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Corpo de Bombeiros
SUMÁRIO
1 Objetivo
2 Aplicação
3 Referências normativas e bibliográficas
4 Definições
5 Embasamento na área de prevenção
6 Cronologia dos principais incêndios em edificações e áreas
de risco.
7 Resumo histórico da evolução da prevenção no Corpo de
Bombeiros
8 Conceitos gerais de segurança contra incêndio
9 Medidas de segurança contra incêndio
10 Observações gerais
1 OBJETIVO ASTM E 662 - Standard test method for specific optical density
of smoke generated by solid materials.
Orientar e familiarizar os profissionais da área, permitindo um
entendimento amplo sobre a proteção contra incêndio descrito NFPA. Manual de Protecion contra Incêndio. 4. Ed. Espanha,
no Regulamento de Segurança contra Incêndio das edificações Mapfre, 1993.
e áreas de risco do Estado de São Paulo em vigor.
4 DEFINIÇÕES
2 APLICAÇÃO A prevenção contra incêndio é um dos tópicos abordados mais
Esta Instrução Técnica (IT) aplica-se a todos os projetos importantes na avaliação e planejamento da proteção de uma
técnicos e nas execuções das medidas de segurança con- coletividade. O termo “prevenção de incêndio” expressa tanto a
tra incêndio, sendo de cunho informativo aos profissionais educação pública como a correta instalação de medidas de pro-
da área. teção contra incêndio em um edifício.
b. dificultar a propagação do incêndio, reduzindo danos ao “Artigo 3º- Os municípios se obrigarão a autorizar o órgão com-
meio ambiente e ao patrimônio; petente do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar, a pronunciar-
se nos processos referentes à aprovação de projetos e à con-
c. proporcionar meios de controle e extinção do incêndio; cessão de alvarás para construção, reforma ou conservação de
d. dar condições de acesso para as operações do Corpo de imóveis, os quais, à exceção dos que se destinarem às resi-
Bombeiros; dências unifamiliares, somente serão aprovados ou expedidos
e. proporcionar a continuidade dos serviços nas edificações se verificada, pelo órgão, a fiel observância das normas técni-
e áreas de risco. cas de prevenção e segurança contra incêndios.
Esses objetivos são alcançados pelo: Parágrafo único - A autorização de que trata este artigo é ex-
tensiva à vistoria para concessão de alvará de “habite-se” e de
controle da natureza e da quantidade dos materiais com-
funcionamento.
bustíveis constituintes e contidos no edifício;
5.4 Código Estadual de Proteção Contra Incêndios e Emer-
gências do Estado de São Paulo
6.5 Incêndio na boate Kiss em Santa Maria/RS Incêndio no Memorial da América Latina
Ocorrido em Santa Maria no Rio Grande do Sul – 27 de janeiro
de 2013 – O incêndio na boate Kiss deixou 242 mortos e 680 6.8 Incêndio no Museu da Língua Portuguesa
feridos. O fogo começou com a utilização indevida de fogos de Ocorrido em 21 de dezembro de 2015 em São Paulo – SP, no
artifício durante a apresentação de uma banda, porém, uma sé- bairro Luz e resultou na morte de um bombeiro civil.
rie de fatores adversos contribuiu para a dimensão da tragédia.
Incêndio no Museu da Língua Portuguesa
combustível; O calor, por sua vez, pode ter como fonte a energia elétrica, o
cigarro aceso, os queimadores a gás, a fricção ou mesmo a
comburente (oxigênio); concentração da luz solar através de uma lente.
calor; O fogo se manifesta diferentemente em função da composição
reação em cadeia química do material, mas, por outro lado, um mesmo material
pode queimar de modo diferente em função da sua superfície
específica, das condições de exposição ao calor, da oxigena-
ção e da umidade contida.
