riffs marcado pela voz
seria fazer uma mini tournée para compensar a brilhante e elástica de Mary. O som da banda é feito
deslocação a Portugal.” e que nos apresenta os Fall de “Muitas e diversas” influências “Eu ouço vários
From Perfection, “Os Fall From Perfection são géneros musicais, mas o metal é a minha maior
formados por mim, Nuno Ramalho, na bateria, o influencia! Eu, o Tim e o Les somos os que ouvem a
Tim na guitarra, a Mary na voz e o Les no baixo. vertente mais pesada do metal desde bandas como
O projecto surgiu depois da formação anterior Napalm Death, Carcass, Cannibal Corpse até aos
com diferente baixista e nome ter terminado.” tradicionais Judas Priest ou Iron Maiden. Mary
ouve bandas tipo Volbeat, Rammstein, Disturbed,
Com eles é nos dado a ouvir, ”Metamorph”, primeiro Limp Bizkit entre outras.” E que liricamente “As
trabalho oficial da banda “É algo difícil definir, letras têm muito de pessoal, sendo Mary a principal
principalmente visto de dentro mas penso que letrista. Têm a ver com a tentativa de entender o
é uma mistura de groove metal com melodic nosso lugar no mundo e tentar entender nossos
metal. Nós não temos uma fórmula especifica. relacionamentos com os outros. Muitas vezes, há
Nós tentamos fazer a nossa cena, ter o nosso som! uma referência aos problemas de saúde mental
Geralmente o Tim escreve uma carrada de riffs e a esperança de uma mudança que melhorará
e depois a Mary consoante a ideia que tem em as coisas, daí "Metamorph". Problemas mentais,
mente para a letra/ musica, edita os riffs e depois supressão e fuga estão no cerne da escrita e o próximo
trabalhamos á volta dessa ideia contribuindo álbum trará mais do mesmo, já que Mary ainda não
42
se resolveu com a vida sendo o seu mantra… “Não
assuma nada - questione tudo!“
A estreia não podia ser melhor, “Metamorph” tem
obtido excelentes reações “Até ver tem sido muito
boas tanto a nível da critica escrita como em
atuações ao vivo.“ Ao ouvir este fantástico registo,
sinto-me perante algo bem pensado, bem elaborado
e com uma produção muito acima da média...”A
gravação em geral correu bem. Gravámos num
bom estúdio e com pessoal que sabia o que estava a
fazer. O desafio foi durante a mistura. Dedicamos
bastante tempo para ter a certeza que todos nós
estávamos satisfeitos com o produto final! E
estamos!”
Desta feita estou perante algo em que tenho alguma
Como qualquer banda que se preze, o futuro está dificuldade em destacar um momento deste álbum
ai ao virar da esquina e projetos não faltam, “Para porque sinto nele muita entrega e empenho num
já, continuar a divulgar o álbum, tocar ao vivo conjunto muito sólido de musicas e até Nuno
e a compor novo material.” Prometendo um 2018 Ramalho afirma: “Eu diria que foi o álbum em si
cheio de sonhos e ambições “Será um ano em que que nos marcou em vez de uma faixa ou faixas. Foi
continuaremos a crescer como banda. Será um ano o culminar de um processo que começou quando o
em o Les pode dar o seu total contributo para o novo Les se juntou á banda até ao produto final.”
material, algo que não aconteceu muito no ultimo
álbum porque quando Les entrou para a banda,
metade do álbum já estava escrito.”
43
44
Guia
Musical
45
Não deixa de ser impres- Exemplo da riqueza do nosso
sionante a forma como o Moita underground, os Dark Oath
Metal Fest tem vindo a crescer tocam um death metal melódico
de ano para ano. Apesar da a pender para sinfónico e para
o épico, não se deixando limitar
oferta em termos de concertos
propriamente por fronteiras
e festivais crescer todos os
estilísticas. Liderados pela voz
anos, o Moita Metal Fest acabou potente de Sara Leitão e com
por conseguir encontrar o seu um bom álbum de estreia, "When
espaço fora do período mais Fire Engulfs The Earth" a servir de
concorrido para as maratonas apoio, é esperado um início em
e romarias aos mais diversos grande para mais uma edição do
pontos do país. Não será alheio Moita Metal Fest.
os K2O3) e apresentam uma
a esse crescimento o facto dos
cartazes apresentarem o melhor Sacred Sin nova vitalidade que é muito
bem vinda. Com dois álbuns
do que é feito cá em Portugal
editados e a cantar em
e sempre com grandes nomes
português, o que se espera é
internacionais a reforçar o
simplesmente boa diversão,
impacto dos cartazes. A edição
bom humor e rock. Razões mais
de 2018 não foi excepção, com
que suficientes para tornar a
um dos cartazes mais ricos
sua actuação imperdível.
e interessantes de sempre,
ecléctico e capaz de agradar Filii Nigrantium
a todos os que gostam de
rock, punk, hardcore e, claro, Infernalium
metal nas suas mais variadas
vertentes. No segundo ano
a realizar-se para o Largo
do Pavilhão Municipal de Nome clássico e incontornável
Exposições, esta edição será do metal nacional. A banda
certamente uma das melhores. de José Costa regressou aos
É essa a nossa expectativa, álbuns no ano passado com
apoiada nos nomes do cartaz, "Grotesque Destructo Art" (um
os quais vamos passar em dos melhores do ano, de acordo
revista nas próximas páginas. com os nossos tops) e esse
Fica apenas a certeza de que regresso também se verificou
este já é um ponto obrigatório um aumento de intensidade
para qualquer fã de música em cima dos palcos que os
tem levado a percorrer os Para os que gostam de
pesada que se preze.
palcos de todo o país. Energia sonoridades mais negras,
Dia 1: 06/04/18 e death metal clássico é algo definitivamente Filii Nigrantium
Infernaliumé um nome
que pelo qual se antecipa da
sua actuação, que, conforme obrigatório. Não só a banda
Dark Oath têm provado constantemente, liderada por Belathauzer é um
apenas vai ficando melhor de dos nomes clássicos do black
ano para ano. metal português como soube
evoluir ao longo dos anos,
Viralata tornando-se uma proposta
Um dos nomes mais cativantes híbrida de metal tradicional
da cena punk rock lusitana onde o heavy e thrash metal
recente, que pegam nas já fazem parte do seu ADN
influências mais do rock e do assim como um certo humor
punk nacionais e nos projectos desconcertante que tornam as
e bandas anteriores dos seus suas actuações tanto únicas
membros (onde se incluem como obrigatórias.
46
Suicidal Angels thrash/crossover como últimos
álbuns ("Beat The Bastards" e
fugir à norma e ainda assim
não perder o poder que se lhe
"Fuck The System"), espera- espera. Um pensamento que
se muito caos e muito bailarico podemos associar aos Wells
movido ao declamar de Valley, uma das bandas mais
palavras de ordem como "Fuck originais da música extrema.
The U.S.A." que continuam Sonoridade densa e complexa
a fazer sentido mais de três mas com peso abundante, este
décadas após a sua criação. power trio lisboeta é o ideal
para quem gosta de algo mais
Dia 2: 07/04/18 que óbvio. O EP "The Orphic"
é o seu último lançamento e
deverá estar em destaque na
sua actuação.
vader
O expoente máximo (e mais
49
Artworks Insights
Este mês vamos focar um artista em específico, algumas bandas de metal, uma delas, como já
alguém que já falámos no passado aquando das dissemos, Sepultura.
nossas incursões pelos artworks dos Sepultura:
Michael Whelan. Ilustrador de carreira que durante Vamos passar aqui revista algumas das suas
mais de trinta anos trabalhou sobre a temática de capas mais emblemáticas, na nossa perspectiva.
ficção cientifica e fantasia e o seu trabalho está Sem dúvida, teremos que destacar as capas que
espalhado um pouco por toda a parte tanto em fez para os Cirith Ungol, que trazem toda uma
revistas como em livros e cartas de Magic:The mística Conan, o Bárbaro que num vinil ficavam
Gathering. E claro, como não podia deixar de ser, simplesmente arrasadoras. Como não temos
o seu talento serviu para abrilhantar as capas de acesso ao vinil, teremos que nos contentar com
50
as representações nestas duas páginas. Em grande destaque temos o
seu último trabalho, já com alguns anos, "Infected Nations" dos Evile, uma
capa de detalhe fantástico - onde mais uma vez implora para que se arranje
em vinil. Mas falar de Michael Whelan é falar obrigatoriamente das capas
dos Cirith Ungol. Quando falamos da mística do heavy metal, da imagem
de marca da fantasia, guerreiros, espadas e feiticeiros, obviamente que
pensamos em nomes como Manilla Road, Saxon, mas em termos de
imaginário, foram as capas de Whelan que ajudaram a que se criasse
uma mística muito própria. Ao lado temos algumas das sua capas mais
clássicas para a banda norte-americana.
