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Sociologia do Direito

O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e
na jurisprudência dos Tribunais.

Sumário
2.1.2. Max Weber (1864-1920) – continuação ........................................................... 3
2.1.2.1. Pressupostos................................................................................................... 3
2.1.2.2. Ação social ...................................................................................................... 3
2.1.2.3. Especificidades de Weber .............................................................................. 4
2.1.3. Karl Marx ........................................................................................................... 7
2.1.3.1. Pressupostos do pensamento de Marx .......................................................... 7
2.1.3.2. Classe social .................................................................................................... 9
2.1.3.3. Especificidades ............................................................................................. 10
3. Controle Social e Direito ............................................................................................... 11
4. Transformação social e Direito .................................................................................... 11
5. Direito e Comunicação .................................................................................................. 12
5.1. Comunicação Social e Opinião Pública ................................................................... 12
5.2. Elementos da Comunicação ................................................................................... 12
5.3. Opinião Pública....................................................................................................... 13
5.3.1 Características .................................................................................................. 13
5.4. Comunicação Institucional ..................................................................................... 13
6. Resoluções do CNJ ........................................................................................................ 14
6.1. Resolução 85 do CNJ .............................................................................................. 14
6.2. Resolução 79 do CNJ .............................................................................................. 15
6.3. Resolução 102 do CNJ ............................................................................................ 16
7. Novas Mídias ................................................................................................................. 16
7.1. Manual de Redes Sociais do CNJ ............................................................................ 17
8. Mecanismos de Resolução de Conflitos........................................................................ 17
8.1. Judicial .................................................................................................................... 17
8.1.1. Novas Configurações ....................................................................................... 18
8.2. Métodos Alternativos ............................................................................................. 18
8.2.1. Arbitragem, Mediação e Conciliação ............................................................... 18

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9. Resolução de Questões ................................................................................................. 19

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2.1.2. Max Weber (1864-1920) – continuação1

2.1.2.1. Pressupostos
Na aula passada, vimos dois pressupostos importantes:
 Multicausalidade (a realidade é multicausal);
 A questão de que os indivíduos agem com relação a si mesmos (a sociedade não
se impõe aos indivíduos).
- Sociologia Weberiana:
É uma sociologia compreensiva (conceito do próprio Weber).
Weber procura entender o sentido subjetivamente visado das ações. Em uma palavra,
sentido subjetivo das ações significa “vontade”.
Diferentemente de Durkheim e Marx, para Weber, a vontade do individuo importa (ex.:
importa saber porque a pessoa se casou, porque prestou concurso para Juiz, etc).
2.1.2.2. Ação social
A unidade de análise de Weber é a ação social. Weber analisa a sociedade através da
ação social e, esta, possui 03 características:
 Existência e presença do outro (alteridade): ‘alter’ significa outro; alteridade
significa “ter interação com o outro”. Para que haja ação social, é necessária a
presença do outro; pressupõe mais de uma pessoa. (Ex.: se a pessoa está em
casa, sozinha, assistindo TV, há uma ação individual – não social).2
 Intenção de emitir uma mensagem: toda ação social possui “um querer”. A
intenção é decisiva para que haja uma ação social.
 Reação à emissão da mensagem do outro.
Em suma: toda ação social tem mais de uma pessoa, a qual tem uma vontade e que
busca, de alguma maneira, provocar uma reação nas outras pessoas.
E, reação, não significa, necessariamente, algo impactante; pode ser uma reação
simples. A ação social precisa ter essas características, mas, para Weber, o foco é no indivíduo.
Vale dizer, trata-se de uma ação social, mas que parte do indivíduo. Portanto, a ação social será
sempre intersubjetiva, ou seja, existe a subjetividade de uma determinada pessoa e daquela
com quem se está interagindo. Ex.: marketing político do Brasil.

1
O presente índice segue a sequência da aula anterior.
2
Hoje, pode-se falar em várias formas de interação social, como as redes sociais (internet), o que não
havia na época de Weber.

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A preocupação é como produzir ações sociais, com uma mensagem e com o propósito
de uma reação, considerando que a interação com o outro é intersubjetiva. Assim, o desafio é
“conectar” as subjetividades (a do remetente da mensagem e a do destinatário), para que a
ação social ocorra.
Os marqueteiros políticos têm, portanto, a missão de interligar candidato e eleitor,
partindo da premissa de há essa intersubjetividade. Eles pensam no que falar e como falar para
que o candidato possa ser eleito.
Tipos de ação social
Para Weber, existem 04 tipos de ação social:
 Tradicional;
 Afetiva;
 Relacional a valores;
 Relacional a fins.
Os indivíduos agem uns em relação aos outros, de maneira intersubjetiva, buscando
provocar um tipo de desenvolvimento quer seja de modo tradicional, afetivo, relacionado a
valores ou, ainda, relacionado a fins.
Em outras palavras, os indivíduos podem agir em virtude de uma tradição 3 (costumes);
de maneira afetiva (ex.: casamento por amor; amor entre pais e filhos); por valores – religiosos,
morais, etc. - (ex.: há indivíduos que jamais se corrompem, em virtude de seus valores
internos; por outro lado, há pessoas fracas que se corrompem facilmente); e, por último, as
pessoas também agem buscando um determinado fim, uma determinada finalidade (ex.: pode
ser que a ação do estudante para concurso seja prioritariamente atingir um fim: ser aprovado
por mero interesse pessoal ou por um fim social, ajudar as pessoas, etc.).
Assim, para Weber, não existe exclusivismo (a ação social é multicausal). O indivíduo
pode realizar uma ação social, inclusive, por todos esses motivos em conjunto. Ex.: a pessoa
presta concurso porque toda sua família prestou, tradicionalmente, concurso para o serviço
público; por afetividade à profissão; por valores sociais, pela democracia etc.; o individuo age
de acordo com esses 04 elementos (isolados ou em conjunto).
2.1.2.3. Especificidades de Weber
 a) Religião desempenha um papel político e econômico;
 b) Sociedade é permeada de formas de dominação;
 c) No estado moderno, é a burocracia quem governa.

