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NATHALIA MASSON
Manual de
DIREITO
CONSTITUCIONAL
6ª Edição – 2018
Estimado leitor,
Este arquivo é uma diretriz indicativa das principais modificações que foram
engendradas na 6ª edição (2018) do nosso Manual de Direito Constitucional. Não é um
documento exaustivo: existem alterações que aqui não foram citadas. Procurei
sinalizar as mais notáveis e valorosas para seu estudo; aquelas que realmente
impactaram na obra (ou na interpretação até então predominante sobre certo
assunto).
Algumas reiterações na jurisprudência do STF também foram mencionadas, dada a
importância do tópico e meu desejo de lhe revelar que nossa Corte Suprema seguiu
pacífica relativamente àquela temática.
Me preocupei em indicar, ainda, ações cujo julgamento encontra-se suspenso:
certamente no transcorrer deste ano o STF decidirá em definitivo algumas delas,
promovendo viradas paradigmáticas que vão transfigurar entendimentos que
considerávamos sólidos. Preocupe-se em acompanhá-las.
Em suma: utilize este material para atualizar sua edição anterior do nosso Manual,
meu caro leitor. Esteja certo que em todos os próximos anos faremos esse mesmo
trabalho, na tentativa de lhe manter informado das novidades fundamentais! Afinal, o
desígnio central que orientou a produção deste documento foi o de abrir um novo
canal de comunicação entre nós, reforçando nossa ligação mais elementar: a de
estudar e pensar um Direito Constitucional vivo e dinâmico!
Com abraços fraternos, despeço-me desejando-lhe um ano de 2018 marcado pela
dedicação, pelo esforço e pela vontade de realizar seus sonhos!
Nathalia Masson
- O capítulo referente ao Poder Executivo foi atualizado de acordo com a Lei nº 13.502
de novembro de 2017, que prevê em seu art. 22 quem são os Ministros de Estado.
- Muitas foram as decisões proferidas por nossa Corte Suprema no ano de 2017.
Neste item do arquivo listaremos, dentre as que foram inseridas na 6ª edição do
Manual, as que reputamos mais relevantes.
- Segundo o STF (HC 108.147) são ilícitas as provas produzidas por meio de
interceptações telefônicas quando a decisão que a autorizou estiver amparada apenas
em denúncia anônima, sem que se tenha realizado qualquer investigação preliminar.
- A respeito das cotas-raciais, o STF (na ADC 41/DF) reputou válida a Lei n° 12.990/2014
que reserva às pessoas negras 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos para
provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração
pública federal direta e indireta.
- Em decisão cautelar, proferida na ADPF 395 (em dezembro de 2017), o Min. Gilmar
Mendes reconheceu que a liberdade de locomoção é indevidamente vulnerada pela
condução coercitiva para interrogatório. Em suas precisas palavras, afirmou que a
medida: “representa uma restrição da liberdade de locomoção e da presunção de não
culpabilidade, para obrigar a presença em um ato ao qual o investigado não é obrigado
a comparecer. Daí sua incompatibilidade com a Constituição Federal”.
- O habeas corpus também será incabível, ainda que o preso venha a impetrá-lo para
questionar a legalidade de medida administrativa que o proíbe de receber visita (HC
99.369 AgR).
- A ausência de atuação do Poder Público também pode figurar como objeto da ação
popular (REsp. 889.766/SP).
- Como temas ligados ao direito civil são de competência legislativa privativa da União:
(i) na ADI 4008 restou firmada como inconstitucional lei do DF que regulamentou as
formas de cobrança e gratuidade nos estacionamentos naquela entidade federada;
(ii) é inconstitucional a norma estadual que obriga pessoas físicas ou jurídicas que
ofereçam estacionamento ao público a cercar o local e manter funcionários próprios
para garantia da segurança (ADI 451).
- Em se tratando das CPIs, o STF afirmou (no HC 150.411), que o direito ao silêncio
atinge apenas as perguntas que, se respondidas, podem levar à autoincriminação do
investigado, não havendo direito a não responder a questões referentes à própria
qualificação.
