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Francisco Solano Trindade (poeta, ativista político e artista múltiplo), nasceu em Recife,
PE, em 24 de julho de 1908. Filho da quituteira Emerenciana e do sapateiro Manoel Abílio,
viveu em um lar católico, apesar de seu pai incorporar entidades às escondidas. Estudou até
o equivalente ao Segundo Grau, pois chegou a frequentar o curso de desenho no Liceu de
Artes e Ofícios.
No final da década de 1920 tornou-se protestante, chegando a ser diácono presbiteriano.
Nesta mesma época começa a publicar seus primeiros poemas. Foi neste período que
conheceu sua primeira esposa, Margarida, casando-se com ela em 1934, com quem teve
quatro filhos.
Participou do I Congresso Afro-Brasileiro em Recife, em 1934, e do II Congresso Afro-
Brasileiro realizado em Salvador, em 1937. Ainda em Recife fundou, com o pintor primitivista
Barros Mulato e o escritor Vicente Lima, a Frente Negra Pernambucana e o Centro Cultural
Afro-Brasileiro para divulgação das obras dos intelectuais e artistas negros. No final da
década de 30 deixa o Recife, e vai viver em Pelotas/RS, onde fundaria o Grupo de Arte
Popular de Pelotas, embrião dos projetos de teatro popular que o mobilizariam por toda a
vida.
Em 1942, o poeta fixou residência no Rio de Janeiro e passou a trabalhar no Serviço Nacional
de Recenseamento do IBGE. Morando no município de Caxias, após filiar-se ao partido
Comunista de Luiz Carlos Prestes, Solano Trindade fez em Caxias a célula Tiradentes, na qual
se reuniam operários e camponeses da Baixada Fluminense.
Neste período, pegando o trem da Leopoldina para trabalhar no IBGE, no centro da cidade do
Rio, ele escreve 'Tem gente com fome', publicada no livro “Poema d'Uma Vida Simples”, de
1944. Em função de sua militância política foi preso duas vezes durante o Estado Novo, tendo
o seu livro apreendido.
Ainda no Rio iria conviver com intelectuais, jornalistas e artistas, que contribuíram para
ampliar e consolidar seus referenciais estéticos e políticos. Neste período, reuniam-se no
"Café Vermelhinho" para discutir e conversar com jovens poetas e intelectuais, artistas de
teatro, políticos e jornalistas. Em 1945 funda o Comitê Democrático Afro-brasileiro, com
Raimundo Souza Dantas, Aladir Custódio e Corsino de Brito.
Na década de 1950, fundaria com sua esposa Margarida e o sociólogo Edison Carneiro
o Teatro Popular Brasileiro com o qual viaja para a Europa em 1953. O elenco era
basicamente formado por operários, domésticas, comerciários e estudantes. Nos espetáculos
o grupo apresentava manifestações populares de batuques, congadas, caboclinhos, capoeira
e coco. Ainda com sua esposa ajudou Haroldo Costa a montar o Teatro Folclórico, rebatizado
posteriormente de Brasiliana. O grupo também viajaria pelo exterior e bateria recorde de
apresentação.
Poema do homem
Desci à praia
Para ver o homem do mar,
E vi que o homem
É maior que o mar
Subi ao monte
Pra ver o homem da terra,
E vi que o homem
É maior que a terra
Olhei para cima
Para ver o homem do céu,
E vi que o homem
É maior que o céu.
- Solano Trindade, em "Poemas d'uma vida simples". Rio de Janeiro: edição do autor, 1944.
Infantil
:: Tem gente com fome. [ilustrações Cíntia Viana e Murilo Silva]. São Paulo: Nova
Alexandria. 2008, 24p.
Antologia e seleta
:: Tem gente com fome e outros poemas: antologia poética. 1ª ed., Rio de Janeiro: DGIO,
1988.
:: O poeta do povo. [organização Raquel Trindade]. 1ª ed., São Paulo: Cantos e
Prantos, 1999.
:: Canto negro. São Paulo: Nova Alexandria, 2006, 64p.