51
Top 20 1961
ROBERT JOHNSON ROY ORBINSON
“King Of The Delta Blues” "Lonely And Blue"
Vanguard Monument Records
52
ELVIS PRESLEY JOAN BAEZ
"Something For Everybody" "Vol. 2"
RCA Victor Vanguard
O
r e i
ainda
estava no bum
Osegun-
do ál-
de
seu auge Joan Baez
e "Some- traz-nos
thing For mais uma
Every- vez, tal
body" foi como o
mais um primeiro,
suces- uma das
so de principais
uma carreira que não sofreu com o razões para o impacto do revivalismo folk
tempo em que esteve afastado a cumprir na década de sessenta. Um álbum que
JIMMY REED
serviço militar. Apesar das dúvidas sobreviveu muito bem à passagem do
"At Carnegie Hall"
que haviam, Elvis conseguiu retirar o tempo e que ainda hoje continua a ter uma
Vee-Jay
máximo de proveito quer da sua carreira classe impressionante.
cinematográfica quer da sua carreira
musical. Proveito justificado. E ste álbum é a prova de que na
década de sessenta valia tudo para
lançar um disco. Em vez de termos
um álbum ao vivo como sugere o
ELVIS PRESLEY SUN RA AND HIS ARKESTRA título, o que temos é a gravação dos
“Blue Hawaai” “The Futuristic Sounds Of Sun Ra temas que foram tocados ao vivo na
RCA Victor Savoy Records dita sala. E é duplo mas o segundo LP
era composto por um best of. Parece
E lvis
o
agente de
e
seu
f
S un
sempre
o
Ra
i
parvo, não é? Poderão pensar porque
raio está aqui... bem, a qualidade é
s e m p r e conhecido
Coronel pelo seu
inegável e Jimmy Reed é um dos
P a r k e r s o m mestres do blues que é obrigatório
aperceben- complexo e, conhecer, pelo que poderão começar
do-se que para muitos, por aqui.
as bandas- intragável,
sonoras contudo
tinham mais houve um
sucesso álbum que
que os álbuns normais, focaram-se ainda mais apresentou o seu som mais acessível e que
na carreira cinematográfica do cantor norte- conseguiu conquistar a crítica da altura. Mais
americano, algo que Blue Hawaii reafirmou, de cinquenta anos depois, continua a ter um
conseguindo um sucesso estrondoso e de onde igual impacto, sendo uma boa introdução ao
ficaram imortalizados temas como "Can't Help som deste enigmático projecto.
Falling In Love".
P rimeiro
álbum
de Freddy era
a
S
Larner
m
pes-
FREDDY KING
K i n g , “Let's Hide Away And Dance Away ”
cador. Era
guitarrista King Records
também
N
que reunia
o estilo de cantor das ão só este é um dos primeiros
Chicago e tradições álbuns conceptuais, como
do Texas e norte-ame- também uma boa representação
que foi uma ricanas.
influência daquilo que é o verdadeiro folk
Este álbum
p a r a reúne as norte-americano, cheio de mitos
gerações vindouras. Consta que Eric Clapton e tendo muito apoio na tradição
suas paixões. Sendo o primeiro e um
ficou fã do seu estilo após ouvir a "I Love The
Woman" que está neste álbum, voltando a ele
dos poucos trabalhos, não deixa de ser do country. Não sendo o trabalho
para fazer mais versões no futuro. Um nome a impressionante o impacto que as suas mais popular de Cash, sem dúvida
conhecer no blues. músicas tiveram na cena folk revivalista
que ainda hoje em dia continua a fazer
que é um dos mais peculiares.
versões da sua música.
53
GARY U.S. BONDS THE SHADOWS
“I Dance 'Til Quarter To Three With U. S. Bonds” “Dance With The Shadows”
Legrand Records Columbia Records
O
s anos
s e s -
s e n t a ,
O regres-
so dos
The Sha-
principal- dows para
mente o o seu se-
seu início, g u n d o
f o r a m
álbum e
funda-
mentais, uma so-
não só noridade
para a a p a i -
afirmação da comunidade negra norte- xonante.
americana mas também para a divulgação Para nós que somos fãs de música
LIGHTNIN' HOPKINS do seu talento e a forma como iriam instrumental, é interessante vermos aqui
influenciar toda uma geração e também as bases de como tornar uma música,
“Blues In My Bottle” levar os géneros para novas patamares de com base rock (ou seja guitarras, baixo e
Prestige Bluesville excelência. E aqui, um nome praticamente bateria), sem voz, bem interessante. Não
É representativo o facto de desconhecido, que lançou dois álbuns na foram por acaso uma das mais resistentes
salientarmos tantos álbuns blues. década de sessenta e depois só voltaria do género.
duas décadas mais tarde. A fusão perfeita
Mostra que o estilo conseguia entre rock'n'roll e R&B.
sobreviver enquanto o rock'n'roll já
estava a demonstrar sinais de cansaço BO DIDDLEY THE MIRACLES
e ideias - tal como todas as modas. “Bo Diddley Is A Lover” “Hi, We're The Miracles”
"Blues In My Bottle" é um dos grandes Checker Records Tamia Records
álbuns da carreira de Lightnin' Hopkins
que é recomendado para quem quer
aprofundar-se no género.
Vi s t o
como
muitos
O s The
Mira-
c l e s ,
como o apesar
melhor de serem
trabalho um nome
de Bo desco-
D i d d l e y, nhecido
" B o
Diddley Is para a
A Lover" grande
não tem nem um filler. Do início ao maioria
fim, é o melhor de dois mundos. dos fãs da música moderna, foram um dos
De um lado o rock'n'roll, do outro o mais importantes para estabelecer e definir
blues. No meio, grandes temas como aquilo que ficou conhecido como o som da
"Hong Kong Mississippi" e "Not Guilty" Motown, sendo este álbum efectivamente
o primeiro a ser lançado pela Motown
Corporation. Soul, Blues, Rock'n'Roll e
funk. Histórico.
54
Reviews do mes
LETTERS FROM THE COLONY é algo que já ouvimos muitas vezes. LIONE & CONTI
“Vignette” Até que... enter progressive! Com uma
secção instrumental que se prolonga até
“Lione & Conti”
Nuclear Blast Frontiers Music
ao final da música, fica-se surpreendido
Meshuggah. É e para não dizer rendido. Ligeiramente Esta dupla que
inevitável mas é o não necessita de
rendido, ainda falta muito terreno para apresentações
primeiro nome que percorrer. E foi uma luta interessante. Por uniu-se para este
nos ocorre quando um lado a questão dos lugares-comuns já projeto bem a
"Vignette" começa. mencionados, por outro temos um lado exemplos de outros
O que poderá ser técnico que tem razão de ser e que por muito idênticos. Ao
mau, afinal estamos contrário do que se
vezes até se afasta daquilo que ouvimos poderia esperar, até
a falar de falta de originalidade e/ou por parte dos Meshuggah e entra mais pela no que nos é dado a conhecer das
identidade. Talvez seja um pouco mais nos domínios do death metal progressivo bandas de origem, estamos perante um
complicado. O estilo chamado djent que e é aí que a coisa realmente domina. E foi som mais metal, mais pesado não tão
se convencionou chamar a todos os precisamente aí que fomos conquistados. melódico, mas também muito directo e
seguidores de Meshuggah mas não aos poderoso sem grandes rodeios. São dez
Ainda existe por aqui algumas coisas que faixas cheias de riffs e solos brilhantes,
próprios porque estes detestam o termo não entram (como os inícios déjá vú de onde as vozes de Conti e Lione se
é limitado na medida em que tem as suas temas como "Terminus" e "Glass Palaces") destacam de forma natural com um
fronteiras e o seu estilo de som muito mas a apreciação global é positiva. desempenho muito acima da média! Uma
definido. E os primeiros momentos de grande aposta!