A maioria dos sólidos combustíveis possui um mecanismo se- A duração do fogo é limitada pela quantidade de ar e do mate-
quencial para sua ignição. O sólido precisa ser aquecido, rial combustível no local. O volume de ar existente numa sala
quando então desenvolve vapores combustíveis que se mistu- de 30 m² irá queimar 7,5 Kg de madeira, portanto, o ar neces-
ram com o oxigênio, formando a mistura inflamável (explosiva), sário para a alimentação do fogo dependerá das aberturas exis-
a qual, na presença de uma pequena chama (mesmo fagulha tentes na sala.
ou centelha) ou em contato com uma superfície aquecida acima Vários pesquisadores (Kawagoe, Sekine, Lie) estudaram o fe-
de 500ºC, igniza-se, aparecendo, então, a chama na superfície nômeno, e a equação apresentada por Lie é:
do sólido, que fornece mais calor, aquecendo mais materiais e
V’ = a x H’ x B x Vm
assim sucessivamente
Onde:
Alguns sólidos pirofóricos (sódio, fósforo, magnésio etc.) não
se comportam conforme o mecanismo acima descrito. V’ = vazão do ar introduzido;
Os líquidos inflamáveis e combustíveis possuem mecanismos a = coeficiente de descarga;
semelhantes, ou seja, o líquido ao ser aquecido vaporiza-se e H’= altura da seção do vão de ventilação abaixo do plano
o vapor se mistura com o oxigênio formando a “mistura inflamá- neutro;
vel” (explosiva), que na presença de uma pequena chama B = largura do vão;
(mesmo fagulha ou centelha), ou em contato com superfícies
aquecidas acima de 500ºC, ignizam-se e aparece então a Vm = velocidade média do ar;
chama na superfície do líquido, que aumenta a vaporização e Considerando L o volume de ar necessário para a queima com-
a chama. A quantidade de chama fica limitada à capacidade de pleta de madeira, a taxa máxima de combustão será dada por
vaporização do líquido. V’/L, isto é:
Os líquidos são classificados pelo seu ponto de fulgor, ou seja, V’ aH’ x B X V’ x m
R= x
pela menor temperatura na qual liberam uma quantidade de va- L L
por que ao contato com uma chama produzem um lampejo Da taxa de combustão ou queima, segundo os pesquisadores,
(uma queima instantânea). pode-se definir a seguinte expressão representando a quanti-
Existe, entretanto, outra classe de líquidos, denominados instá- dade de peso de madeira equivalente, consumida na unidade
veis ou reativos, cuja característica é de se polimerizar, decom- de tempo:
por, condensar violentamente ou, ainda, de se tornar autorrea- R = C x Av x √H
tivo sob condições de choque, pressão ou temperatura, po-
dendo desenvolver grande quantidade de calor. Onde:
A mistura inflamável (vapor/ar – gás/ar) possui uma faixa ideal R = taxa de queima (kg/min);
de concentração para se tornar inflamável ou explosiva, e os C = Constante = 5,5 kg/min m5/2;
limites dessa faixa são denominados limite inferior de inflama-
bilidade e limite superior de inflamabilidade, expressos em por- Av = HB = área da seção de ventilação (m2);
centagem ou volume. Estando a mistura fora desses limites não H = altura da seção (m);
ocorrerá a ignição.
Av x √H = grau de ventilação (Kawagoe) (m5/2);
Os materiais sólidos não queimam por mecanismos tão preci-
Quando houver mais de uma abertura de ventilação, deve- se
sos e característicos como os dos líquidos e gases.
utilizar um fator global igual a:
Nos materiais sólidos, a área específica é um fator importante
para determinar sua razão de queima, ou seja, a quantidade do ∑ Ai x √H
material queimado na unidade de tempo, que está associado à
A razão de queima em função da abertura fica, portanto:
quantidade de calor gerado e, portanto, à elevação da tempe-
ratura do ambiente. Um material sólido com igual massa e com R = 5,5 Av √H, para a queima (kg/min);
área específica diferente, por exemplo, de 1 m² e 10 m², queima R = 330 Av √H, para a queima: (kg/h);
em tempos inversamente proporcionais; porém, libera a mesma
quantidade de calor. No entanto, a temperatura atingida no se- Essa equação diz que o formato da seção tem grande in-
gundo caso será bem maior. fluência. Por exemplo, para uma abertura de 1,6 m² (2 m x 0,8
m), teremos:
Por outro lado, não se pode afirmar que isso é sempre verdade.