- Na ADI 5526, o STF decidiu que o Poder Judiciário tem competência para impor a
parlamentares as medidas cautelares do artigo 319 do CPP. Resolveu a Suprema Corte
que apenas no caso da imposição de medida que dificulte ou impeça, direta ou
indiretamente, o exercício regular do mandato, a decisão judicial deve ser remetida,
em 24 horas, à respectiva Casa Legislativa para deliberação, nos termos do art. 53, §
2º, CF/88.
- Conforme entendeu nossa Suprema Corte (ADI 5763), a Constituição Federal não
proíbe a extinção de Tribunais de Contas dos Municípios onde eles existirem.
- Sugerimos que o leitor acompanhe a ADI 5709, relatada pela Min. Rosa Weber, que
leva ao Plenário da Corte Suprema a discussão acerca de nomeações de Ministros de
Estado com o suposto intuito de conferir ao ocupante do cargo foro especial por
prerrogativa de função. O argumento central é o desvio de finalidade de referida
nomeação.
- A autorização dada pela Câmara dos Deputados para o processamento criminal dos
Ministros de Estado só é exigida nos casos em que estivermos diante da prática de um
suposto crime de responsabilidade em conexão com o cometido pelo Presidente da
República (QC-QO 427).
- E decisão tomada na década de 90, o STF entendeu não haver impedimento para
que, por iniciativa do Ministério Público, sejam ordenadas e praticadas, na fase pré-
processual do procedimento investigatório do Presidente da República, diligências de
caráter instrutório destinadas a ensejar a informatio delicti e a viabilizar, no momento
constitucionalmente oportuno, o ajuizamento da ação penal (Inq. 672). Isso significa
que o Presidente poderia ser investigado por atos estranhos ao exercício da função,
mas não processado. O tema está novamente na pauta, na ADI 5701.
- O Supremo Tribunal Federal (ADIs 5540, 4798, 4764 e 4797) firmou o entendimento
de que as unidades federativas não têm competência para editar normas que exijam
autorização da Assembleia Legislativa para que o Superior Tribunal de Justiça
instaure ação penal contra Governador, tampouco para legislar sobre crimes de
responsabilidade.
- Sugerimos ao leitor que acompanhe a Ação Originária 1773, relatada pelo Ministro
Luiz Fux (que assegurou liminarmente o direito ao recebimento de auxílio-moradia aos
juízes em atividade no país, afirmando tratar-se de verba indenizatória compatível com
o regime constitucional de subsídio aplicável aos membros da magistratura). Muito
criticada, em dezembro de 2017 a decisão foi liberada por Fux para apreciação do
Plenário. Aguardemos o esperado pronunciamento colegiado.
- Na ADI 5619, a AGU opinou pela procedência parcial da ação direta, isto é, valeu-se
da contemporização que o STF estabeleceu no que se refere à obrigatoriedade
instituída pelo art. 103, § 3°, CF/88.
- Segundo entendimento reafirmado pelo STF, não é possível propor ADPF caso seja
possível o ajuizamento de ADI perante o TJ do Estado respectivo para impugnar a
norma, por força do princípio da subsidiariedade (ADPF 479).
- A jurisprudência do STF (RE 351750) e do STJ (AgRg nos EDcl no AREsp 418.875) se
consolidou no sentido de que teríamos a aplicação do Código de Defesa do
Consumidor inclusive aos casos de falha na prestação de serviços de transporte aéreo
internacional. No entanto, no julgamento do RE 636.331 e do ARE 766.618 decidiu-se
que para fins de solução dos conflitos que envolvam extravios de bagagem e quanto
aos prazos prescricionais ligados à relação de consumo em transporte aéreo
internacional de passageiros, as regras aplicáveis são as estabelecidas pelas
convenções internacionais, ratificadas pelo Brasil, especialmente as Convenções de
Varsóvia e Montreal.
- O Supremo Tribunal Federal entendeu que o texto constitucional não veda que as
escolas públicas ofereçam aulas (de matrícula facultativa) de uma religião específica,
desde que o Estado oportunize a qualquer doutrina religiosa interessada a
possibilidade de prestar o ensino religioso de acordo com suas crenças, sem interferir
para determinar o conteúdo programático nem para direcionar o estudo para uma
religião específica (ADI 4439).