:: Poemas antológicos de Solano Trindade. [organização Zenir Campos Reis; ilustrações
Adriana Ortiz, Raquel Trindade e Murilo]. São Paulo: Nova Alexandria, 2008, 216p.
:: Solano Trindade, o poeta do povo. [a edição reúne textos de três obras: 'Poemas d'uma
vida simples'; 'Seis tempos de poesia' e 'Cantares do meu povo']. São Paulo: Ediouro, 2008,
160p.
Artigos e manifestos*
:: Folclore e cinema. apresentado no I Congresso de Cinema, São Paulo, 1952.
:: Rumos de um teatro popular. Dionysos, Rio de Janeiro, v. 5, 4, julho de 1954.
:: Folia de Reis. Manchete, Rio de Janeiro, 06 de fevereiro de 1964.
* Transcritos na dissertação de: MELLO, Maurício de.. O encontro da cultura popular e os meios de
comunicação na obra de Solano Trindade - Os Anos em Embu das Artes (1961-1970).. (Dissertação Mestrado em
Ciências da Comunicação). Escola de Comunicação e Artes - Universidade de São Paulo, USP, 2009, p. 83-87.
Disponível no link. (acessado em 6.5.2015).
Antologias (participação)
:: Antologia da nova poesia brasileira. [organização J.G. de Araujo Jorge]. Rio de
Janeiro: Editora Vecchi, 1948.
:: Violão de rua – poemas para a liberdade. vol. III. [organização Moacyr Felix]. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 1963.
:: 20 poemas. in: Veredas - revista de letras da Universidade de São Paulo, nº 1, setembro de
1979.
:: A razão da chama: antologia de poetas negros brasileiros. [organização Oswaldo de
Camargo].São Paulo: Edições GRD, 1986.
:: Antologia da poesia negra brasileira: o negro em versos. [organização Luiz Carlos dos
Santos; Maria Galas e Ulisses Tavares]. Série lendo e relendo. São Paulo: Moderna, 2005.
:: Poesia negra brasileira antologia. [organização Zilá Bernd]. Porto Alegre: AGE; IEL; IGEL,
1992.
Homenagem
1976 - Escola de Samba Vai-vai, do Bexiga/SP, desfilou no carnaval o enredo em homenagem
ao poeta: "Solano, o menino do Recife".
A mensagem do poeta
Fala do corpo da mulher,
Dos seus seios
Da sua boca
Das suas mãos,
Porque na mulher
Está a vida do poeta
Porque a mensagem do poeta
Adeus Recife
Adeus Recife eu já vou
numa terceira do Ita
como saco de açúcar
como fardo de algodão...
Adeus terra do meu nascimento
da minha infância
e da minha mocidade...
Adeus Recife
de mulatas paixões,
que dançam em pranchões
os seus pastoris...
Advertência
Há poetas que só fazem versos de amor
Há poetas herméticos e concretistas
enquanto se fabricam
bombas atômicas e de hidrogênio
enquanto se preparam
exércitos para guerra
enquanto a fome estiola os povos...
Depois
eles farão versos de pavor e de remorso
e não escaparão ao castigo
porque a guerra e a fome
também os atingirão
e os poetas cairão no esquecimento...
- Solano Trindade, em"Solano Trindade: o poeta do povo". São Paulo: Cantos e Prantos, 1999, p. 110.
Eu sou poeta
E ser poeta é ter vida
E a vida é como á água do rio
É como o calor do sol!
A minh'alma é feita de amor
E assim é minha carne
É todo o meu ser,
Porque eu sou poeta
É algo mais que ser humano,
Porque o poeta nunca cansa de amar!
O Amor é como a água do rio
É como o calor do sol!
O meu poema
Banha o corpo amado,
Como a água do rio...
O meu poema,
Aquece o corpo amado,
Como o calor do sol...
Porque a água do rio,
E o calor do sol,
São como o amor do poeta...
Os olhos do poeta,
São como a água do rio,
As mãos do poeta
São como o calor do sol
Os olhos do poeta
Fitam o corpo amado,
As mãos do poeta
Aquecem o corpo amado...
