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RESUMO
Objetivou-se analisar o processo de ensino e aprendizagem de Matemática Financeira
por meio de Tecnologias Digitais (TD) em uma escola do campo. Para tanto, participaram
36 estudantes do 3º ano do Ensino Médio, pertencentes a Vila Cruzeiro do Sul, município
de Itupiranga – PA. A partir de uma pesquisa de campo realizada em diferentes setores
econômicos da comunidade supracitada, os alunos coletaram dados e os sistematizaram
com auxílio de Tecnologias Digitais. Os resultados evidenciam que as TD potencializam o
tempo de aprendizagem dos estudantes, otimizando suas habilidades ao realizarem
cálculos que envolvam algoritmos complexos, além de possibilitar a problematização dos
dados de maneira crítica e dinâmica. Os desafios da democratização do acesso às
ferramentas tecnológicas e a carência na formação de professores de escolas rurais para
a inserção delas em suas práticas, sinaliza que o ensino de Matemática Financeira por
meio de Tecnologias Digitais nas escolas do campo ainda necessita de amplos debates e
intervenções de modo a encontrarmos evidências consistentes de suas implicações para
o uso das TD no processo de ensino e aprendizagem de sujeitos do campo.
INTRODUÇÃO
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modificou a tecnologia, e por esse motivo foi modificado por ela. Desse modo, o
comportamento humano é sobretudo um comportamento tecnológico haja visto
que
A evolução social do homem confundiu-se com a evolução das
tecnologias e que diferentes períodos da história podem ser
reconhecidos pela tecnologia presente na época. O avanço
cientifico da humanidade ampliou o conhecimento sobre os
recursos tecnológicos, cada vez mais sofisticados, moldando
essas tecnologias enquanto que as tecnologias criadas iam
moldando também esse comportamento social do homem.
(ALMEIDA, 2015 p. 234)
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Papert argumenta negativamente sobre o método Instrucionista, e inova
defendendo sua teoria do Construcionismo, no qual o computador passa a ser
entendido como uma máquina que produz conhecimento, e que o estudante faz
uso dessa ferramenta para potencializar suas habilidades de acordo com seu
interesse, de modo que a aprendizagem ocorra durante todo o decorrer do
processo.
Essa concepção Construcionista é sustentada por estudiosos como
Piaget (1972), Vygotsky (1984) e Freire (1996), pois, são autores que defendem
que o processo de produção do conhecimento ocorre nas relações sociais,
interação, manipulação e transformação entre sujeito e objeto. Tais características
podem definir o ensino de matemática financeira por meio de tecnologias digitais,
quando o aprendiz consegue utilizar o computador/ferramenta não mais como um
local de armazenamento de conteúdo permitindo que “os conteúdos matemáticos
sejam abordados de outras formas, fazendo com que os alunos deixem de ver a
matemática como uma disciplina em que é preciso apenas memorizar fórmulas,
procedimentos e algoritmos e tenham uma visão diferente”. (CARNEIRO;
PASSOS, 2014, p. 116)
Trata-se, portanto, de uma abordagem experimental investigativa e
interventora sendo uma possibilidade para a construção de novos conceitos
matemáticos nos quais os estudantes podem testar hipóteses e alterar seu modo
de coletar dados. (Borba, 2010)
Dessa forma, os conteúdos matemáticos adquirem um novo significado,
transcendem à simplicidade no fazer matemático, propicia uma autonomia para o
estudante no desenvolvimento de suas potencialidades ao ponto de produzirem
uma fundamentação coesa, baseado em presunções, podendo ser dinamizadas,
transformadas e expostas numa apresentação matemática.
É nessa perspectiva de produção do conhecimento numa dinâmica
significativa e prazerosa e transformadoras que o tópico a seguir apresenta os
caminho metodológicos deste estudo.
PERCURSOS METODOLÓGICOS
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A pesquisa foi desenvolvida durante os meses de maio, junho e julho de
2017, com a participação de 36 estudantes do Ensino Médio da vila Cruzeiro do
Sul, área rural do município de Itupiranga-Pa. Dentre as ferramentas tecnológicas
que mediaram nossa intervenção, cita-se o computador a partir do Software
Excel, a Calculadora e o Aplicativo Bloco de Notas disponíveis nos aparelhos de
celulares, por serem as ferramentas que foram diagnosticada como mais
recorrentes nas atividades desenvolvidas por esses sujeitos e que estão mais
presentes no cotidiano dos estudantes.
Após análise preliminar que mostrou a realidade tecnológica da
comunidade rural, foram definidos os tópicos de matemática financeira que seriam
considerados, bem como o plano balizador que definiria o uso das tecnologias
digitais nas aulas de Matemática Financeira na escola. Os tópicos estudados
privilegiaram o estudo do cálculo de juros simples, porcentagens, regra de três,
lucro e prejuízo.
A atividade em sala de aula se originou a partir da problematização das
despesas de uma família de baixa renda que se tomou como amostra, tendo
enquanto base para a construção do perfil familiar a realidade da maioria dos
estudantes da localidade. Abaixo, apresenta-se essa sistematização
Tabela 1- Atividade problematizadora
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e despesas financeiras gerais – setor responsável por organizar a renda
financeira da família.