3
Não, necessariamente, no sentido de realeza (Rei/ Monarquia), mas a tradição pode se dar por um
costume.

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a) Religião desempenha um papel político e econômico: Weber analisa4 a sociedade


pela ótica Protestante entendendo que foi a ética protestante que deu suporte ao capitalismo;
apesar da multicausalidade, o Protestantismo foi a causa principal do surgimento do
capitalismo.
Para Weber, há duas importantes causas5 que fizeram com que o capitalismo se
desenvolvesse nos EUA (e, não, no Brasil, França ou Portugal, por exemplo):
a1) Valorização da acumulação: o Protestantismo do século XVI diferia do Catolicismo.
Este condenava a acumulação (por exemplo, deve-se dividir o pão; doar e compartilhar seus
bens, etc). No Catolicismo condenava-se, inclusive, a usura (juros), em que a pessoa tem um
rendimento final superior ao inicial. Por sua vez, a ética protestante via na acumulação algo
positivo, em virtude da predestinação.
a2) Predestinação: segundo Weber, esta foi determinante para o desenvolvimento da
ética protestante e do capitalismo. A predestinação (na visão do Protestantismo do século
XVIII) significa que, ao nascer, a pessoa já está eleita ou para o sucesso, ou para o fracasso, mas
a pessoa não tem como saber disso. Assim, qualquer incremento ocorrido na vida dessa pessoa
será interpretado como sinônimo de sucesso. Por exemplo, a pessoa acha R$100,00 na rua; foi
promovida no trabalho; passou no concurso de Juiz; tudo é interpretado como sendo uma
eleição ao sucesso.Daí porque o Protestantismo ganha força no capitalismo; quanto mais
acúmulo, maior é o sinal de que a pessoa foi eleita para o sucesso (a lógica é: “foi Deus que
deu”).

b) Sociedade é permeada de formas de dominação6


Na visão de Weber, há 02 tipos de dominação:
b1) dominação legítima;
b2) dominação ilegítima.

A dominação legítima é aquela que usa a violência de forma autorizada pelo Estado. A
violência, aqui, é no sentido amplo, pois decisão judicial, atuação da polícia ou do oficial de
justiça é violência.

4
Weber contrapõe a ética protestante à ética do Catolicismo, nos séculos XVI, XVII e XVIII (não é o
Protestantismo dos séculos XX ou XXI).
5
São as 02 principais, mas não as únicas. Mais tarde, o capitalismo se expande para outras partes do
mundo e não apenas em países protestantes.
6
Tema bastante cobrado em provas de concurso.

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Por seu turno, dominação ilegítima, é aquela que usa violência não autorizada pelo
Estado (ex.: assalto à mão armada é forma de dominação ilegítima).7
Dentro da dominação legitima, Weber cita 03 tipos de dominação:
b1) Dominação legítima
b1.1) Tradicional: o individuo manda porque a tradição diz que ele pode mandar (ex.:
Rainha da Inglaterra).
b1.2) Carismática: o indivíduo manda porque tem carisma (ex.: ex-Presidente Lula)
b1.3) Racional-legal (ou, simplesmente, legal): é a dominação em função da lei; não
precisa de carisma nem de tradição.
c) No estado moderno, é a burocracia quem governa
Por fim, Weber entende que o mundo moderno é um “mundo desencantado”.
Para que as coisas do mundo sejam aceitas pelas pessoas é preciso que haja
demonstração racional. Weber afirma que o “mundo da técnica” ficou muito forte no mundo
contemporâneo, pois, hoje, só são aceitas justificativas racionais. Por exemplo, no Tribunal do
Júri, não será aceita a justificativa de que o réu deve ser absolvido porque matou por estar
“possuído pelo demônio”.
Para Weber, nesse mundo desencantado, quem manda - através da lei - é a burocracia
(no sentido de “agente do Estado”).
Na vida tudo depende da burocracia, por isso Weber afirma que, no mundo moderno,
as pessoas estão “estratificadas”.8
O estudo da pirâmide social tem origem na análise weberiana, ou seja, as faixas da
sociedade são denominadas “estratos”; por isso as pessoas estão estratificadas, em camadas
sociais, nas faixas.
Segundo Weber, a posição que cada pessoa ocupa na sociedade moderna é decorrente
de 03 fatores:
 1. Classe,
 2. Estamento e
 3. Partido.

7
Na aula sobre “Política” o professor abordará a questão do “Poder”, inclusive, na visão de Weber.
8
Nota do monitor: Estratificação (disposição em camadas ou estratos); Estratificação social (processo ou
sistema social em que a população se distribui de maneira mais ou menos rígida, em estratos, classes e castas). –
Fonte: dicionário on line.

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Classe, para Weber, significa dinheiro, bens, patrimônio. Quem tem mais poder
econômico está na posição acima da pirâmide social; quem tem menos, está abaixo (na faixa
abaixo).
Estamento ou ‘status’; quem tem ‘status’ está em uma faixa superior àquele que não o
tem. (Ex.: aristocracia falida do Brasil, que não tem dinheiro – não tem classe - mas ainda tem
algum ‘status’ devido ao sobrenome da realeza). Estamento significa prestígio social; classe,
dinheiro.9
Partido é o meio através do qual o indivíduo tem ascensão política (no Brasil, não é
possível candidatura avulsa, sem partido).

