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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 1.239.048 - SC (2011/0042199-1)

RELATOR : MINISTRO JOÃO OTÁVIO DE NORONHA


RECORRENTE : CONSTRUTORA ESPAÇO ABERTO LTDA
ADVOGADO : CARLOS ALBERTO DE ARAÚJO GOMES E OUTRO(S)
RECORRIDO : JOAQUIM PEIXOTO LUNA
ADVOGADO : FLÁVIO RICARDO FÉLIX E OUTRO(S)
EMENTA
PROCESSO CIVIL. FALTA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA N.
211/STJ. COISA JULGADA. CONFISSÃO JUDICIAL. NATUREZA JURÍDICA
DO NEGÓCIO FIRMADO ENTRE OS LITIGANTES. MATÉRIA FÁTICA.
REVISÃO. SÚMULA N. 7/STJ. ADMISSIBILIDADE. NÃO IMPUGNAÇÃO
ESPECÍFICA. SÚMULA N. 283/STF.
1. Aplica-se o óbice previsto na Súmula n. 211/STJ quando a questão suscitada
no recurso especial, não obstante a oposição de embargos declaratórios, não foi
apreciada pela Corte a quo.
2. O acesso à via excepcional, nos casos em que o Tribunal a quo, a despeito
da oposição de embargos de declaração, não regulariza a omissão apontada, depende
da veiculação, nas razões do recurso especial, de ofensa ao art. 535 do CPC.
3. O recurso especial não é sede própria para rever questão referente à ofensa à
coisa julgada, à ocorrência de confissão judicial e à natureza jurídica do negócio
firmado entre os litigantes se, para tanto, for necessário reexaminar elementos
fáticos. Aplicação da Súmula n. 7/STJ.
4. A ausência de impugnação específica dos fundamentos da decisão recorrida
suficientes para mantê-la enseja o não conhecimento do recurso. Incidência da
Súmula n. 283/STF.
5. Recurso especial não conhecido.

DECISÃO

Trata-se de recurso especial interposto por CONSTRUTORA ESPAÇO ABERTO


LTDA. com fundamento no art. 105, inciso III, alíneas "a" e "c", da Constituição Federal, contra
acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina em apelação nos autos
de ação de indenização por danos morais e materiais. O julgado recebeu esta ementa:
"PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO
INDENIZATÓRIA. PETENDIDA CASSAÇÃO DA SENTENÇA POR
CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. INEXISTÊNCIA DE
NULIDADE. PROVA DOCUMENTAL SUFICIENTE À FORMAÇÃO DA
CONVICÇÃO DO JUIZ. CONTRATO DE COMPRA E VENDA. TERRENO
PERMUTADO COM A CONSTRUTORA EM TROCA DE QUATRO UNIDADES
DO EDIFÍCIO. AJUSTE POSTERIOR ENTRE A CONSTRUTORA E
INTERESSADOS, ANUÍDO PELOS AUTORES, PARA REALIZAÇÃO DA OBRA
A PREÇO DE CUSTO. DECLARAÇÃO JUDICIAL DE VALIDADE DO
PRIMEIRO CONTRATO. COISA JULGADA. ATRASO NA ENTREGA DAS

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UNIDADES. PREJUÍZOS, EM PARTE, COMPROVADOS. DEVER DE
INDENIZAR EXISTENTE. SENTENÇA REFORMADA. RECURSOS PROVIDOS
EM PARTE.
A declaração de nulidade da sentença por cerceamento de defesa depende de
prova bastante de que a dispensa da ouvida de testemunhas tenha causado prejuízo à
parte inconformada.
O julgamento da lide sem a realização das provas requeridas pelas partes não
caracteriza cerceamento de defesa quando os documentos enfeixados no processo
assegurem a formação da convicção do juiz.
Lança pá de cal, em relação ao tema, a decisão interlocutória transitada em
julgado que, a par da existência de ajuste posterior, declara a responsabilidade da
construtora pela entrega de unidades recebidas pelos autores em troca do terreno em
que foi construído o edifício.
A entrega de apartamentos fora da data aprazada causa evidentes prejuízo
materiais aos compradores, pois ficaram privados da fruição das unidades" (e-STJ, fl.
790).