No caso da madeira, se observa que, quando apresentada em Sendo:
forma de serragem, ou seja, com áreas específicas grandes, 2 m a largura R1 = 7,9 kg/min;
não se queima com grande rapidez. 2 m a altura R2 = 12,4 kg/min.
Comparativamente, a madeira em forma de pó pode formar Por outro lado, se numa área de piso de 10 m² existir 500kg de
uma mistura explosiva com o ar, comportando-se, desta ma- material combustível expresso o equivalente em madeira, ou
neira, como um gás que possui velocidade de queima muito seja, se a carga de incêndio específica for de 50 kg/m e a razão
grande. de queima devido à abertura para ventilação tiver o valor de R1
No mecanismo de queima dos materiais sólidos temos a oxige- e R2 acima calculado, então a duração da queima será respec-
nação como outro fator de grande importância. tivamente de 40 min e 63 min.
Quando a concentração em volume de oxigênio no ambiente O cálculo acima tem a finalidade de apresentar o princípio para
cai para valores abaixo de 14%, a maioria dos materiais com- determinação da duração do incêndio real; não busca determi-
bustíveis existentes no local não mantém a chama na sua su- nar o Tempo Requerido de Resistência ao Fogo (TRRF) das
perfície. estruturas.
Este cálculo é válido somente para uma abertura enquanto as tura do recinto e o desenvolvimento de fumaça e gases infla-
outras permanecem fechadas (portas ou janelas), caso contrá- máveis.
rio, deve-se redimensionar a duração do incêndio para uma Nesta fase, pode haver comprometimento da estabilidade da
nova ventilação existente. edificação devido à elevação da temperatura nos elementos es-
truturais.
8.1.2 Evolução de um incêndio
Com a evolução do incêndio e a oxigenação do ambiente, atra-
A evolução do incêndio em um local pode ser representada vés de portas e janelas, o incêndio ganhará ímpeto; os materi-
por um ciclo com 3 fases características: ais passarão a ser aquecidos por convecção e radiação, acar-
fase inicial de elevação progressiva da temperatura (igni- retando um momento denominado de “infla- mação generali-
ção); zada – flash over”, que se caracteriza pelo envolvimento total
do ambiente pelo fogo e pela emissão de gases inflamáveis
fase de aquecimento;
através de portas e janelas, que se queimam no exterior do edi-
fase de resfriamento e extinção. fício. Nesse momento torna-se impossível à sobrevivência no
interior do ambiente.
O tempo gasto para o incêndio alcançar o ponto de infla- mação
generalizada é relativamente curto e depende, essencialmente,
dos revestimentos e acabamentos utilizados no ambiente de
origem, embora as circunstâncias em que o fogo comece a se
desenvolver exerçam grande influência.
j. resistência ao fluxo do ar das portas, janelas, dutos e cha- 9.1.1 Isolamento de risco
minés;
k. distribuição da temperatura no edifício (ambiente onde A propagação do incêndio entre edifícios distintos pode se dar
está ocorrendo o fogo, compartimentos em geral, caixa da através dos seguintes mecanismos:
escada, dutos e chaminés). radiação térmica, emitida:
l. Devem-se estabelecer os padrões para cada uma dessas 1) através das aberturas existentes na fachada do edifício
condições. incendiado;
Entende-se como momento de ocorrência do incêndio a época 2) através da cobertura do edifício incendiado;
do ano (verão/inverno) em que isso possa ocorrer, pois, para o 3) pelas chamas que saem pelas aberturas na fachada ou
cálculo, deve-se levar em conta considerar a diferença de tem- pela cobertura;
peratura existente entre o ambiente interno e o externo ao edi- 4) pelas chamas desenvolvidas pela própria fachada,
fício. Essa diferença será grande, caso sejam utilizados aque- quando esta for composta por materiais combustíveis.