"Galax" quase que foram os suficiente para
desistirmos. Não que seja mau, apenas
62 [7/10] Fernando Ferreira [10/10] Miguel Correia
MAMMOTH WEED WIZARD BASTARD /
LOATHE / HOLDING ABSENCE MACHINE HEAD SLOMATICS
Splits não é algo Sabemos que as coisas Parece que a cena Doom/
são cíclicas. E que Sludge/Stoner é um
bastante comum na arte mais cíclicas daqueles géneros em
no mundo do se tornam. Pegar grande efervescência,
no que já foi feito, independentemente
metalcore e por do "onde" se trata. No
baralhar e voltar a dar
isso até recebemos com mudanças aqui
Reino Unido, tanto
os Mammoth Weed
com curiosidade e ali. "Catharsis" tem Wizrd Bastard como
este encontro levado uma autêntica os Slomatics se têm
sova pela crítica e por afirmado nos últimos anos como nomes
entre os Loathe e os Holding Absence. alguns fãs. Muito se tem falado dos Machine respeitados numa cena Doom sempre crescente.
Se os primeiros são mais abrasivos e Head se terem vendido... e não vamos falar Este split vem confirmar o enorme talento destas
violentos, os segundos acabam por ser disso, embora a própria conversa de Robb Flynn duas bandas, que aqui decidiram colaborar num
dando a indicação de que este seria o álbum esforço conjunto que tem muito para oferecer a
mais melódicos. Curiosamente ambos que elevaria todo o género a um novo nível de qualquer apreciador de um bom som Doomish.
conseguiram ter um bom impacto e este popularidade nos tenha dado algumas pistas. Com duas das cinco faixas presentes neste trabalho,
O que temos a dizer sobre tudo isto é que os os MWWB destacam-se, acima de tudo, pela voz
split rodou algumas consideráveis vezes, da vocalista Jessica Ball. Não tiremos mérito, no
sucessos esmagadores nunca são anunciados,
onde ficámos fãs sobretudo da abordagem muito menos quando anunciados pelos próprios entanto, à qualidade das composições - estamos
dos Holding Absence. Recomendado para criadores. No entanto deixa bem clara a posição perante uma primeira metade de split repleta de
da banda e do entusiasmo em relação o trabalho riffs pesadões e viciantes, aqui e ali ornamentados
os fãs de sonoridades mais modernas e com sons de samples espaciais e acompanhados
que estão a promover. "Catharsis" é um álbum por uma Jessica Ball cuja voz, emersa em reverbs,
amigas do metalcore. mais acessível. Em muitos aspectos apontam nos embala os sentidos até nos elevar a um estado
na direcção de "The Burning Red" (bom álbum) etéreo de hipnose, num compasso que varia entre
e de "Supercharger" (sofrível e desinspirado) e o lento e o mexido, onde o trabalho de bateria é
[7.5/10] Fernando Ferreira mistura com a vertente mais thrash metal que a extremamente dinâmico e variado, recorrendo
banda norte-americana tem feito nos trabalhos constantemente às rajadas de tarola e ao uso de
ABINCHOVA consequentes. E tal não é mau por assim dizer. todo o kit para preencher as linhas rítmicas. A
Não temos aqui má música. O tema-título vai segunda metade do split, a cargo dos Slomatics,
“Weltenwanderer” buscar definitivamente a energia e fórmula dos ainda que não diferindo demasiado no estilo, traz-
Massacre Records primeiros trabalhos, não esquece o virtuosismo nos um pouco mais de vários elementos estilísticos
mais tradicional, e é uma boa representação que, porventura, são um pouco mais tímidos na
Este mundo do metal daquilo que, como um todo, podemos encontrar metade a cargo dos MWWB, ligeiramente mais
é tão vasto que é fácil aqui. Não sendo má música, também não nos simplista. Aqui, o ambiente é claramente mais
termos uma banda a faz esquecer todos os álbuns que a banda editou prog, imprevisível, mas extremamente impactante.
lançar o terceiro álbum entre 2003 e 2014, o que será sintomático em Existe um maior recurso à variedade de riffs
sem que o seu nome e de momentos próprios, dando um aspecto
relação ao impacto deste conjunto de músicas. mais facetado e experimental às músicas, nunca
nos fosse conhecido. Mais de setenta minutos de música que soa
Servido pela mão da abandonando o tom épico, decadente e ameaçador
cansativo e nalguns momentos derivativo. digno de um filme de terror sci-fi, graças ao uso
Massacre Records, Duvidamos que este trabalho traga ao metal
"Weltenwanderer" é a abundante de synths e samples que se juntam
a projecção anunciada por Flynn (nem tão aos riffs de fuzz lamacento para formarem
nossa apresentação ao pouco à banda) e apesar de termos algumas um ambiente absolutamente colossal de teor
mundo dos Abinchova, banda suiça que tanto boas músicas (uma delas, sim, é a "Bastards"), quase cinematográfico. Extremamente intenso.
lhe dá forte no death metal melódico como algumas boas ideias, como um álbum não temos Comparando as contribuições, as duas faixas de
tem deliciosos pormenores de folk metal que um trabalho sólido. E sobretudo não temos um MWWB são talvez de audição mais acessível, onde
se conjugam muito bem neste contexto. Aliás, álbbum que supere os trabalhos já lançados grande parte do prazer dessa audição provém,
há muito pouco a correr mal aqui, para ser anteriormente, tirando, claro "Supercharger", precisamente, da qualidade da prestação da sua
sincero. Mesmo que alguns dos temas não mas se assim não fosse... também estaríamos vocalista. Por sua vez, o trabalho de Slomatics,
entrem à primeira, não existem dúvidas em muito mal. Fica a curiosidade para o próximo mais complexo e profundo, talvez seja mais
relação à forma como posteriormente crescem. passo mas para já, e podendo ser contrariado incomodativo para os sentidos do comum mortal...
Um enorme potencial e uma banda que nos pelo tempo, não convence. Mas o apreciador de Doom, com o ouvido treinado,
conseguiu surpreender quando tínhamos a perceberá que existem aqui camadas de verdadeira
certeza que não iria acontecer. É quando sabe genialidade, quando o que se trata é de qualidade de
melhor. composição e de construção de ambientes fortes e
cheios de camadas. No global, no entanto, e por
razões particulares, estamos perante contribuições
bastante boas e equilibradas.
NEW YEAR'S DAY tal que soa como um original da banda, a NOTURNALL
“Diary Of A Creep” "Fucking Hostile" dos Pantera (sim, essa “9”
mesmo) surge reinventada com elementos Rockshots Records
Century Media Records
electrónicos e mais lenta mas ainda assim
Este foi um EP que Sendo o primeiro
bem cativante (embora entendamos que
nos surpreendeu. contacto com os
seja vista como uma heresia mas como
Não propriamente Noturnall este terceiro
fazer a versão de um tema clássico se álbum "9" acabou por
pelo género musical - não for para apresentar algo diferente?). ser uma agradável
rock/metal moderno A "Crawling" dos Linkin Park é a que surpresa para mim. Os
a puxar à fórmula surge mais próxima do original, talvez brasileiros praticam
do metalcore. Temos um pouco mais pop da década de oitenta, um metal progressivo
uma voz feminina bem cativante, produção mas bem conseguida. Para terminar temos bastante melódico e directo com toques de
moderna e potente e ainda aquelas melodias "Only Happy When It Rains" dos Garbage power metal como se nota em particular em
infecciosas que se instalam muitas vezes que surge mais moderna e conta com a Mysterious͟, e com uma boa dose de peso. Os
contra a nossa própria vontade típicas participação de Lzzy Hale dos Halestorm momentos mais pesados lembram algum do
do punk rock a puxar ao pop (punkeka). e a "Don't Speak" dos No Doubt aparece material mais recente dos Symphony X ou em
Tudo coisas que normalmente nos passam alguns casos Adrenaline Mob (curiosamente
grandiosa. É bom vermos as influências da
ao lado mas que por uma razão bem Mike Orlando toca guitarra em Wake Up!). 9 é
banda e esta nova abordagem em temas
específica resulta desta vez. Começam um álbum equilibrado em termos de qualidade,
tão conhecidos. Poderá ser visto como com uma boa produção que tem o seu momento
com o tema novo "Disgust Me", que é mau gosto, mas na nossa opinião é uma mais calmo e ͟radio friendly͟ na balada ͟Hearts
exactamente como referi atrás e depois boa forma de chamar novos fãs. As One͟. A destacar também as malhas Hey!
começa a diversão. "Bizarre Love Triangle"
Change! Um trabalho bem interessante.
dos New Order leva uma transformação
64 [7.6/10] Fernando Ferreira [8.5/10] Filipe Ferreira
NOVAREIGN OBSCENE OCEANS OF SLUMBER
“Legends” “Sermon to the Snake” “The Banished Heart”
M-Theory Audio Horror Pain Gore Death Productions Century Media Records
Lembram-se de quando Este trabalho Este é um dos
os Dragonforce surgiram,
quando ainda se de estreia dos trabalhos para o
chamavam Dragonheart? americanos Obscene qual aguardávamos
Do impacto que tivemos traz-nos um Death ansiosamente. Os
ao ver todas aquelas
melodias e todo aquele Metal repleto de riffs Oceans Of Slumber
poder metálico a de tónica visceral, são uma banda
quinhentos mil km/h?