2.1.3. Karl Marx


A questão do indivíduo – fundamental no pensamento de Weber – é inquietante para
Marx.
Karl Marx é tido, pelos historiadores, como uma das três pessoas que mais
influenciaram o mundo, ficando atrás, apenas, de Jesus Cristo e Sócrates.10 Marx teve 150 anos
de influência, inclusive durante todo século XX.
São várias as obras de Marx, com destaque para “O Capital” (06 volumes). Em parte
dessa obra, Marx diz que o ato de compra é também um ato de fetiche (“Fetichismo da
Mercadoria”) e, hoje, tal pensamento é relevante, em especial para o estudo do
“consumismo”.
Outras obras:
 “O Manifesto Comunista” (não é tão densa, mas é sua obra mais famosa);
 “Ideologia Alemã” (análise sobre a ideologia);
 “Questão Judaica” (análise sobre alienação)
2.1.3.1. Pressupostos do pensamento de Marx
 Determinismo econômico (“relações sociais de produção”);
 Infraestrutura e supraestrutura;
 Sociologia ativa, revolucionária, propositiva e política.

9
Outros exemplos: alguns jogadores de futebol, ou ex-BBB, podem ter classe (muito dinheiro), mas não
têm estamento, não tem prestígio.
10
Em primeiro lugar está Jesus Cristo que influenciou o mundo há mais de 2000 anos e em grande
abrangência geográfica; e, em segundo lugar Sócrates, no mundo ocidental, há 2500 anos, mas numa abrangência
menor que Jesus.

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Marx não escreveu expressamente “determinismo econômico”, todavia é consenso


entre os marxistas que Marx teria dito isso. Ou seja, o determinismo econômico é associado ao
pensamento de Marx.
O autor compara a sociedade com uma casa: tem uma infraestrutura (fundação, viga)
que a mantém de pé. Há também a supraestrutura, que são os adornos da casa.
A sociedade é determinada pela infraestrutura. Assim como em uma casa, a
infraestrutura determina a superestrutura.
E, segundo Marx, essa infraestrutura que mantém a sociedade, chama-se “relações
sociais de produção”. O modo como os indivíduos produzem determina como a sociedade
será.
Por exemplo, no feudalismo havia uma produção rural de baixa escala e de subsistência,
baseada em relações não contratuais, mas de fidelidade ao feudo e ao senhor feudal; assim, o
modo como tal produção se deu, determinou a era do feudalismo.
O mesmo ocorreu no capitalismo: relação contratual; dissociação entre o dono dos
meios de produção e o vendedor da força de trabalho; tudo a determinar o modo como seria o
capitalismo.
A infraestrutura (relações sociais de produção) determina a supraestrutura. Esta tem 03
elementos: política, a ideologia e o Direito.
Segundo Marx, o modo como os indivíduos se organizam politicamente é determinado
pelas relações sociais de produção.
A relação social de produção é voltada para favorecer o mais rico, por isso que quem
tem mais dinheiro tem mais chance de se organizar politicamente, tem mais ascensão política.
As relações sociais de produção determinam, ainda, a ideologia, ou seja, o modo de
pensar de uma sociedade. Se há uma sociedade capitalista, é porque os meios de produção
estimulam o capitalismo, o consumismo.
Por fim, as normas jurídicas (o Direito), para Marx, são determinadas pelas relações
sociais de produção. Para ele, o Direito existe para manter os dominantes no domínio; o Direito
é um instrumento para manter a burguesia no poder.11 Por essa razão, o indivíduo é fraco e é
dominado pela política, pela ideologia e pelo Direito.
Toda essa situação produz a “alienação”; significa que o indivíduo (proletariado) não
tem a consciência da real situação da classe em que está.

11
Na obra “O Manifesto Comunista”, Marx afirma que o Estado é um gerenciador dos interesses da
burguesia.

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Marx não acredita no individuo e prega que a revolução somente é possível a partir do
coletivo. Marx afirma que tanto o proletário quanto o burguês são alienados. O proletário
alienado, que tem falsa consciência, reforça a burguesia porque age e/ou pensa como burguês.
Diferentemente de Weber e Durkheim que pregam uma sociologia neutra,12 Marx
pretende despertar o proletariado para uma revolução coletiva.
Para Marx, não há neutralidade. A sociologia tem que ser ativa, revolucionária,
propositiva e política. Não existe conhecimento neutro, pois todo conhecimento é de classe (o
conhecimento é inventado para favorecer os dominantes).13

2.1.3.2. Classe social


Marx faz sociologia discutido o que é classe social. Esta não significa apenas ter
dinheiro, é também o modo como o indivíduo pensa, como ele age. Marx inicia o “Manifesto
Comunista” dizendo que a luta de classes é marca da história.
A sociologia para Marx é intervenção, é briga, disputa e, não, solidariedade. Ele
analisa as classes sociais, o modo como os indivíduos se organizam e diz que a luta de classes
é a marca. Há uma luta constante.
Exemplos: Titanic – Jack não pode ficar com a Rose porque ele é pobre e ela é rica,
uma luta de classes. Feriado de Tiradentes – Tiradentes era o mais pobre dos ricos da
inconfidência e morreu, além disso, na mesma época foi a Conjuração Baiana, mas que não
tem muito destaque porque foi feita por negros. Profissões Clássicas são Direito, Medicina e
Engenharia – mais de 90% dos presidentes brasileiros eram juristas ou militares.
Os indivíduos agem de acordo com a classe social, ainda que inconscientemente. Se
você é de uma determinada classe social, você sempre agirá de acordo com a sua classe
social. A lógica marxista é que a pessoa sempre agirá de acordo com sua classe social. Não
adianta fingir que a pessoa é pobre quando vem de uma classe burguesa; nem o proletário
conseguirá agir como rico, pois ele veio da classe do proletariado.
Para Marx, o que vai definir a relação entre as classes é o modo de produção. No
modo de produção feudal há um tipo, no capitalista há outro, etc. A depender do modo de
produção, tem-se a relação entre as classes e o próprio tipo de classe sendo concebido de
maneira diferente.