cedores ou ar condicionado no edifício.
b. convecção, que ocorre quando os gases quentes emiti-
As condições meteorológicas devem ser determinadas pelos dos pelas aberturas existentes na fachada ou pela cober-
dados estatísticos meteorológicos da região na qual está situ- tura do edifício incendiado atinjam a fachada do edifício
ado o edifício, para as estações quentes e frias. adjacente;
Pode-se determinar a temperatura do ar, a velocidade do vento, c. condução, que ocorre quando as chamas da edificação
coeficiente de pressão do vento e a direção do vento. ou parte da edificação contígua à outra atingem a essa
O andar do prédio onde se iniciou o incêndio deve ser anali- transmitindo calor e incendiando a mesma.
sado, considerando-se o efeito da ventilação natural (movi- Existem duas maneiras de isolar uma edificação em relação à
mento ascendente ou descendente da fumaça) através das outra:
aberturas ou dutos durante o período de utilização, ou seja, no
por meio de distanciamento seguro (afastamento) entre
inverno o prédio é aquecido e no verão, resfriado. Conside-
as fachadas das edificações;
rando-se esses dados, os estudos devem ser leva- dos a efeito
nos andares inferiores no inverno (térreo, sobre- loja e segundo por meio de barreiras estanques entre edifícios contí-
andar) ou nos andares superiores e inferiores no verão (os 2 guos.
últimos andares do prédio e térreo). Com a previsão de paredes corta-fogo de isolamento de risco,
Em muitos casos, há andares que possuem características pe- uma edificação é considerada totalmente estanque em rela-
rigosas, pois propiciam a propagação de fumaça caso ocorra ção à edificação contígua.
incêndio neste local. Em adição, para tais casos, é necessário O distanciamento seguro entre edifícios pode ser obtido por
um trabalho mais aprofundado para estudar as várias situações meio de uma distância mínima horizontal, entre fachadas de
de mudança das condições do andar, por exemplo, num edifício edifícios adjacentes, capaz de evitar a propagação de incên-
com detalhes especiais de construção. dio entre os mesmos, decorrente do calor transferido por
Com relação ao compartimento de origem do fogo, devem-se radiação térmica através da fachada e/ou por convecção atra-
levar em consideração os seguintes requisitos para o andar em vés da cobertura.
questão: Em ambos os casos, o incêndio irá se propagar ignizando atra-
compartimento densamente ocupado, com ocupações to- vés das aberturas, os materiais localizados no interior dos
talmente distintas; edifícios adjacentes e/ou ignizando materiais combustíveis lo-
calizados em suas próprias fachadas.
o compartimento apresenta grande probabilidade de ini-
ciar o incêndio; 9.1.2 Compartimentação vertical e horizontal
o compartimento possui características de difícil controle
da fumaça. A partir da ocorrência de inflamação generalizada no ambiente
de origem do incêndio, este poderá propagar-se para outros
Quando existirem vários compartimentos que satisfaçam essas
ambientes por meio dos seguintes mecanismos principais:
condições, deve-se fazer estudos em cada um deles, principal-
mente se as medidas de controle de fumaça deter- minadas convecção de gases quentes dentro do próprio edifício;
levarem a resultados bastante diferentes. convecção dos gases quentes que saem pelas janelas
O valor da resistência ao fluxo do ar das aberturas à tempera- (incluindo as chamas) capazes de transferir o fogo para
tura ambiente pode ser facilmente obtido a partir de dados de pavimentos superiores;
projeto de ventilação, porém é muito difícil estimar as condições condução de calor através por meio das barreiras entre
das aberturas das janelas e portas numa situação de incêndio. compartimentos;
Para determinar as temperaturas dos vários ambientes do edi- destruição dessas barreiras.
fício, deve-se considerar que os mesmos não sofreram modifi-
Diante da necessidade de limitação da propagação do incên-
cações com o tempo.