É a sensação que nos que embora aqui e norte-americana
assalta logo na primeira audição deste álbum de ali se paute por ritmos mais violentos, se que tem impressionado no campo do
estreia dos norte-americanos NovaReign. Não é
a sonoridade mais típica do estado da Califórnia - acarreta através de compassos mid-tempo death metal progressivo. Death/doom, já
nem sequer do próprio país - mas definitivamente onde a decadência e a angústia imperam - que os movimentos lentos e a melancolia
são tudo questões que ficam de parte com a
qualidade da música. Com uma saudável costela ponto no qual as linhas vocais contribuem da sua música aponta nessa direcção.
progressiva, este é um daqueles álbuns bem ricos com um timbre repleto de amargura e "The Banished Heart" é um testemunho
que praticamente se tornam inesgotáveis. E fazem- sofrimento, fugindo aos típicos guturais dramático de dor e perda. De emoções
no não por apresentarem algo de novo - pelo
contrário - e sim por apresentarem entusiasmo e profundos e ao high-pitch scream. que por vezes tentamos suprimir mas
grandes malhas que fazem com que o entusiasmo Infelizmente é um estilo vocal que tende a que nunca desaparecem. É algo que
se mantenha e nos faça voltar para mais findada a
audição. Temas longos, grandes solos de guitarra, tornar-se cansativo após alguns minutos sentimos muito bem neste conjunto
a voz melódica, é todo um conjunto de coisas que de audição, salvaguardando-se aqui a de temas onde tudo isto, todas estas
fazem com que este seja um dos grandes trabalhos
de metal progressivo de 2018. opinião de que há quem, efectivamente, emoções, todo o peso da música extrema
[9/10] Fernando Ferreira aprecie este estilo vocal. É um trabalho e toda a sensibilidade melódica acabam
sólido, que embora não impressione por convergir num conjunto bem forte
completamente, carrega a promessa de de temas. É um álbum que não bonito
ODYSSEUS REBORN um futuro auspicioso para uma banda já mas é belo. Poderá parecer um paradoxo
“Divine Inclination” capaz de imprimir com grande eficácia o mas é a maneira que consideramos mais
Edição de Autor sentimento de desespero em forma de riffs correcta de encará-lo. Temos melodias de
Incrível como o Metal e descargas vocais, num estilo particular uma beleza rara (onde a voz de Cammie
Archives por vezes de Death Metal bastante negro (não se dê se enquadra perfeitamente) e letras
manda umas gaffes o caso de o leitor, pelo vocabulário usado, profundas e pujantes, o que resulta na
olímpicas. Classicar
os Odysseus Reborn julgar estarmos perante uma banda de própria potência do trabalho e essa
tocam heavy/thrash Doom e não de Death Metal) . Não nos traz força toda torna-o um trabalho difícil
metal é o mesmo que nada de novo, mas o que traz é bastante de absorver, principalmente para quem
dizer que os Metallica decente. A produção, não particularmente se consegue rever em toda a dor aqui
tocam covers dos Yes.
Sim, é parvo. É mesmo para terem noção. cheia, é também ela visceral e bastante exposta. O que é precisamente o tipo de
A banda apresenta um leque de opções e equilibrada, e a composição denota já uma trabalho que adoramos. E sim, também
de sonoridades que vão bem mais longe reconhecida maturidade. A ver vamos o temos muito peso metálico, não se trata
do que aquilo que um rótulo como heavy que o futuro destes Obscene nos reserva. apenas de algo para os mais emotivos.
ou thrash metal poderiam supor. Quer nos
temas mais curtos, quer nos temas mais Há um pouco de tudo para todos, o que
épicos, o foco é mesmo o rock/hard rock torna este trabalho mais completo do que
psicadélico e progressivo, embora o peso à partida (ou ouvindo isoladamente esta
leve muitas vezes as coisas para o campo do
metal. Atmosférico, denso e profundo, este é ou aquela faixa) se poderia supor.
um segundo álbum que fará com que os fãs
da música exigente fique irremediavelmente
agarrado e até queira voltar atrás para
conferir o primeiro trabalho. Recomendado.
Não foi por acaso Ora aqui está um Não, não se trata
que Corrupt Moral álbum à antiga. do regresso da
Altar fez furor no Não é retro, é banda de doom
final do ano passado metal britânica. É na
quando editou de descomprometido. realidade a reedição
forma independente Faz-nos lembrar do álbum de estreia,
no bandcamp - e dos tempos em que originalmente
disponível numa o rock era assim editado em 2014.
modalidade de mesmo, sem pretensões de ser sofisticado. Quando analisámos
"pay what you want". O sucesso foi tal o segundo álbum da banda, "Of Gods
que houve uma procura por "Eunoia" em Podemos dizer que não temos aqui rock And Heroes" uns anos atrás, não ficámos
formato físico, procura agora satisfeita puro e que temos algumas piscadelas ao particularmente impressionados e
pela edição limitada em formato vinil. lado mais indie mas no final tudo resulta podemos dizer agora que não foi um
De uma qualidade surpreendente, esta muito bem. O melhor elogio que podemos caso isolado. A voz de Simon Stanton não
é uma boa representação de como fazer fazer é como nos soa de forma relaxada. tem o punch necessário para nos agarrar
grindcore inventivo mas ao mesmo tempo pelos ouvidos e prender-nos e as músicas
tradicional, capaz de partir a louça toda. Como consegue encaixar a sensação de também não compensam essa lacuna.
Ah, e não é MESMO por acaso que foi estarmos presos entre o mundo de uns Não é dizer que é um mau álbum (aliás,
considerado um dos álbuns do ano de Smashing Pumpkins, AC/DC e as L7 e "Of Gods And Heroes" também não o era)...
2017 no nosso top da edição passada. Só melhor, fazer com que resulte. Uma boa apenas que num tempo onde temos muita
naquela... surpresa que vai-se revelando viciante. música disponível, que não vale a pena
investir tempo nele.
72 [9/10] Fernando Ferreira [8.3/10] Fernando Ferreira [5/10] Fernando Ferreira
GAME ZERO HEILUNG HELLOWEEN
“Rise” “Ofnir” “The Time Of The Oath“
Agoge Records Season Of Mist Castle Music
Os Game Zero Reza a lenda que o Nada mais a
chegaram-nos de Itália impacto desta estreia propósito do que
há pouco tempo. Mais auto-financiada
concretamente em numa edição onde
do colectivo
2013. "Rise" é o álbum
dinamarquês Heilung os Helloween
de estreia editado são capa do que
dois anos depois e teve tal impacto,
que nos apresenta sobretudo no meio revermos um dos
um hard'n'heavy de da editora Season grandes momentos
excelente qualidade, Of Mist, que eles da sua história. Estavamos em 1996 e
ainda que algo datado. O que nos coloca algumas tiveram que assegurar a contratação da
questões. Será um problema tão grande termos mesma e a reedição deste álbum de estreia. os Helloween tinham regressado para
toda esta questão do retro? E será que o retro Poderíamos dizer que temos uma espécie com o segundo álbum com um novo
é melhor ou pior do que bandas que apenas
não são retro, apenas fazem as coisas de forma de folk mas isso seria levar os ouvintes para vocalista, Andi Deris, dos Pink Cream
datada. E sim, há uma diferença entre os dois. paragens que não são as mais correctas. 69. Os "Keepers" tinham sido na década
Bem, não é aqui que vamos encontrar todas Neofolk é mesmo o mais correcto, com passada e os efeitos e desconfiança
as respostas, mas "Rise" mostra-nos um amor algumas abordagens mais industriais,
genuíno ao heavy metal e é algo que se sente muito leves aqui e ali. É um trabalho que dos álbuns "Pink Bubbles Go Ape" e,
ao longo deste trabalho. Flui naturalmente, com assenta na exploração da cultura nórdica sobretudo, "Chameleon" ainda estavam
bons temas, boas melodias e leads. E no final é antes do aparecimento do cristianismo por bastante vivos. "Master Of The Rings" foi o
só isso que importa. aquelas paragens e que cativa exactamente álbum que voltou a apresentar a banda no
pela atmosfer que consegue estabelecer. caminho do heavy/power metal de sempre.
