Vous êtes sur la page 1sur 127

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE DESENHO INDUSTRIAL


CURSO DE BACHARELADO EM DESIGN

BRUNA BARROS DA SILVA

PAPEL DE BICHO: LINHA DE PRODUTOS ECOLÓGICOS PARA


PETS FEITOS EM PAPELÃO RECICLADO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CURITIBA
2017
BRUNA BARROS DA SILVA

PAPEL DE BICHO: LINHA DE PRODUTOS ECOLÓGICOS PARA


PETS FEITOS EM PAPELÃO RECICLADO

Trabalho de Conclusão de Curso de graduação,


apresentada à disciplina de Trabalho de
Diplomação, do Curso Superior de Bacharelado
em Design do Departamento Acadêmico de
Desenho Industrial – DADIN - da Universidade
Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, como
requisito parcial para obtenção do título de
Bacharel.
Orientador: Prof. Dr. Alexandre Vieira Pelegrini

CURITIBA
2017
Ministério da Educação
Universidade Tecnológica Federal do Paraná

PR
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
Câmpus Curitiba
Diretoria de Graduação e Educação Profissional
Departamento Acadêmico de Desenho Industrial

TERMO DE APROVAÇÃO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Nº 196

“PAPEL DE BICHO: LINHA DE PRODUTOS ECOLÓGICOS PARA


PETS FEITOS EM PAPELÃO RECICLADO”
por

BRUNA BARROS DA SILVA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no dia 14 de junho de 2017 como


requisito parcial para a obtenção do título de BACHAREL EM DESIGN do Curso de
Bacharelado em Design, do Departamento Acadêmico de Desenho Industrial, da
Universidade Tecnológica Federal do Paraná. A aluna foi arguida pela Banca
Examinadora composta pelos professores abaixo, que após deliberação,
consideraram o trabalho aprovado.

Banca Examinadora:

Prof(a). Msc. Tânia Maria de Miranda


DADIN - UTFPR

Prof(a). Dr. André de Souza Lucca


DADIN - UTFPR

Prof(a). Dr. Alexandre Vieira Pelegrini


Orientador(a)
DADIN – UTFPR

Prof(a). Esp. Adriana da Costa Ferreira


Professor Responsável pela Disciplina de TCC
DADIN – UTFPR

CURITIBA / 2017

“O Termo de Aprovação assinado encontra-se na Coordenação do Curso”.


AGRADECIMENTOS

Agradeço à Universidade Tecnológica Federal do Paraná e a todo corpo


docente que fizeram parte desse período marcante na minha vida, de grande
aprendizado e amadurecimento pessoal e profissional.
Ao professor orientador Alexandre Pelegrini pela paciência e à professora
Marilzete Medeiros, pela qual tenho um imenso carinho, que se colocou à disposição
para ajudar durante o processo.
Devo agradecer também ao Politecnico di Torino, a todos os envolvidos e
aos grandes amigos que pude fazer que me receberam de braços abertos na Itália
durante o período do meu intercâmbio e foram fundamentais para tornar essa
experiência incrível e inesquecível.
Aos amigos a familiares que me apoiaram, especialmente à minha irmã
Paula Barros e à minha amiga Larissa Prado que estiveram comigo e me
incentivaram nos momentos mais críticos.
À diretoria da Indústria de Papelão Hörlle pela oportunidade e aos demais
funcionários pela atenção e prestatividade.
Um agradecimento especial a Fernando Alves, atualmente coordenador de
produção da Indústria de Papelão Hörlle, que se colocou totalmente à disposição
compartilhando sua experiência e seus conhecimentos para sanar as dúvidas sobre
o processo produtivo e características do material.
À Lucrécia Aída de Carvalho, com quem tive a honra de trabalhar, pela
parceria e orientação ao longo do processo de desenvolvimento desse projeto
durante o período em que trabalhamos juntas. Seu envolvimento em todas as
etapas, com participação ativa e decisiva coordenando e direcionando o processo
criativo, foi fundamental para o resultado alcançado.
"Lo sviluppo sostenibile è uno sviluppo che soddisfi i bisogni del
presente senza compromettere la possibilità delle generazioni
future di soddisfare i propri". (WCED,1987)
RESUMO

SILVA, Bruna Barros da. Papel De Bicho: Linha De Produtos Ecológicos Para Pets
Feitos Em Papelão Reciclado. 2017. 122 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso
de Bacharelado em Design) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná.
Curitiba, 2017.

A presente proposta parte dos conceitos de ecodesign e sustentabilidade e seus


enfoques no desenvolvimento de produtos de baixo impacto ambiental. Apresenta
um estudo sobre o processo produtivo, características e propriedades do papelão
feito a partir de matéria-prima 100% reciclada, trazendo exemplos de sua utilização.
Aborda tendências e dados do mercado de produtos para animais de estimação
estudando as oportunidades e ameaças que esse segmento oferece para inserção
de novos produtos voltados para o segmento de pet care. Expõe as etapas do
processo de desenvolvimento de produtos e seus desdobramentos partindo de um
briefing real de projeto proposto por uma indústria de papelão reciclado localizada no
Paraná, partindo de uma análise de produtos similares, e continuando com
exercícios de geração de alternativas, construção de mockups, prototipação e testes
de usabilidade. O projeto leva em consideração requisitos e limitações com relação
à estrutura, materiais, maquinários e mão de obra disponibilizados pela indústria
para o desenvolvimento de produtos fatíveis e viáveis dentro do modelo de produção
do proponente do projeto. Traz como resultado seis produtos: o PlayPet, um
brinquedo modular para gatos; o HigiPet - Caixa de Areia para gatos; a ZzzPet, uma
caminha para cães e gatos; a HousePet, uma casinha para cães e gatos; O HigiPet -
Refil Sanitário para cães e o HigiPet - Tapete Higiênico para cães. Todos os
produtos são feitos em papelão reciclado e visam o conforto, diversão e higiene de
gatos e cães de pequeno e médio porte. Trata-se de um projeto sistêmico que além
do design de produtos inclui também a criação de uma identidade visual e sua
aplicação em embalagens primárias, folder, catálogo de produtos e banner para
divulgação no web site e redes sociais. Por fim, apresenta uma análise dos
resultados de uma pesquisa de satisfação realizada com o público alvo para
validação dos produtos.

Palavras-chave: Design. Ecodesign. Produtos para pets. Papelão Reciclado.


Produtos em Papelão.
ABSTRACT

SILVA, Bruna Barros da. Papel De Bicho: Line Of Ecological Products For Pets
Made With Recycled Cardboard. 2017. 122 f. Final Year Research Project (Bachelor
in Design) – Federal University of Technology - Paraná. Curitiba, 2017.

The present proposal starts from the concepts of eco design and sustainability and
its approaches in the development of products of low environmental impact. The
research presents a study of the productive process, characteristics and properties of
the cardboard made from a 100% raw material, bringing examples of its use.
Discusses trends and data from the pet product market studying the opportunities
and threats that this segment offers for insertion of new products for the pet care
segment. Sets out the stages of the development process of products and its
deployment starting from a real briefing of the proposed project by a recycled
cardboard industry located in Paraná, from an analysis of similar products, and
continuing to generate alternative exercises, building mockups, usability testing and
prototyping.The project takes into consideration requirements and limitations
regarding the structure, materials, machinery, and labor available to the industry for
the development of feasible and viable products within the project proponent's
production model. The results achieved brings six products: PlayPet, a modular toy
for cats; The HigiPet - Sandbox for cats; The ZzzPet, a bed for dogs and cats; The
HousePet, a little house for dogs and cats; The HigiPet - Sanitary Refill for dogs and
HigiPet - Hygienic Carpet for dogs. All products are made from recycled cardboard
and aim for comfort, fun, and hygiene of small and medium-sized cats and dogs. It is
a systemic design that in addition to product design also includes a creation of a
visual identity and its application in primary packaging, folder, product catalog and
banner for propagation in websites and social networks. Finally, it presents an
analysis of the results of a satisfaction survey conducted with the target audience for
product validation.

Key-words: Design. Ecodesign. Products for pets. Recycled Cardboard. Cardboard


products.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 01 – RELAÇÃO ENTRE DESIGN, ECODESIGN E DESIGN


SUSTENTÁVEL.................................................................................. 20
FIGURA 02 – DESIGN SUSTENTÁVEL................................................................... 21
FIGURA 03 – RECICLAGEM COMO SOLUÇÃO DE VALORIZAÇÃO DO
PRODUTO.......................................................................................... 22
FIGURA 04 – ESTRUTURA DO PAPELÃO ONDULADO........................................ 25
FIGURA 05 – ASPECTO DO PAPELÃO RECICLADO............................................. 26
FIGURA 06 – FLUXOGRAMA DAS APARAS DE PAPEL........................................ 27
FIGURA 07 – APARAS DE PAPEL.......................................................................... 28
FIGURA 08 – HIDRAPULPER.................................................................................. 28
FIGURA 09 – DETALHE DO PROCESSO DE SECAGEM DA FOLHA.................... 30
FIGURA 10 – CAMADAS DAS CHAPAS DE PAPELÃO.......................................... 31
FIGRUA 11 – PROCESSO DE SECAGEM DA FOLHA............................................ 31
FIGURA 12 – PALETES PRONTOS PARA DISTRIBUIÇÃO.................................... 32
FIGURA 13 – USO DA ÁGUA NO PROCESSO PRODUTIVO DO PAPELÃO......... 33
FIGURA 14 – SENTIDO DAS FIBRAS DO PAPEL................................................... 34
FIGURA 15 – RESISTENCIA DAS FIBRAS DO PAPEL........................................... 35
FIGURA 16 – EXEMPLOS DE PRODUTOS FEITOS EM PAPELÃO....................... 37
FIGURA 17 – LUMINÁRIA DE PAPELÃO................................................................. 38
FIGURA 18 – MÓVEIS EM PAPELÃO...................................................................... 38
FIGURA 19 – CAIXA DE OVO FEITA COM POLPA MOLDADA.............................. 39
FIGURA 20 – LUMINÁRIA OVO EM POLPA MOLDADA......................................... 39
FIGURA 21 – PRODUTOS EM PAPEL RECICLADO E FIBRA DE BANANEIRA.... 40
FIGURA 22 – EXEMPLOS DE PRODUTOS FEITOS COM ECOR.......................... 41
FIGURA 23 – GERMINAÇÃO DO PAPEL SEMENTE.............................................. 42
FIGURA 24 – GARRAFA PARA ÁGUA EM POLPA MOLDADA.............................. 42
FIGURA 25 – ECO POLTRONA LAVÁVEL.............................................................. 42
FIGURA 26 – PAINEL VISUAL DE PRODUTOS PARA GATOS.............................. 50
FIGURA 27 – PAINEL VISUAL DE CASINHAS E CAMINHAS PARA PETS........... 52
FIGURA 28 – PAINEL VISUAL DE PRODUTOS DE HIGIENE................................ 53
FIGURA 29 – DIFERENTES CORES DISPOSABLE LITTER BOX.......................... 54
FIGURA 30 – DIRETRIZES DE PROJETO PARA O MEIO AMBIENTE.................. 55
FIGURA 31 – IMPACTO AMBIENTAL DOS MATERIAIS......................................... 56
FIGURA 32 – MOSTRUÁRIOS DE PRODUTOS DA INDÚSTRIA DE PAPELÃO
HÖRLLE.............................................................................................. 57
FIGURA 33 – EXEMPLO DE MÁQUINA DE CORTE E VINCO............................... 59
FIGURA 34 – PRODUTOS DO SEGMENTO DE PET CARE.................................. 61
FIGURA 35 – SKETCHES DOS PRODUTOS.......................................................... 62
FIGURA 36 – MOCKUP'S......................................................................................... 63
FIGURA 37 – EXEMPLO DE DESENHO PARA FACA DE CORTE......................... 65
FIGURA 38 – PROTÓTIPO DE ALTERNATIVA PARA CAIXA DE AREIA............... 65
FIGURA 39 – TESTES DE ABSORÇÃO DA CAIXA DE AREIA............................... 66
FIGURA 40 – PRIMEIRO PROTÓTIPO DE BRINQUEDO MODULAR.................... 66
FIGURA 41 – SEGUNDO PROTÓTIPO DE BRINQUEDO MODULAR.................... 67
FIGURA 42 – AVALIAÇÃO DE ENCAIXES DAS PEÇAS........................................ 68
FIGURA 43 – PROTÓTIPO DA CASA...................................................................... 68
FIGURA 44 – PROTÓTIPO DA CAMA..................................................................... 69
FIGURA 45 – DETALHAMENTO DO SISTEMA PROPOSTO.................................. 70
FIGURA 46 – DETALHES DE GATOS USANDO O PLAYPET................................ 72
FIGURA 47 – MODELO DO PLAYPET EM USO..................................................... 72
FIGURA 48 – COMPARATIVO DE USO ENTRE UMA CAIXA DE AREIA DE
PLÁSTICO E O HIGIPET.................................................................... 73
FIGURA 49 – EXEMPLOS DE SANITÁRIO HIGIÊNICO PARA CÃES.................... 74
FIGURA 50 – FOTOMONTAGEM DO HIGIPET - TAPETE HIGIÊNICO.................. 75
FIGURA 51 – MODELO DA CAMA ZZZPET EM USO............................................. 76
FIGURA 52 – CAMA ZZZPET COM ALMOFADA..................................................... 76
FIGURA 53 – PEÇAS DA HOUSEPET..................................................................... 77
FIGURA 54 – MODELO DA CASINHA HOUSEPET EM USO................................. 77
FIGURA 55 – CRIANÇA PERSONALIZANDO A HOUSEPET................................. 78
FIGURA 56 – ALTERNATIVAS PEGADA ECO....................................................... 79
FIGURA 57 – SKETCHES DA MARCA..................................................................... 81
FIGURA 58 – GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS PARA A MARCA............................ 82
FIGURA 59 – ALTERNATIVA ESCOLHIDA PARA A MARCA VERSÕES
VERTICAL E HORIZONTAL.............................................................. 83
FIGURA 60 – USO DO PLAYPET FAZENDO ALUSÃO À MARCA......................... 83
FIGURA 61 – MANUAL DE MARCA RESUMIDO..................................................... 84
FIGURA 62 – PADRONAGEM COM A VERSÃO CONTORNO DA MARCA........... 85
FIGURA 63 – CÍRCULO CROMÁTICO..................................................................... 86
FIGURA 64 – PALETA DE CORES E PADRONAGENS UTILIZADAS NAS
EMBALAGENS................................................................................... 87
FIGURA 65 – ELEMENTOS DA EMBALAGEM........................................................ 88
FIGURA 66 – VERSO TRANSPARENTE DAS EMBALAGENS............................... 89
FIGURA 67 – LINHA DE PRODUTOS EMBALADA..................................... 90
FIGURA 68 – BANNER DE LANÇAMENTO............................................................. 91
FIGURA 69 – PÁGINA HOME DO WEB SITE DA PAPEL DE BICHO..................... 92
FIGURA 70 – CATÁLOGO DE PRODUTOS ONLINE E INTERATIVO.................... 93
FIGURA 71 – FOLDER DE DIVULGAÇÃO DA PAPEL DE BICHO.......................... 93
FIGURA 72 – DIVULGAÇÃO NA PÁGINA DO FACEBOOK DO PETSHOP............ 94
FIGURA 73 – PRODUTOS EXPOSTOS EM LOJA.................................................. 95
FIGURA 74 – SUGESTÕES DE MELHORIAS DOS ENTREVISTADOS................. 100
LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – FATURAMENTO MERCADO PET................................................... 46


GRAFICO 2 – LARES COM CÃES E GATOS......................................................... 47
GRÁFICO 3 – CARACTERÍSTICAS AVALIADAS COMO INTERESSANTES........ 96
GRÁFICO 4 – MOTIVOS LISTADOS PARA NÃO COMPRAR O PRODUTO........ 97
GRÁFICO 5 – ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO DOS ENTREVISTADOS....................... 98
GRÁFICO 6 – ATRIBUTOS LISTADOS COMO INTERESSANTES CONFORME
PESQUISA ONLINE......................................................................... 99
GRÁFICO 7 – MOTIVOS PARA NÃO COMPRAR OS PRODUTOS SEGUNDO
AVALIAÇÃO ONLINE....................................................................... 101
LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – OBJETIVOS E PROCEDIMENTOS DOS ESTÁGIOS DO MSDS.. 17


QUADRO 2 – COMPARATIVO DO PAPEL COMUM X PAPEL RECICLADO...... 24
QUADRO 3 – DIFERENTES TIPOS DE IMPUREZAS PRESENTES EM
APARAS.......................................................................................... 29
QUADRO 4 – ANÁLISE DE OPORTUNIDADES E AMEAÇAS............................. 44
QUADRO 5 – ANÁLISE DE PONTOS FORTES E FRACOS................................ 45
QUADRO 6 – LISTA DE REQUISITOS DE PROJETO......................................... 58
QUADRO 7 – REQUISITOS DE PRODUTO......................................................... 64
QUADRO 8 – ATRIBUIÇÃO DAS CORES NAS EMBALAGENS.......................... 87
QUADRO 9 – REQUISITOS PARA O TIPO DE EMBALAGEM............................. 88
LISTA DE SIGLAS