O Corpo amado
Reflete nos olhos do poeta
Como nas águas do rio...
O corpo amado
Aquece-se nas mãos do poeta
Como no calor do sol...
- Solano Trindade, em "Poemas d'uma vida simples". Rio de Janeiro: edição do autor, 1944.
Civilização branca
LINCHARAM um homem
entre os arranha-céus
(li num jornal)
procurei o crime do homem
o crime não estava no homem
estava na cor de sua epiderme
- Solano Trindade, em "Cantares ao meu povo". São Paulo: Fulgor, 1961, p. 37.
é o poema da multidão!
- Solano Trindade, em "Poemas d'uma vida simples". Rio de Janeiro: edição do autor, 1944.
Navio Negreiro
Lá vem o navio negreiro,
Lá vem ele sobre o mar
Lá vem o navio negreiro
Vamos minha gente olhar...
Negros
Negros que escravizam
e vendem negros na África
não são meus irmãos
negros opressores
em qualquer parte do mundo
não são meus irmãos
Só os negros oprimidos
escravizados
em luta por liberdade
são meus irmãos
Há batidos fortes,
de bombos e atabaques,
em pleno sol,
Há gemidos nas palmeiras,
soprados pelos ventos,
Há gritos nas selvas,
invadidas pelos fugitivos...
Aleluia Aleluia!
Repete-se o canto,
Do livramento,
já ninguém esta fechando
a minha boca,
agora sou poeta,
meus irmãos vêm ter comigo
eu trabalho,
eu planto,
eu construo
Meus irmãos vêm ter comigo...
O tempo passa
sem número e calendário,
o opressor volta
com outros inconscientes,
com armas
e com dinheiro,
mas eu os faço correr...
Os meus canaviais
ficam bonitos,
meus irmãos fazem mel,
minhas amadas fazem doce,
e as crianças
lambuzam os seus rostos
e seus vestidos
feitos de tecidos de algodão,
tirados dos algodoais,
que plantamos...
As nossas plantações
estão floridas,
As nossas criancinhas
brincam à luz da lua,
os nossos homens,
batem tambores,
canções pacíficas,
e as mulheres dançam
essa música...
O opressor se dirige
aos nossos campos,
os seus soldados
cantam marchas de sangue.
Pois são essas a sua fé
E civilização
O opressor prepara outra investida,
confabula com ricos e senhores,
e marcha mais forte,
para o meu acampamento!
Mas eu os faço correr...
O poema libertador
É cantado por todos
até pelo rio...
Meus irmãos que morreram,
muitos filhos deixaram,
e todos sabem plantar,
e manejar arcos;
Muitas amadas morreram
mas muitas ficaram vivas,
dispostas a amar,
seus ventres crescem,
e nascem novos seres...
Olorum Shanu
Antes de Olorum
Deixem as crianças brincarem, ou
Solano Trindade - O Moleque do Recife
(Xilogravura), de Raquel Trindade
Nada havia
Nem o mar
Nem o céu
Nem a lua
Nem sol
Tudo era nada
Depois de Olorum
Veio o Obatalá no céu
Odudua a terra
Iemanjá a água
Okê os montes
Orum o sol
Oxum a lua
Depois Oxum
O pecado
Com Xaluga
A riqueza
Xapauam a doença
E Ogum a guerra
Depois
Veio Obaladou
Para evitar
Os males de Oxum
Olorum Shanu
Dada e Orishako
Com plantas e verduras
Olorum Shanu
Olukum o mar
Oxalá os lagos
Okê os montes
Encheram Odudua
De beleza
Olorum Shanu
De dia
Orum apareceu
No corpo de Obatalá
Dando luz e calor
A Odudua
Orum
Oxalá
Okê
Olorum Shanu
De noite
É Oxum
Ao lado das estrelas
Embelezando
Obatalá
Olorum Shanu
- Solano Trindade, em "Cantares ao meu povo". São Paulo: Fulgor, 1961, p.49-50.
Quem tá gemendo?
Quem tá gemendo
Negro ou carro de Boi?
