Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
JUNG
PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOTERAPIA JUNGUIANA
SALVADOR
2017
TIPOLOGIA E RELAÇÕES HUMANAS
SALVADOR
2017
AVALIAÇÃO DA DISCIPLINA TIPOLOGIA E RELAÇÕES HUMANAS
1. INTRODUÇÃO
Através da compreensão obtida pelo estudo clínico dos pacientes, Jung distinguiu dois
mecanismos básicos que determinam seu comportamento e suas atitudes: a introversão e a
extroversão. Entretanto, o que define o tipo psicológico é a predominância de um ou de outro,
influenciados pelas circunstâncias externas e pela disposição interna do indivíduo. Segundo
Jung, atitude é uma disposição da psique de agir ou reagir em determinada direção. Esse
modelo diz respeito ao movimento da energia psíquica e ao modo como cada individuo se
orienta no mundo, habitual ou preferencialmente (SHARP, 1990).
O tipo extrovertido se caracteriza por ser mais social, afirmativo, expressivo, vive em
constante doação e intromissão em tudo. Já o tipo introvertido tem seu fluxo de energia,
interesse e atenção dirigidos para dentro, para o mundo interno. Em relação ao tipo
introvertido e extrovertido Jung diz: “um encarrega-se da reflexão; o outro, da iniciativa e da
ação prática” (Jung, 1971b: 47). O introvertido é espontaneamente muito preocupado em se
relacionar com aquilo que percebe, enquanto o extrovertido busca naturalmente meios de
expressão e comunicação com o que por ele é percebido.
Importante salientar que, toda pessoa possui os dois mecanismos, e mesmo que a
adaptação leve a preponderância de um movimento sobre o outro no que concerne a atitude
consciente, isso necessariamente corresponderá a uma atitude compensatória inconsciente.
Para Jung nenhum indivíduo é exclusivamente introvertido nem extrovertido: “ambas as
atitudes existem dentro dele, mas só uma delas foi desenvolvida como função de adaptação;
logo podemos supor que a extroversão cochila no fundo do introvertido, como uma larva, e
vice-versa” (Jung, 1971b: 48). Ou seja, a todo tipo mais declarado corresponde uma tendência
especial a compensar a unilateralidade do seu tipo, em virtude dessa compensação
aparecem os tipos secundários.
2. TIPOLOGIA PESSOAL
O resultado do meu teste foi o tipo introvertido, com função principal intuição,
função auxiliar sentimento e função inferior sensação (I In St).
São independentes e individuais, já que pautam sua vida a partir da inspiração que lhes
chega através da intuição. Esta característica de independência nem sempre é evidente à
primeira vista, já que elas dão muita importância à harmonia e à concórdia, o que faz com que
se esforcem muito para convencer os demais a aprovar e colaborar com seus projetos. Podem
demonstrar grande capacidade de liderança, especialmente quando estão se dedicando a dar
forma a uma visão intuitiva consciente, sua fé e entusiasmo muitas vezes convencem outras
pessoas a segui-los. O modo de liderança desse tipo passa pela conquista (e não pela
imposição) de outras pessoas para suas ideias. No campo profissional se interessam pelas
atividades que possam lidar com o ser humano, são atraídos para as áreas de aconselhamento,
artes, ensino, pesquisa, ciências, jornalismo, publicidade, marketing e qualquer outra área na
qual eles possam vivenciar as suas idéias e usar a intuição (ZACHARIAS, 1995).
São pessoas que demonstram grande dificuldade em controlar seus apetites, pois essa
função tem dificuldade de informar a si mesmo as necessidades do próprio corpo, sendo,
portanto, propensos a negligenciar as necessidades físicas. Além disso, pela falta de
concentração na situação externa e em observar fatos, suas lembranças dificilmente coincidem
com a realidade objetiva, sendo capazes de relatar absurdos e jurar que são verdadeiros. O
intuitivo introvertido pode também, ter problema na abordagem do sexo, porque este envolve
a sua função inferior.
O maior problema deles é dar forma à sua percepção. Eles podem tornar as suas vidas
simbólicas adaptadas ao sentido intuitivo e do eterno devir, porém inadaptadas à realidade
presente. No caso de uma unilateralidade extremada da função intuitiva, uma completa
subordinação à imagem interior, o inconsciente abandona seu caráter compensador e passa a
oposição aberta dando origem a sensações compulsivas que geram dependência do objeto
externo. “A vida não tem complacência para com a inferioridade da função inferior" (Von
Franz, 1990).
Sua neurose mais comum é uma neurose obsessiva, podendo apresentar hipocondria,
hipersensibilidade dos órgãos sensoriais e ligações compulsivas com objetos e pessoas. À
medida que uma pessoa atua de modo demasiadamente unilateral, a função inferior vai se
tornando primitiva e problemática, tanto para a própria pessoa como para os outros. É isso o
que geralmente acontece na "crise da meia-idade", quando aspectos da personalidade durante
muito tempo foram negligenciados, finalmente exigem um reconhecimento. Mas, como Von
Franz ressalta, uma crise dessa espécie poderá se transformar numa preciosa oportunidade.
Como a função inferior está sempre fora do domínio da consciência, devemos dar
espaço para experimentarmos o inconsciente através da função inferior, para não sermos
tomados por ela. O processo de assimilar a função inferior, "elevando-a" a um nível
consciente, será inevitavelmente acompanhado por uma "inferiorização" da função dominante
ou superior. No entanto, é recomendável que esse processo seja feito de maneira gradual,
passando antes pelas funções auxiliares.
REFERÊNCIAS
JUNG, Carl Gustav. Descrição Geral dos Tipos. In: Tipos Psicológicos. 7 ed. Rio de Janeiro:
Vozes, 1991.
JUNG, CG. Aion — Estudos sobre o Simbolismo do Si-mesmo. Petrópolis, Vozes, 1982.
SILVEIRA, Nise. Tipos Psicológicos. In: JUNG: vida e obra. 14. ed. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1994.
VON FRANZ, M. L. & HILMAN, J. A Tipologia de Jung. São Paulo, Editora Cultrix, 1990.