MSDS Método de Design de Sistemas para a Sustentabilidade


IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
ABINPET Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais
Domésticos
WCED World Commission for Environment and Development
LCD Life Cycle Design
IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas
BRACELPA Associação Brasileira de Celulose e Papel
ABPO Associação Brasileira do Papelão Ondulado
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................12
1.1 OBJETIVO GERAL.......................................................................................... 13
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................................................13
1.3 JUSTIFICATIVA............................................................................................... 14
1.4 ABORDAGEM METODOLÓGICA................................................................... 15
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................... 19
2.1 ECODESIGN E SUSTENTABILIDADE........................................................... 19
2.2 PAPELÃO RECICLADO................................................................................. 22
2.2.1 Processo Produtivo do Papelão Reciclado.................................................... 26
2.2.2 Características e Propriedades do Material.................................................... 33
2.2.3 Produtos Feitos com Papelão Reciclado......................................................... 36
3 ANÁLISE ESTRATÉGICA.............................................................................. 43
3.1 ANÁLISE DOS PROPONENTES DO PROJETO E DEFINIÇÃO DO
CONTEXTO DE INTERVENÇÃO.................................................................. 43
3.2 ANÁLISE DO CONTEXTO DE REFERÊNCIA E A ESTRUTURA DE
SUPORTE DO SISTEMA................................................................................ 45
3.2.1 Mercado Pet.................................................................................................... 46
3.2.2 Tendências Sociais e Comportamento ........................................................... 48
3.3 ANÁLISE DOS CASOS DE EXCELÊNCIA (ANÁLISE DE SIMILARES)........ 49
3.4 DEFINIR PRIORIDADES PARA SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS.................... 54
4 EXPLORAÇÃO DE OPORTUNIDADES......................................................... 57
4.1 REQUISITOS DE PROJETO.......................................................................... 57
4.2 GERAÇÃO E ANÁLISE DE ALTERNATIVAS................................................. 60
4.3 PROTOTIPAÇÃO E TESTES.......................................................................... 63
5 DESENVOLVIMENTO E DETALHAMENTO DO SISTEMA.......................... 70
5.1 LINHA DE PRODUTOS................................................................................... 71
5.1.1 PlayPet............................................................................................................ 71
5.1.2 HigiPet - Caixa de Areia.................................................................................. 73
5.1.3 HigiPet - Refil Sanitário................................................................................... 73
5.1.4 HigiPet - Tapete Higiênico............................................................................... 74
5.1.5 ZzzPet............................................................................................................. 75
5.1.6 HousePet......................................................................................................... 77
5.2 NAMING.......................................................................................................... 78
5.3 IDENTIDADE VISUAL..................................................................................... 80
5.4 EMBALAGENS................................................................................................ 85
5.5 COMUNICAÇÃO E MATERIAIS DE DIVULGAÇÃO....................................... 90
6 SÍNTESE DOS RESULTADOS E VALIDAÇÃO COM O CLIENTE............... 94
7 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES PARA FUTURAS MELHORIAS..... 102
REFERÊNCIAS....................................................................................................... 104
ANEXO A - Diretrizes para o Meio Ambiente........................................................111
APÊNDICE A - Embalagens dos Produtos............................................................112
APÊNDICE B - Catálogo de Produtos da Papel de Bicho....................................118
APÊNDICE C - Formulário de Pesquisa Presencial de Aceitação dos Produtos 123
APENDICE D - Formulário de Pesquisa Online de Aceitação dos Produtos.....124
12

1 INTRODUÇÃO

A presença de pets nos lares brasileiros vem crescendo cada vez mais nos
últimos anos. Segundo pesquisas realizadas em 2013 pelo IBGE, Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística, o número de animais domésticos já supera o número de
crianças por domicílio no Brasil. (IBGE; PNAD, 2013)
Por trás desse crescimento acelerado da preferência por pets estão
consumidores cada vez mais dispostos a investir em produtos e serviços voltados
para esse segmento. Por sua vez, o mercado de produtos e serviços para animais
de estimação está se expandindo para atender a essa demanda. (PET REDE, s.d.)
Considerando esse cenário de ascensão do setor, é possível pensar nos
possíveis efeitos que essa invasão de produtos para pets pode causar em termos de
impacto ambiental.
Diante disso, o presente trabalho se propõe a estudar as possibilidades que
esse mercado oferece e apresentar o desenvolvimento uma linha de produtos
ecológicos de menor impacto ambiental possível voltado para esse público.
Propor um projeto voltado para eco-design ou design sustentável, é também
projetar visando respeitar os princípios de desenvolvimento sustentável,
preocupando-se com as questões ambientais em todas as etapas do ciclo de vida de
um produto, desde a sua concepção à utilização e por fim, seu descarte e
reciclagem. (O QUE É..., 2015)

Os produtos são a fonte de muitos problemas ambientais, pode ser


surpreendente, mas a maioria dos problemas ambientais são causados por
efeitos secundários, não intencionais proveniente das várias fases do ciclo
de vida dos produtos. (CABAÇAS, 2011, pg. 93)

A reciclagem é um processo importante, capaz de prolongar o ciclo de vida


de um produto e evitar a aquisição de nova matéria-prima. No caso do papel esse
processo é ainda mais viável, pois a reciclagem consome menos água e energia do
que a fabricação de papel virgem proveniente do corte das árvores.
Dentro dessa concepção, este trabalho propõe a utilização de um material
alternativo para o desenvolvimento de produtos para animais domésticos, com a
finalidade de baixar seus custos no mercado, sem perder em funcionalidade e
13

principalmente pensando em minimizar os impactos ambientais causados pelo


descarte desses produtos.
Para este fim, o material que será proposto é o papelão reciclado que possui
um grande potencial a ser explorado não somente em embalagens, cartonagem,
encadernação e afins aonde já vem sendo utilizado, mas em uma gama bem variada
de objetos por ser sustentável, resistente, versátil e fornecer inúmeras possibilidades
de acabamentos, formas, texturas, cores para o produto final.
Tendo isto em vista, o presente trabalho pretende explorar os atributos do
material a fim de aplicá-los da melhor maneira em uma linha de produtos para
animais de estimação visando o conforto, a funcionalidade e que ao mesmo tempo
sejam comercializados não apenas pelas vantagens de custo-benefício, mas
também pela sua estética e conceito.
Desse modo o objetivo é desenvolver um projeto inovador nessa área que
valorize a matéria prima, e que ao mesmo tempo seja funcional, de baixo custo,
ecológico, e que desperte a curiosidade do consumidor.
Com essa finalidade, a metodologia empregada neste trabalho foi baseada
principalmente no Método de Design de Sistemas para a Sustentabilidade
(Methodology for System Design for Sustainability), apresentado por Carlo Vezzoli
em seu livro Design de Sistemas para a Sustentabilidade. Vezzoli apresenta alguns
estágios, procedimentos e reúne algumas ferramentas que podem orientar o
processo de desenvolvimento de sistemas voltados para sustentabilidade.

1.1 OBJETIVOS GERAIS

Desenvolver uma linha de produtos ecológicos voltados para animais de


estimação, tendo como base o uso do papelão reciclado.

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS


14

1. Aprofundar-se sobre Ecodesign e Design Sustentável buscando aplicar


ferramentas e metodologias que possam auxiliar no desenvolvimento de produtos
ecologicamente corretos;
2. Analisar e testar as características do papelão reciclado e seu processo de
produção, visando conhecer as possibilidades que o material oferece para esse tipo
de aplicação;
3. Pesquisar sobre o mercado pet e analisar soluções similares já existentes, a
fim de delimitar a linha de produtos a ser desenvolvida em papelão reciclado;
5. Gerar alternativas, desenvolver e testar protótipos em escala 1:1;
6. Propor uma identidade visual para o sistema desenvolvido;
7. Testar e validar o produto final junto ao seu público-alvo.

1.3 JUSTIFICATIVA

O papelão reciclado é fabricado usando 100% de matéria-prima reciclada a


partir e aparas de papel¹ provenientes de diversas fontes. Sobras de indústrias
gráficas, embalagens, jornais, entre outros são processados para novamente entrar
no ciclo produtivo e dar origem a um material leve, resistente, versátil, 100%
reciclado e biodegradável que já vem sendo bastante explorado inclusive no Brasil:

No Brasil, vários tipos de papéis são fabricados utilizando fibras


provenientes de aparas, dentre eles temos: papel de escrever; papéis de
embalagens leves e embrulhos (como manilha e macarrão); papéis de
embalagens pesadas (usados na fabricação de papelão ondulado); cartões
(como o papelão); papéis para fins sanitários (papéis higiênicos populares).
Os artefatos de polpa moldada podem ser utilizados para embalagens como
bandejas para ovos e frutas (como as utilizadas para caixas de maçãs).
(LIMA; FILHO, 2001, p.5)

O processo de reciclagem do papel é, portanto responsável por reinserir no


mercado uma matéria-prima com um grande potencial para utilização em diversas
áreas, com características que abrem muitas portas para o desenvolvimento de

¹ Sobras resultantes dos cortes finais de acabamentos das folhas ou rolos de papel. Na Indústria de
celulose e papel, também são chamados de aparas papeis já usados, recolhidos para reciclagem.
(ANDRIONI, 2009, p. 224)
15

produtos sustentáveis dos mais variados.


A confluência entre a constante demanda por produtos mais amigáveis ao
meio ambiente, o crescente interesse por animais domésticos e o potencial de
crescimento do mercado brasileiro nessa área revelou o cenário de atuação do
presente projeto.
Uma pesquisa realizada em 2013 pelo IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística, revela que existem mais de 70 milhões de animais entre cães e gatos
estão distribuídos nos domicílios dos brasileiros. (IBGE, 2013) Esse número é ainda
mais revelador quando comparado aos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (PNAD) do mesmo ano de 2013, que apresenta a quantidade de crianças
presentes nos lares brasileiros: cerca de 45 milhões, ou seja, o número de animais
já supera o número de crianças por domicílio no país. (PNAD, 2013)
Segundo a ABINPET, Associação Brasileira da Indústria de Produtos para
Animais Domésticos (2015) em um ranking mundial o Brasil é o quarto colocado no
que se refere ao número de animais de estimação, sendo que o total mundial é de
cerca de 1,56 bilhões de animais. (ABINPET, 2015)
O papelão pode ser uma alternativa muito eficiente para esse tipo de projeto,
pois além de ser resistente e ecologicamente correto, proporciona ao produto final
mais leveza e praticidade no transporte, e também agrega características
interessantes do ponto de vista comercial como o baixo custo e a facilidade de
personalização.

1.4 ABORDAGEM METODOLÓGICA

Como procedimentos este trabalho inicia-se através de uma pesquisa


bibliográfica buscando aprofundar e fornecer conteúdo que fundamentem o projeto.
Para tanto, no primeiro capítulo serão abordados dois tópicos importantes para o
entendimento dessa pesquisa: no primeiro tópico são apresentados os conceitos de
ecodesign e design sustentável que serviram de base teórica para essa proposta; o
segundo tópico traz informações, características e aplicações do material que
pretende-se utilizar: o papelão reciclado;
16

Em seguida, visando sempre projetar uma solução sustentável, foram


utilizadas algumas ferramentas presentes nas metodologias de projeto com o
mesmo direcionamento, ou seja, visando projetar um produto-sistema que cause o
menor impacto ambiental possível e seja ao mesmo tempo funcional e desejável.
Segundo Manzini (2008), gerar soluções sustentáveis exige uma abordagem
estratégica do designer a fim de atingir a inovação orientada para a sustentabilidade
que motivem um gradativo processo de aprendizagem social baseado na
descontinuidade sistêmica com relação às soluções "insustentáveis" que nos
rodeiam atualmente. O autor afirma que esse processo faz parte de um período de
transição que poderá ser longo, no entanto necessário para a qualidade do ambiente
global. (MANZINI, 2008, p. 19; 27; 52)
Buscando essa "radical transformação de produtos em soluções", ou seja,
pensando em termos de sistema, Manzini (2008, p. 29) cita alguns passos a serem
levados em consideração no projeto de design: mudar a perspectiva; imaginar
soluções alternativas; avaliar e comparar várias soluções alternativas e desenvolver
as soluções mais adequadas.
A fim de atingir, através de uma visão estratégica e sistêmica, uma solução
sustentável do ponto de vista ecológico, econômico e social, esse trabalho foi
embasado no MSDS, Método de Design de Sistemas para a Sustentabilidade
(Methodology for System Design for Sustainability), desenvolvido pela unidade de
pesquisa DIS no departamento INDACO do Politécnico di Milano apresentado por
Carlo Vezzoli em seu livro Design de Sistemas para a Sustentabilidade.
O MSDS é composto por 5 estágios: análise estratégica; exploração de
oportunidades; desenvolvimento de conceitos (projeto conceitual); detalhamento do
sistema; e comunicação. (VEZZOLI, 2010, p. 207-291)
Para cada estágio existe um objetivo, procedimentos, processos,
subprocessos, saídas e ferramentas que o autor sugere, no entanto o MSDS é um
método modular e bastante flexível, portanto permite a utilização na sua totalidade
ou em partes, de acordo com as necessidades e circunstâncias que auxilie o
designer a conduzir a solução a um patamar sustentável.
Para visualizar melhor, os objetivos e procedimentos de cada um dos
estágios do MSDS seguem apresentados no Quadro 1. Foram também destacados
em verde, nesse mesmo quadro, todas as etapas dessa metodologia que foram
utilizadas diretamente nesse trabalho.
17

ESTÁGIO OBJETIVO PROCEDIMENTOS


Analisar os proponentes do projeto e definir o contexto
de intervenção
Analisar o contexto de referência
Obter informações necessárias para
ANÁLIDE
instrumentalizar a geração de ideias Analisar a estrutura de suporte do sistema
ESTRATÉGICA
sustentáveis
Analisar os casos de excelência para a
sustentabilidade
Definir prioridades para soluções sustentáveis

Catalogar as possíveis estratégias Gerar ideias orientadas para a sustentabilidade


EXPLORAÇÃO DE promissoras e disponíveis ou, em
OPORTUNIDADES outras palavras, listar cenários para a Elaborar cenários de orientação de projeto para a
orientação de projetos sustentáveis sustentabilidade (visões e ideias orientadas para a
sustentabilidade)
Selecionar ideia (únicas ou combinadas)
Desenvolver conceitos de sistemas (consistindo em
um ou mais mix de produtos e serviços que
DESENVOLVIMENTO Determinar um ou mais conceitos de
caracterizem a oferta; sistemas de interação relativa
DE CONCEITOS DE sistemas orientados para a
entre os atores envolvidos; e potenciais melhorias
SISTEMA sustentabilidade
ambientais, socioéticas e econômicas)
Fazer uma avaliação ambiental, socioética e
econômica

DESENVOLVIMENTO Detalhar o(s) conceito(s) de Detalhar o sistema projetado


E DETALHAMENTO sistema(s) mais promissores para a Fazer uma avaliação ambiental, socioética e
DO SISTEMA implementação econômica

Elaborar relatórios para comunicar as


características gerais, principalmente,
COMUNICAÇÃO Elaborar a documentação
as características sustentáveis do
sistema desenvolvido.

Quadro 1 - Objetivos e procedimentos dos estágios do MSDS


Fonte: Adaptada de Vezzoli (2010, p. 212-213)

O método proposto por Vezzoli é bastante adaptável às necessidades


específicas do projeto. O autor orienta e reforça que novas etapas podem ser
diminuídas ou acrescidas de acordo com o andamento do processo de
desenvolvimento, assim como outras atividades e ferramentas, além daquelas
sugeridas pela metodologia, também podem ser incorporadas.
Para auxiliar em diversas etapas do projeto foram utilizadas algumas das
ferramentas listadas por Pazmino (2015) em seu livro: 40 Métodos para o design de
produtos como o painel visual, a análise swot e diretrizes para o meio ambiente.
Baseando-se em alguns estágios da metodologia MSDS para configurar a
estrutura deste trabalho ficaram definidos os seguintes tópicos: fundamentação
teórica; análise estratégica; exploração de oportunidades; desenvolvimento e
18

detalhamento do sistema; síntese dos resultados e validação com o cliente;


conclusões e considerações para futuras melhorias.
19

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Aspirando interferir de forma ambientalmente sustentável através do design


em um contexto é importante primeiramente identificar, analisar e entender, por meio
de uma revisão bibliográfica, os temas empregados nessa pesquisa. Primeiramente,
serão abordados os conceito de ecodesign e de design sustentável. Em seguida,
será apresentado o papelão reciclado, seu processo de fabricação, características e
exemplos de utilização.

2.1 ECODESIGN E SUSTENTABILIDADE

Diante de um mercado globalizado, saturado de produtos e serviços


inovadores, deve ser prioridade a preocupação com os impactos ambientais para um
desenvolvimento sustentável. Para tanto, a base ideológica e metodológica aplicada
a esse projeto parte principalmente do conceito de ecodesign:

O Eco Design, cuja primeira definição foi dada por Victor Papanek, participa
desse processo que tem por consequência tornar a economia mais "leve".
Igualmente chamada de ecoconcepção, trata-se de uma abordagem que
consiste em reduzir os impactos de um produto, ao mesmo tempo em que
busca conservar a qualidade de uso (funcionalidade, desempenho), para
melhorar a qualidade de vida dos usuários de hoje e de amanhã.
(KAZAZIAN, 2005)

Ecodesign é, portanto, uma vertente do design que considera em primeiro


plano a redução do impacto ambiental durante toda a cadeia de projeto de produto,
desde a concepção até o descarte do mesmo. Segundo Fiksel (1995 apud
QUARTIM, 2010) é “um sistema de projetar onde o desempenho respeita o meio
ambiente, a saúde e segurança em todo o ciclo de vida do produto e do processo".
Se por um lado projetar tendo em vista a ecoeficiência e a redução dos
impactos ambientais causados pelo sistema em que está inserido um determinado
produto é fator fundamental, por outro desenvolver um sistema sustentável significa
se preocupar não somente com os impactos ambientais, mas também com os
impactos sociais de um projeto de design. Ou seja, um projeto ecologicamente
20

correto, não necessariamente é sustentável, mas um projeto sustentável é inclusive


ecológico, isso segue melhor ilustrado na Figura 1.

Figura 1 - Relação entre Design, Ecodesign e Design Sustentável


Fonte: Quartim (2010)

Uma das primeiras menções ao termo design sustentável aconteceu em


1987, no relatório da Comissão Mundial para o Ambiente e Desenvolvimento do
Futuro Comunitário – WCED (World Commission for Environment and Development),
trata-se do “desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem
comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias
necessidades”. (WCED, 1987)
Manzini e Vezzoli (2011, p.20) declaram que para ser considerado
plenamente sustentável um projeto precisa ligar o tecnicamente possível com o
ecologicamente necessário, para fazer nascerem novas propostas que sejam social
e culturalmente apreciáveis. Nesse sentido, conforme a Figura 2, para atingir a
sustentabilidade uma solução precisa interferir em três níveis: ambiental, social e
econômico.
21

Figura 2 - Design Sustentável


Fonte: Adaptada de White et al., 2004

Nesse contexto, o profissional de design assume uma função fundamental: a


de projetar não mais somente um produto, mas um projeto-sistema por completo
considerando todo o ciclo de vida do produto. (MANZINI; VEZZOLI, 2011, p. 100)
O objetivo de projetar o denominado Life Cycle Design (LCD) é “reduzir ao
mínimo possível seja o imput (entrada) de materiais e de energia, seja o impacto de
todas as emissões e dos descartes finais, isto é, os outputs (saídas), do sistema-
produto inteiro” (MANZINI; VEZZOLI, 2011, p. 100)
Segundo Cardoso (2008):

Cabe ao designer pensar cada vez mais em termos do ciclo de vida do


objeto projetado, gerando soluções que otimizem três fatores: 1) uso de
materiais não poluentes e de baixo consumo de energia, 2) eficiência de
operação e facilidade de manutenção do produto, 3) potencial de
reutilização e reciclagem após descarte.

