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Florianópolis, 2007.
Lucas Antunes Wendhausen –- Arquitetura Sustentável em Florianópolis
Índice
Introdução....................................................................................................................................02
1950-1970 – Modernismo.........................................................................................................11
A pesquisa....................................................................................................................................23
Materiais ........................................................................................................................24
Técnicas .........................................................................................................................26
Formas ...........................................................................................................................29
Conclusão.....................................................................................................................................33
Referências ..................................................................................................................................34
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Introdução
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A paisagem é, ao mesmo tempo, marca e matriz da ação humana. Marca por ser a
expressão física e simbólica passível de apreensão pelo homem, dessa relação
indissolúvel entre natureza e cultura. Matriz, porque condiciona e limita o campo de
possibilidades de uma formação cultural naquela natureza (BERQUE, apud CORREA;
ROSENDHAL, 1998).
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1950-1970 – Modernismo
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Nesse Rumo...
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Apreciar as principais obras por inteiro, com todos os sentidos, é difícil e caro,
acessível somente aos que dispõem de meios para ir até os grandes centros em outros
continentes nos locais onde cada uma delas está implantada. A arquitetura local,
próxima, disponível, não é estudada, nem considerada como referência para o mundo
industrializado e, particularmente, para a sua arquitetura. A experiência e o repertório de
soluções ficam, assim, restritos à reflexão crítica do aspecto visual e das relações formais
das obras de arquitetura.
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Outra Perspectiva
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Assim, como os mais pobres, o arquiteto deve pautar sua ação nos elementos
da paisagem local, na tradição, nas soluções diversificadas que outros construtores
usaram ao longo da história no equacionamento dos problemas de abrigo requeridos a
essa mesma cultura, adaptando-a ao lugar.
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A pesquisa
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por eles para as mudanças ocorridas ao longo da história, assim como uma avaliação
qualitativa dessa mudança.
Dos cinco foram entrevistados dois: um trabalha na manutenção da Ponte
Hercílio Luz a muito tempo; e o outro é especialista em muros de pedra e, durante a sua
carreira, atuou também no referido sindicato. O primeiro indicou mais uma pessoa que
também trabalha na manutenção ponte Hercílio Luz e que, nos longos períodos de
recesso, atua como construtor autônomo. Dos três o mais experiente em construção foi o
terceiro, que domina as técnicas adequadas a vários materiais, tipos de solo e de
edificação.
As entrevistas foram realizadas durante o primeiro semestre de 2007, no local de
trabalho de dois deles, que trabalham na Manutenção da Ponte Hercílio Luz, e na
residência do outro, que já está aposentado. Após cada entrevista foi realizada a
transcrição integral da gravação de áudio, que possibilitaram a prospecção dos trechos
que contêm os dados mais relevantes, e que são apresentados a seguir.
Também foram utilizadas referências extraídas de uma entrevista realizada com
um antigo morador da Lagoa da Conceição e que foram generosamente cedidos por
Marcelo Cabral Vaz. Tal entrevista pertence à sua pesquisa de mestrado em História e
Arquitetura da Cidade, na Universidade Federal de Santa Catarina, e que será defendida
em 2008 e que até o momento se intitula: Metamorfoses da Lagoa da Conceição,
Florianópolis/SC.
É importante explicitar que todos os trabalhadores entrevistados iniciaram sua
atividade profissional por volta dos dezoito anos de idade, no início da década de 1960,
período que se iniciam as verticalizações no centro da cidade, e que mudaram a paisagem
da cidade, inserindo-a definitivamente no caminho do progresso. Um dos entrevistados
sempre trabalhou em outro grande símbolo da modernidade em Florianópolis: a ponte
Hercílio Luz. Os demais trabalharam também na construção de obras de referência, tais
como: o Banco Nacional do Comércio, o Hospital dos Servidores Públicos, o Instituto
Estadual de Educação.
Para análise e exposição, os dados foram agrupados nas três categorias de
pesquisa: materiais, técnicas, formas; acrescida de uma última, denominada de ‘outras
informações’. Em ‘outras informações’ estão contidos os dados que considerados
relevantes por sua avaliação qualitativa da mudança ou por explicitar outros dados
importantes que não faziam parte das demais categorias.
Materiais
Areia: para fazer o reboco em associação com o barro; retirada da beira de rios da região.
Bambu: para conduzir água nas primeiras décadas de 1900, antes de se ter água
encanada. Usado também em estruturas de telhado de sapê.
Barro (argila): fabricação de tijolos maciços que eram assentados pra fazer paredes; na
fabricação de telhas; se misturado com areia, forma uma liga que assenta tijolos; usados
em casa de estuque, para fazer paredes; e nas casas mais pobres, o piso era somente
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barro batido, estabilizado. Feitas nas olarias, que ficavam em toda a região, como em
Santo Amaro, na década de 1950 não eram muitas. Pode ser retirado mais perto da casa,
quando for usar para assentar tijolos, e também casas de estuque.