12
Esses autores pregam uma sociologia neutra; sociologia que conhece o mundo pelo fato social, pela
ação social.
13
Ex.: hoje há quem entenda que não há interesse em se descobrir a cura para HIV por questões
econômicas que favorecem as grandes indústrias e laboratórios farmacêuticos.

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2.1.3.3. Especificidades
Marx é um autor que propõe o fim da sociedade de classes, que é o comunismo.
Segundo ele, vivemos no capitalismo, que é exploração e desigualdade enormes. A aposta de
Marx é que os trabalhadores vão se organizar, terão as condições objetivas (armas e
planejamento) e subjetivas (ter na mente a ideia de revolução; ter consciência de si e para si)
e vão promover a revolução. O individuo deve ter a consciência de quem ele é; de qual classe
pertence (consciência de si) e, o que vai fazer para mudar a situação (consciência para si).
Ainda, segundo o autor, a revolução não pode ser nacional e sim internacional porque a
burguesia é internacional.
Ao promover a revolução (pegar em armas) o proletariado vai instituir o socialismo. O
socialismo é a ditadura do proletariado – é uma ditadura. Não é democracia. E tem que ser
uma ditadura porque, ao tomar o poder, o proletário deverá começar a revolução social, a
promover a igualdade material das pessoas e, por isso, começa a expropriar os bens do
burguês, tirar-lhe as terras, etc. Então, o socialismo, ao expropriar de maneira autoritária,
instaura uma ditadura do proletariado. Quando chegar o momento, o socialismo transformou
as pessoas em iguais e, por isso, extingue-se o Estado, a propriedade e a família e se cria o
comunismo, que é uma vida sem Estado. No comunismo, os indivíduos se organizam em
comunas e vão fazer sua gestão sem ter Estado, polícia, Judiciário, etc. Não temos nenhuma
experiência comunista como Marx estabeleceu: ou é capitalista ou socialista. Ex.: Cuba, URSS,
Venezuela, Iugoslávia, etc.
No “Manifesto Comunista”, Marx diz que a burguesia vai fazer os seus próprios
coveiros porque a condição para a burguesia para se expandir é que o proletário aumente –
quanto mais indústria, mais proletário. Assim, como a burguesia cresce em progressão
aritmética e o proletário em progressão geométrica, a burguesia está criando um exército
conta ela. Marx não contava com a capacidade do capitalismo se reinventar. Na época de Marx
trabalhava-se com uma ideia de mais valia absoluta: o máximo de proletários com o máximo
de trabalho. Mas, existe outra forma de explorar, que é a mais valia relativa: reduz-se o
proletário e aumenta-se a produtividade. Ex.: pode-se produzir 100 sapatos por dia
“descascando” o proletário ou, pode-se introduzir uma linha de montagem (fordismo, de Ford)
na qual o proletário fica fixo e o produto passa por ele. Assim, quem dita o ritmo de produção é
o dono da máquina e, ao fazer o trabalhador ficar fixo olhando na esteira, evitam-se conversas
e articulações. Trabalhando menos, pode-se expandir as indústrias sem tanto proletário e a
complexidade do trabalho é menor.
Para Marx, a escola serve para perpetuar comportamento dominante, de agir de
acordo com a ordem. O indivíduo não consegue produzir uma mudança na sociedade, pois o
que é forte é a sociedade como um todo, não o indivíduo.

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3. Controle Social e Direito


Quando se fala em controle social, trata-se do controle de quem sobre quem? É o
controle da sociedade sobre o Estado ou o inverso?
A maneira clássica é o controle social como repressão do Estado sobre a sociedade. É
uma perspectiva de que a sociedade é controlada pelo Estado – e quem trabalha com essa
lógica é Michael Foucault (“Vigiar e Punir”); George Orwell, dentre outros.
Além dessa, temos o controle social como participação social. É uma perspectiva mais
contemporânea e seria espécie de controle da sociedade sobre o Estado. No Brasil tem
ganhado um relevo interessante, com todos os mecanismos de transparência para facilitar o
controle. Outros exemplos são os Conselhos de Saúde, Conselho Tutelar, Audiência Pública,
orçamento participativo, etc.

4. Transformação social e Direito


O que muda mais rápido, o Direito ou a sociedade? A sociedade.
Como o Direito muda? Hoje sabemos que o Direito muda a Sociedade e vice-versa, mas
o eixo de que “a sociedade muda o Direito” é mais forte. Um exemplo no qual o Estado que
mudou a Sociedade é a lei do cinto de segurança nos carros, mas é um caso menos frequente.
Existem diversas perspectivas de como o Direito e Sociedade podem mudar entre si:
a) Direito alternativo – é uma corrente muito comum no Sul do Brasil.
Paralelamente a um direito oficial há um direito alternativo. Isso é no
sentido que podemos pensar alternativamente o direito para além das
categorias jurídicas de doutrina e jurisprudência. Ex.: em um divórcio, sob a
ótica do direito alternativo, podemos ver a questão de pobres querendo se
divorciar, mas não querem se mudar porque não tem outro lugar para ir e
estão preocupados com a guarda do filho porque recebem bolsa família.
Em resumo, é um modo diferente de ver o mesmo problema jurídico.
b) Pluralismo jurídico – ao lado do direito oficial há o direito não oficial. É o que
diz, por exemplo, o Boaventura de Souza Santos, quem diz que ocorre uma
situação de pluralismo jurídico quando no mesmo espaço socioeconômico
tem-se duas ou mais ordens jurídicas vigentes. Ex.: Favelas.
c) Direito Vivo – é de Eugen Ehrlich, segundo quem o direito deve ser extraído
das práticas sociais, de como as pessoas vivenciam esse direito.
d) Direito Achado na Rua – é uma visão mais contemporânea do direito vivo.
Essa ideia surge na UnB.