Cardoso (2008) ainda reforça que "o aperfeiçoamento dos sistemas de


reciclagem e de reaproveitamento devem se tornar uma prioridade para o designer
em nível industrial".
Kazazian (2005) trata a reciclagem como um processo de valorização do
produto pós-uso, no esquema ilustrado na Figura 3 abaixo pode-se notar que
através desse processo é possível substituir um ciclo de vida unidirecional de um
22

produto que acabaria no descarte e no acúmulo de resíduos para um fluxo fechado e


renovável.

Figura 3 - Reciclagem como solução de valorização do produto


Fonte: Adaptada de O2 France (apud KAZAZIAN, 2007, p. 54)

2.2 PAPELÃO RECICLADO

A ideia da reciclagem ganha força como resposta à preocupação mundial


com as questões ambientais associadas ao crescente consumo de mercadorias.

Diante do quadro, a agência Europeia de consumo e Produção Sustentável


estima que, em 2050, a metade dos atuais produtos e serviços
comercializados no planeta já não existirão mais. Serão substituídos -
espera-se - por outros mais condizentes com a sustentação da vida no
planeta. Entre esses, estarão os produtos fabricados com a matéria-prima
reciclada. (FILHO, 2007)

Segundo Manzini e Vezzoli (2011, p.108) “se estendermos a vida de um


material (reciclando, usando em compostagem ou, ainda, incinerando-o com
recuperação de energia) evitamos tanto o seu descarte como o consumo de
recursos virgens para produção de novos materiais correspondentes".
23

Na medida em que o interesse pela reciclagem aumentou, cresceu também


a quantidade de produtos feitos com material reciclado e isso gera muitas vantagens
ambientais (MADE IN..., 2010). Segundo Dias (2010) "um dos benefícios mais
importantes da reciclagem é a recuperação de recursos naturais (matéria-prima), por
meio da reutilização, reciclagem e reprocessamento de materiais antigamente tidos
como "lixo"". Esse mesmo autor destaca que a reciclagem do papel evita o corte de
árvores e diminui amplamente os gastos com energia e água:

Cada tonelada (1.000kg) de papel fabricado com sobras de papel evita a


derrubada de 40 a 60 árvores de eucalipto com oito anos de idade. Além
disso, o método consome apenas metade da energia gasta no processo
tradicional e utiliza uma quantidade de água cinquenta vezes menor. ( Dias,
2010)

Com o avanço das tecnologias, principalmente na área da computação,


muitos cientistas sociais apostavam na diminuição do uso do papel, no entanto, ao
contrário do estimado, o consumo nas últimas décadas do século XX aumentou, e
atenção para a ameaça da escassez de matéria-prima fomentou o advento de
políticas públicas de reflorestamento. Hoje, grande parte das indústrias produtoras
de celulose possui sua própria reserva florestal. Isso também abriu precedentes para
o surgimento da reciclagem do papel descartado. (SANTOS et al., 2010)
O papel descartado pode retornar à cadeia de produção como matéria-prima
para fabricação de novas folhas ou até para fabricação de novos produtos. De
acordo com o IPT, Instituto de Pesquisas Tecnológicas (1995, apud. BUGAJER,
1976 e FERGUSON, 1992), o papel pode ser reciclado de sete a dez vezes, o que
demonstra a capacidade do prolongamento do ciclo de vida deste material.
A reciclagem do papel é uma atividade sustentável do ponto de vista
econômico, ambiental e social. Socialmente, é responsável por gerar empregos em
toda cadeia desde a coleta seletiva, fabricação e distribuição. Também é uma
atividade economicamente viável, pois disponibiliza ao mercado uma matéria-prima
fibrosa de custo inferior se comparada àquela proveniente de fontes virgens. Além
disso, diminuir o volume de lixo nos aterros sanitários e lixões reduz o custo de
manejo e manutenção nesses locais. Isso também é considerado um ganho no
aspecto ambiental. Outras vantagens para o meio ambiente são a redução do
consumo de árvores para produção do papel e a otimização do ciclo de vida do
material. (FOELKEL, s.d.)
24

Segundo a Bracelpa, Associação Brasileira de Celulose e Papel (2011) o


Brasil está entre os maiores recicladores de papel do mundo, “em 2011, o consumo
aparente de papel no País registrou 9,6 milhões de toneladas e a recuperação de
aparas foi de 4,4 milhões de toneladas”.
Esse número referente à recuperação de aparas só não é maior pela baixa
eficiência do sistema de coleta seletiva de papel dos lixos domiciliares. A grande
maioria (70%) da matéria-prima que retorna à cadeia produtiva são: "sobras de
gráficas; resíduos de distribuidores e revendedores de papel; fabricantes de caixas
de papel; fabricantes de cadernos; da devolução de livros e revistas não vendidos
pelas livrarias e bancas de revistas; das embalagens secundárias de produtos como
as caixas de papelão que sequer saem dos supermercados e lojas de departamento;
etc." (FOELKEL, s.d.)
Em resumo, Santos et al. (2010) apresenta um quadro comparativo (Quadro
2) entre o papel fabricado de matéria-prima virgem e o reciclado.

PAPEL COMUM PAPEL RECICLADO

Grande extração vegetal de eucalipto e


Matéria-prima Resíduos sólidos do papel
pinheiro
Utilização de produtos químicos
principalmente cloro e peróxido para Utilização de produtos químicos em
branqueamento, sendo estes menor escala
Processo produtivo compostos altamente poluentes
Utilização de grande quantidade de Utilização de menor quantidade de
água e energia água e energia
Distribuição Paletes em caminhões Paletes em caminhões
Utilizado em grande escala no Utilizado em pequena escala no
comércio, indústria comércio, indústria
Consumo
Grande aceitação no mercado Pouca aceitação no mercado
Preço mais baixo de mercado Preço elevado de mercado
Quadro 2 - Comparativo do papel comum x papel reciclado
Fonte: Adaptada de SANTOS et al. (2010)

O processo produtivo do papelão reciclado é muito similar ao do papel


reciclado comum, mas ao final do processo obtém-se uma folha de gramatura e
rigidez muito mais elevada composta por várias camadas. Esse material também é
chamado de cartão de alta gramatura ou cartão cinza, sendo o último em
decorrência da sua cor característica, consequências dos materiais empregados na
sua fabricação.
25

Quando se fala em papelão, é muito comum a associação com o papelão do


tipo corrugado, também chamado de ondulado, muito utilizado em embalagens para
transporte com a função de proteger os produtos. No entanto, o papelão a que se
refere esse trabalho se diferencia bastante desse primeiro material.
A fabricação do papelão ondulado pode também utilizar matéria-prima
reciclada, mas não em toda composição. Segundo a Associação Brasileira do
Papelão Ondulado, ABPO (s.d.) "no Brasil, o uso de papel reciclado na produção do
papelão ondulado chega a mais de 70% do total produzido".
Como pode ser notado na Figura 4 abaixo, uma característica marcante do
papelão corrugado é a "estrutura formada por um ou mais elementos ondulados,
chamados de “miolo”, fixados a um ou mais elementos planos, chamados de “capa”,
por meio de adesivo aplicado no topo das ondas." (ABPO, s.d.)

Figura 4 - Estrutura do papelão ondulado


Fonte: ABPO (s.d.)

Em contrapartida, o papelão que serve de matéria-prima para o presente


projeto é definido por Andrioni et al. (2011) como:

[...] cartão de elevada gramatura e rigidez. Fabricado essencialmente de


pasta mecânica e/ou aparas, geralmente em várias camadas da mesma
massa, e sua cor é, em geral, consequencia dos materiais empregados em
sua fabricação.

Conforme observado por Andrioni, a cor desse material pode variar conforme
o processo produtivo, mas naturalmente apresenta tons acinzentados como o
exemplo da Figura 5.
26

Figura 5 - Aspecto do papelão reciclado


Fonte: Acervo do autor (2016)

2.2.1 Processo Produtivo do Papelão Reciclado

Para falar sobre o processo produtivo do papelão cinza foi feita uma análise
bibliográfica considerando também o processo de produção e reciclagem do papel
comum e do papelão corrugado/ondulado pelas similaridades e pela falta de
bibliografia específica do material em questão. Para comparar e validar essas
informações, foi realizada uma visita técnica em uma indústria de papelão reciclado
localizada no município de Campo Largo - PR.
O papelão reciclado é produzido através de um processo que inicia na
recuperação da matéria-prima descartada que será encaminhada para os aparistas
que fazem a separação da aparas de papel de acordo com suas características e as
encaminham para as fábricas de papel. Esse processo está melhor ilustrado na
Figura 6.
27

Figura 6 - Fluxograma das aparas de papel


Fonte: Adaptado de ANAP (2015)

Segundo FOELKEL (s.d.), a separação dos papéis segue uma denominação


conforme a origem:

Quando o papel corresponde a papeis que não chegaram a ser usados pelo
consumidor final (população de cidadãos, escritórios comerciais,
restaurantes, etc.) esse papel é denominado de material ou aparas de pré-
consumo. Não se incluem aqui os refugos ("broke") das próprias fábricas de
papel, em sua fabricação, acabamento, conversão. Já os papeis usados,
que foram utilizados e descartados pelo consumidor final constituem o que
se denomina de aparas de papel de pós-consumo. (FOELKEL, s.d.)

Além disso, a separação também segue uma classificação de acordo com o


tipo de papel e sua coloração. Esse material separado pelos aparistas é arranjado
em lotes amarrados de peso específico, também chamados de fardos, e
encaminhado para a indústria recicladora. A Figura 7 ilustra exemplos de fardos de
papeis organizados numa indústria de reciclagem.
28

Figura 7 - Aparas de papel


Fonte: Acervo do autor (2016)

Ao chegarem à indústria, as aparas recebidas são levadas à uma máquina


denominada hidrapulper (Figura 8) capaz de separar as fibras da matéria-prima em
um processo de desagregação das fibras, e transformá-la em uma "pasta" de
celulose após a adição de água. (BRACELPA, 2001)

Figura 8 - Hidrapulper
Fonte: Acervo do autor (2016)

Nessa operação de desagregação, bem como na fase seguinte de depuração,


ocorre também a retirada de algumas impurezas contaminantes que podem chegar
com a matéria-prima e comprometer a qualidade do papel.
No Quadro 3 estão exemplificados alguns tipos de impurezas que podem
estar presentes nas aparas ou foram adicionadas no processo de transporte,
manuseio e fabricação.
29

FONTE IMPUREZA

Estilhas de pasta mal cozidas e depuradas; areia; trapos;


Da matéria-prima papéis resistentes a úmido; plásticos; papéis parafinados ou
resinados e outros

Areias; cascas; pedras; arames; pregos; grampos; plásticos e


Do manuseio e transporte
outros

Introduzido durante o processo Materiais resultantes do desgaste de equipamentos de água;


de fabricação associada a insumos

Quadro 3 - Diferentes tipos de impurezas presentes em aparas


Fonte: Adaptada de ANDRIONI et al. (2009, p. 58)

Depois de depurada, a polpa pode ou não passar por um processo mecânico


de refinação, onde as fibras serão esmagadas através do atrito. "Nesta etapa,
colhem-se amostras para teste, para avaliar a eficiência do grau de refino". (LIMA;
FILHO, 2001) De acordo com Farias (2013) é também durante essa etapa de
refinamento que aditivos químicos são adicionados à massa.
A "pasta" celulósica obtida no processo de refinação do papel tem um
grande potencial para receber tratamentos químicos que podem promover efeitos
diretos sobre as propriedades do material alterando textura, cor, aroma, resistência,
entre outros. Segundo Andrioni et al. (2009, p.110) esse processo é responsável
pela hidratação das fibras, e pelo aumento da resistência a tração e ao
arrebentamento, por exemplo.
Depois do refinamento, a massa vai para o estoque ou segue diretamente
para o circuito de aproximação da máquina de papel. Ainda com grande
concentração de água, a massa vai para o processo de formação da folha, onde
toda polpa será depositada em uma tela de material similar a um feltro que retém a
massa fibrosa. Boa parte da água que foi utilizada para diluição da massa é
removida nesse processo. (ROBERT, 2007)
Logo após, a folha é prensada por rolos (processo de prensagem) e então
encaminhada para os cilindros secadores. Conforme definição de Andrioni (2009)
cilindros secadores são "cilindros em bateria, aquecidos por vapor, em cuja
superfície passa o papel [...]." Essa série de cilindros aquecidos colocados em
sequência é responsável pela remoção e controle da umidade ainda presente na
folha. Na Figura 9 é possível perceber o vapor que se espalha durante esse
30

processo devido às altas temperaturas dos cilindros (cerca de 120°C) de aço que
fazem com que a umidade ainda presente na folha evapore.

Figura 9 - Detalhe do processo de secagem da folha


Fonte: Acervo do autor (2016)

Ao final dessa bateria de cilindros secadores a folha pode passar ainda por
uma segunda etapa que também utiliza cilindros, mas mas não necessariamente
calor: a calandragem que, entre outras coisas, é uma etapa responsável por nivelar
a espessura do papel. Segundo definição de Andrioni et al. (2009, p. 227) a calandra
é um "conjunto de rolos superpostos, entre os quais passa o papel, de forma a lhe
proporcionar uma superfície mais lisa ou acetinada".
Depois da calandragem a folha já está formada, e com as características
ideais para uso, portanto esse material segue então para as cortadeiras. O formato
padrão industrial de tamanho de folha para cartões de alta gramatura é 80x100cm.
Nem todas as espessuras podem ser fabricadas diretamente em máquina,
por isso, ao final do processo as chapas são encaminhadas para a coladeira, onde é
possível unir uma ou mais chapas a fim de atingir a espessura desejada. Na Figura
10 percebe-se entre as diferentes espessuras das chapas de papelão que as
camadas de folhas coladas são visíveis.
31

Figura 10 - Camadas das chapas de papelão


Fonte: Acervo do autor (2016)

No esquema apresentado na Figura 11 está ilustrado o processo desde a


formação da folha, passando pelas prensas, cilindros secadores, calandra,
cortadeira para então finalmente ser encaminhada para expedição.

Figura 11 - Processo de secagem da folha


Fonte: DA FLORESTA AO PAPEL (s.d.)

As chapas de papelão já cortadas são separadas em fardos (amarrado de 25


kg), que por sua vez são colocados sobre um palete, embalados em filme plástico
(strech), pesados e encaminhados para envio (Figura 12).
32

Figura 12 - Paletes prontos para distribuição


Fonte: Acervo do autor (2016)

Durante várias etapas do processo de produção do papelão um recurso


natural é abundantemente utilizado: a água. Tendo em vista as diversas políticas
públicas de conservação ambiental, a maioria das fábricas do setor de papel e
celulose possuem instalações de tratamento dos efluentes o que permite haver um
grande aproveitamento da água. Isto é, a água utilizada nos processos recebe uma
série de tratamentos químicos e retorna à cadeia para ser reutilizada. Nesse
processo também são recuperadas fibras e cargas que foram adicionadas ao papel,
e essa é uma grande vantagem inclusive econômica para as indústrias papeleiras.
(ANDRIONI et al., 2009, p. 179-200)
De todo o consumo de água no processo de reciclagem aproximadamente
90% (esse número pode variar de dentre as empresas) pode ser recuperado. A
única etapa em que há perda de água é durante o processo de secagem da folha,
onde toda umidade evapora por conta do calor. Na Figura 13 está descrito o
processo de fabricação do papelão reciclado indicando as etapas em que a água
pode ser reaproveitada.
33

Figura 13 - Uso da água no processo produtivo do papelão


Fonte: Autoria própria (2017)

Após o processo de secagem onde quase toda a água presente na folha é


evaporada é necessária a inserção de água limpa somente no processo de colagem
porque a cola utilizada é à base de água.

2.2.2 Características e Propriedades do Material

Como já citado (vide item 2) o papelão reciclado também atende por outros
nomes: papel cartão de alta gramatura, cartão rígido ou compacto e cartão cinza,
por exemplo, que são decorrentes de características físicas específicas desse
material. Se comparado a outros tipos de papeis ou de cartões esse material tem por
característica possuir elevadas gramaturas (de 349 a 1749 g/m2) e ser muito mais
rígido. A cor acinzentada é natural do processo de reciclagem e a tonalidade varia
conforme o lote de aparas utilizado na fabricação. (CAMPOS, 2010)
Em termos de resistência e rigidez, o sentido da fibra é uma característica
que interfere em várias propriedades do papel. Quando o papel é formado na
máquina as fibras celulósicas tendem a se reorganizar em um único sentido o que
34

confere à folha características diferentes no sentido longitudinal e transversal.


(ANDRIONI, 2009)
Considerando o tamanho padrão das folhas de 80x100cm, as fibras se
alinham no sentido longitudinal. Na ilustração a seguir (Figura 14) é possível
visualizar melhor.