Cimento: usado em paredes de alvenaria portante, nos tijolo por cima das abertura.
Usado também pra assentar tijolos. Também pra rebocar paredes. Usado recentemente
também associado ao ferro pra fazer fundações (na verdade é o concreto, mas referiu-se
ao material como cimento).
Concha de berbigão: se queima para fazer a cal, usada pra rebocar. Tirada do solo da
região ou do mar.
Concreto: Usado para fazer estruturas. Começou a ser usado na região depois que veio a
brita. Pode ser preparado com pá ou com betoneira. Pode também ser comprado pronto
de concreteiras.
Ferro [aço]: usado junto com o cimento pra fazer fundações. Era usado também pra fazer
mobiliário, como as banheiras de ferro esmaltado.
Içara: usada pra fazer ripas para casas de estuque. Retirada de palmeira.
Angelim pedra vindos do norte do país, talvez Pará. Seu uso é mais recente e
predomina atualmente, dividindo a maior parte do mercado com o Eucalipto e o
Pinus. Serve pra fazer portas e janelas, aberturas;
Canela, licurana e peroba. Usadas pra fazer aberturas, casas forros e telhados.
Retirada da mata da região. Originárias da região da Grande Florianópolis: Biguaçu,
Paulo Lopes e São Bonifácio. Canela é canela preta, que o cupim não come. Essas são
as madeiras de qualidade encontradas na região;
Eucalipero e Pinus. São as únicas que se pode serrar sem a necessidade de licença do
IBAMA atualmente;
Imbuia vinda de Irati no Paraná. Começou a ser comprada para a Ponte Hercílio Luz
em 1970;
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Pastilhas cerâmicas: revestir paredes. Tem dimensão de três por três ou quatro por
quatro centímetros, chegam à obra já espaçadas corretamente, coladas num papel.
Sapê, palha: usada pra fazer paredes e telhado. É retirado de palmeiras da região.
Telha: se cerâmica, é feita nas olarias da região. Inicialmente eram somente as do tipo
colonial, romana e a de calha (telha de capa e canal), depois vieram as francesas. Pode ser
também de Brasilit (cimento-amianto), mas essa o granizo pode furar, necessitando de
uma laje embaixo para proteger a casa;
Tijolos: feitos de barro e podem ser furados ou maciços. Os furados são maiores e mais
largos. Pode-se comprar na bitola que se quiser. Construir com os tijolos furados é
cinqüenta por cento mais rápido do que com tijolo maciço, porém o furado é mais fraco,
com tijolo maciço a parede fica mais firme.
Tintas: plástica, usada pra pintar casas, mas eram poucas marcas. Óleo, usada pra pintar
casas de madeira e dura mais do que a tinta plástica.
Técnicas
Quem tinha água encanada era quem puxava do rio com roda de madeira, jogava água e
purava [aparava] com bambu, com trava e aí ia pra casa.
A aplicação de malacacheta que chega na obra em folhas encapadas. Tira-se uma folha
com serrote, vai aparelhado a parede e depois descasca a folha já fixada na parede que
fica com um brilho dourado intenso. É preciso usar óculos escuros durante a aplicação,
de tão forte que é o brilho.
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Nas obras que utilizam concreto armado, se faz uma caixaria de madeira, coloca-se a
ferragem, depois se enche de concreto, depois que secar desmancha-se a caixaria. No
caso da laje toda de concreto, faz-se um assoalho de madeira, bota uma camada de ferro,
uma esteira de ferro, e depois se concreta por cima. É uma mão-de-obra danada.
O concreto, quanto mais bem vibrado, mais forte fica. Pra preparar, ele pode ser virado
no muque ou na betoneira. Recentemente, pode ser comprado pronto também, em
concreteiras. É a mistura de cimento, brita e areia, a areia tem que ser a de rio, a boa
mesmo é o arião.
Antigamente a fundação, alicerce, era de pedra ser de pedra e as paredes eram de tijolo
maciço. Casas com grande durabilidade e qualidade, pois tem casa que até hoje não tem
nada trincado. Hoje as fundações são feitas com cimento e ferro. Se não bater estaca, se
fura de trado, faz sapata. Em alguns locais se aterra o terreno e faz uma esteira, depois se
faz uma viga em cima da esteira que ela não abaixa. Em casas de madeira, se usa
pilarzinhos de pedra como fundação.
O reboco era feito com a cal oriunda de conchas de berbigão, misturado com areia e
barro; ou com cal, areia e cimento. Para não cair a parede tem que estar bem úmida.
Atualmente pode-se comprar argamassa pronta pra usar no reboco.