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As instituições podem transformar os indivíduos, ao mesmo tempo em que os


indivíduos também podem transformar as instituições. É uma relação de mão dupla e isso
ganha especial relevo com a democracia representativa e democracia participativa nas quais
os indivíduos podem influenciar bastante a produção jurídica e de uma maneira que nem
imaginavam.

5. Direito e Comunicação
Não é assunto clássico de sociologia, mas acabou ganhando destaque nos editais por
conta da integração entre as instituições jurídicas e a sociedade. Como as instituições jurídicas
devem trabalhar a sua imagem na sociedade? Como elas podem ser permeadas pela sociedade
e influenciadas pela sociedade?
5.1. Comunicação Social e Opinião Pública
Todo comportamento comunicativo objetiva uma reação por parte do interlocutor – é
uma ideia Weberiana. Quando se comunica, busca-se uma reação; a comunicação não
pressupõe somente o emissor, consistindo-se numa relação complexa que envolve uma série
de elementos para ser considerada eficaz, inclusive a comunicação corporal.
5.2. Elementos da Comunicação

São quatro elementos:


a) Emissor: que emite a mensagem;
b) Objetivo: que é o que se quer transmitir;
c) Canal: que é o meio mais adequado para se transmitir a mensagem;
d) Interlocutor: quem recebe a mensagem.
A mensagem é uma operação complexa. O brasileiro pensa mal sobre qual é o meio
mais adequado para emitir a mensagem. Ex.: arrolar testemunha na inicial é canal
complicado, pois a outra parte terá mais tempo para contraditar a testemunha.
Elementos que podem auxiliar e potencializar o sucesso na comunicação são:
 linguagem adequada, especialmente no Direito (simplificação da linguagem
jurídica);
 atitude consigo próprio e com o interlocutor, pois é importante ter atitude de
respeito com o interlocutor;
 nível de conhecimento sobre o assunto, pois para se comunicar é importante
saber um pouco sobre o que se fala;
 feedback do interlocutor, de forma que ele saiba o que se está falando;
 percepção do contexto, do momento adequado, da predisposição do
interlocutor porque às vezes há uma boa ideia, mas em uma situação na qual
o interlocutor não está disposto a escutar.
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5.3. Opinião Pública


Opinião pública é uma construção social. Na verdade, ela se dá a partir da interação dos
indivíduos em sociedade. Ela é um pouco difusa, mas tende a ser um consenso de uma parcela
da sociedade sobre determinado assunto.
Atualmente, há uma preocupação sobre qual é a opinião pública a respeito do
Judiciário. Ex.: Operação Lava-Jato.
A opinião tem sua origem nos grupos, mas só assim não caracterizaremos a opinião
pública, porque esses grupos transformam-se em públicos quando se organizam em torno de
controvérsias e discutem, informam-se, refletem, criticam e procuram uma atitude comum. A
opinião pública é aquilo que é construído coletivamente como consenso de um determinado
grupo sobre assunto especialmente controverso. Ex.: uma parcela da sociedade quer a pena de
morte e o aumento da maioridade penal.

5.3.1 Características
A opinião pública está ligada a um fenômeno social, político, econômico, etc.; não é
uma mera soma de opiniões, pois há algo que dá liga a ela, que é o consenso. Ademais, ela é
influenciada pelos veículos de comunicação de massa há muito tempo. Ex.: o principal Ministro
de Hitler era da comunicação, por exemplo. Hoje há os mecanismos tradicionais (jornal, rádio e
televisão) e cada vez mais veículos on line.
A opinião pública não deve ser confundida com a vontade popular porque esta é o que
a população quer, enquanto que a opinião pública é o que a população acha.
A opinião pública sempre tem um dinamismo, fazendo com que ela possa ser alterada
com o tempo.
5.4. Comunicação Institucional
Como as instituições jurídicas se comunicam com a sociedade, mas não só. Através da
comunicação institucional se averigua como as instituições têm trabalhado a sua imagem
perante a sociedade e essa é a grande missão: a construção de uma imagem e identidades
fortes e positivas. É como se constrói a imagem.
Em geral, é para conquistar simpatia, credibilidade, confiança e, no final de contas, a
ideia é de uma influencia político-social. Em cada Tribunal, os setores de comunicação social
têm sido fortes. O conceito de comunicação institucional é muito amplo.
A comunicação institucional pode se desdobrar em diversas coisas: relações públicas,
jornalismo empresarial, Assessoria de Imprensa, da Publicidade/Propaganda institucional, a
imagem e identidade corporativa, e a Editoração Multimídia.

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ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e
na jurisprudência dos Tribunais.

Podemos dizer que a comunicação institucional é um processo entre indivíduos,


departamentos, unidades e organizações para reforçar a imagem perante a sociedade e seus
membros internos. Ex.: medidas contra a corrupção do MPF; os mutirões de DPVAT, da
Conciliação, etc.
A comunicação com a sociedade é determinante na formação da opinião pública.
Mas, pode ter o inverso no sentido da mídia externa e a própria sociedade influenciar o
comportamento e concepções do Estado, inclusive dos juízes. Isso não quer dizer que a
influencia seja, necessariamente, negativa. O fato é que a comunicação com a sociedade é
determinante para a formação da opinião pública sobre a Justiça. De alguma medida, a
sociedade e judiciário exercem dupla influencia.
O principal ator que utiliza comunicação institucional é o Estado. Ela também pode
ser usada por empresas, mas por ser cara, o Estado que utiliza de maneira mais acentuada,
porque envolve muitas etapas.
A comunicação institucional deve obedecer alguns princípios, como qualquer
atividade do Estado. Ex.: art. 37 da CRFB/88; HD (direito à informação); moralidade.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Deve haver publicidade, transparência, acessibilidade e integridade das informações


referentes à gestão da coisa pública. O direito à informação é um direito de todos e é
amparado é por habeas data se for desrespeitado.
O CNJ não é negligente ao assunto, tendo as Resoluções 85, 79 e 102. O CNMP também
tem uma Resolução. Ou seja, observa-se uma maior normatização da comunicação
institucional.