Figura 14 - Sentido das fibras do papel


Fonte: Autoria própria (2017)

O sentido de fibra é uma característica muito importante que interfere em


aspectos decisivos para um projeto e é fundamental que essa característica do
papel seja avaliada e considerada durante o processo de desenvolvimento.
A resistência à dobra e a rigidez, por exemplo, são propriedades muito
influenciadas pelo sentido das fibras do papel. No sentido favorável às fibras,
longitudinal, o cartão oferece menor resistência e dobra mais facilmente. Já no
sentido contrário às fibras há uma resistência muito maior, o papel é mais rígido.
Isso segue ilustrado na Figura 15.
35

Figura 15 - Sentido das fibras do papel


Fonte: Autoria própria (2017)

O corte de uma peça também sofre influência do sentido da fibra. Se


rasgada manualmente, uma folha apresenta maior irregularidade no corte quando
feito no sentido contra fibra. Já no sentido favorável, esse mesmo rasgo apresentará
um aspecto mais simétrico. (PORTAL CHAMBRIL, s.d.)
Além do sentido de fibra, outra característica determinante em um projeto é
a espessura do papelão. De acordo com Rodrigues (2015) a espessura é a "[...]
distância entre as duas faces do papel cartão, usualmente expressa em mm ou μm,
[...] a espessura possui uma correlação maior com a rigidez do cartão do que com a
gramatura: quanto maior a espessura, maior a rigidez [...]".
Essa propriedade interfere em diversas etapas do processo de
desenvolvimento. Para escolher a espessura ideal é preciso avaliar a finalidade do
produto e também estar atento a algumas limitações com relação a maquinários e
processos produtivos que possam ser fatores limitadores para essa escolha.
Por ser um material composto por camadas sobrepostas, a variedade de
espessuras colocadas à disposição pela indústria é bem grande, podendo variar de
0,5mm a 4 mm, por exemplo. No entanto, certas máquinas de corte e vinco
funcionam melhor utilizando um material com até 2,6mm de espessura, cortes com
materiais mais espessos podem comprometer a produtividade e prejudicar o
equipamento. A exemplo disso pode-se citar também as chamadas plotters de
recorte que se assemelham a uma impressora, mas são dotadas de uma lâmina que
realiza o recorte de peças através de desenhos fornecidos por softwares. No geral,
36

essas máquinas aceitam e se comportam bem somente com folhas até 1 mm de


espessura. (BLOG DA HÖRLLE, 2017)
Para técnicas de corte manual utilizando tesoura e estilete, por exemplo, a
recomendação é de usar cartões com até 2 mm de espessura, mas isso vai variar de
acordo com a preferência do profissional. Outra possibilidade é o corte a laser, cuja
grande vantagem é não possuir uma limitação de espessura, pois esse tipo de
maquinário tem uma grande aceitação com relação a isso. Para maiores
espessuras uma alternativa também viável é utilizar ferramentas/máquinas de corte
que se destinam em geral à madeira, por exemplo, serra tico tico, serra fita, CNC,
etc. (BLOG DA HÖRLLE, 2017)

2.2.3 Produtos Feitos com Papelão Reciclado

O papelão reciclado é um material bastante versátil e multifacetado que


pode ser utilizado em diversas áreas. Serve de insumo para indústria gráfica,
artesanato, decoração, cenografia entre outros. Esse material é fortemente utilizado
para encadernação, cartonagem e embalagens em geral, mas a lista de
possibilidades vai além disso. Segundo a Indústria de Papelão Hörlle, (s.d.) entre as
opções de produtos que podem ser criados com o cartão reciclado estão: álbuns,
porta retratos, quadros, maquetes e protótipos, embalagens, caixas organizadoras,
gaveteiros, cenários, displays, brindes diversos, brinquedos (como quebra-cabeças,
por exemplo) etc. Alguns desses produtos estão ilustrados na Figura 16.
37

Figura 16 - Exemplos de produtos feitos em papelão


Fonte: Acervo da empresa (2017)

A rigidez, que é uma característica do papelão reciclado, é o motivo dele ser


largamente utilizado com finalidade estrutural, ou seja, para dar firmeza às peças
como bolsas, carteiras, entre outras, muitas vezes revestidas com tecido ou papeis
especiais.
Ultimamente, a valorização do material reciclado tem despertado o interesse
na produção de peças que expõem a textura do material propositalmente de forma a
agregar um valor ecológico ao projeto. A exemplo disso, na Figura 17 uma luminária
feita em papelão reciclado que aproveitou o material in natura, sem a utilização de
revestimentos.
38

Figura 17 - Luminária de papelão


Fonte: Maynes (2012)

Mesmo sem a utilização de revestimento esse material apresenta uma boa


resistência que pode ser explorada inclusive em projetos de mobiliário, como
estantes, bancos, cômodas, entre outros. No exemplo da Figura 18 foi utilizado um
papelão reciclado que recebeu uma coloração de preto durante o processo produtivo
o que conferiu ao produto um ótimo acabamento.

Figura 18 - Móveis em papelão


Fonte: Acervo da autora (2016)

Um exemplo de objeto feito a partir do papel reciclado e que está muito


presente em nosso cotidiano é a caixa de ovos tradicional, mostrada da Figura 19.
39

Esse modelo, no entanto, é feito com uma técnica de produção diferente


denominada polpa moldada que trabalha a massa já desagregada e tratada
prensando-a em um molde aquecido.

Figura 19 - Caixa de ovo feita com polpa moldada


Fonte: Fotomelia (2016)

Como polpa moldada, o papelão feito com material reciclado abre um leque
maior ainda de possibilidades em respeito às formas e isso tem sido explorado
inclusive na área de design nacional e internacionalmente. Em termos de design
nacional um projeto de luminária feita a partir da reciclagem de caixas de ovos
ganhou visibilidade com o 2° lugar do premio Idea Brasil 2013. A Luminária ovo,
mostrada da Figura 20, foi idealizada por Raphael Accardo de Freitas conserva as
cores, textura e aspecto do material reciclado.

Figura 20 - Luminária Ovo em polpa moldada


Fonte: Racc Design (2016)
40

A massa de papel reciclado, obtida no processo de produção tem também


alta potencialidade para ser explorada em conjunto com outros materiais formando
compósitos, a fim de enriquecer o produto final agregando características
interessantes ao projeto. Nos trabalhos do Ateliê Gente de Fibra (Figura 21), por
exemplo, fibras naturais de bananeira são combinadas na massa de papel reciclado
e posteriormente moldadas em diversos formatos.

Figura 21 - Produtos em papel reciclado e fibra de bananeira


Fonte: Gente de Fibra (2013)

A empresa americana Noble Environmental Technologies, também explorou


o grande potencial das fibras de celulose e é responsável pelo desenvolvimento do
material chamado "Ecor", um composto de papeis, fibras provenientes do descarte
do ambiente agrícola como bagaço de cana, palha de trigo, juta e também restos da
indústria madeireira como serragem e outras fibras de madeira desperdiçadas no
processo. (ECOR, s.d.)
O resultado é um material resistente, versátil, que pode assumir diversas
formas através do processo de moldagem e de corte a laser, um material inovador,
sustentável e que abre um leque possibilidades em termos de projetos de design,
arquitetura, construção civil, indústria gráfica, entre outros.
O material inovador já está sendo usado em seguimentos como materiais
promocionais, displays, móveis, decoração e ornamentos, construção civil e ainda
tem muito potencial a ser explorado. Alguns exemplos de produtos e estruturas
montadas com Ecor seguem ilustrados na Figura 22.
41

Figura 22 - Exemplos de produtos feitos com Ecor


Fonte: adaptada de Ecor (2016)

Além de fibras, como já mostrados nos exemplos anteriores, outros aditivos


podem agregar características diferentes durante o processo de reciclagem do
papel, é o caso do papel semente. O papel semente é um papel reciclado que ao ser
fabricado recebe algumas sementes de árvores, flores, temperos e/ou hortaliças, por
exemplo, que após ser usado pode ser plantado, ou seja, enterrado e regado para
que aos poucos as fibras de celulose sejam decompostas no solo e no lugar germine
a semente plantada.
A empresa Papel Semente, com fábrica localizada no Rio de Janeiro é um
exemplo de fabricante desse tipo de papel no Brasil e comercializa folhas em
diversos formatos com possibilidade de escolher a semente desejada entre as
opções: agrião, cravinho francês, manjericão, rúcula, salsinha, papoula, cenoura,
tomate, almeirão, mostarda, margarida gigante branca. Na sequência de imagens
42

seguinte (Figura 23) pode-se perceber como ocorre a germinação do papel semente.
(PAPEL SEMENTE)

Figura 23 - Germinação do papel semente


Fonte: adaptada de PAPEL SEMENTE (2016)

Pode-se pensar também em alternativas de combinações que alterem as


propriedades no papel a fim de torná-lo impermeável ou até mesmo lavável. Na
Figura 24 um exemplo de garrafa para água feita em polpa moldada que recebeu
tratamento químico para se tornar impermeável e higiênica. Dessa mesma forma,
existem também os produtos da marca italiana Essent'Ial que são feitos de uma
combinação entre papel e garrafas pet reciclados. O resultado é um material
altamente resistente a rasgos, que conserva o aspecto visual do papel, mas que não
se deteriora em contato com a água, podendo inclusive ser lavado. (ESSENT'IAL,
2014) Uma poltrona feita desse material segue para visualização na Figura 25.

Figura 24 - Garrafa para água em polpa moldada Figura 25 - Eco poltrona lavável
Fonte: Paper water bottle (2015) Fonte: Essent'ial (2014)
43

3 ANÁLISE ESTRATÉGICA

De acordo com Vezzoli (2010) o objeto dessa primeira etapa do Método de


Design de Sistemas para a Sustentabilidade, MSDS é "coletar e processar todas as
informações necessárias para a geração de um grupo de ideias potencialmente
sustentáveis". Essa fase é composta por 5 procedimentos: analisar os proponentes
do projeto e definir o contexto de intervenção; analisar o contexto de referência;
analisar a estrutura de suporte ao sistema; analisar os casos de excelência para
sustentabilidade e definir prioridades para soluções sustentáveis.

3.1 ANÁLISE DOS PROPONENTES DO PROJETO E DEFINIÇÃO DO


CONTEXTO DE INTERVENÇÃO

Nesta etapa do MSDS, Vezzoli (2010) afirma que é importante analisar os


proponentes do projeto, sejam eles empresas, ONGs, centros de pesquisa, ou um
mix de tudo isso. É fundamental conhecer as características do proponente para
assim conseguir identificar os pontos fortes, fracos, as oportunidades e ameaças do
sistema proposto diante do cenário de intervenção sugerido.
O presente projeto nasce de uma proposta de desenvolvimento de uma nova
linha de produtos da Indústria de Papelão Hörlle, localizada em Campo Largo - PR.
A Hörlle é responsável pela fabricação de papel cartão de alta gramatura (papelão)
produzido a partir da reciclagem de papéis, há mais de 45 anos. Além de ser
fabricante da matéria-prima, surgiu um interesse em explorar novas possibilidades e
agregar valor a partir da comercialização de produtos vendidos diretamente para o
consumidor final.
O objetivo principal é usufruir da matéria-prima, dos recursos, maquinário e
da mão de obra locais disponíveis para criação de um novo portfólio de produtos que
pudesse inclusive atender a outros segmentos de mercado.
Diante da grande versatilidade do material, inúmeras possibilidades foram
colocadas em pauta, mas ao final do processo de pesquisa de mercado realizada
pelos profissionais de marketing da empresa, o contexto de intervenção selecionado
44

foi o de produtos para animais de estimação, um mercado em constante


crescimento.
Conhecendo o proponente do projeto e o contexto de intervenção, Vezzoli
(2010) propõe a utilização da ferramenta análise SWOT. De acordo com Pazmino
(2015, p. 84) a Análise Swot "é uma ferramenta utilizada para fazer análises de
cenário como base para gestão e o planejamento estratégico". Segundo Daychoum
(2007) esse método de análise através de um anagrama de forças, fraquezas,
oportunidades e ameaças foi criado por Albert Humphrey na década de 1960.
Primeiramente, foram analisadas características do cenário interno, pontos
fortes e fracos do proponente do projeto diante da proposta de contexto de
intervenção escolhido. O resultado dessa análise está ilustrado no Quadro 4 a
seguir.

Quadro 4 - Análise de pontos fortes e fracos


Fonte: Autoria própria (2017)

Os pontos fortes do proponente em relação ao projeto estão relacionados


com a existência de matéria-prima e mão de obras locais, o que também torna o
processo de desenvolvimento de novos produtos mais ágil. Dentre as deficiências do
sistema foram listadas a força de vendas por falta de profissionais especializados
nessa área dentro da empresa, e a capacidade produtiva que pode ser uma
limitação de acordo com a demanda de produtos.
45

Em seguida foram analisadas as oportunidades e ameaças com relação ao


seguimento de atuação e o resultado desse processo pode ser consultado no
Quadro 5.

Quadro 5 - Análise de oportunidades e ameaças


Fonte: Autoria própria (2017)

Os dados reunidos e apresentados no gráfico de oportunidades e ameaças


estão expostos mais detalhadamente no item 3.2 a seguir. Nessa etapa foi
importante visualizar que há grandes oportunidades nesse segmento devido a seu
constante crescimento e esse fator também reflete em ameaças, pois diversas
empresas estão aproveitando essa oportunidade para se lançar ou ampliar a oferta
de produtos. Além disso, inserir um produto totalmente inovador também pode ser
um processo demorado que exige um tempo maior de penetração no mercado.

3.2 ANÁLISE DO CONTEXTO DE REFERÊNCIA E A ESTRUTURA DE


SUPORTE DO SISTEMA

Definido o cenário de atuação, os próximos passos segundo a metodologia


MSDS de Carlo Vezzoli, seriam se aprofundar melhor no contexto em que o produto
46

final será inserido. Nessa próxima etapa, ainda dentro do tópico análise estratégica,
dois subtópicos da metodologia de Vezzoli, serão abordados juntos para melhor
organização do trabalho: análise do contexto de referência e análise da estrutura de
suporte do sistema.
O objetivo é conhecer mais sobre o mercado, sobre os consumidores, sobre
o público alvo e entender quais são os pontos favoráveis para a intervenção de uma
solução sustentável dentro desse contexto, analisando, portanto, as macro-
tendências sociais, econômicas e tecnológicas. (VEZZOLI, 2010)

3.2.1 Mercado Pet

Em um cenário de crise econômica mundial e de gastos mais contidos, o


mercado pet se destaca a cada ano, tornando-se cada vez mais lucrativo. Segundo
a Associação Brasileira de Produtos para Animais de Estimação (ABINPET) o Brasil
é o segundo maior mercado em faturamento do mundo (Gráfico 1).

Gráfico 1 - Faturamento do mercado pet


Fonte: ABINPET (2014)
47

Desse total de faturamento destacou-se também a venda de produtos online


por meio de e-commerces. O público que consome os produtos pet na internet são
na maioria mulheres (52%) e pertencentes às classes AB (79%). Quando
consideradas as faixas etárias, os consumidores se concentram nas pessoas entre
25 e 34 anos (33%), seguidas dos que têm mais de 45 anos (27%), e as lojas mais
acessadas para a compra dos produtos pets mais buscados na internet são
Americanas (62%), Submarino (16%), Walmart (8%), Shoptime (6%) e Efacil (5%).
(IBOPE, 2013)
Entre os produtos mais vendidos levantados no comércio eletrônico estão
camas e casa para animais, brinquedos, coleiras, focinheiras, comedouros,
bebedouros e artigos de higiene. (IBOPE, 2013)
Segundo dados da pesquisa Radar Pet (2009), realizada pela Comissão de
Animais de Companhia (Comac), do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos
para Saúde Animal (SINDAN), 52% dos domicílios da classe A tem pets.
Esse percentual cai para 47% na classe B e 36% na classe C.
Isso significa que mais da metade da população que possui condições financeiras
favoráveis tem um bichinho de estimação como é possível notar no Gráfico 2.

Gráfico 2 - Lares com cães e gatos - tipos de lar


Fonte: ABINPET (2014)
48

De acordo com o gráfico anterior também é possível notar o alto percentual


de cães e gatos que são criados em apartamento, cerca de 30%, esse dado também
influencia na criação de produtos especificamente voltados para esse nicho.

3.2.2 Tendências Sociais e Comportamento

Segundo Giumelli e Santos (2006) a interação entre o homem e o animal


apresenta-se desde os tempos mais primitivos, em que o homem utilizava-se dos
animais como auxílio na satisfação de suas necessidades como, por exemplo,
proteção e aquecimento. Desde a primeira interação a relação entre homem e
animal se modificou muito ao longo dos anos. Atualmente a ideia de animais
compartilhando a vida humana e sendo componentes das famílias está cada vez
mais presente, sendo evidenciada no crescente número de cães e gatos como
animais de estimação (TATIBANA, L. S., COSTA-VAL, A. P. 2009).
De acordo com Tatibana e Costa-val (2009) os animais possuem hoje
diversas funções na sociedade, entre elas pode-se citar a de companhia, proteção e
participação em terapias. Cada vez mais as pesquisas revelam que a interação entre
pessoas e seus animais de estimação traz diversos benefícios como melhora
psicológica e emocional e melhora na qualidade de vida.
Com base em WALSH (2009) a maioria dos proprietários de animais
considera seu(s) animal(is) de estimação como seu(s) amigo(s) (95%) e/ou
membro(s) da família (87%). Ainda de acordo com a autora, a quantidade de
dinheiro gasta em animais de estimação dobrou ao longo da última década,
tornando-se maior que o produto nacional bruto de muitos países em
desenvolvimento.
A devoção que os donos têm para com seus animais de estimação é tamanha
que os proprietários de animais tornam-se consumidores de uma série de produtos e
serviços do mercado pet: brinquedos, alimentos, spas, hotéis entre outras coisas
(WALSH 2009). Em alguns casos os proprietários dos pets chegam a tratá-los como
pessoas, mais comumente como crianças comportamento caracterizado como
antropomorfismo, o que se refere ao fenômeno de humanização de animais
(TATIBANA, L. S., COSTA-VAL, A. P. 2009).
49

De acordo com Assis (2015), a indústria para animais de estimação também


está se mobilizando com relação a produtos com matérias-primas menos agressivas
ao meio ambiente como madeira de reflorestamento, plástico biodegradável e
embalagens recicláveis.
Isso também é reflexo do comportamento do consumidor perante iniciativas
de produção mais ecológica. Com base no resultado da pesquisa Rethinking
consumption: Consumers and the Future of Sustainability, Ortiz (2013) afirma que
dos entrevistados (entre setembro e outubro de 2012), 65% dos consumidores
disseram que se sentem responsáveis por comprar produtos que sejam bons para o
meio ambiente.

