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Os sofistas foram os grandes artífices da construção da prática democrática

ateniense. Os cidadãos da pólis ateniense não eram em número


quantitativamente elevado, já que excluídos de tal condição estavam as
mulheres, as crianças, os velhos, os escravos, os estrangeiros. Por isso, aqueles
proprietários e homens livres que reuniam a condição de cidadania agiam em
deliberação coletiva e direta para resolver os problemas e questões pertinentes
à pólis. Assim sendo, ao contrário da nossa contemporânea democracia
representativa, na qual os cidadãos escolhem os líderes que deliberarão em seu
nome, e após isso não mais se sentem obrigados a partilhar os destinos da
sociedade, em Atenas os cidadãos discutiam diretamente, em praça pública, e
seu interesse somente se fazia garantido por meio de sua própria expressão
verbal.

Nesse contexto, os sofistas exerciam um papel ímpar. Eram mestres da retórica,


ensinando a boa construção dos argumentos aos cidadãos. Não tinham um
apreço intrínseco a tal ou qual ideia, mas, antes, ensinavam a expor bem
qualquer ideia. Seus préstimos eram fundamentais ao cidadão ateniense. A boa
retórica era o instrumento necessário para a melhor persuasão dos concidadãos.
Ensinando a argumentar, os sofistas formavam a elite política ateniense.

Sócrates se recusa a considerar os sofistas filósofos, justamente pelo desamor


destes aos conceitos e ideias, na medida em que possibilitavam a venda das
próprias ideias. Tal moralidade socrática, que considera a filosofia como o amor
ao saber, e, portanto, orienta a busca filosófica em direção dos conceitos
estáveis, desprovidos das ambiguidades e dos floreios das argumentações, foi
sempre muito apreciada pela filosofia medieval e moderna, o que fez de Sócrates
o paladino da filosofia em contraposição aos sofistas, vendilhões da verdade. No
entanto, desde o século XIX, o papel dos sofistas vem sendo reavaliado,
atenuando-se o caráter negativo que se lhe emprestou historicamente.

Ao contrário da velha tradição pré-socrática, que buscava entender a natureza


das coisas, portanto sua physis, os sofistas creditavam a verdade, a moralidade,
a religião, a justiça e os conceitos políticos e sociais ao consenso, a uma
convenção entre os homens. Era da persuasão que se formava a verdade. Ela
não estava inscrita na natureza, na medida em que até os juízos sobre a
natureza são humanos. Assim sendo, os sofistas encaminharam a filosofia a uma
apreciação direta das questões sociais e políticas enquanto questões humanas,
culturais, construídas de modo aberto e não dogmático.

Os mais importantes sofistas foram homens do mundo grego, mas não eram
cidadãos de Atenas. Protágoras de Abdera e Górgias de Leontini foram seus
mais importantes pensadores. Vindos do mundo jônico e da Magna Grécia,
estavam embebidos da sabedoria dos pré-socráticos, que também não eram
atenienses. Péricles foi o grande incentivador da presença dos sofistas em
Atenas. Protágoras, em especial, era tido em alta conta por Péricles, que seguia
seus ensinamentos. Os sofistas sofreram restrições dos aristocratas atenienses,
na medida em que, ensinando argumentações, possibilitavam aos demais
cidadãos uma participação convincente e decisiva nas deliberações. Ao mesmo
tempo, foram vistos com reprovação pelos socráticos, que os recriminavam por
vender argumentos.
Mestres da retórica e da argumentação prática, para os casos concretos, os
sofistas pouco escreveram, e os seus livros se perderam. Conhece-se seu
pensamento, quase sempre, por meio de seus detratores. Platão e Aristóteles
afastam-se explicitamente, em suas obras, do pensamento e do raciocínio dos
sofistas.

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