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I – ANOTAÇÕES DE AULA
1. ECA
O ECA trata da proteção a crianças (com até 12 anos incompletos) e a adolescentes (até 18 anos imcom-
pletos).
Ambos praticam ato infracional. A diferença é que a criança não responde por ele. Só responde o adoles-
cente.
O ECA será aplicado ao maior de idade quando o ato infracional for praticado ainda na menoridade. A pes-
soa fica sujeita ao ECA até os 21 anos, para que a infração não fique sem resposta estatal.
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de
idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Es-
tatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.
Em 2002 o atual Código Civil entrou em vigor e reduziu a menoridade de 21 para 18 anos. Parte da dou-
trina passou a sustentar que essa norma do ECA estaria tacitamente revogado pelo Código Civil.
O STJ, contudo, decidiu que o p. único do art. 2º do ECA não está tacitamente revogado pelo Código Civil,
sendo possível a aplicação do ECA (REsp 777.130 – item 9.1).
Uma parte da doutrina e da jurisprudência entende que essa aplicação excepcional do ECA tem essa natu-
reza porque só pode ser aplicada a medida socioeducativa de internação. Tese também já refutada pelo
STJ, ao decidir que qualquer medida socioeducativa pode ser aplicada nesses casos (STJ/HC 99.481 –
item 9.2).
Nós sabemos que para os crimes e para as contravenções penais é cabível o princípio da insignificância. O
que se pergunta é se é possível a aplicação do princípio ao ato infrcional, já que não se trata de crime ou
contravenção, mas a ele equiparado.
O STF já se manifestou e decidiu ser cabível a aplicação do princípio ao ato infracional (STJ HC 67.905 e
STF HC 98.381 – itens 9.3 e 9.4).
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Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal.
O Estatuto do Estrabgeiro determina que o estrangeiro que comete crime está sujeito à extradição. O que
se pergunta é quanto ao menor estrangeiro que comete ato infracional. Poderá ser extraditado?
O STF decidiu que não é cabível extradição em razão de ato infracional. Sob o argumento de que o esta-
tuto do estrangeiro só menciona crime, impossibilitando a inclulsão de ato infracional para fins de extradi-
ção; impossível, portanto, a interpretação extensiva (STF Extr. 1.135 – item 9.5).
ii) Judicial: encerrada a fase policial, o promotor recebe os documentos policiais e, junto com e-
les, o menor deverá ser apresentado ao promotor, seja pelos pais, pela polícia ou instituição de
menores, iniciando-se à chamada “oitiva informal”, para que o promotor possa formar seu con-
vencimento.
O STJ entende que essa audiência tem natureza de procedimento administrativo, que antecede a fase
judicial, ou seja, inaplicáveis os princípios do contraditório e da ampla defesa, posto inexistir ação judicial
contra o menor. Portanto, a falta de de defensor técnico nessa audiência de oitiva informal não gera a
nulidade. Nem mesmo o juiz participa desse ato.
a) Requerer o arquivamento dos autos do ato infracional, quando não houver elementos de prova
do ato ou para providências quanto ao ato infracional;
b) Conceder remissão (perdão): que pode se dar de duas formas.
b.1) Remissão-perdão: não é aplicada nenhuma medida socieducativa;
b.2) Remissão-Transação: remissão com aplicação de uma medida socieducativa.
O STJ entendeu que a remissão não funciona como maus antecedentes quando o menor eventualmente
responder a processo-crime na maioridade;
Do mesmo modo que no processo penal, em que a denúncia pode ser rejeitada, a representação oferecida
contra adolescente infrator também pode ser rejeitada por falta de justa causa. Ex.: ausência de indícios
de materialidade (HC 153.088 do STJ – item 9.6).
Recebida a representação pelo Judiciário, inicia-se a ação de medida socieducativa contra apenas o ado-
lescente.
No procedimento do ECA não existe assitente de acusação por inexistência de previsão legal, não podendo
ser aplicado o CPP por anolgia (REsp 1.044.203 – item 9.7).
Iniciado o procedimento, o juiz marca uma audiência para ouvir o adolescente. Nessa audiência o ECA diz
que devem estar presentes o pais ou responsáveis do adolescente. Porém, na prática, é comum que essas
figuras estejam ausentes, aparecendo apenas o advogado, de modo que o STJ já pacificou inexistir nuli-
dade se os pais estiverem ausentes da audiência, mas houver a presença de um defensor técnico. Isto
quer dizer que o defensor técnico acumulará a função de advogado e curador.