Os embargos declaratórios opostos foram rejeitados.

Oferecidos novos aclaratórios, foram acolhidos para anular o decisum embargado,


ante a constatação de impedimento de magistrado, procedendo-se a novo julgamento dos
embargos de declaração para, igualmente, rejeitá-los.

Nas razões do especial, a parte recorrente aponta, além de dissídio jurisprudencial,


violação dos seguintes dispositivos legais:

a) art 469 do CPC, porquanto não houve afronta à coisa julgada já que "nem a
'cessão de contrato' e nem a responsabilidade da ré, apelante, como incorporadora, pelo prazo de
entrega dos apartamentos, foram objeto dessa decisão interlocutória confirmada pela decisão
monocrática que indeferiu o agravo de instrumento" e que transitou em julgado;

b) arts. 515 e 516 do CPC porquanto não foi observado o princípio da devolutividade
dos recursos ao se considerar como julgada antecipadamente matéria que não fora objeto do
referido agravo de instrumento;

c) arts. 334 e 348 a 350 do CPC visto que foram desprezados os efeitos da confissão
judicial;

d) arts. 49, 50 e 58 da Lei n. 4.591/64 por terem sido negados "os efeitos da
responsabilidade dos condôminos pelos custos da obra no regime de execução adotado para a
construção do prédio em condomínio, definido como 'a preço de custo'" e ter-se admitido que a
construtota agira como incorporadora.

As contrarrazões foram apresentadas (e-STJ, fls. 974/975).

Admitido o recurso na origem (e-STJ, fl. 977), ascenderam os autos ao STJ.

É o relatório. Decido.

Passo à análise das proposições deduzidas.

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I - Princípio da devolutividade dos recursos


Os temas insertos nos arts. 515 e 516 do CPC, tidos como violados no recurso
especial, não foram objeto de debate no acórdão recorrido, tampouco no aresto que julgou os
embargos de declaração. Caso de aplicação da Súmulas n. 211/STJ.

Ressalte-se, nessa hipótese, que, para viabilizar o conhecimento do recurso especial,


caberia à parte recorrente alegar ofensa ao art. 535 do CPC.

II - Coisa julgada
A Corte de origem fundou-se na ocorrência de coisa julgada quanto à
responsabilidade da construtora recorrente nos seguintes termos:
"No mérito, esclarece-se, primeiramente, que os autores firmaram, com a
Construtora Espaço Aberto, contrato de "compromisso de compra e venda",
entregando, por permuta, um terreno para nele erigir-se um edifício, localizado na
avenida Trompowski, 40, no centro de Florianópolis, pelo que receberiam quatro
apartamentos no edifício, a ser construído pela própria Construtora Espaço Aberto,
entre os quais figurava a unidade correspondente à cobertura, no prazo de 24 meses
depois da obtenção do alvará de construção (fls. 13-14, v. 1).
Sendo certo que o contrato não previra a forma de construção do edifício,
tampouco data-limite para a obtenção do alvará, a construtora não se empenhou como
devia na conquista de referenciado alvará, vindo a obtê-lo somente depois de um ano
e dois meses da assinatura do contrato, quando conseguiu reunir pessoas interessadas
nas unidades condominiais, vindo a formalizar, com elas, 'contrato de construção e
administração' (fls. 145-149, v. II), ao qual os autores anuíram.
A nova avença previa a assunção, pelos condôminos, 'a par da contribuição
estipulada para a construção de sua unidade residencial, do pagamento, proporcional a
sua unidade, das despesas para a edificação das unidades pertencentes aos antigos
proprietários dos terrenos [autores]'. E o prazo para a entrega da obra passou a
depender do capital empregado pelos condôminos. Entretanto, quando os autores
contrataram com a construtora, acreditavam que receberiam os apartamentos nos
termos do memorial descritivo e na data aprazada, sem que nada precisassem fazer e,
de repente, viram-se compelidos a assinar novo ajuste com as pessoas arregimentadas
pela construtora para que a obra tivesse início. Portanto, o juiz de direito não podia
afastar a responsabilidade da construtora, fundado na ocorrência de 'cessão de
contrato em favor dos condôminos que se tornaram responsáveis pela viabilização
financeira da obra', mormente porque essa alegação já houvera sido rechaçada na
decisão interlocutória lavrada pelo eminente Juiz Ronaldo Moritz Martins da Silva, às
fis. 240-242, v. li, mantida por este Tribunal, consoante consta do Agravo de
Instrumento n. 2000.00067-1.
[...]
Desconsiderou-se, portanto, a existência de decisão transitada em julgado na
qual, além de afastar a ilegitimidade passiva declarou-se que a ré havia agido como
incorporadora em relação aos autores. Assim, é evidente a ofensa à coisa julgada
material. Aliás, nesse sentido, colhe-se da jurisprudência desta Corte:
[...]
Não é possível tecer, aqui, maiores considerações acerca da substituição do
contrato de promessa de compra e venda firmado entre os proprietários do terreno e a
construtora (fls. 13-14, v. 1) e o contrato firmado entre os condôminos e ela, já que a
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decisão interlocutória transitada em julgado lançou pá de cal em relação ao tema, ao
declarar que a ré comportou-se na operação de compra e venda como incorporadora
responsável pela construção do edifício, devendo ser observado, pelos litigantes, o
primeiro contrato realizado."