No entanto, foi com "Time Of The Oath" que
[8/10] Fernando Ferreira [7/10] Fernando Ferreira
a banda voltou a conhecer um sucesso
quase ao nível daquele da década passada.
HEXX JINGER Claro que o momento era diferente e que
“Quest For Sanity & Watery Graves” “Cloud Factory” o metal já não estava propriamente na mó
Vic Records Napalm Records de cima. Mas foi também devido a este
A Vic Records resolveu Tenho que confessar trabalho que a banda liderou um renovado
ir ao baú norte- que os Jinjer nunca me
americano e trouxe-nos fascinaram. E agora interesse no power metal. Nem sempre
esta preciosidade que ao ouvir este segundo acerta, mas temos aqui grandes malhas
junta os EPs "Quest álbum, reeditado pela que soam hoje em dia de forma tão pujante
For Sanity" e "Watery Napalm Records em
Graves" de 1988 e Fevereiro, consigo (ou mais) como na altura: "We Burn", "Steel
1990. Não sendo perceber que tal se deveu Tormentor", "Power", "Before The War", e
um dos nomes mais sobretudo a preconceito.
reconhecidos do metal Este segundo álbum é as épicas "Mission Motherland" e o tema
americano, os Hexx têm uma história interessante. tão diverso quanto potente mas consegue sê-lo e título que encerra o álbum. E como se não
Começaram nas sonoridades mais tradicionais ainda soar como um trabalho completo. Sem ser
do power/thrash tipicamente americano e foi a uma manta de retalhos, conseguimos perceber as bastasse, esta reedição é de luxo já que
partir precisamente de "Quest For Sanity" que raízes nu-metal e metalcore, mas também um ar conta com um CD cheio de faixas raras
começaram as suas experimentações com o death. bastante técnico que faz com que o seu som não
Com uma abordagem mesmo crua ao género soe como mais uma proposta. E depois a voz de lançadas nos singles do álbum e faixas
(e com som a condizer) esta reedição vem com Tatiana Shmailyuk faz com que toda a música seja bónus exclusivas ao mercado japonês.
uma livreto expandido, cheio de notas por parte elevada a um patamar completamente novo. Sem Obrigatório.
de Dan Watson, um dos membros originais, dúvida que um álbum que vale a pena conhecer
além de fotos da época que fazem com se tenha ou a voltar a ouvir caso já conhecessem. Diverso,
um artigo muito apetecível. Consta que a banda pesado e melódico. Temos ainda dois temas ao vivo
voltou ao seu som mais tradicional com o álbum que acabam por não ter a potência do álbum mas
editado o ano passado, "Wrath Of The Reaper", mas mesmo assim são interessantes, um interessante
este documento não deixa de ser interessante o complemento.
suficiente para justificar a compra.
Steven Wilson
31/01 - Altice Arena, Sala Tejo, Lisboa
Texto por Filipe Ferreira
Depois de se estrear a solo em solo português na tour ordem do álbum a banda prosseguiu com “Nowhere
do álbum “Hand. Cannot. Erase.” em 2015, no ultimo Now”e “Pariah” que infelizmente não contou com a
dia 31 de Janeiro a capital voltou a ter oportunidade participação de Ninet Tayeb que só estará presente
para ver Steven Wilson ao vivo, desta vez para em alguns concertos desta tour. Depois da primeira
promover o novo “To the Bone”. Com abertura de incursão pelo novo álbum uma pequena viagem pelo
portas as 20 horas e sem banda de abertura, a Sala anterior “Hand. Cannot. Erase.” com “Home Invasion”e
Tejo foi-se compondo de gente que ia bebendo umas “Regret #9”, que como há dois anos funcionaram na
cervejas e trocando uns dedos de conversa. perfeição.
Por fim à hora marcada as luzes apagaram-se e uma Na primeira oportunidade para falar com o publico
voz através das colunas fazia um anuncio que o Steven Wilson referiu o facto de esta ser a primeira
espectáculo estava prestes a começar mas que antes noite da tour e que portanto tudo o que houvesse
disso iria ser mostrado um pequeno vídeo destinado para acontecer de mal iria acontecer nessa noite
a testar a reacção do publico em relação a vários (mantenham isso em mente até ao fim do texto), e que
temas. Na tela colocada a frente do palco eram não só seria o publico lisboeta um género de cobaia a
projectadas imagens com uma legenda associada com ouvir pela primeira vez as novas musicas ao vivo, mas
essa imagem que fazia sentido, conforme as mesmas também os primeiros a ouvir material de Porcupine
imagens foram sendo repetidas as legendas foram Tree que não só não era tocado há muitos anos como
trocadas dando origem a conjunções cada vez mais nunca tinha sido tocado a solo. O primeiro exemplo
sorriais como Ciência associada a Cientologia, Morte disto foi “The Creator Has A Mastertape”que não era
com a foto de uma família etc. tocada ao vivo desde 2003 e foi recebida pelo público
com entusiasmo.
Enquanto as últimas imagens passaram a banda foi
entrando em palco e iniciou o concerto com a música Antes do intervalo da primeira set, houve ainda tempo
titulo do novo álbum “To The Bone”. Seguindo a para mais duas músicas do novo álbum “Refuge” com
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a primeira coisa a correr mal quando Steven Wilson Tempo ainda para mais um momento calmo e ao
ficou sem som na guitarra durante uma boa parte álbum “In Absentia” dos Porcupine Tree com “Heart
da música, e “People Who Eat Darkness”. Por fim a attack in a Layby” uma musica emotiva que deu lugar a
primeira parte do concerto terminou com “Ancestral” risos quando após o fim da musica, Wilson confessou
ao que se seguiram um pouco mais de 15 minutos de que só cantou "dah dah" no fim da musica porque se
intervalo. esqueceu da letra. Mais uma vez os percalços da noite
de estreia da tour.
A segunda parte iniciou com mais uma música
que Wilson nunca tinha tocado a solo. “Arriving Com Wilson a dizer que nos aproximávamos do fim
Somewhere but Not Here” cantada em uníssono do espectáculo e com o publico a exprimir a sua pena
pelo público presente na Sala Tejo. De seguida veio no facto de estarmos a acabar, Steven Wilson lembrou
a música mais divisiva deste novo álbum, a mais pop com piada que na realidade eles só iam fingir que se
“Permanating” que mesmo tendo provocado muitas iam embora mas depois voltavam. Assim o último
reticências por parte dos fãs quando saiu como tema do novo álbum foi “Detonation” seguido pela
singles, ao vivo foi bastante bem recebida enquanto música que já em 2016 acabou o set principal, “Sleep
luzes coloridas iluminavam o palco, que teve inclusive Together”seguida da despedida da banda.
direito a uma bola de espelhos.
O regresso para o encore fez-se com Wilson a entrar
Existiu mais um momento leve no concerto quando sozinho em palco, com um pequeno amplificador
Steven Wilson ao falar sobre música pop afirmava que na mão a que ligou a guitarra e num momento mais
quem nunca gostou de nenhuma musica dos Beatles, intimista depois de falar um pouco da guitarra que
Queen ou Abba claramente era um mentiroso. A trazia, o público foi brindado com uma versão de
maioria das músicas tiveram direito a vídeo a passar “Even Less” tocada apenas por ele á guitarra e com
no ecrã atrás do palco, mas numa outra ocasião foi o seu pequeno amplificador, cantada também pelo
usada a tela a frente da banda onde eram projectadas público. Simples mas bastante poderoso, um dos
imagens. Em “Song of I” foi feita talvez a melhor momentos da noite. Antes do fim do concerto ainda
utilização da tela com uma dançarina em formato existiria oportunidade para as regulares “Harmony
“holograma” a dançar a frente da banda durante Korine”e “The Raven That Refused to Sing”.
a musica começando do tamanho de uma pessoa
normal e vindo a crescer até no clímax da musica se Um excelente concerto (como seria de esperar) que com
multiplicar em varias silhuetas que fizeram um efeito cerca de duas horas e meia de duração foi mais longo
bastante interessante. que o de 2015, e com uma setlist bastante equilibrada
entre o novo material e o “resgate” de musicas mais
Ainda a usar a tela mas agora para passar fotografias antigas de Porcupine Tree. As músicas do novo “To
de família seguiu-se “Lazarus” já habitual nos The Bone” (que foi tocado quase na totalidade),
concertos do músico inglês. Depois deste momento funcionaram bastante bem ao vivo e misturam-se
mais calmo, regresso a “To the Bone” com a minha bem com a restante discografia do músico inglês.
música preferida do novo álbum “The Same Asylum É quase escusado falar da qualidade da banda que
As Before” desta vez já sem a tela, mas com um vídeo acompanha Steven Wilson que já é bem conhecida.
a passar no ecrã.