6. Resoluções do CNJ
6.1. Resolução 85 do CNJ
Resolução 85, de 08 de setembro de 2009, do Conselho Nacional de Justiça – dispõe
sobre a Comunicação Social no âmbito do Poder Judiciário; é maneira de comunicação
institucional. Segundo ela, a linguagem deve ser clara e acessível, pois ela também deve ter
finalidade pedagógica para as pessoas entenderem o mundo do direito.
A informação deve ser disponibilizada com transparência e direta. Deve ter informações
sobre o papel, as ações e as iniciativas do Poder Judiciário – de modo algum deve um

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magistrado ter intenção de autopromoção – hoje essa iniciativa é mais utilizada para divulgar
os mutirões. Os atos judiciais e administrativos, comunicação institucional como notícias, são
relevantes. Os dados orçamentários e de desempenho operacional devem ser publicados.
Observa-se uma pluralidade de elementos que podem ser utilizados na comunicação
institucional.
Alguns objetivos da comunicação que podem ser aplicados também ao MPF, com
adaptações:
a) Dar amplo conhecimento à sociedade das políticas públicas e programas
desenvolvidos pelo Poder Judiciário;
b) Divulgar, em linguagem acessível e clara, os direitos e serviços colocados à
disposição dos cidadãos;
c) Disseminar informações corretas sobre assuntos que sejam do interesse público
e envolvam ações do Poder Judiciário;
d) Promover o Poder Judiciário junto à Sociedade de modo a conscientizá-la sobre a
missão exercida pela Magistratura, conscientizando os cidadãos a respeito da
importância da Justiça como instrumento de garantia de seus direitos e paz
social.
Nenhuma ação contra esses objetivos pode ser realizada. Os objetivos são muito
programáticos, mas são também freios contra medidas que vão de encontro a eles.
Essa Resolução tem algumas diretrizes. Devem-se respeitar algumas coisas quando se
faz a comunicação:
a) Afirmar princípios constitucionais;
b) Valorização da diversidade étnica, cultural e o respeito à igualdade;
c) Ênfase no caráter educativo, informativo e de orientação social.

Fica vedado o uso dos meios de comunicação social para a promoção pessoal de
magistrados e servidores, em ações desvinculadas das atividades inerentes ao exercício de suas
funções. Deve-se tomar muito cuidado para esses veículos não divulguem algo que não seja
inerente ou que esteja desvinculado das atividades.
6.2. Resolução 79 do CNJ
Resolução 79 de 09 de junho de 2009, do Conselho Nacional de Justiça – dispõe sobre a
transparência na divulgação das atividades do Poder Judiciário Brasileiro. Essa resolução tem
uma importância grande porque deu um grande murmurinho por estabelecer a importância de
se divulgar os rendimentos dos servidores, magistrados ou qualquer pessoa vinculada ao
judiciário.

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Essa resolução (79/09) do CNJ estabelece livre acessibilidade a qualquer pessoa, a


integralidade, exatidão e integridade das informações relativas à gestão administrativa,
financeira e orçamentária dos tribunais e conselhos. O cidadão pode ter livre acesso às
informações, o que é muito importante e alguns Tribunais já criaram os seus Portais da
Transparência e também há “Justiça em Números”, que condensa essas informações e
compara.
Os sites dos Tribunais devem dispor de campo de informações denominado
transparência, no qual devem ser encontrados os dados referentes à programação e execução
orçamentária. Isso veio depois também com a Lei de Acesso à Informação que estabelece que
todas as instituições públicas devem ter – não só o portal da tranparencia deve colocar
licitações, pregões, cartas convites, quem foi contratado, etc., como também deve colocar
previsão orçamentária.
A Resolução 79 ainda determina que todos os tribunais deverão manter um serviço de
atendimento aos usuários da Justiça para receber sugestões, críticas, reclamações acerca de
suas atividades administrativas e jurisdicionais, preferencialmente por meio de ouvidorias.
Pode ser um SAC, ouvidoria ou, o que a maioria dos tribunais fez, foi montar dentro da
Corregedoria um grupo com funções de ouvidoria – até porque se a reclamação estiver
atrelada ao descumprimento de um dever institucional seria mais rápido averiguar e tomar as
medidas necessárias.

6.3. Resolução 102 do CNJ


Resolução 102 de 15 de dezembro de 2009 do Conselho Nacional de Justiça – dispõe
sobre a publicidade de informações orçamentárias e financeiras.
As Resoluções são muito próximas, todas de 2009. E isso mostra que essa preocupação
de transparência institucional já está no Judiciário há bastante tempo. Essa Resolução
aprofunda o que estava previsto nas outras. Ela estabelece, por exemplo, o que deve ser
divulgado. Não só os dados financeiros devem ser divulgados, mas também a estrutura
remuneratória. Além disso, deve-se divulgar a produtividade dos magistrados, mas isso não
tem sido feito no site dos tribunais e sim dentro dos relatórios prestados ao CNJ e este tem
divulgado. Deve-se divulger, também, quais foram as empresas contratadas.

7. Novas Mídias
Hoje a comunicação institucional não se dá só por radiodifusão, TV e mídia impressa.
Hoje se tem novas mídias, outros meios para desenvolver, divulgar, fazer a comunicação
institucional. Hoje o Judiciário usa bastante o Facebook, o Linkedin, Twitter, etc. – já introduziu
na doutrina os meios virtuais. Tanto o é que há um manual de redes sociais.