3.3 ANÁLISE DOS CASOS DE EXCELÊNCIA (ANÁLISE DE SIMILARES)

O principal objetivo dessa etapa é reunir soluções existentes que funcionem


como estímulo para a geração de alternativas, sejam elas diretamente ou
indiretamente ligadas ao contexto de intervenção. Em outras palavras, nesse tópico
será feita uma análise de similares e de cases que pudessem servir de inspiração
para o projeto.
Para tanto, foi realizada uma pesquisa de mercado buscando pré-selecionar
alternativas que possuam alguma similaridade com a proposta do projeto ou que
possuam características admiráveis e desejáveis ao sistema.
De acordo com a ABINPET (2016), o mercado pet se divide em 4
segmentos: pet food (alimentação), pet serv (comércio e serviços), pet vet
(medicamentos veterinários) e pet care (equipamentos, acessórios, produtos de
higiene e beleza animal). Dentre esses 4 segmentos, a presente pesquisa se
concentra em produtos do segmento de pet care, pois é onde o papelão reciclado
tem maior potencial de atuação.
De forma a organizar melhor os resultados dessa pesquisa, foram gerados
painéis visuais com produtos com o mesmo significado pretendido pelo projeto. Essa
técnica é apresentada por Baxter (2000) e tem como objetivo reunir imagens que
possam motivar o processo criativo.
50

O primeiro painel (Figura 26) foi montado com referências de produtos que
se destinam a gatos e que também são parte do mobiliário nos ambientes.

Figura 26 - Painel visual de produtos para gatos


Fonte: Autoria própria (2017)

Observando as opções, também é possível identificar uma tendência nesse


tipo de mobiliário para gatos que é a modularidade e a utilização de formas
geométricas que favoreçam inclusive a montagem dos módulos. Em alguns casos
essas peças se complementam com pontes, túneis, formando um verdadeiro
51

playground para o animal. Muitas das opções também trazem uma função a mais de
servir como arranhadores para os gatos.
Em termos de estética, há também uma preocupação em criar produtos que
façam parte ou possam trazer personalidade ao ambiente em que se inserem.
Como é possível notar nas imagens, já existem algumas soluções que
utilizam o papelão ondulado (vide item 2.2 para mais detalhes) como material, em
alternativa para os produtos feitos em madeira, plásticos e estofados que dominam o
mercado. Isto também é reflexo de uma afinidade natural que os gatos tem em
relação ao papelão desse tipo, muito utilizado em caixas de transporte de
mercadorias. Um estudo realizado por pesquisadores holandeses ressalta a
importância das caixas ou outros utensílios que possam oferecer a sensação de
abrigo para o animal na adaptação do mesmo ao ambiente. (DODMAN, 2017)
Para os cães, essa teoria também é válida, pois não é de hoje que o
mercado oferece inúmeras opções de casinhas e caminhas para os animais
interagirem com um espaço exclusivamente deles para se sentirem acolhidos e
protegidos. Algumas dessas opções de produtos disponíveis no mercado aparecem
ilustradas e organizadas em formatos de painel visual na Figura 27.
Como é possível notar, boa parte dos produtos utiliza materiais que possam
oferecer um conforto térmico ao animal, ou seja, madeira e estofados são
alternativas largamente utilizadas por possuírem propriedades isolantes contra frio.
Os consumidores, donos de pets, além de se preocuparem com o bem-estar do
animal, também buscam produtos originais e criativos. O design no mercado pet tem
se mobilizado diante dessa tendência e "as marcas têm investido cada vez mais em
produtos exclusivos e com design diferenciado". (MUNDO DAS PATAS, 2016)
52

Figura 27 - Painel visual de casinhas e caminhas para pets


Fonte: Autoria própria (2017)

Dentre os itens vendidos do segmento de Pet Care, outro setor que abre
possibilidades para o uso do papelão reciclado é o de higiene. Para os gatos, foram
obervados alguns modelos de bandejas sanitárias (também chamadas de caixa de
areia) e para os cães algumas alternativas de sanitário, fraldas e tapetes higiênicos.
Alguns desses produtos comercializados no mercado foram agrupados em mais um
painel visual, Figura 28.
A função principal desses produtos é de delimitar um espaço para os
animais fazerem suas necessidades de forma a manter o ambiente organizado e
facilitar a limpeza para os donos.
53

Figura 28 - Painel visual de produtos de higiene


Fonte: Autoria própria (2017)

O papelão pode se mostrar eficiente diante dessas opções principalmente


por possuir propriedades absorventes que podem ser exploradas. Como é possível
observar, já existem algumas bandejas sanitárias para gatos que utilizam o papelão
corrugado como material. A empresa holandesa Poopy Cat aposta no papelão
ondulado para todos seus produtos inclusive a caixa de areia para gatos que é
desmontável e descartável (dura até 1 semana) além de personalizada com várias
estampas diferentes, Figura 29.
54

Figura 29 - Diferentes cores Disposable Litter Box


Fonte: Poopy cat (2017)

Para cães, principalmente para cães criados em ambientes sem grandes


áreas abertas à disposição, é comum a utilização de folhas de jornal antigas ou
fraldas higiênicas para demarcar as áreas onde o animal pode fazer suas
necessidades. Recentemente, algumas outras opções de sanitários ou também
chamados, banheiros para cães vêm ganhando espaço. São basicamente bandejas
feitas de material plástico com grades que servem para separar os dejetos rígidos da
urina que passa diretamente para a bandeja. Esses produtos no entanto, não
dispensam a utilização de algum refil absorvente, jornal ou fralda, para ser colocado
na bandeja a fim de absorver a urina.

3.4 DEFINIR PRIORIDADES PARA SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS

De acordo com a metodologia apresentada por Vezzoli (2010) nesta etapa é


importante analisar o sistema existente e definir prioridades para intervenção
visando reduzir os impactos ambientais.
Segundo Pazmino (2015) é necessário que o designer ou a equipe de
projeto analise todas as etapas do ciclo de vida do produto, desde a pré-produção
ao descarte a fim de identificar quais fases provocam maiores impactos ambientais
para que então possam ser utilizadas diretrizes voltadas para a minimização desses
impactos.
Em seu livro 40 métodos para o Design de Produtos, Pazmino (2015) lista 52
diretrizes de projeto para o meio ambiente distribuídas nas 5 fases do ciclo de vida
do produto: pré-produção, produção, distribuição, uso e descarte (ANEXO A).
55

Baseando-se nos itens listados foram então estabelecidas prioridades para


diversas fases do sistema conforme Figura 30.

Figura 30 - Diretrizes de projeto para o meio ambiente


Fonte: Autoria própria (2017)

A escolha pelo papelão reciclado como matéria-prima se torna um fator


determinante para a seleção das diretrizes de projeto. Na fase de pré-produção por
exemplo, a escolha assegura a utilização de materiais reciclados e recicláveis,
proveniente de fontes renováveis, pouco nocivos e que utiliza menos água e energia
do que o processo produtivo do papelão feito de matéria virgem.
De fato, o papelão é um material de baixo impacto ambiental. Manzini e
Vezzoli (2011, p. 149) trazem em seu livro, um histograma que reúne avaliações dos
impactos ambientais causados por certos materiais em dados numéricos, alguns
deles apresentados na Figura 31.
56

Figura 31 - Impacto ambiental dos materiais


Fonte: Adaptado de Manzini, Vezzoli (2011)

Em comparação com outros materiais o impacto ambiental causado pelo


processo de fabricação do papelão é bastante inferior.
Nas fases de produção, distribuição e descarte também buscou-se
selecionar prioridades para que o sistema como um todo pudesse ser considerado
de baixo impacto, pois as causas e efeitos podem se manifestar em todas as fases
de uma produção. (MANZINI, VEZZOLI, 2011)
57

4 EXPLORAÇÃO DE OPORTUNIDADES

O propósito dessa etapa dentro do Método de Desenvolvimento para a


Sustentabilidade de Vezzoli é utilizar toda a informação obtida nas etapas anteriores,
processá-las para assim catalogar as possibilidades estratégicas. (VEZZOLI, 2010)
Este tópico será usado, portanto, para apresentar os requisitos de projeto, as
possibilidades e limitações relacionadas ao material e ao sistema escolhido e por
fim, gerar alternativas, modelos e protótipos para testes e análises.

4.1 REQUISITOS DE PROJETO

Para o desenvolvimento do projeto foi colocado à disposição toda gama de


materiais da Indústria de Papelão Hörlle (Figura 32) desde o tradicional papelão
cinza em diversas espessuras até as novidades exclusivas da Hörlle como o
Papelão Preto H, Capa Branca e linha Color Face.

Figura 32 - Mostruários de produtos da Indústria de Papelão Hörlle


Fonte: Acervo da empresa (2017)
58

O papelão Preto H é um material que durante o processo de fabricação


recebe tingimento ainda em massa, o que confere uma coloração preta nas duas
faces como também na espessura da folha.
O papelão com Capa Branca é o papelão Cinza revestido com uma folha
offset branca, material bastante utilizado para processos de impressão. Além disso,
o revestimento também retarda um pouco o processo de absorção da umidade.
Já os cartões da linha Color Face também são tingidos, mas diferentemente
no processo realizado para confecção do cartão Preto H, as cores são aplicadas
depois da formação da folha, ou seja, diretamente nas faces. A Hörlle possui
atualmente 9 cores disponíveis: preto, ciano, verde, verde claro, amarelo, laranja,
vermelho, rosa e lilás.
Além do uso do papelão, outros requisitos e especificações que influenciam
diretamente no processo de desenvolvimento do produto foram listadas no Quadro 6
divididos em requisitos de material, requisitos técnicos, requisitos de
armazenamento, transporte e distribuição, e requisitos de uso.

Requisitos de material  Evitar a utilização de outros materiais senão o papelão


 Chapas com tamanho máximo de 80x50cm
 Evitar cortes e detalhes pequenos no desenho da faca de corte
 Projetar peças fazendo uso de encaixes (sem cola)
Requisitos técnicos  Máximo de 3 facas por produto
 Papelão de até 2,6 mm de espessura
 Sentido da fibra na folha 80x50cm está na vertical
 Utilizar meio corte e não vinco para peças com espessura maior que 1mm
Requisitos de  Embalagem de baixo custo
armazenamento,  Menor mão de obra possível
transporte e distribuição  Ocupar pouco espaço de armazenamento
 Não deixar exposto às intempéries
 Evitar ambientes úmidos
Requisitos de uso
 Evitar exposição a raios UV
 Descartar em locais para lixo reciclado (facilitar coleta seletiva)

Quadro 6 - Lista de requisitos de projeto


Fonte: Autoria própria (2017)

As maiorias das limitações técnicas estão relacionadas ao maquinário


disponível para corte das peças. O sistema de corte e vinco prevê a utilização de
uma máquina manual do tipo boca de sapo, conforme exemplo da Figura 33.
59

Figura 33 - Exemplo de máquina de corte e vinco


Fonte: AB MÁQUINAS GRÁFICAS (s.d.)

Esse tipo de máquina limita o tamanho da chapa de papelão que pode ser
utilizada e consequentemente o tamanho máximo das peças também é restrito. Com
uma série de experiências práticas de corte realizadas com cartões em diferentes
espessuras foi possível constatar que uso de materiais de até 2,6mm de espessura
não comprometem a produtividade e que detalhes muito pequenos nos desenhos de
projetos podem causar dificuldades no processo. Isso porque o material é altamente
rígido e compacto e exige uma alta pressão de corte.
Além do maquinário é necessário que sejam confeccionadas ferramentas
corte também denominadas facas. As facas industriais são chapas de madeira em
cuja superfície o desenho desejado é gravado para em seguida serem instaladas
lâminas responsáveis pelo corte do material. Essa chapa é fixada na máquina de
corte e vinco e se mantém estática enquanto a folha de papelão vem ao seu
encontro através de um movimento mecânico contínuo de pressão. Durante esse
processo o operador deve alimentar a máquina constantemente com as chapas de
papelão, bem como deve trocar a faca de corte para cada desenho diferente. Para
que o processo produtivo seja o mais ágil possível ficou estabelecido um limite
máximo de 3 facas por produto.
Demais recomendações também estão relacionadas com a utilização de
menor mão de obra possível durante a produção, e que ocupasse pouco espaço de
armazenamento em estoque.
60

Os requisitos de uso são decorrentes das propriedades do tipo de material


utilizado como por exemplo, manter o produto protegido contra umidade e calor.

4.2 GERAÇÃO E ANÁLISE DE ALTERNATIVAS

Na fase de geração de alternativas todas as informações obtidas nas etapas


anteriores, bem como os requisitos de projeto, são levados em consideração para
dar início ao processo criativo.
O desenvolvimento do projeto parte do pressuposto de que a presente
proposta pretende atender ao mercado pet de produtos para cães e gatos, mais
especificamente ao setor de pet care, com soluções ecológicas utilizando papelão
reciclado como matéria-prima.
O segmento de pet care abrange equipamentos, acessórios e produtos de
beleza e higiene animal. Alguns exemplos de produtos do setor já foram
apresentados no item 3.3 desse trabalho, contudo para auxiliar no processo de
criação foi feito um levantamento de itens comercializados em pet shops. A pesquisa
foi feita confrontando a oferta de produtos de duas grandes redes de varejo para
animais do Brasil e o resultado segue na Figura 34.
61

Figura 34 - Produtos do segmento de pet care


Fonte: Autoria própria (2017)

Com base nessa listagem, o próximo passo foi tentar esboçar alternativas
para a maioria dos produtos antevendo a viabilidade da sua produção em papelão.
Alguns produtos como shampoo, lenços, roupas, almofadas, escovas, areia
higiênica e itens de transporte e segurança foram descartados dessa atividade pela
baixa aplicabilidade do material proposto.
Desse exercício resultaram os sketches apresentados na Figura 35.
62

Figura 35 - Sketches dos produtos


Fonte: Autoria própria (2017)

Em seguida, algumas dessas opções foram refinadas e seguiram para a


confecção de mockups em escala reduzida para fins de avaliação. Os mockups
foram feitos manualmente com folhas de cartão de 0,5mm de espessura e alguns
deles são mostrados na Figura 36.
63

Figura 36 - Mockup's
Fonte: Acervo do autor (2017)

O objetivo dessa etapa foi tentar demonstrar opções para a maioria dos
produtos que constava na lista já mencionada na Figura 36 anterior. As tentativas
iam sendo apresentadas constantemente em reuniões com a diretoria da empresa e
assim a linha de produtos foi definida e alguns modelos foram selecionados para
prototipação em escala real e testes.
As alternativas que despertaram maior interesse foram a dos brinquedos
modulares para gatos, casinhas e caminhas, caixinhas de areia e tapetes higiênicos.

4.3 PROTOTIPAÇÃO E TESTES

Com base na pesquisa de mercado e nas alternativas apresentadas na fase


anterior, alguns modelos de mockups foram aprimorados e redesenhados mais
detalhadamente para que pudessem ser fabricados em escala real para testes e
validação com os animais.
64

Nessa fase de prototipação a linha de produtos já estava praticamente


definida para cada produto, ficaram definidas também algumas características
desejáveis e requisitos específicos, além daqueles requisitos gerais de projeto
apresentados no item 4.1. Essas especificações são mencionadas no Quadro 7.

Produto Requisitos do Produto


 Modular e empilhável
 Deve haver um sistema de encaixe ou fixação entre os módulos para
Brinquedo
que os animais possam circular com segurança
Modular
 Colorido e de formato atrativo
 Prever várias passagens e aberturas para os gatos interagirem
 Tamanho suficiente para comportar um cão de pequeno porte pelo
Casinha
menos
 Levar em consideração as dimensões de almofadas padrões de
Caminha mercado porque a mesma será adquirida pelo usuário separadamente
do produto
 O material deve resistir por pelo menos 5 dias sem vazamentos
Caixa de areia  Não deve deixar vazar areia/granulado
 Deve ter dimensões e formatos que facilite o descarte
 Absorver certa quantidade de urina a ponto de não causar grandes
Tapete Higiênico
vazamentos

Quadro 7 - Requisitos de produto


Fonte: Autoria própria (2017)

O processo de prototipação iniciou-se com a execução de desenho em


escala real utilizando software de desenho 2D. Em seguida, os arquivos, bem como
as chapas de papelão necessárias foram enviadas para o serviço de corte a laser
que foi terceirizado. Para confecção dos protótipos não foi utilizada a máquina de
corte e vinco industrial da empresa porque a confecção da ferramenta, a faca de
corte, teria um custo muito elevado e depois de produzida não é possível fazer
grandes alterações. Por esse motivo, para conseguir simular fielmente o corte das
peças a melhor opção foi optar pelo corte a laser das chapas.
O desenho vetorial em escala real da peça², como exemplo da Figura 37,
era encaminhado para a empresa, bem como as chapas de papelão necessárias
para o serviço.

² Os desenhos técnicos dos produtos comercializados não serão divulgados devido à necessidade de
sigilo da empresa, apenas aqueles que sofreram alterações durante o processo de desenvolvimento.
65

Figura 37 - Exemplo de desenho para faca de corte


Fonte: Autoria própria (2017)

Após o corte, o modelo era montado (Figura 38) e alguns testes de


usabilidade eram feitos para testar se os pré-requisitos de projetos e de produto
eram atendidos.

Figura 38 - Protótipo de alternativa para caixa de areia


Fonte: Acervo do autor (2017)

No caso da caixa de areia, foram necessários alguns testes de absorção do


material em relação ao tempo de uso para avaliação de qual seria a espessura e o
66

tipo de produto ideal para esse tipo de aplicação. O primeiro teste, ilustrado na
Figura 39, foi feito em uma situação real de uso e utilizando o papelão cinza natural,
sem revestimentos. O resultado demonstrou que o tempo ideal de uso desse
produto estaria entre 4 a 7 dias, pois a partir de uma semana o papelão já estava
muito úmido e a urina começava a passar para o chão.

Figura 39 - Testes de absorção da caixa de areia


Fonte: Acervo do autor (2016)

Após uma segunda bateria de testes, optou-se por utilizar o cartão Cinza H
com capa branca, pois o revestimento em offset aumenta a durabilidade do produto.
Também na fase de prototipação dois dos modelos de brinquedos
modulares para gatos foram construídos em tamanho real para avaliação. A primeira
opção testada, Figura 40, apresentou bons resultados com relação à resistência ao
peso e ao tipo de encaixe dos módulos, no entanto essa alternativa não era modular,
somente empilhável.