dio, a principal medida a ser adotada consiste na compartimen-
A temperatura média no local do fogo é considerada 900ºC com tação, que visa dividir o edifício em células capacitadas a su-
o incêndio totalmente desenvolvido no compartimento.
portar a queima dos materiais combustíveis nelas contidos, im- A compartimentação vertical se destina a impedir o alas-
pedindo o alastramento do incêndio. tramento do incêndio entre andares e assume caráter funda-
Os principais propósitos da compartimentação são: mental para o caso de edifícios altos em geral.
a. conter o fogo em seu ambiente de origem; A compartimentação vertical deve ser tal que cada pavimento
componha um compartimento seguro, para isso são neces-
b. manter as rotas de fuga seguras contra os efeitos do in-
sários:
cêndio;
lajes corta-fogo;
c. facilitar as operações de resgate e combate ao incêndio.
a. enclausuramento das escadas através de paredes e por-
A capacidade dos elementos construtivos de suportar a ação
tas corta-fogo;
do incêndio denomina-se “resistência ao fogo” e se refere ao
tempo durante o qual conservam suas características funcio- b. registros corta-fogo em dutos que intercomunicam os pa-
nais (vedação e/ou estrutural). vimentos;
O método utilizado para determinar a resistência ao fogo con- c. selagem corta-fogo de passagens de cabos elétricos e tu-
siste em expor um protótipo (reproduzindo tanto quanto pos- bulações, através das lajes;
sível às condições de uso do elemento construtivo no edi- d. utilização de abas verticais (parapeitos) ou abas horizon-
fício), a uma elevação padronizada de temperatura em fun- tais projetando-se além da fachada, resistentes ao fogo e
ção do tempo. separando as janelas de pavimentos consecutivos (nesse
Ao longo do tempo são feitas medidas e observações para de- caso é suficiente que estes elementos mantenham suas
terminar o período no qual o protótipo satisfaz a determina- dos características funcionais, obstruindo dessa forma a livre
critérios relacionados com a função do elemento construtivo no emissão de chamas para o exterior).
edifício.
O protótipo do elemento de compartimentação deve obs-
truir a passagem do fogo mantendo, obviamente, sua inte-
gridade (recebe por isso a denominação de corta-fogo).
A elevação padronizada de temperatura utilizada no método
para determinação da resistência ao fogo constitui-se em
uma simplificação das condições encontradas nos incêndios e
visa reproduzir somente a fase de inflamação generalizada.
Deve-se ressaltar que, de acordo com a situação particular do
ambiente incendiado, ocorrerão variações importantes nos fa-
tores que determinam o grau de severidade de exposição, que
são:
duração da fase de inflamação generalizada;
temperatura média dos gases durante esta fase;
fluxo de calor médio através dos elementos construtivos.
Os valores de resistência ao fogo a serem requeridos para a
compartimentação na especificação foram obtidos tomando- Compartimentação vertical
se por base:
9.1.3 Resistência ao fogo das estruturas
a severidade (relação temperatura x tempo) típica do in-
cêndio; Uma vez que o incêndio atingiu grandes proporções, os ele-
a severidade obtida nos ensaios de resistência ao fogo. mentos construtivos no entorno do fogo estarão sujeitos à ex-
A severidade típica do incêndio é estimada de acordo com a va- posição de intensos fluxos de energia térmica.
riável ocupação (natureza das atividades desenvolvidas no A capacidade dos elementos estruturais de suportar por de-
edifício). terminado período tal ação, que se denomina de resistência ao
A compartimentação horizontal se destina a impedir a pro- fogo, permite preservar a estabilidade estrutural do edifício.
pagação do incêndio de forma que grandes áreas sejam afe- Durante o incêndio a estrutura do edifício como um todo es-
tadas, dificultando sobremaneira o controle do incêndio, au- tará sujeita a esforços decorrentes de deformações térmicas,
mentando o risco de ocorrência de propagação vertical e au- e os seus materiais constituintes estarão sendo afetados (per-
mentando o risco à vida humana. dendo resistência) por atingir temperaturas elevadas.