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7.1. Manual de Redes Sociais do CNJ


Ele é principalmente para Facebook e Twitter, mas obviamente, pode ser aplicado a
outras redes sociais. A primeira regra é não postar nada que não tenha sido revisado, deve ter
o Double-check; a segunda é só usar logomarcas autorizadas e de imagens livres, que é a
creative common, que é aquela que deixa para o mundo aquilo que se produziu; o conteúdo
veiculado deve ser de interesse público; fazer um Termo de Uso com as regras, até porque
algumas pessoas podem fazer comentários agressivos/racistas e esses termos servem para
orientar a atuação.
Segundo esse manual deve-se estimular o engajamento das pessoas para que elas
dialoguem, aprendam, etc. É importante também ter um volume de informações grande
porque a rede social deve ter fluxo de informações e uma regularidade; o manual ainda se
refere aos melhores horários e sugere o agendamento de postagem.
Os resultados que se pretende com essa comunicação, segundo o manual, é
democratizar ainda mais o Judiciário, fazendo com que ele se torne um poder ainda mais
acessível para as pessoas e de uma maneira diferente. Com isso, permitir que as pessoas
tenham acesso à informação e saibam mais dos seus direitos e qualificar mais a litigiosidade
formal e correicional. É fazer com que a litigiosidade tenha cidadãos com mais noção dos
limites dos seus direitos e que sejam mais responsáveis ao denunciar magistrados, servidores,
etc., para utilizar com mais parcimônia os mecanismos judiciais.

8. Mecanismos de Resolução de Conflitos


A sociologia, quando se debruça sobre eles, quer entender como funcionam.
8.1. Judicial
É o primeiro mecanismo. Hoje vivemos o que se chama de judicialização da política e
das relações sociais. O mundo inteiro da política está judicializado, por exemplo, partido que
não consegue vetar lei propõe ADIN e, recentemente, o processo de impeachement. Há
também a judicialização das relações sociais, pois tudo pode ser submetido ao Judiciário
(art.5º, inciso XXXV da CRFB/88) por conta do princípio da inafastabilidade da jurisdição.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito (...)

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Tudo pode ser submetido ao Judiciário. Mas, na história, a força do Judiciário é muito
recente e, no Brasil, isso ocorre por uma série de fatores, como controle de
constitucionalidade, a questão do indivíduo ser superdotado de direitos, a autocompreensão
do Judiciário de que ele é legítimo para resolver questões de políticas públicas, a arquitetura
constitucional que busca aprofundar o acesso à justiça, mecanismos de microlitigação, etc. O
Judiciário se torna um grande poder e, na sociologia, a sociologia do Poder Judiciário e também
tem a sociologia das instituições jurídicas (MP, defensoria, etc.).
O importante a se destacar é que o Judiciário passa a ser algo importante de ser
pensado dentro da sociologia do Direito e, por isso, devemos saber as características.
É um modelo adversarial, no qual as partes são adversárias. É uma decisão polarizada,
tendo o juiz declarar quem vence e quem perde – no máximo declarar uma sucumbência
recíproca, mas deve ter sempre um vencedor e um perdedor. As relações do processo devem
ser sempre binárias. Por fim, é uma decisão institucionalizada com a aplicação de arcabouço
jurídico-positivo, devendo estar a decisão amparada no arcabouço jurídico atual, o que faz que
esse tipo de decisão seja caracterizado por uma perspectiva particular de atuação do judiciário
e de norma jurídica.
8.1.1. Novas Configurações

O CNJ estimula novas formas de resolução de conflito, em que pese cada vez mais
regular o método judicial. Hoje, todavia, temos a Conciliação e Mediação como instrumentos
importantes. Temos também a Juridicização da política e das relações sociais.
8.2. Métodos Alternativos
Em paralelo aos mecanismos judiciais temos os métodos alternativos. Faz-se uma crítica
a essa nomenclatura porque eles não são alternativos, são extrajudiciais e, segundo, que
alternativo passa a ideia de que ele é pejorativo e secundário e, em terceiro, são métodos
ainda mais antigos que o Judiciário.
8.2.1. Arbitragem, Mediação e Conciliação

Os principais são arbitragem e mediação, que não são iguais. A arbitragem é decisão,
é modelo judicial extrajudicial, é a lógica do modelo adversárial, com adversários em
situações opostas binárias que são resolvidas em um laudo arbitral. Ou seja, é tão decisória
quanto o modelo judicial. A mediação é um mecanismo extrajudicial, em que pese ter sido
incorporada dentro do judiciário no Brasil.
a) Arbitragem: As partes outorgam a uma pessoa ou um grupo de pessoas a tarefa de
pacificar um litígio. A arbitragem não é livre de regulamentação no Brasil, mas as pessoas são
escolhidas pelas partes com base na confiança e saber. As decisões de arbitragem têm força de
sentença.
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Os benefícios da arbitragem tentam ser garantidos e consagrados na Lei 9.307/96. Há a


celeridade, confidencialidade, conhecimento técnico da matéria objeto do litígio pelo árbitro,
informalidade do procedimento e o custo, que é inferior ao do processo judicial. A questão hoje
é cultural, como fazer as pessoas usarem esses mecanismos.
b) Mediação: É a grande aposta para 2016. Um terceiro imparcial ajuda as partes a
encontrar uma solução aceitável para ambas. Em alguns livros de Processo Civil há distinção
entre mediação e conciliação, mas devemos dizer que sempre há uma proposta – é uma
distinção doutrinária que não tem muita praticidade.
O mediador não julga, não sendo modelo adversarial, mas sim voltado à busca de
consenso, estimulando as partes a chegar a um acordo.
Os benefícios são: celeridade, confidencialidade, pedagógico (as pessoas aprendem a
não depender do Estado); há maior probabilidade de manter a relação entre as pessoas pois
há um consensualismo muito grande.
c) Conciliação: É doutrinariamente distinta da mediação, mas, na prática, ambas
funcionam do mesmo jeito. Ela, em tese, é uma fase processual – é um momento prévio da
decisão polarizada, para evitar. É interessante destacar que a conciliação é uma política
nacional do Judiciário brasileiro.