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Comeback Kid, Nasty, Backflip
04/02 - RCA Club, Lisboa
Texto por Fernando Ferreira | Fotos Sónia Ferreira | Agradecimentos: Hell Xis Records / Emanuel Silva
A noite de véspera de véspera de ano novo foi de festa. bem preenchido pelo bailarico que esteve incansável.
Fomos surpreendidos quando chegámos ao RCA Club Energia que era enviada de volta para o palco e da qual
por encontrarmos uma fila que quase contornava a banda se alimentava. Segundo as palavras deles, além
o quarteirão - já algum tempo de estarmos na fila, de ser sempre um prazer partilhar novamente o palco
isso efectivamente aconteceu. Não era uma surpresa com os Comeback Kid, este foi o segundo concerto
estar tanta gente para esta noite de hardcore mas dos Backflip este ano (o primeiro foi no LVHC Fest) e
sobretudo por aparecerem antes das portas abrirem estabeleceu a fasquia bem alta. Ainda nos confessaram
- normalmente o público português não dá tanta que 2018 será um ano bem activo para a banda
importância às primeiras bandas. O que neste caso (que já conta com dez anos de carreira) quer cá em
seria verdadeiramente criminoso, principalmente Portugal quer lá fora. Se forem todos metade daquilo
quando a banda de abertura era nada mais nada que deram no RCA Club, temos a certeza de que vão
menos que os Backflip. conseguir arrasar. "Born Head First" fechou de forma
apoteótica um grande aquecimento (literalmente!)
A intensidade da banda lisboeta foi digna de se ver. para as bandas que seguiriam.
Comandados pelo vozeirão de Inês Oliveira, tivemos
um passeio por toda a carreira discográfica da banda, O que viria de seguida foi algo que poderia ser
onde o foco maior foi o mais recente "The Brainstorm surpreendente para quem não conhecia todo o poderia
Vol.2" (e um dos melhores EPs 2017 segundo o nosso dos Nasty. A banda belga é a portadora da realização
Top). Ajudados por um som bem poderoso e definido das profecias dos livros da Bíblia, Revelações. Foi o
era impossível impedir o corpo de se contagiar por toda apocalipse traduzido em mosh, murros, pontapés
a energia que era debitada em cima da palco. Energia rotativos e muita diversão. E curiosamente tudo
essa que também se espalhava para o público apesar de começou com uma intro de música electrónica. Ou
alguma separação entre os que estavam junto às grades como costumamos dizer, "Enter Martelada". Quando
e os que estavam mais atrás, junto ao bar. O fosso ficou acabou a intro, não demorou muito para que passasse
Backflip Backflip
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a ser "Enter Porrada". Os breakdowns gigantescos iriam acabar o concerto até que todos os membros dos
apelavam à energia e ao chamado "good violent fun". Nasty fizessem stage diving. Imperava um ambiente de
Matthi, o vocalista dos Nasty e Berri, o baixista, bem família muito bom e único, ao qual Neufeld se referiu
insistiam que o público se chegasse mais à frente do algumas vezes, colocando esta actuação e o público
palco, mas essa era uma tarefa apenas indicada para do RCA entre dos melhores da sua digressão. Esse
os mais destemidos e para quem tinha um bom seguro ambiente foi criado principalmente devido à rendição
de saúde. Temas como "Fire", "Forgiveness" e "Zero de temas emblemáticos como "Somewhere Somehow"
Tolerance" instituíram o RCA Clun como a sucursal e "Absolute".
oficial do U.F.C. neste que foi o último concerto
da digressão dos Comeback Kid. Com os Nasty a
sentirem toda a intensidade e todo o sentimento de
irmandade que imperava apesar da violência, temos
a certeza que consideraram este concerto como um
final em grande da tour.
Comeback Kid
A intensidade era tanta que até o monitor do vocalista
canadiano foi à vida - com tanta actividade naquela
zona, provavelmente terão que arranjar material
reforçado a titânio. A dinâmica é a grande força da sua
energia e o segredo do sucesso. Conseguir conciliar
Nasty o lado mais bruto com o mais melódico do hardcore
sem que existam quebras de energia (nomeadamente
Quando foi a altura da banda que todos queriam ver nos temas mais acessíveis "Broadcasting..." e "Don't
subir ao palco, já não havia espaço para fugir: o RCA Even Mind") não é para todos mas a mestria já é algo
estava completamente lotado para ver os Comeback que os Comeback Kid nos habituaram.
Kid. Com "Do Yourself A Favor" a iniciar logo as
hostilidades, pairava no ar a certeza de que este iria
ser um grande concerto. E efectivamente foi. Uma
festa hardcore onde todos estavam unidos numa
única só voz. A voz que cantavam do início ao fim
temas como "Surrender Control", "G.M. Vincent
And I" e "False Idols Fall" - esta última que causou
o rebuliço geral onde até não faltaram chaves a
serem atiradas para cima do palco - provavelmente
alguém que teve dificuldades em entrar em casa...
A animação não se confinava à frente do palco.
Comeback Kid
Uma noite de energia pura, onde todos saíram de
barriga e alma cheia. Banda incluída, que confidenciou
que ao longo destes anos de carreira tiveram momentos
muito bons e momentos em que apenas lhes apeteceu
desistir mas que aquela noite lhes ficou gravada no
coração como sendo um dos momentos mais altos.
"Wake The Dead" terminou com chave de ouro uma
noite onde até as paredes do RCA escorreram suor e
Nasty onde nem sabemos como é que toda a casa não veio
abaixo. Sem dúvida um concerto memorável para
De cima do mesmo, os membros dos Nasty iam todos os presentes.
aperfeiçoando a arte do stage diving - algo que o
próprio Andrew Neufeld, vocalista, referiu que não
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Primal Attack, Ho-Chi-Minh
03/02 - Stairway Club, Cascais
Texto por Luís Almeida | Fotos por Hélio Cristóvão | Agradecimentos: Stairway Club
Primal Attack
a cover de "Enjoy the silence" dos Depeche Mode,
muito bem trabalhada com um toque pessoal. Com
novidades in loco, ficámos a saber pelos próprios que
vem a caminho mais um EP. É para ficarmos atentos.
Para que o frio de fora não dominasse o interior do
Stairway Club, tivemos mais uma descarga energética
de puro e bom thrash. A promover o seu mais recente
álbum, "Heartless Opressor", os Primal Attack
brindaram-nos com um som digno do melhor thrash,
que não se fica atrás daquilo que se faz lá fora. O seu
registo não nos deu tréguas, sempre em escalada, com
uma energia contagiante, muito pela presença e incentivo
do seu vocalista, Pica, sempre a puxar pelo público, não Primal Attack
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Rotting Christ, Carach Angren, Svart Crown
09/02 - Hard Club, Porto
Texto por Jhoni Vieceli | Fotos por Sónia Molarinho Carmo | Agradecimentos: Ritos Nocturnos
Svart Crown
A noite de música começou com os Svart Crown
que trouxeram com eles o seu mais novo álbum,
"Abreaction" que os viu a regressar dum hiato de Carach Angren
quatro anos desde "Profane", o anterior trabalho. Para
o concerto no Porto, não só trouxeram o "Abreaction" Com os motores devidamente aquecidos, os Carach
como também os álbuns posteriores. O concerto Angren entraram em cena com uma abertura cheia de
começou com profunda escuridão, com riffs crescentes dramaticidade, com um som de piano envolto num
até ser interrompido pela voz de JB Le Bail, que trouxe clima arrepiante. Clima que cresceu de proporções
um Black/Death Metal brutal e demonstrou muita com o primeiro tema graças ao coros de grutos e
energia em palco com clássicos do já mencionado sussurros, que fazia passar a impressão de se estar
"Profane", verdadeiros hinos à brutalidade e ao ódio, rodeado por presenças sombrias, envoltos numa
aos quais o público respondeu com headbang. Não densa atmosfera de horror. Uma entrada aplaudida
faltaram clássicos, com o tema-título de "Profane" a com destaque para os teclados de Ardek, que por si
surgir de seguida a "Colosseum" do "Witnessing the intensificaram ainda mais a apresentação. Assim com
Fall" sem interrupções. uma guitarra e bateria destruidoras e explosivas de
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profundidades diabólicas é apresentada "Charlie", Algo que se prolonga para a "Elthe Kyrie" e "Apage
acompanhada de um sussurro aterrador de crianças Satana" do último "Rituals", excelentemente recebidas.
que repete de forma macabra o título da música.