Quem tá gemendo
Negro ou carro de Boi?
- Solano Trindade, em "Cantares ao meu povo". São Paulo: Fulgor, 1961, p. 36.
O meu pai
era um bom sapateiro
e foi o menino de ouro
do Pastoril
de Ponta de Pedra
A minha mãe
foi cigarreira
e filha de Maria
da igreja da Penha
Ela tinha
a cor roxeada
o andar banzeiro
e os cabelos eram compridos
como os cabelos
de “São Bão Jesus dos Martírios”.
- Solano Trindade, em "Cantares ao meu povo". São Paulo: Fulgor, 1961, p.181.
Sou negro
A Dione Silva
Sou Negro
meus avós foram queimados
pelo sol da África
minh’alma recebeu o batismo dos tambores
atabaques, gonguês e agogôs
Minha vovó
não foi de brincadeira
Na guerra dos Malés2
ela se destacou
Na minh’alma ficou
o samba
o batuque
o bamboleio
e o desejo de libertação...
- Solano Trindade, em "Cantares ao meu povo". São Paulo: Fulgor, 1961, p. 42.
Corre em mim,
o sangue do negro
que ajudou na tua construção,
que te deu uma música,
intensa como a liberdade!
Eu te amo, América,
porque em ti também
virá a vitória Universal,
Onde o trabalhador
terá recompensa de labôr
Na igualdade de vida
Eu te amo América,
E lutarei por ti,
como o amante luta pela amada!
O teu inimigo
É meu adversário...
Dou a ti
Minha força de proletário,
Minh'alma de artista,
Meu coração de guerreiro...
Cantarei poemas de exaltação
À tua glória.
Construirei máquinas
Para tua vingança
Marcharei para defender-te.
Eu te amo, América,
Porque amo o direito dos povos,
Porque detesto o nazismo...
Eu te amo, América,
Porque quero a libertação das raças
Porque odeio o fascismo...
Eu te amo, América,
Por ti desprezo a paz que tanto amei
E quero a guerra que tanto repeli
estação de Caxias
de novo a dizer
de novo a correr
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome
Vigário Geral
Lucas
Cordovil
Brás de Pina
Penha Circular
Estação da Penha
Olaria
Ramos
Bom Sucesso
Carlos Chagas
Triagem, Mauá
trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome
Só nas estações
quando vai parando
lentamente começa a dizer
se tem gente com fome
dá de comer
se tem gente com fome
dá de comer
se tem gente com fome
dá de comer
Mas o freio de ar
todo autoritário
manda o trem calar
Psiuuuuuuuuu
- Solano Trindade, em "Cantares ao meu povo". São Paulo: Fulgor, 1961, p. 65-66.
Eu vi um palhaço
Mais poeta que eu
“O senhor faz dos seus versos uma arma, um toque de clarim, que desperta as energias,
levanta os corações, combate por um mundo melhor”
- Roger Bastide, em carta à Solano Trindade, datada de 04.10.1946. In: "O poeta do povo". [Org. Raquel
Trindade]. São Paulo: Cantos e Prantos Editora,1999, p. 31.
Solano Trindade - foto: Acervo família Trindade
FORTUNA CRÍTICA DE SOLANO TRINDADE
[Estudos acadêmicos - teses, dissertações, ensaios, artigos e livros]
ANGORAN, Adjoua Anasthasie. Gonçalves de Magalhães, Cruz e Sousa e Solano Trindade: três
manifestações da presença francesa na literatura brasileira; um olhar africano. (Tese
Doutorado em Letras). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, 2004.
ANGORAN, Adjoua Anasthasie. Convergências Literárias entre Léopold Sédar Senghor e
Solano Trindade. In: XIa Semana de Letras: Novos e velhos horizontes, 2004, Porto Alegre. XI
a Semana de Letras: Novos e velhos horizontes, 2004.
ANTONIO, Carlindo Fausto. Cadernos negros. Literatura e autores negros pós 1978. (Tese
Doutorado em Teoria Literária e História da Literatura). Universidade Estadual de Campinas,
UNICAMP, 2005.