O telhado era feito de madeira, todo em canela. Era composto por caibro, ripas, linha. A
telha pode ser cerâmica, ou se for usada telha Brasilit (cimento-amianto) deve ser feita
uma estrutura em pinho por cima de uma laje, pois o granizo (chuva) fura a telha,
inundando a casa.
O forro era feito de madeira e podia ficar abaixo ou acima da estrutura do telhado.
Quando acima, dava a possibilidade de se criar um sótão pra guardar as coisas.
A madeira era laminada pra ser transformada em compensado, era usada também de
forma natural, cortada em pranchas que podiam ter entre seis e oito metros de
comprimento. A madeira vinha em tábuas da mata, na indústria ela era beneficiada,
aplainada ou cortada em tamanhos menores.
Paredes de tijolos maciços e com cimento por cima das aberturas, podem ser ou não
dobradas - com tijolos nos sentidos longitudinal e transversal do plano da parede. Podem
ser de tijolos furados, são duas vezes mais rápidas de levantar, porém ficam mais frágeis.
A pedra pode ser a vista, com amarração perdida, [onde] você tem que usar quatro linha.
Você encomenda os folhote, porque duma pedra se faz duas. As utilizadas na confecção
do muro do prédio do Instituto Estadual de Educação eram pedra ferro e foram
encomendadas no Rio Vermelho, lá tinha um broquete que cortava uma pedra que era um
espetáculo, pedras de vinte por vinte [centímetros] feitas a partir de folhotes de quarenta.
Vai uma pedra de quarenta em pé e duas de vinte deitada, pra fazer amarração perdida.
O muro do Instituto possui duas camadas, uma interna e uma externa. Podem vir do Rio
Tavares também.
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Os rodapés antigamente eram somente de madeira, hoje podem ser de mármore, de piso
(revestimento cerâmico).
Casa de madeira era feita com a espécie Pinho. Usa-se sapata de pedra, pilarzinhos
de pedra como fundação. Acima vai uma viga e depois é feita a casa. Fica um vão
entre a casa e o chão, embaixo, que se usa como despensa. Em comparação com as
outras formas de se construir, a de uma casa de madeira é mais simples, mais
ligeiro. A tábua num instante levanta toda uma parede. Levantou a parede já ta
pronta pra pintura. (...) Não precisa fazer aquela fundação enorme pra botar
matéria. [Se a fundação não for boa], ela pode dar uma tombadinha só, mas nem se
nota. É pintada com tinta a óleo. Pode durar mais de cinqüenta anos. Nas casas de
madeira o banheiro é de material [alvenaria].
Casa de material (alvenaria) – faz-se fundação de pedra, se não for boa a parede
trinca ou racha. São assentados os tijolos, deve-se ter a atenção para que a liga feita
de areia e barro ficasse resistente (quando não soltasse da colher). A proporção
depende do tipo de barro, barro liguento vai mais areia. Pode ser de tijolo maciço,
simples ou dobrada, com tijolos assentados na transversal e na longitudinal; pode
também ser feita com tijolos furados, mais rápidas na construção, mas são mais
frágeis. Rebocavam-se as paredes com barro, cal (de concha de berbigão) e areia (do
rio, peneirada). O assoalho era de madeira, precisando de uma ventilação por baixo
para não apodrecer, chamada de gateira.
Telhado de sapê: faz-se uma estrutura com caibros e ripas finas de madeira; Corta-
se bambu, corta em dois (ao meio), coloca palha de sapê entre eles e amarra, forma
uma espécie de esteira, com várias fiadas amarradas com arame e sobrepostas umas
às outras. Muito barata, mas exige manutenção constante e a qualidade não é muito
boa, pois fica fria dentro. Em casos de pobreza extrema, pode-se fazer paredes com
a mesma técnica.
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Formas
Muitas pessoas forravam o telhado por cima pra usar como sótão pra colocar coisas. O
telhado ficava com uns quatro metros de altura.
Antigamente o banheiro era uma peça específica pro banho, tinha banheira, grande,
branca, de ferro de esmalte com pé. As necessidades fisiológicas eram feitas numa
pequena construção longe da casa, chamada de privada ou patente.
A cozinha e a área de serviço ficam nos fundos da casa, podendo até ser numa edícula,
em uma parte separada da casa nos fundos do terreno.
Outras Informações
A pedra pode ser a vista, com amarração perdida, [onde] você tem que usar quatro linha.
Você encomenda os folhote, porque duma pedra se faz duas. As utilizadas na confecção
do muro do prédio do Instituto Estadual de Educação foram encomendadas no Rio
Vermelho, lá tinha um broquete que cortava uma pedra que era um espetáculo, pedras de
vinte por vinte (centímetros) feitas a partir de folhotes de quarenta. Vai uma pedra de
quarenta em pé e duas de vinte deitada, pra fazer amarração perdida. O muro do
Instituto possui duas camadas, uma interna e uma externa. Se aprende a trabalhar com
pedra auxiliando um pedreiro bom e mais experiente.