Figura 40 - Primeiro protótipo de brinquedo modular


Fonte: Acervo do autor (2017)
67

A segunda alternativa testada em escala real, Figura 41, foi avaliada com os
animais e apresentou boa resistência ao peso dos animais e o método de junção
dos módulos se mostrou eficiente. Com relação às dimensões, o produto comportou
bem um animal adulto.

Figura 41 - Segundo protótipo de brinquedo modular


Fonte: Acervo do autor (2017)

A solução apresentada para o brinquedo modular ainda sofreu algumas


alterações depois de testes realizados com vários tipos de encaixes para as peças.
O objetivo era que as partes se encaixassem facilmente, para não dificultar a
montagem do produto, porém que se mantivessem firmemente unidas depois de
encaixadas para não soltarem durante a movimentação dos animais. Por esse
motivo, a primeira opção de encaixe ilustrada na Figura 42 se mostrou muito frágil já
que as partes rasgaram com o esforço.
68

Figura 42 - Avaliação de encaixes das peças


Fonte: Acervo do autor (2017)

Outra opção de produto que também foi prototipada em escala real foi um
modelo de casinha, mostrada na Figura 43. Esse primeiro modelo cumpriu os
requisitos de projeto e de produto, no entanto uma característica estética não foi
bem aceita pela empresa: as "abas" de encaixe que ficavam expostas no teto da
casinha. Por isso, posteriormente algumas outras opções para o tipo de encaixe
foram testadas antes de chegar ao resultado final.

Figura 43 - Protótipo da casa


Fonte: Acervo do autor (2017)

O último protótipo foi o de uma alternativa para a caminha, ilustrada na


Figura 44. Para essa opção foi necessário uma prévia e rápida pesquisa de mercado
69

para identificar a dimensão ideal para comportar a maioria das almofadas disponível,
já que esse item não seria comercializado juntamente com o produto.

Figura 44 - Protótipo da cama


Fonte: Acervo do autor (2017)

Algumas modificações no tipo de encaixe também foram previstas para essa


opção durante o desenvolvimento do produto devido a uma limitação na confecção
da faca de corte apresentada pelo fornecedor com relação a ângulos negativos.
70

5 DESENVOLVIMENTO E DETALHAMENTO DO SISTEMA

A proposta do projeto é apresentar alternativas para o desenvolvimento de


produtos voltados para o mercado pet que por meio do material utilizado constituam
um ciclo de vida fechado e renovável seguindo o esquema apresentado na Figura 45
seguinte.

Figura 45 - Detalhamento do sistema proposto


Fonte: Autoria própria (2017)

O processo inicia-se na aquisição de matéria-prima (aparas de papel)


provenientes da coleta seletiva. Esse material será reciclado pela Indústria e
utilizado na fabricação do papel cartão de alta gramatura (papelão). As chapas de
papelão passam então para o processo de produção dos produtos que envolve
basicamente o corte e vinco das peças. Os produtos são então embalados e
distribuídos para uso.
Após o uso, uma fase muito importante para que o ciclo seja efetivamente
fechado é o descarte consciente por parte do consumidor. A coleta seletiva é
responsável por levar novamente os produtos para linha de produção.
71

5.1 LINHA DE PRODUTOS

A linha de produtos³ foi pensada para atender cães e gatos trazendo


soluções para o conforto, higiene e diversão dos pets. No total são 6 produtos que
foram divididos em 4 categorias:

 LINHA PLAY - Para brincar (1 produto)


 LINHA HIGI - Para higiene (3 produtos)
 LINHA HOUSE - Para morar (1 produto)
 LINHA Zzz - Para dormir (1 produto)

O objetivo de categorizar é poder posteriormente expandir a linha de


produtos sem precisar criar um nome específico para cada um deles. Dessa forma, a
nomeação dos produtos segue de acordo com a categoria + a palavra Pet: PlayPet,
HigiPet, HousePet, ZzzPet.

5.1.1 PlayPet

O PlayPet foi desenvolvido para ser um brinquedo modular para gatos que
propicia diferentes formas de montagem através do empilhamento dos módulos.
Está disponível em 9 cores diferentes: laranja, azul, verde, verde claro, rosa,
amarelo, lilás, vermelho e preto.
O produto comporta sem problemas gatos de diferentes tamanhos e pesos e
teve boa aceitação e interação dos animais em testes de usabilidade, como
mostrado em alguns exemplos na Figura 46.

4
A linha de produtos foi desenvolvida pela autora deste trabalho.
72

Figura 46 - Detalhes de gatos usando o PlayPet


Fonte: Acervo da empresa (2017)

Cada módulo é comercializado separadamente, ou seja, a venda é por


unidade e a montagem é de responsabilidade do próprio consumidor.
A variedade de cores abre várias possibilidades de combinações que podem
inclusive trazer uma ludicidade ao ambiente como exemplificado na Figura 47.

Figura 47 - Modelo do PlayPet em uso


Fonte: Acervo da empresa (2017)
73

5.1.2 HigiPet - Caixa de Areia

A principal vantagem da caixinha de areia em papelão HigiPet é a


praticidade. Além de ser ecológica e funcional, a proposta do HigiPet é mudar a
forma de utilização com relação à bandeja higiênica padrão de plástico para gatos. A
Figuras 48 apresenta um esquema comparativo entre o ciclo de utilização de um
produto comum de plástico e do HigiPet feito em papelão.

Figura 48 - Comparativo de uso entre uma caixa de areia de plástico e o HigiPet


Fonte: Autoria própria (2017)

A grande vantagem do HigiPet é ser uma caixa de areia descartável o que


elimina as etapas de manutenção e limpeza que habitualmente devem ser
realizadas em uma bandeja plástica.
Por ser feito em papelão o HigiPet pode ser descartado juntamente com o
sedimento (areia) sem causar grandes impactos ambientais já que o material se
decompõe em apenas alguns meses na natureza.

5.1.3 HigiPet - Refil Sanitário

O Refil Sanitário HigiPet é que uma chapa de papelão de espessura 0,40mm


cortada no tamanho 60x50cm. O tamanho das folhas de papelão foi pensado para
74

caber na maioria dos sanitários higiênicos do mercado, com a recomendação de


poder cortá-lo caso as dimensões do papelão excedam as da bandeja.
O HigiPet Refil Sanitário é uma alternativa para substituir as fraldas para
cães que estão sendo comercializadas tanto para uso colocando diretamente no
chão como também e principalmente para uso em sanitários higiênicos como os da
Figura 49.

Figura 49 - Exemplos de Sanitário Higiênico para cães


Fontes: AMFPET; PIPIDOLLS

Outro material que também é usado como refil para esses banheiros caninos
é o jornal. A vantagem do papelão com relação ao jornal é ser muito mais espesso e
absorvente o que facilita o descarte e diminui a frequência das trocas.
O papelão é portanto, uma alternativa mais higiênica e absorvente do que
jornal e muito mais ecológica e econômica do que as fraldas que são feitas de
materiais plásticos cujo descarte causa transtornos ao meio ambiente pela demora
na decomposição.

5.1.4 HigiPet - Tapete Higiênico

O HigiPet- Tapete Higiênico é feito do mesmo material do HigiPet- Refil


Sanitário, porém com uma proposta diferente: é para ser usado diretamente no piso.
Por esse motivo tem um formato diferenciado (formato de osso) para agregar mais
personalidade ao espaço.
O tapete higiênico destina-se portanto a cães de pequeno porte para uso em
ambientes internos e sua função é demarcar no ambiente o local para os animais
75

fazerem suas necessidades. Abaixo, na Figura 50 segue uma fotomontagem do


produto sendo usado.

Figura 50 - Fotomontagem do HigiPet - Tapete Higiênico


Fonte: Autoria própria (2017)

5.1.5 ZzzPet

A caminha ZzzPet pode ser utilizada tanto por cães como por gatos. É fácil
de montar e ocupa pouco espaço. Para esse tipo de aplicação o papelão apresenta
uma característica vantajosa que é o conforto térmico garantido pelo material de que
é feito. Um exemplo da utilização da ZzzPet por gatos está ilustrado na Figura 51
abaixo.
76

Figura 51 - Modelo da Cama ZzzPet em uso


Fonte: Acervo da empresa (2017)

Além de colorida e personalizável, a ZzzPet foi projetada pensando também


no tamanho padrão das almofadas existentes no mercado para abrir essa
possibilidade ao consumidor final de acrescentar mais um elemento visando o
conforto do pet. A exemplo disso, a Figura 52 ilustra essa possibilidade.

Figura 52 - Cama ZzzPet com almofada


Fonte: PAPEL DE BICHO
77

5.1.6 HousePet

Bem como os outros produtos, a HousePet é indicada para uso em


ambientes cobertos e longe de intempéries. Pode ser usado tanto para cães de
pequeno porte como para gatos. A HousePet vem com 5 peças, mostradas na
Figura 53.

Figura 53 - Peças da HousePet


Fonte: PAPEL DE BICHO (2017)

Habitualmente as casinhas existentes no mercado destinam-se a cães, no


entanto esse produto também é bem aceito por gatos. Na Figura 54 tem-se uma
HousePet sendo usada por um gato.

Figura 54 - Modelo da Casinha HousePet em uso


Fonte: Acervo da empresa (2017)
78

Uma característica do papelão que se torna uma vantagem diante de outros


materiais é a facilidade de personalização. Ou seja, esse material é muito versátil
nesse quesito, pois é bem aceito por vários tipos de impressão (digital, serigrafia,
hotstamping, entre outras) além de poder ser personalizado com técnicas manuais
como stencil, carimbos, ou até mesmo lápis de cor, canetas hidrográficas etc.
Essa possibilidade também consegue despertar o interesse das crianças
que tem toda liberdade para interarem com o produto como mostrado na Figura 55.

Figura 55 - Criança personalizando a HousePet


Fonte: PAPEL DE BICHO

5.2 NAMING

O processo de naming4 é a criação do nome de uma empresa ou produto.


De acordo com Brito, para um bom resultado é importante seguir sete passos:
recolha de informações da empresa, brainstorm, avaliação oral, disponibilidade,
filtragem, última avaliação e decisão. (BRITO, s.d.)
A ideia central da empresa é vender produtos de pet care feitos em papelão.
Portanto, os nomes podiam remeter a papelão, à reciclagem, ecologia, pet care,
diversão, recreação. Após uma sessão de brainstorm algumas alternativas foram

4
Esse processo foi feito em parceria com outros integrantes da equipe de marketing e diretoria da
indústria contando com a participação da autora.
79

então levantadas:

 Pap pet, Pet pap;


 Brincadeira de Bicho
 Eco pet, Animalia Eco, Eco Bicho, Pegada Eco
 Papel de Bicho
 Ludipet, Happy Pet, BrinqPet, BrincaPet, Pet Fun

Dentre as alternativas listadas os próximos passos foram avaliar a pronúncia


e fonética das alternativas e realisar uma pesquisa prévia utilizando sites de busca
como o Google e sites de pesquisa de domínios como o Registro Br com a finalidade
de eliminar as alternativas listadas que já existem ou já estão em uso por outras
empresas. Por fim, a filtragem se estendeu a uma pesquisa mais aprofundada no
INPI - Instituto Nacional de Propriedade Industrial para verificar possíveis patentes
dos nomes selecionados. Ao fim desse processo, dois nomes foram finalistas:
Pegada Eco e Papel de Bicho.
A primeira alternativa para o naming foi Pegada Eco . A ideia principal para
esse nome era simbolizar através de um único elemento algo em comum entre cães
e gatos: uma pegada, que graficamente pode representar ambos os animais de uma
forma parecida. Além disso, a palavra "pegada" pode ser entendida como uma gíria
cujo significado seria estilo de vida, ou seja, produtos com pegada eco são produtos
que se preocupam com questões ambientais. Somou-se ainda a esse elemento
algo que transmitisse a abordagem ecológica dos produtos e algumas alternativas
para a marca foram então esboçadas e estão ilustradas na Figura 56.

Figura 56 - Alternativas Pegada Eco


Fonte: Acervo da empresa (2017)
80

Já o nome "Papel de Bicho" é uma metáfora que utiliza de um duplo sentido


da palavra "papel" que pode ser entendida tanto como o produto (feito através da
reciclagem do papel) como também pode ser lida no sentido de "função" e assim
compor diversas frases para serem usadas na comunicação como:" Papel de Bicho
é se divertir", "Papel de Bicho é aprender' etc. Esse fator fortaleceu muito essa
alternativa se pensado na inserção do nome no sistema de identidade visual e nas
inúmeras possibilidades em termos de comunicação. Por esse motivo essa foi a
alternativa selecionada.

5.3 IDENTIDADE VISUAL

O processo de criação da identidade visual5 do sistema partiu dos seguintes


pré-requisitos (briefing):

 Trazer elementos gráficos que representem os animais para quais os


produtos se destinam
 Desenho de fácil assimilação e boa legibilidade
 Facilidade de aplicação em todos os diferentes meios a que se destina
(digital e impresso)
 Fazer alusão aos produtos, ao material e ou ao fato de serem ecológicos

Tendo em vista esses requisitos alguns esboços de alternativas foram


gerados. Na Figura 57 são apresentados alguns sketches do processo de geração
de alternativas para a marca, ambos com um objetivo inicial de reunir elementos
gráficos que representassem gatos e cães atentando-se para diferenciação nos
formatos faciais, orelhas, focinhos, etc. Foram também considerados elementos que
remetessem ao papel ou papelão.

5
A identidade visual foi desenvolvida pela autora deste trabalho.
81

Figura 57 - Sketches da marca


Fonte: Autoria própria (2017)

Partindo dos resultados esboçados à mão, essas opções foram refinadas


com o auxílio de um software de vetorização e o progresso desses resultados está
ilustrado na Figura 58 seguinte.
82

Figura 58 - Geração de alternativas para a marca


Fonte: Autoria própria (2017)

A marca escolhida, Figura 59 é composta por um símbolo com três


elementos (cão, gato e pata), naming e a assinatura: Produtos ecológicos para pets.
83

Figura 59 - Alternativa escolhida para a marca versões vertical e horizontal


Fonte: Autoria própria (2017)

O processo de criação da identidade visual para fins de organização deste


trabalho vem descrito após a finalização do projeto de produto. No entanto, essas
duas etapas se correlacionaram durante todo processo criativo. O formato do
símbolo da marca influenciou diretamente no design dos produtos. Na Figura 60
abaixo é possível notar essa influência no PlayPet, por exemplo. As aberturas do
produto foram baseadas no formato do losango da marca, e em alguns momentos
durante o uso do produto, a figura do gato prestes a sair do módulo faz uma alusão
direta ao desenho da marca.

Figura 60 - Uso do PlayPet fazendo alusão à marca


Fonte: Acervo da empresa (2017)
84

O formato do símbolo da marca também influenciou outros produtos como a


caixa de areia HigiPet e a casinha HousePet.
Trabalhar no projeto com uma visão sistêmica interligando os vários
componentes de projeto (produto, marca, produção, etc.) fortalece a percepção da
identidade visual.
Seguir as recomendações do manual de identidade visual também é
importante para a percepção da marca. Manter um padrão de qualidade com relação
à apresentação e aplicação da marca nos diferentes meios em que será inserida é
essencial.
Para facilitar foi criado um manual de marca resumido (Figura 61) contendo
informações imprescindíveis para construção da marca: as proporções, cores e
tipografia utilizada além das principais versões disponíveis.

Figura 61 - Manual de marca resumido


Fonte: Autoria própria (2017)
85

Por sua forma geométrica os três elementos que compõem o símbolo da


marca também apresentam um alto potencial gráfico se aplicados em repetição. O
resultado dessa aplicação gera uma padronagem que pode ser utilizada de diversas
formas na comunicação visual do sistema. Esse efeito de repetição do símbolo pode
ser visualizado na Figura 62.

Figura 62 - Padronagem com a versão contorno da marca


Fonte: Autoria própria (2017)

5.4 EMBALAGENS

Para o projeto gráfico das embalagens6 dos produtos da Papel de Bicho foi
explorado o potencial de repetição dos símbolos utilizados na marca. Os mesmos
apresentam formas simples e claras que favorecem esse tipo de aplicação e se
comportam muito bem para formação de padronagens.
No total, são seis produtos, sendo que 2 deles são destinados somente para
cães, 2 somente para gatos e os outros 2 são destinados para cães e/ou gatos.
Tomando isso por base, adotou-se a seguinte simbologia: os produtos para gatos
terão uma repetição com o símbolo do gato, os para cães seguem com a repetição

6
O projeto gráfico das embalagens dos produtos foi desenvolvido pela autora deste trabalho.
86

do cachorro, e os que servem para ambos os animais traz uma repetição feita
através do símbolo da pata.
A paleta de cores dos produtos foi definida intercalando cores quentes e
frias, baseando-se no esquema de combinação cromática com seis cores. Segundo
Silveira (2011, p.155-156), esse esquema combina cores primárias e secundárias e
é obtido através da definição de um hexágono dentro do círculo cromático. Na
Figura 63 está exemplificado esse esquema de combinação.

Figura 63 - Círculo Cromático


Fonte: MONTINI (2011)

Tomando por base esse esquema foram definidas as seis cores das
embalagens: três cores primárias (azul, vermelho e amarelo) e três secundárias
(laranja, verde e violeta) que posteriormente foram trabalhadas em saturação.
Além dos aspectos fisiológicos somam-se também ao processo de
percepção cromática aspectos simbólicos e culturais. Nesse sentido, buscou-se
aplicar essas seis cores nas embalagens levando em consideração também a
função do produto aliando-a aos significados e efeitos psicológicos de cada cor que
sejam relevantes para o projeto de acordo com as definições de Pastoreau (1997).
Os resultados são mostrados na Quadro 8 seguinte:
87

PRODUTO FUNÇÃO COR SIGNIFICADO DA COR


ATRIBUÍDA
PlayPet Brincar Laranja Diversão/Alegria
HigiPet - Refil Higiene Azul Limpeza
HigiPet - Tapete Higiênico Higiene Amarelo Calor/Urina
HigiPet - Caixa de areia Higiene Verde Ambiente natural
HousePet Morar Vermelho Dinamismo/Criatividade
ZzzPet Dormir Violeta Noite/Sono

Quadro 8 - Atribuição das cores nas embalagens


Fonte: Autoria própria (2017)

A aplicação das padronagens e das cores resultou na combinação


apresentada na Figura 64.