A compartimentação horizontal pode ser obtida pelos seguin- O efeito global das mudanças promovidas p e l a s altas
tes dispositivos: temperaturas alcançadas nos incêndios sobre a estrutura do
a. paredes e portas corta-fogo; edifício traduz-se na diminuição progressiva da sua ca-
pacidade portante.
b. registros corta-fogo nos dutos que transpassam as pare-
des corta-fogo; Durante esse processo pode ocorrer que, em determinado ins-
tante, o esforço atuante em uma seção se iguale ao esforço
c. selagem corta-fogo da passagem de cabos elétricos e tu- resistente, podendo ocorrer o colapso do elemento estrutural.
bulações das paredes corta-fogo;
Os objetivos principais de garantir a resistência ao fogo dos
d. afastamento horizontal entre janelas de setores comparti- elementos estruturais são:
mentados.
a. possibilitar a saída dos ocupantes da edificação em con- c. natureza das superfícies dos elementos construtivos sob
dições de segurança; o ponto de vista de sustentar a combustão a propagar as
b. garantir condições razoáveis para o emprego de socorro chamas.
público, onde se permita o acesso operacional de viatu- Os 2 primeiros fatores dependem largamente dos materiais
ras, equipamentos e seus recursos humanos, com tempo contidos no compartimento. O primeiro está absolutamente fora
hábil para exercer as atividades de salvamento (pessoas do controle do projetista. Sobre o segundo é possível conse-
retidas) e combate a incêndio (extinção); guir, no máximo, um controle parcial. O terceiro fator está,
c. evitar ou minimizar danos ao próprio prédio, às edifica- em grande medida, sob o controle do projetista, que pode
ções adjacentes, à infraestrutura pública e ao meio ambi- adicionar minutos preciosos ao tempo da ocorrência da infla-
ente. mação generalizada, pela escolha criteriosa dos materiais
de revestimento.
9.1.4 Revestimento dos materiais 9.1.4.1 NBR 9442 - Materiais de construção - Determinação do
Embora os materiais combustíveis contidos no edifício e cons- índice de propagação superficial de chama pelo método do pai-
tituintes do sistema construtivo possam ser responsáveis pelo nel radiante - Método de Ensaio:
início do incêndio, muito frequentemente são os materiais con-
tidos no edifício que se ignizam em primeiro lugar.
À medida que as chamas se espalham sobre a superfície do
primeiro objeto ignizado e, talvez, para outros objetos contí-
guos, o processo de combustão torna-se mais fortemente
influenciado por fatores característicos do ambiente.
Se a disponibilidade de ar for assegurada, a temperatura do
compartimento subirá rapidamente e uma camada de gases
quentes se formará abaixo do teto, sendo que intensos fluxos
de energia térmica radiante se originarão, principalmente, a
partir do teto aquecido. Os materiais combustíveis existentes
no compartimento, aquecidos por convecção e radiação, emi-
tirão gases inflamáveis. Isso levará a uma inflamação gene-
ralizada e todo o ambiente tornar-se-á envolvido pelo fogo, os
gases que não queimam serão emitidos pelas aberturas do
compartimento. Método de ensaio
A possibilidade de um foco de incêndio extinguir-se ou evo-
luir em um grande incêndio (atingir a fase de inflamação ge- 9.1.4.1.1 O método de ensaio descrito na norma NBR 9442 é
neralizada) depende de 3 fatores principais: utilizado para determinar o índice de propagação de chama de
a. razão de desenvolvimento de calor pelo primeiro objeto materiais pelo método do painel radiante;
ignizado;
9.1.4.1.2 Os corpos de prova, com dimensões de 150 ± 5 mm
b. natureza, distribuição e quantidade de materiais combus-
de largura e 460 ± 5 mm de comprimento, são inseridos em um
tíveis no compartimento incendiado;
suporte metálico e colocados em frente a um painel radiante a propagação de chama desenvolvida na superfície do material
poroso, com 300 mm de largura e 460 mm de comprimento, é verificada, medindo-se o tempo para atingir as distâncias pa-
alimentado por gás propano e ar. O conjunto (suporte e corpo dronizadas, indicadas no suporte metálico onde o corpo de
de prova) é posicionado em frente ao painel radiante com uma prova é inserido.
