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Brasília – DF
Abril/2007
SISTEMAS ELEITORAIS
REPRESENATIVIDADE VERS U S GOVERNABILIDADE
1
GALLANGHER, Michael e MITCHELL, Paul. The Politics of Electoral Systems. Oxford University Press, p. 3
2
Idem
3
NICOLAU, Jairo. Sistemas Eleitorais. 5ª ed. rev. e atual. – Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004, p.10
4
GALLANGHER, Michael e MITCHELL. Op. Cit., p. 3
Quanto à classificação dos sistemas eleitorais, tem-se na fórmula eleitoral principal
critério de alocação das cadeiras. “A partir da fórmula, podemos agregar os sistemas eleitorais em
duas ‘grandes famílias’: a representação majoritária e a representação proporcional”.5 Além da
fórmula eleitoral, os sistemas eleitorais podem caracterizar-se por outros seis parâmetros: magnitude
dos distritos eleitorais, barreira eleitoral, número total dos membros de uma assembléia eleita,
influência das eleições presidenciais sobre as eleições legislativas, grau de desproporcionalidade e
vínculos eleitorais interpartidários.6 Tudo isso afeta o grau de representatividade das casas legislativas,
a depender da forma como eles são tratados por cada comunidade política. E se esses parâmetros
afetam a representatividade, da mesma forma repercutem nos níveis da governabilidade. É o que
veremos adiante. Para tanto, valho-me do estudo de AREND LIJPHART7, em que se faz um paralelo
entre os modelos de democracia majoritária e consensual, a que estão intimamente relacionados,
respectivamente, os sistemas eleitorais majoritário e proporcional e, independentemente dessa ordem,
os paradigmas da representatividade e da governabilidade.
5
NICOLAU, Jairo. Op. Cit., p. 11
6
LIJPHART, AREND. Modelos de Democracia: desempenho e padrões de governo em 36 países. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2003, p. 170
7
Ver Op. Cit.
8
NICOLAU, Jairo. Op. Cit., p. 11
9
LIJPHART, AREND. Op. Cit., p. 169
10
Idem
11
Idem
pelos sistemas eleitorais, passemos a avaliar até que ponto o tipo de sistema eleitoral adotado
repercute nos aspectos concernentes à representatividade e à governabilidade em um determinado
país.
19
Idem, p. 170
20
Idem, p. 86
21
Idem
22
Idem
23
Citado por AREND LIJPHART in Op. Cit., p. 86
24
Idem, p. 87
25
Idem, p. 87 e 294
26
Idem, p. 294
freqüência”.27Nesse sentido, S. E. FINER28 “afirma enfaticamente que a administração
macroeconômica bem-sucedida não requer tanto a mão forte quanto a mão firme, e que os governos de
representação RP [Representação Proporcional] e de coalizão têm maior capacidade de prover
políticas governamentais firmes e centristas”.29
Com efeito, políticas apoiadas por um consenso amplo têm mais probabilidades de
serem mais bem-sucedidas e duradouras do que as impostas por um governo ‘com grande poder de
decisão’ contra os desejos de importantes setores da sociedade. Políticas de amplo consenso seriam,
assim, imbuídas de forte representatividade e legitimidade. Ademais, “para a manutenção da paz civil
em sociedades divididas, a conciliação e o acordo – objetivos que requerem a maior inclusão possível
de grupos rivais no processo de tomada de decisão – são provavelmente muito mais importantes do
que decisões tomadas repentinamente. Esses argumentos contrários parecem, pelo menos, um pouco
mais fortes do que o argumento em favor do governo majoritário, que se baseia limitadamente na
rapidez e na coerência do processo decisório”.30
27
Idem
28
Citado por AREND LIJPHART in Op. Cit., p. 294
29
AREND LIJPHART, Op. Cit., p. 294
30
Idem, p. 294-295
31
Idem, p. 307-308
32
André BLAIS e R.K. CARTY (1990). Does Proportional Representation Foster Voter Turnout? European Journal
of Political Research 18, nº 2 (março): 167-81; e Wilma RULE e Joseph F. ZIMMERMAN, orgs. (1994). Electoral
Systems in Comparative Perspective: Their impacto on Women and Minorities. Westport, Conn.: Greenwood, citados
na nota de página nº 7 por AREND LIJPHART in Op. Cit., p. 321
33
AREND LIJPHART in Op. Cit., p. 321
qualidade democrática, e com relação a todas as qualidades de generosidade e benevolência [forte
orientação comunitária e consciência social]. Além disso, quando se introduzem os controles
apropriados, a diferença positiva que a democracia de consenso faz se torna, geralmente, ainda mais
impressionante”.34
34
Idem, p. 335
35
JAIRO NICOLAU, Op. Cit., p. 86
36
Entrevista ao Valor Econômico em 09/10/2006 intitulada Crise é de Representatividade, disponível em
http://clipping.planejamento.gov.br/Noticias.asp?NOTCod=309321> Acesso em16/04/2007
37
Citado no artigo Mudanças deixariam Câmara só com 7 partidos, O Estado de São Paulo - pág. A8 de 22/08/1999,
disponível em <http://www.senado.gov.br/secs_inter/noticias/senamidia/historico/1999/8/zm0822.htm> Acesso em
16/04/2007
38
Artigo: Desafios para a reforma política, in Correio Braziliense. Caderno Opinião, em 13/11/2003
Quando se privilegia a dimensão da governabilidade em detrimento da
representatividade, e quando se enfatiza a representatividade em detrimento da governabilidade, há
que se forjar um novo caminho. Um caminho que busque atender, senão integralmente, mas muito
fortemente, tanto a representatividade, quanto a governabilidade – pois uma questão não pode estar
dissociada da outra. Talvez a resposta resida na adoção de um sistema que homenageie as duas
dimensões.