9. Resolução de Questões
9.1. A ciência que apresenta ao Poder Judiciário ferramentas como método de controle
e planejamento, gestão de pessoas e de conhecimento e valorização dos recursos humanos
denomina-se:
a) Economia judiciária.
b) Axiologia judiciária.
c) Contadoria judicial
d) Administração judiciária.
e) Epistemologia jurídica.
Gabarito: D

9.2. “O Estado moderno é um agrupamento de dominação que apresenta caráter


institucional e procurou (com êxito) monopolizar, nos limites de um território, a violência física
legítima como instrumento de domínio e que, tendo esse objetivo, reuniu nas mãos dos
dirigentes os meios materiais de gestão. Equivale isso a dizer que o Estado moderno
expropriou todos os funcionários que, segundo o princípio dos “Estados” dispunham outrora,

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por direito próprio, de meios de gestão, substituindo-se a tais funcionários, inclusive no topo
da hierarquia”.
No trecho acima, extraído do ensaio “A Política como Nação”, Max Weber refere-se
ao Estado moderno, resultante de seu desenvolvimento racional. Para o autor, este Estado
é caracterizado como um estado:
a) Burocrático.
b) Autoritário.
c) Autocrático.
d) Democrático.
e) Nação.
Gabarito: A

9.3. “A intelectualização e a racionalização crescentes não equivalem, portanto, a um


conhecimento geral e crescente acerca das condições em que vivemos. Significam, antes, que
sabemos ou acreditamos que, a qualquer instante, poderíamos, bastando que o quiséssemos,
provar que não existe, em princípio, nenhum poder misterioso e imprevisível que interfira com
o curso de nossa vida: em uma palavra, que podemos dominar tudo, por meio da previsão.
Equivale isso a despojar de magia o mundo. Para nós não mais se trata, como para o selvagem
que acredita na existência daqueles poderes, de apelar a meios mágicos para dominar os
espíritos ou exorcizá-los, mas de recorrer à técnica e à previsão. Tal é a significação essencial
da intelectualização”.
No trecho citado acima, retirado do ensaio “A Ciência como vocação”, Max Weber
caracteriza aquilo que entende ser um processo “realizado ao longo dos milênios da
civilização ocidental”, do qual a ciência participa como “elemento e motor”, Weber denomina
esse processo:
a) Tecnocracia
b) Descrença
c) Democratização
d) Sistematização
e) Desencantamento
Gabarito: E

9.4. No ensaio “A Política como vocação”, Max Weber realiza uma caracterização de
três tipos de dominação legítima, a saber:
− A dominação que repousa sobre a “autoridade do ‘passado eterno’, isto é, dos

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costumes santificados pela validez imemorial e pelo hábito, enraizado nos homens, de
respeitá-los”.
− A dominação que se funda em “dons pessoais e extraordinários de um indivíduo”,
na “devoção e confiança estritamente pessoais depositadas em alguém que se singulariza
por qualidades prodigiosas, por heroísmo ou por outras qualidades exemplares que dele
fazem o chefe”.
− A dominação que se impõe “em razão da crença na validez de um estatuto legal e
de uma ‘competência’ positiva, fundada em regras racionalmente estabelecidas”.
Estes modos de dominação correspondem, respectivamente, ao que Weber entende
por dominação:
a) carismática, tradicional e legal.
b) tradicional, carismática e legal.
c) carismática, legal e tradicional.
d) tradicional, legal e carismática.
e) legal, tradicional e carismática.
Gabarito: B

9.5. Na perspectiva da sociologia jurídica,


a) O direito é um aprimoramento do caráter humano.
b) O direito é uma função da sociedade.
c) O direito é proveniente de uma autoridade bem formada (Deus, Natureza ou
Razão humana)
d) Deus e a Natureza são objetos do estudo, porque o são de todas as áreas
relacionadas ao direito.
e) A lei escrita é o objeto de estudo. (Obs.: segundo o professor, esta alternativa
estaria correta, mas não tanto do ponto de vista sociológico, pois a lei escrita
caracteriza o positivismo e não é unicamente objeto de estudo da sociologia; a
lei é mais estudada pelo Direito).
Gabarito: B

9.6. Os objetos de estudo da sociologia jurídica incluem:

a) Os mesmos objetos de estudo do direito, as circunstancias jurídicas.


b) A consolidação da legislação, da jurisprudência e da dogmática jurídica.
c) As formas com que o direito opera socialmente e a explicação sociológica do
direito.

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d) A designação dos valores e ideologias não explicitados e que estão contidos na


legislação, na jurisprudência e na dogmática jurídica.
Gabarito: C

9.7. Nascida como uma espécie de física social, a sociologia desenvolveria seus cânones
e modelos por meio de um processo de adaptação metodológica mecânica ao mundo das
ciências exatas. FALSO: a sociologia é estudada pela própria sociologia.

9.8. Marx critica [TEM] o entendimento dos liberais de que as desigualdades sociais
eram construídas pelas relações de produção, o que mantinha preservados os direitos de
igualdade, liberdade e justiça naturais, que eram os pilares do liberalismo. FALSA

9.9. Os temas da estratificação, da mobilidade e das desigualdades sociais são


recorrentes na tradição sociológica, embora também sejam encontrados em quase todas as
ciências sociais e humanas. CORRETA. [É uma questão própria da sociologia, mas outras áreas
também discutem desigualdades].

Facebook: Felipe Asensi


Site: www.felipeasensi.com.br

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