A madeira foi usada também no estrado da ponte Hercílio Luz na década de 1950. As
espécies eram a licurana, a peroba e a canela, cortadas em Paulo Lopes, São Bonifácio e
Biguaçu. Eram também as madeiras mais vendidas e usadas. Usava-se em pranchões,
pedaços grandes e largos.
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Antigamente se podia cortar a madeira nativa, canela e peroba, hoje só com licença do
IBAMA pro cara derrubar e serrar. A madeireira só pode serrar a madeira se o corte for
licenciado/autorizado. Podem ser cortadas hoje só eucalipeiro e pinus.
Agora é bom de trabalhar, rende mais. Esse tijolo furado é uma beleza. Antigamente as
casas eram de tijolo maciço, não tinha tijolo furado. Alguns faziam parede dobrada, com
tijolo na longitudinal e na transversal, vai material à beça. Com tijolo furado é cinqüenta
por cento mais rápido de levantar uma parede. Tijolo maciço fica mais firme, fica melhor.
Tijolo furado é fraco. Numa parede de tijolo furado se o cara meter uma marreta aí
derruba ela, agora, numa de tijolo maciço o cara não consegue derrubar não, ia levar um
tempinho pra derrubar ela.
Hoje o cara faz uma casa tem tudo que o cara qué fazer, [tem] a ferrage tem tudo. Faz
uma casa num banhado que nem a minha. A minha eu fiz num banhado! Eu furei de
trado, deu cinco metro e pouco o tubo de trado no banhado até encontrar o chão bom. Aí
enchi o tubo de concreto, com ferragem, depois fiz as sapata em cima, aterrei e fiz laje. (...)
Antigamente só se escolhia o lugar bom pra construir, as lomba, lugar firme, onde não
era mole. Hoje em dia se constrói em tudo, não tem mais problema. Se não bate estaca,
pode furar de trado. Alguns tipos de trado se faz uma esteira, com vigas em cima pra
ficar firme.
Hoje em dia tá tudo bom né, porque pra construir, o cara hoje em dia [que deseja] fazer
uma casinha não ta muito difícil, não precisa ganhar muito, eles vendem tudo a
prestação. O cara vai na loja e compra. Pode fazer força né. (...) Antigamente não. Não
existia (compra a prestação), pra poder comprar [tinha que ser] a vista. Era no dinheiro.
Construir uma casa hoje é mais ligeiro, com ferro aí e uma beleza. Contudo é mais caro.
Antigamente, as pessoas não tinham muito luxo. Hoje em dia é muito luxo. Quero isso, vou
fazer aquilo, não vou fazer aquilo. Aí vai aumentando o custo. Pode ver que essas casinha
que eles faze pra vender, pra compra... que a COHAB faz, que é da Caixa, é simplesinha.
Contudo, se fosse fazer que nem era naquele tempo saia baratinho. Fazer um forrinho
simples, um PVC, essas coisas. (...) A mão-de-obra já vai sair mais rápida, pra fazer. Não
vai demorar tanto quanto naquele tempo. Só que naquele tempo a mão-de-obra era
barata.
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Pra construir hoje em dia tá tudo mais fácil, o servente não vira o concreto a mão, é tudo
na base da betoneira. As concreteiras levam o concreto com aquela bomba, bota até no
último pavimento. O pedreiro só espalha o concreto. Betoneira é só pra obra pequena, que
não tem grana pra pagar a concreteira pra concretar a laje. Dois toque ela enche uma
laje, não perde tempo. Material também, hoje tem de tudo. Se quiser comprar uma bolsa
[sacos de cimento] de cinqüenta [quilos] tem, de vinte tem. Tudo mais fácil. Se vai numa
serralheria, se quiser fazer uma janela de alumínio é dois toques, vai lá, encomenda, eles
já traze. (...) Antigamente era tudo na base do muque. O cara tomava um suador pra virar
uma mistura de concreto. (...) Na época o serviço era mais bem feito que hoje, não resta
dúvida. Naquele tempo a pessoa se dedicava mais naquilo. Agora hoje, a areia que você
compra aí pra fazer um serviço, ela ta vindo com barro misturado, não é mais a areia
pura. E [com] o barro na mistura aí trinca.”
Pode-se também avaliar a sua substituição gradual por outros materiais vindos
de fora da região, como a imbuia que vinha do Paraná. Bem como a gradativa restrição da
escolha dos mesmos a partir da loja de material de construção, considerado como grande
facilidade, pois “o cara vai na loja e compra.”, incentivado pela facilidade de pagamento
através da oferta de crédito e parcelamento da compra.
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Conclusão
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