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NAYELE MANFIOLETTI STRAGINSKI

QUAL A IMPORTÂNCIA DE ESTUDAR TEORIA EM RELAÇÕES


INTERNACIONAIS.

Resenha elaborada para compor a M1 da


disciplina de Teoria das Relações
Internacionais do Curso de Relações
Internacionais da Universidade do Vale do
Itajaí (UNIVALI).

Itajaí (SC)
2016
QUAL A IMPORTÂNCIA DE ESTUDAR TEORIA EM RELAÇÕES
INTERNACIONAIS.
A teoria tem um papel importante nas decisões e lutas sociais na
medida em que clarifica as escolhas na esfera da
ação prática e examina e ilustra conflitos e contradições.
(Richard Wyn Jones)

Natural é conseguir argumentar uma realidade da qual você não faz parte, de
algo que está somente no imaginário, e que se identifica como uma situação contra
factual, porém difícil é fazer deste senso uma teoria, o enraizar e usá-lo como um
prognóstico, ou até mesmo a base para a mudança. O que se traz aqui é Teoria
como: i) descrição e explicação da realidade; ii) sugestão de direção e
transformação; iii) causa e efeito.
A teoria pode ser vista em primeira análise como um reflexo da realidade, a
qual descreve o mundo como ele é. O que percebemos aqui é que o mundo pode
ser interpretado de diversas maneiras, através de várias teorias, e continua sendo
um único objeto de estudo. Nesse sentido, a teoria consiste na observação dos fatos
em seus diferentes aspectos: econômico, político e social; nos planos: regional,
nacional e internacional.
No que se refere ao realismo, não pode faltar imparcialidade, exemplo disso é
como Tucídides, autor da história sobre a Guerra do Peloponeso, apresenta os
tópicos a favor e contra um determinado posicionamento, sob a forma de diálogos
representando o âmago das palavras pronunciadas pelos protagonistas dos eventos,
mas nesse sentido, ele não propõe nenhuma mudança, ou busca situar-se na
defesa de algum lado, ele apenas retrata como foi e porque teve que ser.
Na mesma concepção de Tucídides, como realista clássico, temos outros
autores que impactaram apenas descrevendo e explicando a realidade: Sun Tzu e
Tito Lívio, que junto com Tucídides são considerados fundadores no mundo oriental
e greco-romano; e Maquiavel, Hobbes1 e Richelieu, teóricos europeus pós-
renascimento. O realismo clássico fundamenta-se no pressuposto de sobrevivência
e autoajuda em sentido extenso por meio da conservação do Estado, preservação
do seu poder e da ordem pela condescendência de sua população, tendo a
segurança comum como seu principal aspecto.

1 Muitas vezes Thomas Hobbes é também estudado como Liberalista por ser um dos autores
contratualistas, e condicionar a liberdade como assunto em seus trabalhos.
Porém, o que nos interessa argumentar aqui é em relação às influências da
Teoria Política no plano global, e como o pensamento dos teóricos contribuíram e
continuam contribuindo para mudanças significativas na sociedade.
O liberalismo foi umas das correntes teóricas que mais transformou as
relações sociais, ele surgiu mais fortemente nos escritos de John Locke, filósofo
iluminista, que criticava a monarquia absolutista, e defendia a ideia de que o
indivíduo tem três direitos: liberdade, vida e propriedade, além de poder escolher
seu(s) representante(s) - o que não acontecia na monarquia.
Nos trabalhos de Locke, Tratados sobre o Governo Civil (1994), ele dá
conselhos e propõe uma mudança de como deve funcionar o governo. Sendo Locke
um contratualista2, a constituição desse contrato dá direito aos indivíduos de
fiscalizarem o poder estatal; para Locke o governo poderia ser de qualquer forma
(preferencialmente parlamentarista) desde que ‘’[...] não [tenha] outra finalidade além
da preservação da propriedade" (LOCKE, 1994, p.138), nesse sentido Hooker (apud
LOCKE, 1994, p. 162) condena àqueles que não cumprem tal função:

Como o poder legítimo de legislar para comandar sociedades humanas


inteiras pertence, como propriedade particular, a estas mesmas sociedades
em sua totalidade, cada vez que um príncipe ou um potentado da terra, seja
de que espécie for, o exerce por sua própria iniciativa e não por delegação
expressa imediata e pessoalmente recebida de Deus, ou por qualquer
mandato que emana desde o início do consentimento daqueles sobre os
quais ele legisla, isso não é melhor que uma mera tirania.