Após uma pequena pausa, são trazidos os clássicos
Fica claro desde o primeiro minuto que a performance absolutos dos primórdios de "Thy Mighty Contract"
e os arranjos da banda são magníficos e muito bem com "The Sign of Evil Existence" e "Transform
ensaiados, com os teclados sempre a movimentar- All Suffering Into Plagues" a serem as escolhidas
se autonomamente em todas as direcções. O e com o primeiro mosh a ter lugar. E não foi dos
clima sinfónico aumenta e a brutalidade também pequenos, com a metade da frente dos fãs a seren
com a "The Carriage Wheel Murder" do álbum brutalizados perante uma execução perfeita, ao
"Lammendam". A atmosfera de terror orquestrada rodar de cabeças de Themis e George. Aproveitando
e combinada com sons infantis é interrompida o ambiente nostálgico recuaram até ao primeiro EP
brutalmente por uma voz rasgada e poderosa e de 1991, "Passage to Arcturo", não muito conhecida
guitarras e bateria angustiantes com a "When Crows pelo público em geral, "The Forest of N'Gai" mas
Tick On Windows" do álbum "This Is No Fairytale". ainda assim não deixando de ser bem recebida.
Voltando ao clima de terror inicial foi apresentada
a "Pitch Black Box, Blood Queen" do seu mais
recente trabalho, muito bem recebido pelo público.
Por fim, a atracção principal da noite, a presença A banda retirou-se do palco por alguns momentos
helénica dos Rotting Christ que começaram mas não demoraram muito a voltar para o encore,
"Devadevam", cantada em sânscrito, e levaram o atendendo aos chamados insistentes do público
público a sentir a crescente presença sombria satânica tripeiro, ao som de "666" do mesmo álbum, e fazendo
num clima de rebelião e questionamento contra todos todos cantarem em coro o refrão. E para fechar
os deuses, e a começar pela faixa cantada em sânscrito. e atendendendo ao chamado de “Portugal Non
Sem parar é iniciado o tema título do álbum "Kata ton Serviam”, é executado o que pode ser considerado
Demona Eautou", já clássico e que provoca bater de o hino da banda, "Non Serviam" do trabalho com
cabeças automático. A energia no palco era poderosa, o mesmo nome. Todos fazem headbang, curtindo
e o público correspondia de igual maneira, aos brados e cantando a música do início ao fim onde Sakis
de Sakis Tolis e convocações de George Emmanuel bradou “No Fucking Serviam” com qual o concerto
e Themis Tolis, que agradeceram pela recepção no terminou. O quarteto saiu sobre uma enorme salva de
Porto pela primeira vez na sua carreira. O ambiente palmas e o público retirou-se com a certeza de terem
tornou-se ainda mais negro para a apresentação da visto um concerto memorável em todos os sentidos.
"Demonon Vrosis" do álbum "Aealo", com as luzes
e fumo a corresponder ao entusiasmo do público.
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Frantic Amber, Toxikull, Expel The Grace
10/02 - Stairway Club, Cascais
Texto e Fotos por Hélio Cristovão | Agradecimentos: Stairway Club e Amazing Events
O Stairway Club recebeu no Sábado 10 de Fevereiro É uma banda muito jovem com imenso talento.
a banda internacional Frantic Amber (Suécia), Uns tipos dark, simpáticos. Na bagagem trouxeram
com o suporte dos Expel The Grace (Espanha), e os todos os temas do seu recente EP "Disharmony", que
portugueses Toxikull. Esta é a passagem por Portugal, gravaram em 2016 e lançaram a título independente.
assinalando a sua última data, da Tour Ibérica ‘Burning
Insight’. O ambiente estava ainda tímido à entrada no
Stairway na hora da primeira actuação. A presença
nessa mesma data de Rotting Christ em Lisboa,
acompanhados de Carach Angren e Svart Crown,
sentiu-se nessa noite, toda uma romaria se dirigira
ao RCA. Mas isso não abalou nenhuma das atuações
destas bandas que deram tudo. Mas já lá vamos. Viajem
connosco na história desta noite, fotografada com a
luz ambiente do Stairway Club, e sobre uma enorme
descarga do mais puro metal. Espírito Underground!
Toxikull
O som na casa estava incrível, mesmo no ponto, e
ao abrirem pela ordem de ’Now I Can Hate You’,
’Famine’ e ‘Disharmony’, rockaram a casinha toda.
Seguiram-se os temas mais antigos "Under" (EP de
2015), e ‘Stolen’, uma malha retirada da primeira demo
de 2011, com uma introdução mais groovy ao estilo
Thrash, mas que avança para uma vocalização e ritmo
insanos, passando por um refrão apocalíptico. Que
poder! Nas duas malhas seguintes, "Severed Hope" e
"Finale" regressaram ao disco "Disharmony", e por esta
Expel The Grace altura, já é irreversível o mais metaleiro headbanging
de primeira categoria e saudação à música de peso da
A noite foi iniciada com a actuação os Expel The banda! Inclusivamente, muito apoio de primeira fila
Grace. Vindos de Barcelona, primeira passagem vem da investida dos Frantic Amber, a banda sueca
por território nacional, e já rodados pelas datas por sempre a curtir em verdadeira tribo metaleira só
Espanha nesta tour, esta banda apresentou-nos um alternando entre dois modos: Mosh e head banging.
Death metal melódico técnico, consistence. Poderoso. O som deles tem passagens confiantes, bateria
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avassaladora e solos bem conseguidos, alternados a criação de um ambiente muito dark, ao som do
entre os dois guitarristas Marc Palomar e Ernie instrumental de entrada para a canção ‘Burning Insight’.
Gonzalez. Contagiaram a audiência com o seu som E naquele instante em que se abriram luzes, todo o
brutal e não tão infrequente na sua prestação, vieram peso foi revelado nas guitarras gritantes, riffs intensos,
tocar e cantar pelo meio da sala. A fantástica actuação guturais frenéticos, por vezes solos e melodias que
terminou com o tema "(Miss)Erable" novamente do rapidamente contrastam com mais peso. Muito peso.
EP de 2015. Para os fãs de Death Metal europeu, que
ainda não conhecem esta banda, sugiro que verifiquem
os Expel The Grace: a sua página de Soundcloud tem
os trabalhos que gravaram.
Lisboa, 16 de Fevereiro. Embora cedo e ainda antes da fazem sentir numa viagem a Itália. Basta ouvir ‘Malamente’
abertura, à porta do RCA Clube já se juntava boa multidão para facilmente perceber que é um disco lindo, maduro,
compondo uma longa fila de entrada. O bom presságio que consistente, e que traz nele raízes da cultura italiana que a
esta data antecipava uma grande afluência com um cartaz banda emana.
de peso. Muito peso. A ocasião é a tour Europeia “What
Should Not Be Unearthed - Part III”, trazida a Portugal Toda a axtuação girou em torno dos temas ora do
pelas mãos da produtora Notredame Productions. Os mais recente ‘Malamente’, ora do álbum ‘Mad(E) in
veteranos Nile (EUA), produzem Brutal Death Metal Italy’ de 2012, seguindo-se ’Ass’e’Mazz ’, ‘Tre Cavalieri’,
combinando influências do médio Oriente, inspirado na ‘Cemento Armato’, ‘Lady ‘Ndragheta’, ‘Don Gaetano’ e
civilização egípcia. Desde 1993. Na bagagem, trazem o ‘Taranthell’. O pessoal demonstra o seu apoio e aplaude
seu mais recente disco “What Should Not Be Unearthed” a prestação da banda. Pessoalmente, adorei vê-los tocar,
(Nuclear Blast, 2015). Não é de admirar o sucesso deste têm o espírito de uma banda underground e fizeram boa
disco e as sucessivas digressões pela América latina, justiça à sonoridade complexa e técnica, harmoniosa.