Figura 64 - Paleta de cores e padronagens utilizadas nas embalagens


Fonte: Autoria própria (2017)

Com relação ao layout e projeto gráfico, todas as embalagens seguem um


padrão de distribuição das informações ilustrado na Figura 65.
88

Figura 65 - Elementos da embalagem


Fonte: Autoria própria (2017)

As imagens dos layouts de todas as embalagens estão relacionadas no


Apêndice A. Depois de todos os encartes prontos, as embalagens foram
apresentadas a 10 funcionários da empresa de setores diferentes com o intuito de
testar se as informações de montagem dos produtos eram claras o suficiente. O
resultado do teste foi satisfatório, todos os funcionários conseguiram montar os
produtos somente seguindo as instruções presentes nas embalagens.
Essa etapa se mostrou bastante eficiente para identificar os passos em que
o público demonstrou maior dificuldade e assim poder corrigir as informações.
No que se refere ao tipo de embalagem, vários fatores internos e externos
influenciaram nessa decisão. Esses fatores estão melhores descritos no Quadro 9.

FATORES INTERNOS OUTROS FATORES


Baixo custo Praticidade no transporte e armazenamento
Deixar as cores dos produtos expostas para o
Praticidade no manuseio
consumidor
Aproveitamento de material e Necessidade de proteger o produto contra as
maquinário interno intempéries até chegar ao cliente final
Quadro 9 - Requisitos para o tipo de embalagem
Fonte: Autoria própria (2017)
89

Para atender todos os requisitos listados a alternativa encontrada foi a de


embalar os produtos em um envoltório plástico. Dessa forma, eles são mantidos
protegidos principalmente contra a umidade em todas as fases de armazenamento e
transporte até o consumidor final. Outra funcionalidade desse tipo de embalagem é a
transparência que permite ao consumidor visualizar as peças e as cores dos
produtos ainda no ponto de venda (Figura 66).

Figura 66 - Verso transparente das embalagens


Fonte: Autoria própria (2017)

Essa embalagem não acrescenta em volume e também não interfere muito


no peso da composição final, que são vantagens com relação ao transporte e
armazenagem dos produtos. Manter o produto leve e fácil de ser carregado são
benefícios também para o consumidor final como ilustrado na Figura 67.
90

Figura 67 - Linha de produtos embalada


Fonte: Autoria própria (2017)

Tanto os envoltórios plásticos como o maquinário necessário para lacrar as


embalagens são um aproveitamento do que já existia em estoque na indústria
proveniente de alguns experimentos anteriores. Isso se tornou uma característica
decisiva para manter baixos custos no início da produção. Além disso, o processo é
rápido e prático, utiliza pouca mão de obra e consome pouca energia.
Conforme recomendações de Fiksel (2002) deve-se dar preferência à
utilização de um só material ou utilizar o mínimo possível de materiais, pois
"produtos com menor quantidade de materiais diferentes são mais atrativos para a
reciclagem” (Fiksel, 1996 apud Venke, 2002, p. 23). No sistema proposto foram
utilizados dois materiais que devem ser descartados separadamente para facilitar o
processo de reciclagem: o plástico do envoltório e o papel do produto e do encarte.

5.5 COMUNICAÇÃO E MATERIAIS DE DIVULGAÇÃO

O próximo passo após a definição dos produtos, da identidade visual e das


embalagens, é definir as estratégias de marketing e vendas.
91

As estratégias de comunicação da Papel de Bicho envolvem uma linguagem


pouco mais informal e direta, de forma a apresentar uma conversa com o
consumidor e criar um vínculo com o mesmo através de um material mais
descontraído a exemplo da Figura 68, imagem utilizada para divulgação dos
produtos no web site da empresa7.

Figura 68 - Banner de lançamento


Fonte: Autoria própria (2017)

A fim de criar um primeiro canal para venda dos produtos, a Papel de Bicho
lançou um e-commerce8, Figura 69, onde é possível comprar os produtos de
qualquer lugar do Brasil.

7
A arte do banner de lançamento dos produtos foi desenvolvida pela autora deste trabalho.
8
O desenvolvimento do e-commerce foi de responsabilidade do profissional de web design da
empresa estando a autora responsável pelo tratamento das imagens dos produtos nesse canal.
92

Figura 69 - Página home do web site da Papel de Bicho


Fonte: Autoria própria (2017)

Essa mesma linguagem foi adotada também e principalmente na


comunicação da página da empresa na rede social, um canal criado para divulgar e
dar visibilidade à marca e tornar a empresa acessível ao consumidor.
Como estratégia de vendas foi também criado um material de apoio para o
setor comercial: um catálogo de produtos online interativo. O catálogo de produtos9 é
um material utilizado para primeiro contato com os clientes, apresentando a marca e
os produtos, acompanhados dos respectivos códigos de identificação. Na Figura 70
é possível visualizar a capa do catálogo, mas todas as páginas completas estão
disponíveis no Apêndice B.

9
O catálogo de produtos foi desenvolvido pela autora deste trabalho.
93

Figura 70 - Catálogo de produtos online e interativo


Fonte: Autoria própria (2017)

Além dos materiais digitais, foi criado um folder10 de divulgação para ser
distribuído nos pontos de vendas e em eventos. O folder, ilustrado na Figura 71, foi
impresso em processo offset no papel couché fosco 150g, 4x4, tem duas dobras e
fechamento em formato carteira. Nesse material consta uma descrição da marca e
uma breve explicação dos produtos, acompanhada de fotos ilustrativas de uso,
sempre utilizando as cores e padronagens que representam cada um.

Figura 71 - Folder de divulgação da Papel de Bicho


Fonte: Autoria própria (2017)

10
O folder foi desenvolvido pela autora deste trabalho.
94

6 SÍNTESE DOS RESULTADOS E VALIDAÇÃO COM O CLIENTE

O trabalho da equipe de vendas da Papel de Bicho envolveu prospecção de


clientes, visitação e apresentação dos produtos e dentre os possíves clientes. Um
petshop de porte médio localizado na região central de Curitiba se interessou em
colocar os produtos à venda tanto em loja física como através do e-commerce da
empresa. A ação envolveu um treinamento com os vendedores onde foram
apresentadas as características dos produtos.
O petshop também disponibilizou um espaço para divulgação dos produtos
em sua rede social que teve uma grande repercussão com mais de mil interações do
público como mostrado na Figura 72.

Figura 72 - Divulgação na página do facebook do petshop


Fonte: Acervo do autor (2017)
95

Após um período de tempo (cerca de 1 mês), foi realizada uma visitação


nesse ponto de venda para avaliar os resultados. Com autorização da empresa
algumas fotos foram tiradas dos produtos expostos para venda no local e podem ser
visualizadas na Figura 73 seguinte.

Figura 73 - Produtos expostos em loja


Fonte: Acervo do autor (2017)

Nesse mesmo local, com autorização prévia do petshop foi aplicado um


questionário para avaliação dos novos produtos. O formulário utilizado na pesquisa
encontra-se no Apêndice C desse documento.
A abordagem dos clientes era realizada a partir do momento que os mesmos
se aproximavam do local de exposição do produto demonstrando interesse ou
curiosidade. Com a aproximação, o cliente era questionado sobre o tipo de animal
que possuía e se havia interesse em conhecer uma nova linha de produtos
ecológicos e apenas dois clientes se recusaram a ouvir a explicação. No total foram
entrevistadas 17 pessoas onde 8 eram donos de gatos e 9 de cães.
Depois de expor as principais características dos produtos, o formulário de
pesquisa era apresentado ao cliente a fim de coletar informações sobre os aspectos
considerados positivos e negativos.
96

A primeira questão da pesquisa trazia uma série de atributos e o


entrevistado deveria assinalar quais qualidades considerasse mais interessantes na
linha de produtos apresentada. As 9 características disponíveis para serem listadas
eram: alta qualidade, preço acessível, design, embalagem atraente, produto
ecológico, leveza dos produtos, cores disponíveis, feitos em papelão e marca
confiável. O resultado dessa primeira pergunta está representado no Gráfico 3 a
seguir.

Gráfico 3 - Características avaliadas como interessantes


Fonte: Autoria própria (2017)

De acordo com o gráfico, as características consideradas menos relevantes


pelos entrevistados foram: marca confiável e alta qualidade, o que era esperado já
que trata-se de uma marca muito recente no mercado cuja qualidade dos produtos
ainda não havia sido constatada pelos clientes.
O terceiro fator de menor relevância na opinião dos clientes foi a
embalagem. A maioria dos clientes afirmou que a embalagem estava bem
produzida, mas que não comprariam o produto por isso.
O atributo mais selecionado como interessante foi o fato do produto ser
ecológico, seguido do design e da disponibilidade de cores.
A segunda pergunta era uma questão aberta sobre o que os usuários
mudariam na nova linha de produtos que acabaram de conhecer.
97

Dois dos entrevistados, donos de cães, justificaram que os produtos não


funcionariam com seus animais pelo mau comportamento dos mesmos que
provavelmente o destruiriam com pouco tempo de uso.
O fato dos produtos serem de papelão dividiu opiniões, pois 14% das
respostas tiveram essa característica marcada como interessante, mas pelas
observações levantadas, boa parte dos entrevistados associa fragilidade e baixa
durabilidade ao material e considera que por esse motivo os preços deveriam ser
mais baixos para facilitar a reposição que seria mais constante.
Com relação ao preço, um dos participantes também comentou
especificamente sobre o HigiPet - caixa de areia para gatos, que se fosse para uso
diário não compraria porque o valor seria inviável, no entanto ressaltou que seria
uma ótima alternativa a ser usadas em viagens, ou para facilitar o trabalho do
cuidador quando tem que deixar seu animal com alguém enquanto se ausenta.
Na terceira e última questão, o objetivo era descobrir por qual motivo o
cliente não compraria os produtos. As opções e resultados estão ilustrados no
Gráfico 4.

Gráfico 4 - Motivos listados para não comprar o produto


Fonte: Autoria própria (2017)

A maioria das pessoas respondeu que não compraria esse tipo de produto
porque não necessita ou porque considerou o valor muito alto. Dentre as opções não
listadas e, portanto marcadas como outros estão algumas observações sobre a
98

durabilidade e resistência do produto com relação a animais que tendem a depredar


objetos.
A Segunda etapa de avaliação dos produtos foi realizada através de um
formulário de pesquisa online que foi disponibilizado em diversos grupos
relacionados a animais nas redes sociais. O questionário, que pode ser consultado
no Apêndice D, trazia uma estrutura bastante similar àquele aplicado
presencialmente no ponto de venda, mas como o contato direto com o produto não
era possível, foi adicionada uma página de introdução contendo o vídeo de
apresentação dos produtos acompanhado dos preços de venda de cada um.
O total de entrevistados foram 40 pessoas, a maioria do sexo feminino
(80%). Com relação ao tipo de animais, se cães ou gatos, cerca de 88% dos
participantes faziam parte do público alvo dos produtos (donos de gatos e cães de
pequeno ou médio porte). Segue o Gráfico 5 abaixo para ilustrar.

Gráfico 5 - Animais de estimação dos entrevistados


Fonte: Autoria própria (2017)

Com base nas informações do vídeo promocional e nos preços


apresentados, os candidatos deveriam avaliar os pontos favoráveis e contras do
projeto através de 3 perguntas: 1) O que você acha mais interessante em nossos
99

produtos? 2) O que você mudaria para melhorar nossos produtos? 3) Se você NÃO
compraria nossos produtos, porque não?
As perguntas e as modalidades de respostas foram as mesmas adotadas no
questionário presencial, ou seja, somente a segunda questão era dissertativa. De
acordo com a experiência da primeira avaliação, as duas opções de resposta menos
assinaladas pela irrelevância foram eliminadas e a alternativa "facilidade no
transporte ou descarte" foi incluída. O Gráfico 6 mostra o resultado da distribuição
das respostas para essa questão.

Gráfico 6 - Atributos listados como interessantes conforme pesquisa online


Fonte: Autoria própria (2017)

Assim como na primeira pesquisa, os dois atributos que se mantiveram


como mais selecionados dentre as opções foram o fato do produto ser ecológico e o
design. Notou-se, porém, uma queda no interesse pela diversidade de cores dos
produtos o que pode ser reflexo da deficiência dessa informação no vídeo
promocional que foi apresentado. As demais características foram igualmente
relevantes com percentuais se aceitação muito próximos.
A segunda questão era dissertativa e não era obrigatória, então dos 40
entrevistados foram registradas 15 sugestões de melhorias que podem ser
visualizadas na Figura 74.
100

Figura 74 - Sugestões de melhorias dos entrevistados


Fonte: Acervo do autor (2017)

Muitas observações estão relacionadas à durabilidade e resistência do


material e no geral o público considera que o preço dos produtos não condiz com o
material escolhido, ou seja, que deveriam custar menos por serem feitos de papelão.
Na terceira etapa da avaliação os participantes deveriam selecionar dentre
algumas opções o motivo pelo qual não compraria os produtos, se realmente não
houvesse interesse na aquisição.
O resultado, que segue ilustrado no Gráfico 7, demonstra que boa parte das
pessoas (cerca de 40%) tem intenção de compra. Dentre as demais opções, os
motivos mais indicados para não comprar os produtos foram por não precisar ou por
101

considerar o preço muito alto que somadas representam aproximadamente 47% das
respostas.

Gráfico 7 - Motivos para não comprar os produtos segundo avaliação online


Fonte: Autoria própria (2017)

Apesar do percentual considerável de possíveis clientes, o número de


desinteressados é bastante expressivo, mais de 50% dos entrevistados listou pelo
menos um motivo para não adquirir nenhum dos produtos e esse dado deve ser
acompanhado nas próximas pesquisas de aceitação.
Com base nesses números é possível visualizar algumas deficiências do
sistema que podem ser aprimoradas e corrigidas a fim de conquistar mais clientes.
102

7 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES PARA FUTURAS MELHORIAS

O desenvolvimento de sistemas voltados para a sustentabilidade é um fator


bastante recorrente atualmente e o papel do designer é muito importante na
aplicação de metodologias, ferramentas e alternativas para auxiliar no processo de
criação de produtos ecologicamente corretos, economicamente viáveis e
socialmente admiráveis. Aprofundar-se nos princípios de ecodesign e design
sustentável foi fundamental para guiar o processo de desenvolvimento desse
projeto.
Dentro dessa concepção, a escolha de materiais de baixo impacto ambiental
é um fator decisivo, pois afeta todo sistema desde a extração da matéria-prima ao
descarte do produto. Por esse motivo, as características e o processo produtivo do
material utilizado foram analisados, e os resultados desse estudo apontaram que o
papelão feito de material 100% reciclado, comumente chamado de cartão cinza,
além de ser um material pouco nocivo ao meio ambiente também possui
propriedades vantajosas para o tipo de aplicação a que se propôs esse trabalho.
A definição do material utilizado, bem como do segmento de atuação dos
produtos foram requisitos do briefing apresentado pela Indústria de Papelão Hörlle,
proponente do projeto. A escolha pelo mercado de produtos para animais de
estimação foi pautada no aumento de cães e gatos nos domicílios brasileiros e no
constante crescimento desse segmento nos últimos anos mesmo em meio às crises
que afetaram a economia nacional e mundial.
Essa expansão refletiu na quantidade e na variedade de produtos ofertados
para um público que também se mostra cada vez mais exigente. Dessa forma, a
pesquisa por produtos similares se fez essencial para catalogar algumas novidades
do mercado de pet care, o que auxiliou na delimitação da linha de produtos a ser
desenvolvida em papelão.
A partir de então, o processo criativo que envolveu geração de alternativas,
construção de mockups, prototipação e testes, foi bastante dinâmico. Os resultados
eram constantemente avaliados com base nos pré-requisitos de projeto e de
produtos e apresentados para acompanhamento em reuniões com a diretoria e
equipe de marketing até a definição da linha de produtos a ser desenvolvida. Em
alguns momentos, as limitações com relação às características do material ou do
103

maquinário disponível se tornavam barreiras que influenciaram diretamente no


resultado alcançado.
A proposta de produtos feitos em papelão para cães e gatos era parte de
todo um sistema desenvolvido que incluiu também a concepção da identidade visual
e embalagens dos produtos, assim como materiais de comunicação em mídias
digitais e impressas. O envolvimento em todas as etapas, desde o contato com o
processo de produção da matéria-prima, fabricação dos produtos e criação de
estratégias de divulgação, permite a otimização de uma visão estratégica sobre a
perspectiva do processo design.
Ter a oportunidade de trabalhar o projeto de conclusão de curso em conjunto
com uma demanda real de mercado agregou em experiências e aprendizados que
vão além do que o ambiente acadêmico é capaz de proporcionar. As dificuldades
encontradas durante o processo de desenvolvimento motivam o profissional a
buscar soluções cada vez mais eficazes, levando em consideração que as
consequências das ações e escolhas afetam toda uma cadeia de outros
profissionais envolvidos até que o produto finalmente chegue até o consumidor final.
Por fim, os resultados alcançados foram até então satisfatórios, todas as
etapas do processo de design foram cumpridas e os produtos encontram-se em fase
de testes e validação junto ao público-alvo.
Como sugestões de melhorias futuras:
 Seria importante aplicar mais pesquisas qualitativas, com um número maior de
participantes para coletar informações a respeito do posicionamento dos
produtos em meio ao mercado e aos clientes;
 De acordo com os resultados das pesquisas realizadas pode ser necessária uma
revisão dos preços de vendas dos produtos;
 Com relação aos produtos, estão previstas algumas alterações no desenho da
HousePet, porque as peças do "telhado" não estão se encaixando bem. Além
disso, serão revistas as dimensões da HigiPet - Caixa de areia porque foi
constatada uma dificuldade na junção das abas laterais;
 É necessário realizar mais testes de resistência ao peso e de absorção e
divulgar essas informações para passar maior credibilidade aos clientes.
104

REFERÊNCIAS

ABINPET: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE PRODUTOS PARA


ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO. Disponível em: <http://abinpet.org.br/site/faturamento-
do-setor-crescera-74-e-fechara-em-r-179-bilhoes-em-2015/>. Acesso em: 19 mar.
2017.

