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17/05/2018 Deveríamos proibir os pobres de ter trabalhos degradantes?

- 16/05/2018 - Leandro Narloch - Folha

leandro narloch (/colunas/leandro-narloch/)

TRABALHO ESCRAVO (HTTP://WWW1.FOLHA.UOL.COM.BR/FOLHA-TOPICOS/TRABALHO-ESCRAVO)


SALÁRIO MÍNIMO (HTTP://WWW1.FOLHA.UOL.COM.BR/FOLHA-TOPICOS/SALARIO-MINIMO)
RENDA (HTTP://WWW1.FOLHA.UOL.COM.BR/FOLHA-TOPICOS/RENDA)

Deveríamos proibir os pobres de ter trabalhos


degradantes?
Boa intenção do Ministério Público do Trabalho resulta em menos alternativas para
quem já tem poucas

16.mai.2018 às 8h01

Há duas semanas, o Ministério Público do Trabalho (MPT) fechou casas de


farinha de Alagoas e autuou os proprietários por manter 87 pessoas em
situação análoga à escravidão (http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/12/1946819-governo-recua-e-
edita-regras-mais-duras-sobre-trabalho-escravo.shtml). Segundo a denúncia, os trabalhadores

ganhavam apenas 4 reais para ralar 200 quilos de mandioca.

Dias depois, houve um protesto dos funcionários —não contra os patrões,


mas contra o MPT. Os “resgatados da escravidão” reclamavam do
fechamento das empresas. “Queremos nosso emprego de volta!”, diziam
cartazes em frente ao MPT de Arapiraca.

O protesto lembra uma afirmação do economista americano Benjamin


Powell, um defensor radical do subemprego como um dos fenômenos que
mais tiraram gente da miséria nas últimas décadas. No livro “In Defense of
Sweatshops”, Powell diz que os ricos, ao se deixarem seduzir por boas
intenções e combaterem o trabalho degradante, acabam impondo suas
preferências sobre os pobres. Pensam que ajudam; na prática proíbem os
pobres de trabalhar.  

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17/05/2018 Deveríamos proibir os pobres de ter trabalhos degradantes? - 16/05/2018 - Leandro Narloch - Folha

O leitor deve argumentar que a intenção do MPT não é proibir o trabalho das
raladeiras alagoanas, mas obrigar os patrões a oferecer salários melhores.

O problema é que, se o custo sobe, a quantidade de contratações caem. Além


disso, condições melhores atraem gente mais qualificada para a atividade.
Mais concorrentes aparecem para a vaga, excluindo os menos produtivos.
Com o tempo, a boa intenção do MPT resulta em menos alternativas para
quem já tem poucas.   

Trabalhadores de casas de farinha reivindicam emprego durante audiência do MPT -


8.mai.2018 - Alagoas 24 Horas/Reprodução

Se uma lei impõe uma remuneração maior a uma categoria, o empregador


vai escolher o melhor candidato disposto a preencher aquela vaga. Os menos
qualificados ficam de fora. Por isso Milton Friedman considerava o salário
mínimo (http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/01/1949141-reajuste-do-salario-minimo-fica-x-pontos-abaixo-da-
inflacao.shtml) “the most anti-Negro law”, a mais racista de todas as leis.

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17/05/2018 Deveríamos proibir os pobres de ter trabalhos degradantes? - 16/05/2018 - Leandro Narloch - Folha

Pisos salariais e outras exigências trabalhistas funcionam como o muro que


Trump quer construir na fronteira com o México. Barram os pobres, os
imigrantes e os discriminados, que em geral têm menos estudo e
qualificação.

Isso já aconteceu nas oficinas que fornecem roupas para as principais lojas
do Brasil. A ABVTEX (Associação Brasileira do Varejo Têxtil) monitora desde
2010 toda a cadeia produtiva de suas filiadas, que engloba quase 4 mil
oficinas, com o objetivo de erradicar o trabalho escravo. Uma consequência
imprevista dessa atitude, como me contou o diretor executivo da associação,
foi a saída dos bolivianos dessas fornecedoras. 

Com o plano de juntar dinheiro rápido e voltar para casa, os bolivianos não
queriam trabalhar só 8 horas por dia nem pagar INSS e FGTS. Com a
regularização das oficinas, também passaram a enfrentar mais concorrência
de candidatos brasileiros. O ativismo contra o “trabalho análogo à
escravidão” fechou uma porta para os imigrantes.

O economista Walter Williams, negro que na juventude foi ativista do grupo


Panteras Negras, encontrou casos na África do Sul e nos EUA em que criação
da lei do salário mínimo foi uma tática deliberada dos brancos para impedir
a entrada de negros no corpo de funcionários. Tendo que pagar o mínimo
exigido pelo sindicato, o empregador contratava os mais qualificados (em
geral, os brancos).  

Quem quer ajudar os trabalhadores pobres precisa aumentar suas


alternativas de emprego, e não proibi-las. As raladeiras das casas de farinha
de Alagoas sabem disso muito bem —ao contrário dos promotores do
Ministério Público do Trabalho.

Leandro Narloch
Jornalista, mestre em filosofia e autor do Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil,
entre outros.

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