Assim, para conhecer do especial e concluir de maneira diversa, é imprescindível


reexaminar o conjunto fático-probatório constante dos autos, o que é vedado em recurso
especial, conforme enuncia a Súmula n. 7 do STJ: "A pretensão de simples reexame de prova
não enseja recurso especial".

III - Lei dos Condomínios


Sustenta a recorrente que o Tribunal de origem, ao admitir que ela agira como
incorporadora e ao negar "os efeitos da responsabilidade dos condôminos pelos custos da obra
no regime de execução adotado para a construção do prédio em condomínio, definido como 'a
preço de custo'", violou os arts. 49, 50 e 58 da Lei n. 4.591/64.

Todavia, o único fundamento utilizado pela Corte a quo para rechaçar a ocorrência
de tais contrariedades foi o da não aplicação da referida norma ao caso sub judice porquanto "a
natureza jurídica do negócio existente entre a construtora e os autores era de permuta: o terreno
em troca dos apartamentos prontos após vinte e quatro meses, de modo que não é aplicável à
hipótese a Lei n. 4.591/1964" (fl. 897).

Assim, além da falta de prequestionamento a obstar o conhecimento do apelo


extremo quanto ao tópico em discussão, incide na hipótese a Súmula n. 283/STF.

Ademais, os argumentos utilizados pela recorrente para fundamentar a negativa de


vigência dos dispositivos da Lei dos Condomínios encontram óbice na ocorrência de coisa
julgada, consignada pelo aresto recorrido, matéria cuja análise é vedada ante a aplicação da
Súmula n. 7/STJ, conforme já consignado.

IV - Confissão judicial
Quanto a este tópico, assim decidiu a Corte local:
"Para além disso, igualmente, não houve ofensa aos artigos 328 a 350 do
Código de Processo Civil. É que, ao imputarem responsabilidade também ao
condomínio pelo atraso na entrega da obra, em demandas de cobrança das taxas
condominiais, os autores não excluíram a responsabilidade da embargante, e não
pode, tal fato, ser tido como confissão."

A construtora recorrente busca a reforma do julgado, aduzindo a ocorrência de


confissão judicial, sob os seguintes argumentos:
"O acórdão menosprezou a questão da confissão, embora constasse dos autos,
nas folhas referenciadas pela sentença (e em muitos outros documentos do processo)
o expresso e efetivo reconhecimento pelos autores, recorridos, de que houve a cessão
de contrato em favor dos condôminos que se tornaram responsáveis pela construção e
entrega dos apartamentos"

Nesse contexto, para aferir se houve confissão judicial, seria necessário proceder ao
reexame do conjunto fático-probatório dos autos, o que é vedado em recurso especial (Súmula n.
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7/STJ).

V - Conclusão
Ante o exposto, não conheço do recurso especial.

Publique-se.
Brasília (DF), 16 de dezembro de 2014.

MINISTRO JOÃO OTÁVIO DE NORONHA


Relator

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