Austrália, EUA, Europa… só no nosso velho continente,
em menos de 3 anos, já vão nesta terceira digressão, com
cerca de 30 datas por cada uma. E têm marcado presença
nos melhores festivais. É muito andamento.
Terrorizer
Sem tréguas, segue-se ‘Crematorium’, do disco ‘Darker
Days Ahead’ (2006), com aquela entrada groovy, mas que
em breve flui a um ritmo frenético! O poder deste trio do
mais extremo Grindcore varreu todos os cantinhos à casa.
Eles cantaram a missa com todos os rituais à Lá Carte, Stage
diving, Wall of Death, Mosh à moda antiga, heandbang em
piloto automático.
Nile
É altura de regressar ao passado com o som apocalíptico do
álbum ‘World Downfall’ (1989), e tocam a malha que abre o É a sétima música do set, e do novo disco, vem a
álbum: ‘After World Obliteration’. Foi aqui que eu acreditei apresentação do tema ’In The Name Of Amun’. Sempre
que tinham aberto as portas do Inferno, e haviam soltado a muito comunicativos com o público, anunciaram um
besta! Pete Sandoval, sem desprimor para nenhum ilustre novo álbum! E deixaram o convite a todos os presentes
presente, é uma lenda viva. Dito com todo o carinho de um para voltarem aquando os seu regresso. A meio, lugar para
fã da sua sonoridade única em Morbid Angel. Terminam homenagear os companheiros de digressão, que lá do cimo
ao som deste disco de culto, por esta ordem: ‘Injustice’, oposto ao palco apreciavam o concerto. Seguiram-se os
’Whirlwind Struggle’, ‘Dead Shall Rise’ e ‘World Downfall’. temas ’The Fiends Who Come to Steal the Magick of the
Deceased’, ‘The Howling of the Jinn’, ‘Kheftiu Asar Butchiu’,
‘Unas Slayer Of The Gods’.
Nine O Nine
Sérgio Duarte brincou com o facto de ser sempre uma
situação estranha estar num concerto de apresentação
do álbum em que todos têm o álbum mas na sua grande
maioria não tiveram oportunidade para ouvi-lo. Foi algo
que não prejudicou em nada a envolvência do público e
a forma como as músicas foram recebidas. Grandes solos
de guitarra (aquela "Big Event" foi qualquer coisa de
fantástica), grandes melodias e poder ("The Rush" poderia
Nine O Nine estar num álbum de thrash metal moderno que não soaria
desfasada) e sempre a constatação de que fazer o que
Para a sonoridade dos Dogma, esperávamos uma sente em busca da felicidade é sempre o melhor lema para
performance mais solene e sóbria, principalmente por qualquer projecto na vida mas sobretudo para a música. É
parte dos vocalistas e se Isabel esteve irreprensível, sentimos algo que se sente e foi esse o sentimento geral que o público
que Gonçalo por vezes saía fora do que a música pedia em do RCA Club viveu, um sentimento puro.
termos visuais. Sendo uma questão de opinião pessoal,
vale o que vale, mas o que é importante salientar é que a
representação dos temas como "Anjo Caído" e "Criação"
confirmaram aquilo que "Reditum" já nos tinha provado:
que os Dogma são um dos grandes "novos" valores da
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The Haunted, Norunda, The Descent,
Revolution Within
18/02 - RCA Club, Lisboa
Texto e Fotos por Hélio Cristovão | Agradecimentos: Notredame Productions
A Trilogia. Noites de Metal em Lisboa no RCA Club: Na Seguem-se os temas ‘Silence’, ‘From Madness To Sanity’,
anterior sexta, sábado e este domingo, o clube acolheu ‘Until I See The Devil Dies’ e ‘Pull the Trigger’ (este último
três eventos seguidos de grande metal, com a passagem de com a participação de Hugo Andrade dos Switchtense).
11 bandas pelas três noites. A World Of Metal reportou a Mais uma vez o som do RCA estava muito bom, e sem
trilogia, neste fim-de-semana intenso (reportagem aqui e dúvida que a banda deixou a sua marca ao agitar o pessoal.
aqui), a prova que a cena Underground está muito viva! Ao apresentarem a canção ‘Pure Hate’, que seria a sua
penúltima para a noite, convocaram uma Wall of Death,
Com o seu mais recente trabalho ‘Strength In Numbers’, e ao chegar ao último tema, ‘Stand Tall’, que regressa ao
editado pela Century Media em 2017, a banda mítica de primeiro disco da banda, 'Collision' (Rastilho Records,
Thrash / Death Metal da Suécia The Haunted regressa a 2009), despedem-se cheios de groove nos compassos finais
Portugal, no âmbito de uma digressão Ibérica com uma desta última malha. Agradecem e despedem-se com um
dezena de datas. O dia 18 de Fevereiro é a data exclusiva até breve, sob os aplausos dos presentes.
de passagem da banda pelo nosso país, trazida pela mão da
Notredame Productions, com sala marcada no RCA Club,
Lisboa. Com eles trazem a companhia e todo o peso de
Norunda (Portugal / Espanha), The Descent (Espanha) e
Revolution Within, os convidados especiais para abrir o
concerto em Portugal.
The Descent
The Descent vieram de Espanha, e esta é a sua primeira
vez a tocar em Lisboa. Com eles trazem Death / Thrash
Metal técnico, agressivo, muito a rasgar, e cheio de atitude,
com assumidas influências de Death Metal da Suécia, em
Revolution Within bandas como At the Gates, Dimension Zero, e os próprios
The Haunted. Após introdução instrumental, abrem
Rui ‘Raça’ Alves bem anunciou que esta seria a ‘A’ noite com grande poder, ao som de ‘The Warrior Within’, com
do thrash. Os Revolution Within foram a nossa banda possantes batidas de bateria, guitarras brutais e guturais
portuguesa, vindos do Porto, os convidados especiais para profundos. O som estava forte, pesado, do melhor.
abrir as hostilidades da noite. Após uma introdução, abrem Eles trazem uns acessórios porreiros, duas grades com
a rasgar ao som de ‘Suicide Inheritance’, uma malha retirada o logotipo da banda cravado, que colocam na frontal do
do último disco ‘Annihilation’ (Rastilho Records, 2016). palco. Por vezes sobem-nas e essa pose confere ainda mais
Como banda de abertura, e devido à hora, temos ainda uma agressividade, atitude e rebeldia no manifesto da banda.
sala tímida, mas as pessoas vão chegando e simplesmente é Neste concerto, tocaram quase na totalidade o último disco
impossível ficar indiferente ao som agressivo e consistente ‘The Coven Of Rats’, lançado em Novembro de 2016 pela
dos Revolution Within, eles marcam grande presença no Suspiria Records. Seguem-se os temas ‘Falling From Grace’,
palco, com dignas descargas de energia e atitude de thrash ‘New Millennium Spawn’, ‘Dead City Gospel’ e ‘Seeds of
metal, e estão sempre a puxar pelo pessoal. Madness’.
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A prestação ao vivo de The Descent, só veio reforçar ‘Preachers of Death’, seguem-se temas dos discos
a capacidade técnica desta banda formada em 2006, ‘Exit Wounds’ (2014) e ‘Revolver’ (2004), pela ordem
em Bilbao, Espanha, assim como a brutalidade que de ’Trendkiller’, ‘Time (Will Not Heal)’, ‘All Against
emana deste recente álbum. A adesão do público foi
boa na linha da frente, já se notando uma casa bem
composta. Seguem-se os temas ‘Ten Times Stronger’, ‘At
the Foot of the Monolith’, e a fechar, ‘The Coven of Rats’,
que dá o título ao disco. A sublinhar o poder que nos
apresentaram nesta noite, The Descent, uma experiência
que a própria banda adorou, e referiu, após uma breve
troca de palavras: “The first time in Lisbon was a Blast,
hope we can make it to your beautiful country again”.
A festa continua, ao som dos Norunda, que começam
a atuar ainda 5 minutos antes do horário previsto.
Planeamento impecável entre trocas das bandas. Durante
uma atuação de cerca de 50 minutos, tiveram o tempo para
deixar a marca do disco ‘Irruption’, editado pela Suspiria
Records, 2017.
The Haunted
All’, ’No Compromise’. A banda estava imparável, e a
prestação foi crescendo de tal modo que assistimos a
um banquete do metal extremo Death / Thrash técnico,
por vezes melódico, servido pelos veteranos da Suécia.
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