Em seguida, considerando a quantidade de estudantes, houve a
necessidade de fazer uma organização por equipes, na qual os estudantes foram
agrupados em três grupos com 12 integrantes, designados para exercer
diferentes tarefas nos setores da comunidade: Mercado; loja de móveis e
eletrodomésticos; incluindo pequeno escritório de contabilidade localizado na
região, conforme destacado na tabela abaixo:
Financeiro eletrodomésticos
Loja de móveis e
RESULTADOS E DISCUSSÕES
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Neste item apresentaremos resultados que colocam a TD como
elementos pedagógicos do conhecimento para potencializar o tempo de
aprendizagem dos estudantes, otimizando suas habilidades ao realizarem
cálculos que envolvam algoritmos complexos, além de possibilitar a
problematização dos dados de maneira crítica e dinâmica, a partir da
sistematização da produção dos estudantes.
A planilha abaixo (Planilha 1) mostra a sistematização dos dados
produzidos na pesquisa de campo, englobando todas as equipes. Com a
organização dos dados foi possível elaborar algumas situações-problemas para
serem resolvidas pelos estudantes utilizando as ferramentas tecnológicas digitais
disponíveis.
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Planilha 01 – Organização geral das despesas
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Almeida (2015) enfatiza que quando o conteúdo matemático passa a ser
percebido com o auxílio das tecnologias digitais, tais ferramentas deixam de ser
apenas objetos manipuláveis e adquire uma função fundamental, a de coautor
nesse processo de transformação do fazer matemático, mas, sobretudo, na
transformação individual e coletiva.
Borba (2010) ressalta que as tecnologias digitais proporcionam
potencialidades para dar novos olhares e significados aos conhecimentos
matemáticos, alcança novas dimensões tanto visuais quanto cognitivas quando
amparados ao uso das tecnologias digitais. Dessa forma:
Uma abordagem que privilegia uma postura investigativa pode
possibilitar um envolvimento maior dos estudantes com o
conteúdo e os levar a uma investigação de conceitos, que podem
vir a obter um novo sentido quando estudados de modo a
enfatizar questões qualitativas de exploração. (BORBA, 2010
p.04)
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Os gráficos acima revelam a avaliação da proposta de intervenção,
evidenciando um aumento significativo no índice de aproveitamento dos
estudantes, relacionando os dados obtidos no início e o final da pesquisa, a partir
de testes de rastreio de desempenho, elaborados e conduzidos pelos autores
desse estudo.
Das análises dos resultados, com base nos gráficos e tabelas, revelam o
ganho significativo do aproveitamento escolar apesar dos desafios da
democratização do acesso às ferramentas tecnológicas e a carência na formação
de professores de escolas rurais para a inserção delas em suas práticas,
podemos inferir que com base nos resultados que o ensino de matemática por
meio de tecnologias nas escolas do campo ainda necessita de amplos debates e
intervenções de modo a encontrarmos evidências consistentes de suas
implicações no processo de ensino e aprendizagem dos conteúdos de
Matemática Financeira, quando aliado as TD.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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tornar cada vez mais autônomo e seguro de suas decisões no desdobramento de
sua prática.
Neste estudo, a função das tecnologias digitais constituiu de uma
dinâmica que otimiza a aprendizagem, pois, potencializa as habilidades dos
estudantes enquanto propõe o desenvolvimento de novos métodos para resolver
uma problemática, deixando o estudante livre para refletir nas atividades,
auxiliando na resolução dos cálculos mais complexos, os quais, quando
resolvidos sem o uso destas ferramentas, ocasionam momentos de estresse e
fadiga.
Esta pesquisa aponta como limitações, para que o ensino de matemática
financeira ocorra com as tecnologias digitas, a negação e abandono das escolas
por considerar que as políticas públicas ainda não produzem efeitos significativos
no campo, o descaso para com as tecnologias digitais nesta instituição também
provoca efeitos negativos no processo de ensino e aprendizagem, sobretudo, por
contribuir na negação dos sujeitos do campo, na condição de transformadores
sociais.
Destaca-se também a formação de professores que ensinam
Matemáticas como uma limitação que precisa ser problematizada e aliada as
tecnologias digitais. Os professores precisam se capacitarem e se atentarem para
essas novas ferramentas, no intuito de melhorarem suas práticas construindo
novos fazeres pedagógicos que transformem o ambiente educacional, produzindo
referências significativas no processo de produção do conhecimento.
Conclui-se que o processo de ensino e aprendizagem de matemática
financeira quando aliados às tecnologias digitais, potencializa os avanços
significativos na produção de conceitos matemáticos, estimula o aprendizado dos
estudantes, suas habilidades e produz novos saberes aliados às necessidades
sociais recorrentes do contexto no qual os sujeitos estão inseridos. Os conteúdos
matemáticos são facilmente manipulados pelos estudantes com o uso destas
ferramentas de forma a torná-los autônomos no processo de significação de tais
elementos. Os desafios da democratização do acesso à ferramentas tecnológicas
e a carência na formação de professores de escolas rurais para a inserção delas
em suas práticas, sinaliza que o ensino de matemática por meio de tecnologias
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nas escolas do campo ainda necessita de amplos debates e intervenções de
modo a encontrarmos evidências consistentes de suas implicações
REFERÊNCIAS
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