BASTIDE, Roger. Poesia afro-americana: Solano Trindade. in: O Estado de São Paulo. São
Paulo, 15 nov. 1944, p.4, c.7-9.
BASTIDE, Roger. A poesia afro-brasileira. São Paulo: Martins Fontes, 1934.
O canto da liberdade
Ouço um novo canto,
Que sai da boca,
de todas as raças,
Com infinidade de ritmos...
Canto que faz dançar,
Todos os corpos,
De formas,
E coloridos diferentes...
Canto que faz vibrar,
Todas as almas,
De crenças,
E idealismos desiguais...
É o canto da liberdade,
Que está penetrando,
Em todos os ouvidos...
- Solano Trindade, em "Poemas d'uma vida simples". Rio de Janeiro: edição do autor, 1944.
1950 – Funda, com sua esposa a coreógrafa e terapeuta ocupacional Maria Margarida da
Trindade e o sociólogo e historiador Edison Carneiro, o Teatro Popular Brasileiro cujo elenco
era formado por operários, domésticas, comerciários e estudantes e apresentava espetáculos
de batuques, congadas, caboclinhos, capoeira, coco e outras manifestações populares. Com o
grupo, viaja a vários países da Europa.
Em 1955, participa da criação do Brasiliana, grupo de dança brasileira que bateu recorde de
apresentações no exterior.
1961 - Em São Paulo, onde o TPB empolgou platéias, foi ele que transformou a cidade de
Embu das Artes, a partir de 1961, no atual centro cultural onde dezenas de artistas passaram
a viver da arte.
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Referências e fontes de pesquisa
:: MELLO, Maurício de.. O encontro da cultura popular e os meios de comunicação na obra de Solano Trindade -
Os Anos em Embu das Artes (1961-1970).. (Dissertação Mestrado em Ciências da Comunicação). Escola de
Comunicação e Artes - Universidade de São Paulo, USP, 2009. Disponível no link. (acessado em 6.5.2015).
:: GELEDES. Solano Trindade. 17 de agosto de 2011. Disponível no link. (acessado em 6.6.2015).
:: Obs.: Ver outras referências em fortuna crítica.
"Entre os raros poetas negros que conheço neste Brasil mestiço, Solano Trindade é o que
melhor me satisfaz. Ele é negro, sente como negro, e como tal cantou as dores, as alegrias e
as aspirações literárias do afro-brasileiro."
- Abdias do Nascimento (escritor e político).
Direção
Documentário: Brasil dança
Direção: Solano Trindade
Realizado em Praga.
HOMENAGEM
Luiz Carlos da Vila - 'Solano, poeta negro'
(compositores: Luiz Carlos da Vila, Nei Lopes e Zé Luis)
Solano Trindade e o pintor Iberê Camargo (déc. 1960) - foto: Acervo família Trindade
Solano Trindade, rodeado por corbianas - Embu/ SP, 1969
foto: Acervo corbianos
“A leitura dos seus versos deu-me confiança no poeta que é capaz de escrever Poema do
Homem e O Canto dos Palmares. Há nesses versos uma força natural e uma voz individual,
rica e ardente, que se confunde com a voz coletiva.”
- Carlos Drumond de Andrade, em 'carta a Solano', em 02.dez.1944.
Canto da américa
Blues! swings! sambas! frêvos! macumbas! jongos!
Da alma americana...
Canta América,
A tua voz irá do Ocidente para o Oriente,
E do Oriente para o Ocidente,
Porque no futuro,
Só teremos uma forma de arte...
Canta América,
Não o canto de mentira e falside,
Que a ilusão ariana
Cantou para o mundo
Na conquista do ouro,
Nem o canto da supremacia dos derramadores de sangue,
Das utopicas novas ordens,
De napoleônicas conquistas,
Mas, o canto da liberdade dos povos,
E do direito do trabalhador...
AFRICA EM PAUTA
:: Africa em pauta - memória, história, arte
Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Solano Trindade - o poeta negro. Templo Cultural
Delfos, junho/2015. Disponível no link. (acessado em .../.../...).