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Direito e Deontologia da

Comunicação

Os códigos deontológicos
Os códigos deontológicos

Os códigos deontológicos como principal expressão da auto-regulação

Os códigos como documentos que reúnem critérios, normas e valores


formulados e assumidos por aqueles que desempenham uma actividade
profissional

Os códigos nas profissões com:


-maior margem de decisão pessoal
-mais responsabilidade

A deontologia e a sobrevalorização dos critérios de rentabilidade e eficácia

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Os códigos deontológicos
A origem dos códigos:

1º código: Hipócrates, obrigações dos médicos, séc. V antes de Cristo

1º código num jornal:


-declaração de princípios de Benjamin Harris, 1690, no primeiro
jornal americano (Public Occurences Both Foreign and Domestick)

O paralelismo entre o nascimento da actividade e dos compromissos éticos…

1º código ético no jornalismo:


-”The Practice of the Kansas Code of Ethics for Newspaper”, 1910,
Associação de Editores do Kansas

1º código europeu:
-Charte des devoirs profissionels des journalistes français, 1918
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Os códigos deontológicos

Os 3 períodos da elaboração de códigos deontológicos dos jornalistas

I
(início do séc. XX até à II Guerra Mundial)

-fenómeno isolado, minoritário, mas resultante da industrialização da


imprensa e do seu papel na vida pública

-valores dos jornalistas evoluem do mero aperfeiçoamento moral para uma


resposta aos problemas do quotidiano das redacções

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Os códigos deontológicos
Os 3 períodos da elaboração de códigos deontológicos dos jornalistas

II
(a seguir à II Guerra Mundial até aos anos 90)

-informação considerada um direito fundamental (art 19º da DDH de 1948)

-generalização dos códigos, também fruto da descolonização e da guerra fria

-1ºs códigos supranacionais:


-1950, Código da Conferência Inter-americana de Imprensa
-1954, FIJ
-1954, OIJ
-1971, Carta de Munique – Declaração de Direitos e Deveres
dos Jornalistas
-1983, Unesco – Princípios Internacionais de Ética
Profissional do Jornalismo
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Os códigos deontológicos
Os 3 períodos da elaboração de códigos deontológicos dos jornalistas

III
(a partir de 1990)

-as mudanças políticas no leste europeu

-os novos problemas dos media (privacidade, propriedade intelectual,


questões sociais, novas ameaças à democracia, concentração, novas
tecnologias, novos operadores, violência…)

-a reformulação dos códigos nos países europeus

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Os códigos deontológicos
Os 3 períodos da elaboração de códigos deontológicos dos jornalistas

III (cont.)
A Resolução 1003 (1993) sobre ética do jornalismo da Assembleia Parlamentar
do Conselho da Europa

38 princípios, 6 partes:
notícias e opiniões;
o direito a informar como direito humano fundamental – directores,
proprietários e jornalistas;
a função do jornalismo e a sua ética;
regras sobre as relações editoriais nas empresas;
situações de conflito e casos de protecção especial;
ética e auto regulação no jornalismo.

Características a sublinhar: não tem força vinculativa para os Estados; inclui


também direitos
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Os códigos deontológicos
A diversidade de códigos…:
-alcance (regional, nacional, internacional)
-promotor (meio de comunicação, grupo profissional, conselho de
imprensa, associações patronais)
-tipo de jornalismo (geral, económico, científico, etc.)
-tipo de meio (agencia, rádio, televisão, jornal)
-aspecto particular (infância e juventude, informação sobre saúde,
ou sobre a guerra)

…mas os pontos comuns na estrutura:


-apresentação ou preâmbulo (que actividade profissional se visa regular,
valores, princípios gerais, etc)
- conjunto de artigos - corpo central de normas que podem ser:
-recomendatórias (sugerido um comportamento)
-normativas (indicada conduta a seguir)
-proibitivas (explicitamente acções que não devem ser realizadas)
-considerações finais – compromisso final sobre a necessidade de
divulgar ou impulsionar. Alguns incluem tb sanções
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Os códigos deontológicos
Os princípios comuns, segundo o estudo da Unesco (finais dos anos 70)

“1. O destaque dado à integridade, verdade e objectividade de todas as formas


de recolha e difusão de notícias

2. Manter sempre um fluxo de informação livre entre governo e cidadania.

3. Cultivar o maior profissionalismo dos jornalistas e procurar que os seus


empregadores respeitem e protejam a sua honestidade pessoal.

4. Lealdade ao próprio país, rejeitando a utilização da própria condição de


jornalista para afectar ou danificar o seu bem-estar por motivos económicos ou
ideológicos ou a pedido de um país estrangeiro.