Locke com o ideal de liberdade contribuiu no que veio a ser a Revolução


Inglesa de 1688, a qual foi o primeiro marco da ruína do absolutismo e o fim da
monarquia absoluta na Inglaterra. A Revolução registrou a predominância do modelo
parlamentar de governo, servindo de exemplo para inúmeros países, como os
Estados Unidos.
A própria Revolução Americana, a Declaração de Independência e a
Constituição norte-americana, através Thomas Jefferson, um dos seguidores de
Locke, daria ênfase na “proteção da vida, liberdade e propriedade”, além de possuir
rumore de que Locke ajudou a elaborar a Constituição do estado norteamericano da
Carolina, entretanto nunca foi ratificado (FERRARI, 2011).
John Locke também contribui na fase inicial da Revolução Francesa, contudo
o principal teórico desta foi Jean-Jacques Rousseau, também iluminista e crítico do
2 De Contratualismo: compreende todas as teorias políticas que, entre o século XVI e XVIII, veem a
origem da sociedade, o fundamento do poder político em um contrato.
absolutismo, defendia acima de tudo o direito a igualdade, afirmando quem sem ela,
não tem como haver liberdade:

Sob os maus governos, essa igualdade é apenas aparente e ilusória: não


serve senão para manter o pobre em sua miséria, e o rico em sua
usurpação. Na realidade, as leis são sempre úteis aos que possuem bens e
prejudiciais aos que nada têm: de onde se conclui que o estado social não é
benéfico aos homens, enquanto não tiverem todos alguma coisa, e nenhum
deles o tenha em excesso. (ROUSEAU, 2014, p.166)

Rousseau aspirava à democracia da Antiga Atenas, mas via igualmente


limitações neste modelo (cidadão x escravo); afirmava: “nunca existiu verdadeira
democracia nem jamais existirá” (ROUSSEAU, 2014 p. 86).
A Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 está diretamente
inspirada pelo trabalho de Rousseau, através de Robespierre, seu seguidor e líder
da Revolução Francesa; o lema da revolução Liberté, Egalité, Fraternité (liberdade,
igualdade e fraternidade) tornou-se o grito de ativistas em prol da democracia liberal
ou constitucional e da derrubada de governos opressores à sua realização.
A citação de tais autores (iluministas) que não são nomes discutidos em
Teoria das Relações Internacionais é para fomentar os que são considerados
seguidores desta corrente e de suas vertentes, e que contribuíram para os estudos
desta área atualmente: Jeremy Bentham3, Immanuel Kant, Norman Angell, Robert
Keohane4, Joseph Nye5
Kant argumentava que o republicanismo é o melhor meio para a paz, afirmava
que para haver paz perpétua exigiria que todos os Estados fossem repúblicas; isso
ocorreria porque as pessoas iriam concordar com uma guerra se estivessem
dispostos a suportar os encargos econômicos que essa traz, e tal custo só valeria a
pena quando houvesse uma ameaça verdadeiramente terrível, pois se apenas pela
vontade do monarca era obrigatório ir à guerra, uma vez que o monarca não
precisasse suportar todos os encargos da mesma e o custo fosse distribuído entre
os indivíduos, haveria mais desincentivo à guerra (JANKOWIAK, 2016).

3 Conhecido principalmente por sua filosofia moral, especialmente pelo princípio do utilitarismo, o qual
avalia as ações com base em suas consequências.
4
Transitou por várias vertentes do liberalismo; estudou sobre o impacto das atividades das
transnacionais e a importância autônoma das instituições Internacionais.
5
Trabalha em conjunto com Keohane, procura explicar os fatores da interdependência complexa e de
cooperação dos Estados através das instituições internacionais; acredita que os atores transnacionais
são mais importantes, e objetiva os meios de conseguir uma paz estável.
Angell por outro lado, abordava que o fato da guerra estava ligado à outra
condição, e que era a desconfiança o principal fator dos conflitos:

Não aconselho a nenhuma nação que se descuide da sua defesa, mas


procuro demonstrar que nenhum Estado tem interesse em atacar outro, e
que a necessidade de estar permanentemente em condições de defender-
se se deve a que cada um acredita que o outro tem esse interesse.
(ANGELL apud PARADISO, 2002, p. XXII).