Se o adolescente confessar o crime, a acusão e a defesa não podem desistir das demais provas, conforme
consta da súmula nº 342 do STJ, vejamos:
Além disso, se o adolescente confessa o ato infracional não se aplica o instituto da confissão espontânea,
por falta de previsão legal e, segundo o princípio de que a lei especial prevalece sobre a geral, inamissí-
vel, para o STJ, a analogia (STJ HC 101.739 – item 9.8).
A remissão pode ser concedida pelo MP antes de se inciar a ação socieducativa. Após iniciado o processo,
poderá o juiz concedê-la.
Segundo o entendimento no HC 99.565 (item 9.9) do STJ, o juiz poderá cumular medidas socieducativas.
5. Semi-liberdade e a Internação
São medidas que restringem ou limitam completamente a liberdade do menor. Regidas pelo princípio da
excepcionalidade, sendo já pacificada essa idéia pelo próprio STJ, o que significa dizer:
I) A medida de semi-liberdade só pode ser aplicada como regime inicial ao menor, se devidamen-
te fundamentada, em razão do princípio da excepcionalidade. Devendo ser a decisão funda-
mentada, demonstrando-se a necessidade da medida e a inviabilidade de medidas “mais le-
ves”;
II) A medida de internação (art. 122 do ECA). É absolutamente pacífico no STJ e no STF que a in-
ternação só pode ser aplicada nessas três hipóteses taxativas do art. 122 do ECA. Ex. clássico
– tráfico de drogas – não pode o adolescente sofrer medida de internação, em razão do princí-
pio da excepcionalidade. Ademais, para o STJ, a reiteração do inciso III do 122 ocorre com a
prática de 3 atos infracionais (STJ HC 234.067 – item 9.10).
O prazo máximo da internacção é de 3 anos ou até completar 21 anos. O STJ entende, contudo, que o
prazo é para cada ato infracional, devendo ser contado isolada e cumulativamente.
A progressão é a transferência da mais grave para a mais leve e a regressão da mais leve à mais grave
(súmula 265)2. Para o juiz decretar a regressão da medida é precisso ouvir o menor. É impossível a re-
gressão sem o contraditório sob pena de nulidade da decisão que a decretar.
A internação provisória equivale à prisão preventiva do Processo Penal. A internação provisória só pode
durar pelo prazo de até 45 dias, absolutamente improrrogável segundo o entendimento do STJ.
Primeira Corrente: não existe porque o ECA não prevê e porque medida socieducativa não é pena;
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É necessária a oitiva do menor infrator antes de decretar-se a regressão da medida sócio-educativa.(Súmula 265,
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 22/05/2002, DJ 29/05/2002 p. 135) – STJ.
Existem algumas medidas socieducativa de prazo indeterminado. Se ela for assim aplicada,a precrição da
pretensão executória será de 3 anos. Esses prazos serão sempre reduzidos à metade, tendo em vista que
o aodlescente será menor na prática do crime, por disposição expressa do CP.
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A prescrição penal é aplicável nas medidas sócio-educativas. (Súmula 338, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
09/05/2007, DJ 16/05/2007 p. 201)
9.6. HABEAS CORPUS Nº 153.088 - SP (2009/0220447-8) RELATOR : MINISTRO JORGE MUSSI IM-
PETRANTE : CAROLINA RANGEL NOGUEIRA - DEFENSORA PÚBLICA IMPETRADO : TRIBUNAL
DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO PACIENTE : D T B EMENTA HABEAS CORPUS. ESTA-
TUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. REPRESENTAÇÃO RE-
JEITADA. AUSÊNCIA DO LAUDO DE CONSTATAÇÃO PRELIMINAR. APELAÇÃO PROVIDA PARA
DETERMINAR O PROSSEGUIMENTO DO FEITO. MATERIALIDADE DO ATO INFRACIONAL. NE-
CESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. ORDEM CONCEDIDA. 1. Na esteira da jurisprudência desta
Corte Superior, afirmar a desnecessidade do laudo de constatação preliminar quando do ofere-
cimento da representação contra o menor implicaria admitir a sujeição do adolescente a proce-
dimento voltado à apuração da prática de ato infracional sem que seja demonstrada, ao menos
em juízo inicial, a materialidade da conduta, o que, a teor do art. 50, § 1º da Lei n.