5. Preservar a confidencialidade das fontes quando tal se justificar e se tiver


feito um acordo nesse sentido; dar a conhecer as fontes quando o receptor necessitar
desse dado para julgar pessoalmente a validade, etc… da informação veiculada”

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Os códigos deontológicos

Código Sintético (Claude-Jean Bertrand):

Valores fundamentais

-respeitar a vida

-promover a solidariedade entre os seres humanos

Regras morais gerais

-não mentir

-não se apropriar dos bens de outrem

-não causar sofrimento inútil

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Os códigos deontológicos
Código Sintético (Claude-Jean Bertrand) (cont.):
Princípios jornalísticos
-ser competente (portanto, seguro de si, e como tal, pronto a reconhecer os seus erros)

-ser independente face às forças económicas e políticas

-nada fazer que diminua a confiança do público relativo aos media

-ter uma definição lata e profunda da informação (não limitada ao evidente, ao


apelativo, ao superficial)

-fornecer um relato exacto, completo e compreensível sobre a actualidade

-servir todos os grupos (ricos/pobres, jovens/velhos, esquerda/direita)

-estimular a comunicação, logo, o entendimento entre os homens

-defender e promover os direitos humanos e a democracia

-trabalhar para o aperfeiçoamento da sociedade envolvente


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Os códigos deontológicos
A responsabilidade dos jornalistas perante…
…os seus pares

não desacreditar a profissão;


lutar pelos seus direitos, pelo acesso à informação e contra a censura;
ser solidário com os outros jornalistas;
não se oferecer para trabalhar por um salário menor;
não se apropriar de ideias, dados ou produtos de outrem;
ajudar os colegas em situações difíceis

…as suas fontes

respeitar os embargos;
velar pela exactidão das palavras reproduzidas (sobretudo se entre aspas);
não colocar palavras fora do contexto, nem deturpar uma exposição longa quando é
sintetizada;
não revelar a fonte de informação se essa omissão tiver sido acordada;
não se deixar manipular pelas suas fontes;
manter um espírito crítico face às fontes
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Os códigos deontológicos
A responsabilidade dos jornalistas perante…

…as pessoas em causa

não lançar acusações sem ouvir a pessoa acusada, dando-lhe oportunidade de exprimir
o seu ponto de vista;
não revelar características das pessoas (sexo, nome, nacionalidade, grupo étnico, opção
política, deficiência, emprego, preferência sexual) não pertinentes para a notícia nem
utilizá-las para desacreditar alguém;
não apresentar imagens de acidentes ou crimes se isso prejudicar entes próximos das
vítimas

…os consumidores

não usar métodos subliminares, sensacionalistas

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Os códigos deontológicos
As regras dos jornalistas nas diferentes fases de elaboração de uma notícia
(C.J Bertrand)

Fase da obtenção de informação:

-não inventar a informação;


-não usar meios desonestos para obter uma informação ou uma foto (dissimular a
identidade, introduzir-se numa propriedade privada, gravar conversas disfarçadamente,
roubar documentos – excepto se o interesse público o justificar e não havendo meio
alternativo, caso em que deve declarar os seus processos de obter a informação
-não pagar informações a testemunhas de crimes ou a criminosos, nem utilizar meios
coercivos (mentira, assédio, ameaça, chantagem);
-não invadir a privacidade das pessoas;
-não abusar da ingenuidade das pessoas pouco habituadas a lidar com os media, nem
ridicularizá-las;
-informar o entrevistado do destino dado às suas declarações, mas não informá-las
previamente das questões.

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Os códigos deontológicos
As regras dos jornalistas nas diferentes fases de elaboração de uma notícia
(C.J Bertrand)

Fase da selecção da informação:

-não publicar uma mera hipótese como facto demonstrado;

-evitar boatos, informações não verificadas, entrevistas de rua;

-não omitir informação por preguiça (necessidade de pesquisa ou tratamento da


informação), cobardia, pressões internas (sector comercial por ex.) ou externas (anunciante
ou fonte);

-seleccionar informações em função da sua utilidade e não da curiosidade de uma


população menos informada, do seu desejo de divertimento, do seu voyeurismo;

-não dar demasiado espaço às informações provocantes (sexo, crime) ou susceptíveis de


desmoralizar a população.
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Os códigos deontológicos
As regras dos jornalistas nas diferentes fases de elaboração de uma notícia
(C.J Bertrand)

Fase do tratamento/apresentação:

-separar publicidade e jornalismo;

-não misturar factos e comentários (o que não impede de, feita a separação, tomar partido;
contextualizar a actualidade com análises, comentários, opiniões, desde que identificados e
correspondendo aos factos);

-apresentar vários pontos de vista sobre temas controversos;

-identificar fontes ou explicar porque isso não é possível;

-títulos devem corresponder às notícias;

-não dar às notícias importância indevida, sobretudo em actos de violência


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Os códigos deontológicos
As regras dos jornalistas nas diferentes fases de elaboração de uma notícia
(C.J Bertrand)

Fase da pós-publicação:

-admissão espontânea de uma correcção, acompanhada de eventual pedido de desculpas,


reconhecer erros depressa, com clareza e de forma visível.