Dado o que foi exposto, consideremo-los como justificativa de resposta do


estudar teoria por quê?
Entende-se por Teoria o conjunto de regras ou leis, mais ou menos metódica,
aplicadas a uma área específica; conhecimento sistemático, fundamentado em
observações empíricas e/ou postulados racionais, voltado para a formulação de leis
e categorias gerais que permitam à ordenação, a classificação minuciosa e,
eventualmente, a transformação dos fatos e das realidades da natureza
(DICIONÁRIO HOUAISS, 2009); nesse sentido, consideremos Kant no que se
relaciona a guerra: é o resultado de um desequilíbrio nas relações internacionais; e
embora as guerras não forem desejáveis, elas levam a novas condições nas
relações internacionais, e às vezes estas novas condições são mais equilibradas do
que as anteriores; quando elas são mais equilibradas, há menos chance de
ocorrência de novo conflito (JANKOWIAK, 2016).
No sentido trazido aqui, a teoria é política nas suas origens, porém sua função
vai além do reconhecimento, interpretação e reprodução da realidade, ela também é
arquiteta do real, pois ao mesmo tempo em que estuda, delimita o que vemos como
inerente e desejável; e ao fazer isso participa da constituição do que é relevante
para nós. Ao dizer-nos como são as coisas, a teoria nos diz também como elas
devem ser e de que forma devemos agir (NUNES, 2012).
Pode-se entender a teoria como pressupostos normativos construtores de
ideias organizadas, fazendo a seguinte relação: Na medida em que a Teoria
descreve a realidade ela a explica, conforme explica a critica, e ao criticar busca
formas para transformar; e o mais importante ao constatar isso, é que não precisa
perfazer esse caminho sempre, conforme o que a teoria está procurando estudar, e
quais seus objetivos, ela pode se deter somente na análise dos fatos, como pode
apenas criticar, sem necessariamente elaborar rumos melhores.
O significado de teoria trazido aqui foi para explicar as aplicações das duas
correntes mencionadas: O realismo, demonstrado através de Tucídides, tinha como
objetivo somente a análise dos fatos, ele descrevia e explicava; o Liberalismo por
sua vez criticava – relacionado a monarquia absoluta, a desigualdade social e falta
de direitos básicos – e propunha mudanças, uma “cartilha” de como o Estado deve
ser e agir, quem deve proteger, o que jamais fazer; além de formas prevenindo
futuras situações no cenário político internacional.
A teoria não é uma simples observação dos fatos, mas sim histórica, os
teóricos passados estudavam como o mundo era, e como era necessário mudar,
alguns fizeram isso, alguns transformaram tanto o pensamento quanto a realidade, e
essa é a coisa mais importante. Se houve mudanças foi devido a eles, se ocorreu
inúmeras revoluções (principalmente as burguesas já citadas nesse trabalho) foram
porque houve teóricos que instigaram isso; e se isso ocorreu no passado,
percebemos como é extremamente importante o estudo da Teoria em Relações
Internacionais, porque o mundo sempre está mudando: as relações, a economia, a
política. Estudar como era, como é, e de que maneira vai ser é importantíssimo, pois
só assim saberemos explicar o que está acontecendo atualmente, e teremos a base
do que será no futuro, e como devemos nos preparar para ele.
REFERÊNCIAS

FERRARI, Márcio. John Locke. 2011. Disponível em:


<http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/john-locke-307434.shtml>.
Acesso em: 12 abr. 2016.

INSTITUTO ANTÔNIO HOUAISS. Dicionário eletrônico Houaiss de Língua


portuguesa 3.0. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.

INTERNET ENCYCLOPEDIA of Philosophy: Immanuel Kant. Towson: IEP - Tim


Jankowiak. Disponível em: <http://www.iep.utm.edu/kantview/#SH6c> Acesso em: 12
abri. 2016.

KOUADIO, Colette. Les fondements de la Révolution Française. Disponível em:


<http://sos.philosophie.free.fr/fondementrevolution.htm>. Acesso em: 12 abr. 2016.

LOCKE, John. Segundo tratado sobre o governo civil: ensaio sobre a origem, os
limites e os fins verdadeiros do governo civil. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes,
1994.

NUNES, João. Para que serve a teoria das Relações Internacionais? Scientific
Electronic Library Online, Lisboa, n.36, p.11-22, 2012. Disponível em:
<http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-
91992012000400002>. Acesso em: 12 abr. 2016.

PARADISO, José. Norman Angell: A Grande Ilusão [Prefácio]. In: Angell, Norman. A
grande Ilusão. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, Instituto de Pesquisa
de Relações Internacionais; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo,
2002.

REBOUÇAS, Luana. Liberalismo: Corrente Teórica das Relações Internacionais.


2013. Disponível em: <https://prezi.com/8qpotb2vlmrd/liberalismo-corrente-teorica-
das-relacoes-internacionais/> Acesso em: 12 abr. 2016.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato social. São Paulo: Hunterbooks, 2014.

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