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A imigração, por não conseguir muitas vezes pôr em acordo o direito e o fato, produz uma
dupla contrariedade entre um estado provisório que se gosta de prolongar e um estado mais
duradouro que se gosta de pensar que será breve. Esta contrariedade contribui tanto para o
imigrante como para a sociedade que o recebe, com o surgimento de um sentimento de
necessidade a respeito da imigração, de ignorar a si mesma ou fazer de conta que se ignora
para poder se perpetuar e se reproduzir.
Os imigrantes argelinos na França, que constituiu a mais numerosa e mais antiga população de
imigrantes, com uma comunidade imigrante que chegou perto de 1 milhão de pessoas no
maior período de expansão econômica, iniciando com a imigração de colonizados - os
trabalhadores coloniais - e após evoluindo para a imigração de povoamento, bem como a
maioria dos imigrantes são exemplos da vivência da complexa contrariedade da imigração,
devido à própria condição de exportação de força de trabalho, que dos imigrantes se
necessitava, porém sem adequada clareza sobre as condições de trabalho, apenas
caracterizando o trabalho como algo circunstancial que faz ''nascer'' ou ''morrer'', tal qual a
própria definição de imigrante: ''Um imigrante é essencialmente uma força de trabalho, e uma
força de trabalho provisória, temporária, em trânsito'', o que culmina em um paradoxo
''imigrante'' e ''desempregado''.
Tal temor se confirma com os imigrantes argelinos, onde em vários casos, pessoas como uma
viúva que teve seu marido morto em decorrência de um acidente de trabalho ou uma jovem
de família deslocada (pais separados que emigram), tiveram seus certificados de residência
negados por não serem consideradas imigrantes, devido a condição de não trabalho.