Os temas comuns dos códigos europeus

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Os códigos deontológicos
Análise comparativa de 31 códigos europeus (Tiina Laitila, 1995, “Journalistic Codes of
Ethics in Europe”, European Journal of Communication):

Veracidade, honestidade e exactidão da informação – 28 (90%)

Correcção de erros – 28 (90%)

Não discriminação com base na raça, etnia, religião – 27 (87%)

Respeito pela privacidade – 27 (87%)

Proibição de subornos ou quaisquer outros privilégios – 27 (87%)

Métodos honestos na obtenção de informação – 26 (84%)

Não aceitar pressões externas no desempenho da função de jornalista – 26 (84%)

Não discriminação com base no sexo, classe social, etc – 25 (81%)


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Os códigos deontológicos
Análise comparativa de 31 códigos europeus (continuação)

Liberdade de expressão, de comentário e de crítica - 23 (74%)

Sigilo profissional – 23 (74%)

Não utilização da condição de jornalista para obter benefícios pessoais – 21 (68%)

Relação entre títulos e conteúdo da notícia – 20 (65%)

Distinção entre factos e opiniões ou suposições – 20 (65%)

Proibição da omissão ou da tergiversação – 20 (65%)

Respeito pelos direitos de autor e pelas normas de citação – 20 (65%)

Especial cuidado no tratamento de crimes, acidentes, etc. – 19 (61%)

Confirmação dos factos e das fontes – 18 (58%)


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Os códigos deontológicos

Análise comparativa de 31 códigos europeus (conclusão)

Proibição de calúnia, difamação, acusações infundadas – 18 (58%)

Presunção de inocência – 18 (58%)

Cláusula de consciência – 18 (58%)

Separação de publicidade e conteúdo editorial – 18 (58%)

Responsabilidade sobre tudo o que é divulgado – 17 (55%)

Luta contra a censura – 16 (52%)

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Os códigos deontológicos
Conteúdos agrupados por temas:

Veracidade da informação (veracidade, correcção de erros, relação entre títulos e notícias,


confirmação de factos e de fontes…)

Clareza da informação (distinção entre factos e opiniões, proibição de omissão…)

Defesa dos direitos do público (liberdade de expressão, de comentário…)

Responsabilidade como criadores de opinião pública (não discriminação, responsabilidade


por tudo o que é publicado…)

Obtenção e apresentação da informação (meios honestos, respeito pelos direitos de autor e


normas de citação, proibição de calúnia, difamação…)

Integridade da fonte (privacidade, sigilo profissional, especial cuidado no tratamento de


crimes, acidentes, presunção de inocência…)

Respeito pelas instituições do Estado


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Os códigos deontológicos
Conteúdos agrupados por temas (conclusão):
Lealdade ao empregador (não utilização da condição de jornalista para benefícios
pessoais..)

Direitos e proibições para proteger a integridade dos jornalistas (proibição de subornos, não
aceitar pressões externas…)

Protecção face aos poderes públicos (luta contra a censura…)

Protecção face aos empregadores e anunciantes (clausula de consciência, separação de


publicidade e conteúdos…)

Defesa do estatuto e da unidade da profissão jornalística

Defesa da solidariedade dentro da profissão

As características específicas dos códigos de países do Terceiro Mundo e dos


regimes marxistas
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Os códigos deontológicos
Os destinatários das obrigações dos jornalistas
-público e sociedade em geral (40%)

-a própria profissão (32%)

-fontes e protagonistas das notícias (22%)

-empresa jornalística (4%)

-instituições oficiais (2%)

A evolução dos conteúdos dos códigos

-inicialmente, obrigações sobre verdade, exactidão, respeito pelas fontes


-depois, responsabilidade dos media perante a sociedade, salvaguarda das garantias de
honestidade dos jornalistas, respeito pelos direitos do público
-a partir da década de 70, privacidade, não discriminação (raça, sexo, orientação sexual,
religião, etc.), tolerância, recusa da violência
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Os códigos deontológicos
Vantagens dos códigos

-reconhecimento público da dimensão ética da profissão

-credibilização da profissão

-regras partilhadas pela profissão, não deixando jornalistas entregues apenas à sua
consciência

-autodefesa da profissão face a interferências externas – leis, pressões das empresas ou de


grupos económicos

-aprendizagem ética da profissão

-aumentar prestígio da profissão

-regula relações entre jornalistas e aqueles que contactam – fontes, Estado, empresas de
media

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Os códigos deontológicos
Críticas aos códigos

-restringe liberdade de expressão dos jornalistas


(…mas são compromissos livremente assumidos)

-normas gerais frequentemente desrespeitadas


(…mas balizam a consciência ética e geram debate útil)

-não prevêem todas as situações


(…mas devem ser complementadas por outras formas de auto-regulação)

-não impedem falhas deontológicas


(…poder-se-ia obrigar à publicação das decisões condenatórias, mas mesmo assim
são úteis)

-transmitem a noção de que o cumprimento é uma imposição a cada jornalista, afinal


muitas vezes vítima das orientações da empresa
(…importante garantir liberdade interna)

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