inclinação de 60º, de modo a expor o corpo de prova a um fluxo
radiante padronizado. Uma chama piloto é aplicada na extremi- 9.1.4.2.3 ASTM E 662 - Standard test method for specific opti-
dade superior do corpo de prova; cal density of smoke generated by solid materials:
Onde:
lp: Índice de propagação superficial de chama; Câmara de densidade óptica fechada
Pc: Fator de propagação da chama;
9.1.4.2.4 O método de ensaio definido na norma ASTM E662
Q: Fator de evolução do calor.
utiliza uma câmara de densidade óptica fechada, onde é me-
9.1.4.2 NBR 8660 - Revestimento de piso - Determinação da dida a fumaça gerada por materiais sólidos. A medição é feita
densidade crítica de fluxo de energia térmica - Método de En- pela atenuação de um raio de luz em razão do acúmulo da fu-
saio: maça gerada na decomposição pirolítica e na combustão com
chama.
9.2.5.1 Descarga das escadas de segurança e saídas finais. As escadas de segurança devem possuir altura e largura ergo-
A descarga das escadas de segurança deve se dar prefe- métrica dos degraus, corrimãos corretamente posicionados,
rencialmente para saídas com acesso exclusivo para o ex- piso antiderrapante, além de outras exigências para conforto e
terior, localizado em pavimento ao nível da via pública. segurança.
É importante a adequação das saídas ao uso da edificação,
Outras saídas podem ser aceitas, como as diretamente no átrio como exemplo pode ser citado a necessidade de corrimão in-
de entrada do edifício, desde que alguns cuidados sejam termediário para escolas ou outras ocupações onde há crian-
tomados, representados por: ças e outras pessoas de baixa estatura.
a. sinalização dos caminhos a tomar;
9.2.7 Escadas de segurança
b. saídas finais alternativas;
c. compartimentação em relação ao subsolo e proteção con- Todas as escadas de segurança devem ser enclausuradas
tra queda de objetos (principalmente vidros) devido ao in- com paredes resistentes ao fogo e portas corta-fogo. Em
cêndio, etc. determinadas situações essas escadas também devem ser
dotadas de antecâmaras enclausuradas, de maneira a
dificultar o acesso de fumaça no interior da caixa de escada.
As dimensões mínimas (largura e comprimento) são determi-
nadas nos códigos e normas técnicas.
A antecâmara só deve dar acesso à escada e a porta entre am-
bas, quando aberta, não deve avançar sobre o patamar da mu-
dança da direção, de forma a prejudicar a livre circulação.
Para prevenir que o fogo e a fumaça desprendida através das
fachadas do edifício penetrem em eventuais aberturas de
ventilação na escada e antecâmara, deve ser mantida uma
distância horizontal mínima entre essas aberturas e as janelas
do edifício.
Descarga apropriada
Luz de aclaramento
Para o caso de edifícios altos, adicionalmente à escada, é ne- Fachada do edifício da CESP
cessária a disposição de elevadores de emergência, alimen-
tada por circuito próprio e concebida de forma a não sofrer in- O número de fachadas que deve permitir a aproximação dos
terrupção de funcionamento durante o incêndio. veículos de combate deve ser determinado tendo em conta a
área de cada pavimento, a altura e o volume total do edifício.
Esses elevadores devem:
a. apresentar a possibilidade de serem operados pela bri- 9.6 Meios de aviso e alerta
gada do edifício ou pelos bombeiros;
Sistema de alarme manual contra incêndio e detecção automá-
b. estar localizados em área protegida dos efeitos do incên- tica de fogo e fumaça.
dio.