____________. Disponível em: <http://abinpet.org.br/site/em-2014-setor-pet-


cresceu-10-sobre-2013-e-atingiu-um-faturamento-de-r-167-bilhoes-no-brasil/>.
Acesso em: 20 abr. 2017.

______. 2016. Disponível em: < http://abinpet.org.br/site/setor-pet-chega-a-r-18-


bilhoes-em-2015-mas-nao-sem-os-efeitos-da-crise/>. Acesso em: 13 mai. 2017.

AB MÁQUINAS GRÁFICAS. Corte e vinco manual. Disponível em: <


http://www.abmaquinasgraficas.com.br/detprod.php?act=1&id=19>. Acesso em: 14
mai. 2017.

AMFpet. Disponível em:< http://www.amfpet.com.br/produtos_det.asp?cod_produto


=3000&page=default&rec=7>.Acesso em 21 abr. 2017.

ANAP: Associação Nacional dos Aparistas de Papel. Relatório Anual 2014-2015.


Disponível em: <http://www.anap.org.br/anap/wp-content/uploads/2016/04/Relat%C3
%B3rio_Anual_2014_2015.pdf>. Acesso em: 05 jun. 2016.

ANDRIONI, José Luís Lino et al. Fabricação do Papel: Preparo de Massa. 2 ed. vol.
1. Curitiba: Senai, 2009.

ASSIS, Deisy de. Matérias-primas ecológicas ganham espaço no mercado de


animais domésticos. Fecomercio: 2015. Disponível em: < http://www.fecomercio
.com.br/noticia/materias-primas-ecologicas-ganham-espaco-no-mercado-de-animais-
domesticos>. Acesso em 07 mai. 2017.

BAXTER, Mike R. Projeto de produto: guia prático para o desenvolvimento de


novos produtos. 2 ed. rev. São Paulo: Blucher, 2000.

BLOG DA HORLLE: O seu canal sobre papelão. Como cortar o papelão. 2017.
Disponível em: < http://blog.horlle.com.br/como-cortar-o-papelao-horlle/>. Acesso
em: 01 mai. 2017.
105

BLOG DA HORLLE: O seu canal sobre papelão. Como cortar o papelão Hörlle –
parte 02!. 2017. Disponível em: <http://blog.horlle.com.br/como-cortar-o-papelao-
horlle-parte-2/>. Acesso em: 02 mai. 2017.

BONSIEPE, G. Design, cultura e sociedade. São Paulo: Blucher, 2011.

BRACELPA: Associação Brasileira de Celulose e Papel. Evolução do Consumo


Brasileiro de Aparas. Disponível em: <http://bracelpa.org.br/bra2/?q=node/173>.
Acesso em: 22 nov. 2015.

______. Processo industrial de reciclagem. Disponível em:


<http://bracelpa.org.br/bra2/?q=node/173>. Acesso em: 24 nov. 2015.

BRITO, Victor. O que é naming e para que serve no Branding. Disponível em: <
http://bonstutoriais.com.br/o-que-e-naming-no-desing/>. Acesso em 22 abr. 2017.

BUGAJER, S. O efeito da reciclagem de fibras secundárias sobre as


propriedades do papel kraft. São Paulo, 1976.

CABAÇAS, Filipe A. M. P. Design de mobiliário sustentável: extensão do tempo


útil de vida do produto por reutilização. 2011. 264. Dissertação (Mestrado em Design
de Produto) – Faculdade de Arquitetura, Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa,
2011.

CAMPOS, Edison da Silva. Curso Básico de Fabricação de Papel: com ênfase nas
propriedades dos papéis de fibra curta. 2010. Disponível em:
<http://www.eucalyptus.com.br/artigos/outros/2010_Papel_Fibra_Curta.pdf>>.
Acesso em 01 mai. 2017.

CARDOSO, Rafael. Uma introdução à história do design. 3ª ed. São Paulo:


Edgard Blücher, 2008.

DA FLORESTA AO PAPEL. A pasta. Disponível em: < http://daflorestaaopapel.com/


p6/>. Acesso em: 01 mai. 2017.

DAYCHOUM, Merchi. 40 Ferramentas e Técnicas de Gerenciamento. Brasport,


2007.
106

DIAS, Genebaldo Freire. Educação e Gestão Ambiental. Global Editora (Edição


Digital). Disponível em: <https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=KcxcB
AAAQBAJ&oi=fnd&pg=PA10&dq=Uma+tonelada+de+papel+reciclado+economiza+1
0mil+litros+de+%C3%A1gua+e+evita+o+corte+de+17+%C3%A1rvores+adultas.&ots
=RlR7d3WlNN&sig=yvAAsXDwg8bzkz_VyZFjpLLDRhQ#v=onepage&q&f=false>.
Acesso em: 05 jun. 2016.

DODMAN, Nicholas. Why can’t cats resist thinking inside the box?. The
conversation, 2017. Disponível em: <https://theconversation.com/why-cant-cats-
resist-thinking-inside-the-box-76287>. Acesso em 11 mai. 2017.

ECOR. Disponível em: <http://ecorglobal.com/about-ecor-sustainable-building-


materials/>. Acesso em: 18 jun. 2016.

ESSENT’IAL. Le sedute. Disponível em: <http://www.essent-ial.com/sedute>.


Acesso em: 24 nov. 2015.

FARIAS, Rodrigo. O impacto ambiental na substituição do papel virgem por


papel reciclado em embalagens corrugadas. UTFPR, 2013.

FIKSEL, Joseph. Design for environment: creating eco-efficient products and


processes. EUA: Ed. McGraw-Hill, 1995. apud QUARTIM, Elisa. Design
Sustentável ou Ecodesign. 21 out. 2010. Disponível em:
<http://embalagemsustentavel.com.br/2010/10/21/design-sustentavel-ecodesign/>.
Acesso em: 12 jun. 2016.

FILHO, Sergio Adeodato. A arte da reciclagem. Editora horizonte: São Paulo, 2007.

FOELKEL, Celso. Papeis reciclados e papeis de fibras virgens: a necessária


complementação tecnológica e ambiental. s.d. Disponível em:< www.celso-
foelkel.com.br/artigos/21%20final.doc>.Acesso em: 29 abr. 2017.

FOTOMELIA. Banco de Imagens gratuitas. Disponível em:


<http://fotomelia.com/?download=boite-d-oeufs-images-photos-gratuites>. Acesso
em 06 de mai. 2017.

GIUMELLI, R.D., SANTOS, M.C.P. Convivência com Animais de Estimação: Um


Estudo Fenomenológico. Revista da Abordagem Gestáltica, 2016.
107

GENTE DE FIBRA: Cooperativa Mariense de artesanato. Catálogo. Disponível em:


<http://www.gentedefibra.com.br/gentedefibra/catalogo/borda>. Acesso em: 24 nov.
2015.
IBGE 2013. Disponível em:< http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv94074.
pdf>. Acesso em: 19 mar. 2017.

IBOPE. Vendas de produtos pets aumentam na internet. 2013. Disponível em:


<http://www.ibope.com.br/pt-br/noticias/Paginas/Vendas-de-produtos-pets-
aumentam-na-internet.aspx>. Acesso em: 07 mai. 2017.

INDÚSTRIA DE PAPELÃO HÖRLLE LTDA. Para que servem os cartões Hörlle?.


Disponível em: < http://www.horlle.com.br/contato/>. Acesso em: 29 abr. 2017.

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS - IPT. Lixo municipal: manual de


gerenciamento de lixo. 2.ed. SãoPaulo, 1995.

KAZAZIAN, T. (Org). Haverá a Idade das coisas leves: design e desenvolvimento


sustentável. São Paulo, SENAC, 2005.

LIMA, Rose Mary Rosa de; FILHO, Eduardo Romeiro. A reciclagem de materiais e
suas aplicações no desenvolvimento de novos produtos: um estudo de caso. 3°
Congresso Brasileiro de Gestão de Desenvolvimento de Produto. Florianópolis, SC -
25-27 Setembro de 2001. Disponível em: < https://www.researchgate.net/publication
/267419011_A_RECICLAGEM_DE_MATERIAIS_E_SUAS_APLICACOES_NO_DES
ENVOLVIMENTO_DE_NOVOS_PRODUTOS_UM_ESTUDO_DE_CASO>. Acesso
em: 20 jun. 2016.

MADE IN FOREST. Papel e papelão: O mercado para a reciclagem do papelão


ondulado/papelão. 2010. Disponível em: <http://www.madeinforest.com/?reciclagem/
pagina/topico/87/pagina/76#sthash.xm0UKWGp.dpuf> . Acesso em: 24 nov. 2015.

MAYNES, Tamara. 2012. Disponível em: <http://allwashitape.blogspot.com.br/2012/


10/preciosa-lampara-de-carton-y-washi-tape.html>. Acesso em: 05 mai. 2017.

MANZINI, E.; VEZZOLI, C. O desenvolvimento de produtos sustentáveis. 1. ed.


3. reimpr. São Paulo: EdUSP, 2011.

MANZINI, Enzio. Design para a inovação social e sustentabilidade: Comunidades


criativas, organizações colaborativas e novas redes projetuais. Rio de Janeiro: E-
papers, 2008.
108

MONTINI, Debora. Círculo Cromático. Publicado em: 25 mai. 2011. Disponível


em:< https://deboramontini.wordpress.com/category/estudo-da-cor/>. Acesso em: 22
abr. 2017.

MOTTA, Silvio. Polpa moldada: embalagens sustentáveis. 2014. Disponível em:


<http://polpatec.blogspot.com.br/2014_09_01_archive.html>. Acesso em: 18 nov.
2015.

MUNDO DAS PATAS. Marcas pet investem no design para ganhar espaço no
mercado. 2016. Disponível em: < http://mundodaspatas.com/marcas-pet-investem-
no-design-para-ganhar-espaco-no-mercado/>. Acesso em: 13 mai. 2017.

O QUE É A ECO-CONCEPÇÃO? 2015. Disponível em: <http://www.ecomovel.eu/


PT/Projecto.aspx>. Acesso em: 20 nov. 2015.

ORTIZ, Fabíola. Consumidores mais interessados em produtos verdes. 2013.


Revista O Eco. Disponível em:< http://www.oeco.org.br/noticias/27192-
consumidores-mais-interessados-em-produtos-verdes/>. Acesso em: 07 mai. 2017.

PAPEL DE BICHO. Linha de Produtos Ecológicos para Pets. Disponível em:


<https://www.youtube.com/watch?v=TdYjqeIDv4c&t=3s>. Acesso em 22 abr. 2017.

PAPEL SEMENTE. Disponível em: <http://www.papelsemente.com.br/produtos>.


Acesso em: 18 jun. 2016.

PAPER WATER BOTTLE. Disponível em: <http://www.paperwaterbottle.com>.


Acesso em: 24 nov. 2015.

PAULA, Fabio de. Designers apostam em materiais inusitados. Revista Casa


Vogue. Disponível em: <http://revista.casavogue.globo.com/design/designer-
apostam-em-materiais-inusitados/>. Acesso em: 18 de jun. 2016.

PAZMINO, Ana Verónica. Uma reflexão sobre Design Social, Eco Design e
Design Sustentável. I Simpósio Brasileiro de Design Sustentável. Curitiba,
setembro de 2007.

______. Como se cria: 40 métodos para design de produtos. São Paulo: Blucher,
2015.
109

PETREDE. Disponível em:< http://www.petrede.com.br/servicos/mercado/mercado-


de-produtos-e-servicos-estao-se-expandindo-para-atender-clientes-cada-vez-mais-
exigentes/>. Acesso em: 19 mar. 2017.

PIPIDOLLS. Disponível em: <http://www.pipidollys.com.br/>. Acesso em: 21 abr.


2017.

PNADE 2013. Disponível em: <http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/5


9/pnad_2013_v33_br.pdf>. Acesso em: 19 mar. 2017.

POOPYCAT. Disposable Litter Box. Disponível em:<https://poopycat.com/product-


category/litterbox/>. Acesso em: 13 mai. 2017

PORTAL CHAMBRIL: Informações para o profissional gráfico em um só lugar.


Sentido da Fibra. Disponível em: <http://www.portalchambril.com.br/index.php/area-
do-grafico/artigos-tecnicos?pg=3&articleId=54>. Acesso em: 01 mai. 2017.

RODRIGUES, Joel Americano Mendes et al. Papel Cartão de A a Z: um mundo de


possibilidades. Ibema, 2015. Disponível em: <http://www.ibema.com.br/noticias/
Paginas/LerNoticia.aspx?noticia=180>. Acesso em: 01 mai 2017.

SANTOS, Greyciane Passos dos et al. A Cadeia do Papel/Papelão Comum e o


Reciclado: uma Analise Comparativa na Indústria de Embalagens. XXX
ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO: Maturidade e desafios
da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho,
meio ambiente. São Carlos, SP, Brasil, 12 a 15 de outubro de 2010. Disponível em:
< http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2010_TN_STO_121_788_15572.pdf>.
Acesso em: 29 abr 2017.

RACC DESIGN. Disponível em: < http://www.raccdesign.com.br/>. Acesso em: 06


mai. 2017.

RADAR PET. Dados de mercado. 2009. Disponível em:< http://www.comacvet.org.br


/novo/dados-de-mercado>. Acesso em 13 abr. 2017.

ROBERT, Noely T. Forlin. Produção de Embalagem de Papel. Rio de Janeiro:


REDETEC, 2007. Disponível em: < http://respostatecnica.org.br/dossie-
tecnico/downloadsDT/MjAw>. Acesso em 30 abr. 2017.
110

SILVEIRA, Luciana Martha. Introdução à teoria da cor. 1ed. Curitiba: Editora


UTFPR, 2011.

TATIBANA, L. S., COSTA-VAL, A. P.Relação homem-animal de companhia e o


papel do médico veterinário. Revista Veterinária e Zootecnia em Minas, n. 103.
2009. Disponível em: <http://www.crmvmg.org.br/RevistaVZ/Revista03>. Acesso em:
20 abr. 2017.

VENZKE, Cláudio S. A situação do ecodesign em empresas moveleiras da


região de Bento Gonçalvez, RS: análise da postura e das práticas ambientais.
2002. 126 f. Dissertação (Mestrado em Administração) - Escola de Administração,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2002. Disponível em:
<http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/2086/000314080.pdf?sequence=1
> Acesso em: 13 mar. 2014.

VEZZOLI, Carlo. Design de Sistemas para a Sustentabilidade. Bahia: EDUFBA,


2010.

WALSH, F. Human-Animal Bonds I: The Relational Significance of Companion


Animals. Family Process, Vol. 48, No. 4, 2009.

WCED. 1987. Report of the World Commission on Environment and


Development: Our Common Future.Disponível em: <http://www.un-
documents.net/our-common-future.pdf>. Acesso em: 18 jun. 2016.

WHITE, Philip; BELLETIRE, Steve; PIERRE, Louise St. Okala ecological design
course guide. Portland, OR, USA, 2004. Disponível em:
<http://web.stanford.edu/class/me221/readings/Okala_Modules_1-7.pdf>. Acesso
em: 12 jun. 2016.
111

ANEXO A - Diretrizes de projeto para o meio ambiente

Pré-Produção
1 Reduzir a utilização de recursos naturais e de energia
2 Usar Materiais não exauríveis (esgotáveis)
3 Usar materiais não prejudiciais (danosos e perigosos)
4 Usar materiais reciclados
5 Usar materiais recicláveis
6 Usar materiais renováveis
Produção
7 Escolha de técnicas de produção alternativa
8 Menos processos produtivos
9 Pouca geração de resíduos
10 Reduzir a variabilidade dos produtos
11 Reduzir o consumo de energia
12 Utilizar tecnologias apropriadas e limpas
Distribuição
13 Escolha dos meios mais eficientes de transporte
14 Logística eficiente
15 Redução de peso
16 Redução de Volume
Uso
17 Assegurar a estrutura modular do produto
18 Aumentar a confiabilidade e durabilidade
19 Design clássico
20 Incentivar o uso compartilhado
21 Escolher uma fonte de energia limpa
22 Intensificar uso e cuidado do produto
23 Reduzir a quantidade ou volume de materiais de consumo requeridos
24 Tornar a manutenção e reparos mais fáceis
Descarte
25 Agrupar materiais nocivos em submontagens
26 Aumentar o ciclo de vida do produto e as possibilidades de manutenção e reparação
27 Concentrar materiais poluentes ou recicláveis em um mesmo módulo
28 Converter os componentes em reposições
29 Definir claramente as interfaces permitindo o reuso de componentes
30 Desenvolver o produto para desmontagem simples e pessoal não treinado
31 Dividir os componentes que são consumidos mais rapidamente
32 Eliminar superfícies possíveis de desgaste
33 Estimular a remanufatura e reforma
34 Estimular a reutilização do produto inteiro
35 Evitar a combinação com materiais corrosivos e perecíveis
36 Evitar acabamentos secundários (pintura, revestimentos etc.)
37 Evitar partes materiais que possam estragar os equipamentos
38 Fácil aceso a partes nocivas, valiosas e reusáveis
39 Facilitar a desmontagem
40 Facilitar a reciclagem (de qualidade - berço ao berço)
41 Favorecer o uso do mono material
42 Identificar os componentes para facilitar a desmontagem e recilagem
43 Minimizar elementos de fixação
44 Prover um fácil acesso aos pontos de separação, de quebra ou corte, incluir sinal no ponto de quebra
45 Remoção de partes por meios manuais e automáticos
46 Reutilizar o produto e/ou seus componentes
47 Rotulagem indicando o tipo de material
48 Rotulagem para facilitar a percepção das montagens
49 Substituir os componentes tóxicos
50 Usar componentes padronizados
51 Usar elementos de fixação fáceis de remover ou destruir
52 Usar materiais compatíveis
Fonte: Pazmino (2015)
112

APÊNDICE A - Embalagens dos Produtos


113
114
115
116
117
118

APÊNDICE B - Catálogo de Produtos da Papel de Bicho


119
120
121
122
123

APÊNDICE C - Formulário de Pesquisa Presencial de Aceitação dos Produtos


124

APÊNDICE D - Formulário de Pesquisa Online de Aceitação dos Produtos


125

Vous aimerez peut-être aussi