Quanto mais rapidamente o fogo for descoberto, correspon-
O número de elevadores de emergência necessário e sua lo- dendo a um estágio mais incipiente do incêndio, tanto mais fácil
calização são estabelecidos levando-se em conta as áreas dos será controlá-lo; e, além disso, tão maiores serão as chances
pavimentos e as distâncias a percorrer para serem alcançados de os ocupantes do edifício escaparem sem sofrer qualquer in-
a partir de qualquer ponto do pavimento. júria.
9.5 Acesso a viaturas do Corpo de Bombeiros Uma vez que o fogo foi descoberto, a sequência de ações nor-
malmente adotada é a seguinte: alertar o controle central do
Os equipamentos de combate a incêndio devem se aproximar edifício; fazer a primeira tentativa de extinção do fogo, alertar
ao máximo do edifício afetado pelo incêndio, de tal forma que o os ocupantes do edifício para iniciar o abandono do edifício e
combate ao fogo possa ser iniciado sem demora e não seja ne- informar o Corpo de Bombeiros. A detecção automática é utili-
cessária a utilização de linhas de mangueiras muito longas. zada com o intuito de vencer de uma única vez esta série de
Muito importante é, também, a aproximação de viaturas com ações, propiciando a possibilidade de tomar uma atitude imedi-
escadas e plataformas aéreas para realizar salvamentos pela ata de controle de fogo e da evacuação do edifício.
fachada.
O sistema de detecção e alarme pode ser dividido basicamente
em 5 partes:
a. detector de incêndio, constitui-se em parte do sistema de
detecção que, constantemente ou em intervalos, destina-
se a detecção de incêndio em sua área de atuação. Os
detectores podem ser divididos de acordo com o fenô-
meno que detectar em:
1) térmicos, que respondem a aumentos da temperatura;
2) de fumaça, sensíveis a produtos de combustíveis e/ou
pirólise suspenso na atmosfera;
3) de gás, sensíveis aos produtos gasosos de combustão
e/ou pirólise;
4) de chama, que respondem às radiações emitidas pelas
chamas.
Acesso à fachada frontal da edificação
Detector de incêndio
Detalhe de hidrante
b. tubulação;
5) A tubulação é responsável pela condução da água, cu-
Detalhe de instalação de extintores em áreas sujeitas à jos diâmetros são determinados, por cálculo hidráulico.
obstrução c. forma de acionamento do sistema.
6) As bombas de recalque podem ser acionadas por bo-
9.8.2 Sistema de hidrantes
toeiras do tipo liga-desliga, pressostatos, chaves de
9.8.2.1 Componentes do sistema fluxo ou uma bomba auxiliar de pressurização (jóckey).
O Corpo de Bombeiros, em sua intervenção a um incêndio,
Os componentes de um sistema de hidrantes são: pode utilizar a rede de hidrantes (principalmente nos casos de
a. reservatório de água, que pode ser subterrâneo, ao nível edifícios altos). Para que isso ocorra, os hidrantes devem ser
do piso elevado; instalados em todos os andares, em local protegi- do dos efei-
b. sistema de pressurização; tos do incêndio, e nas proximidades das escadas de segu-
rança.
1) O sistema de pressurização consiste normalmente em
A canalização do sistema de hidrante deve ser dotada de um
uma bomba de incêndio, dimensionada a propiciar um
prolongamento até o exterior da edificação de forma que possa
reforço de pressão e vazão, conforme o dimensiona-
permitir, quando necessário, recalcar água para o sistema pe-
mento hidráulico de que o sistema necessitar. las viaturas do Corpo de Bombeiros
2) Quando os desníveis geométricos entre o reservatório
9.8.2.2 Dimensionamento 9.8.4 Sistema de chuveiros automáticos “sprinklers”
Chuveiro automático
9.8.4.1 Dimensionamento
Carreta de espuma
Sistema fixo de espuma
b. Segundo a sua forma de funcionamento, pode ser:
1) automático;
2) semiautomático;
3) manual.