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DESENVOLVIMENTO E IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA DE ENSAIO DE

ENVELHECIMENTO ACELERADO PARA CONTROLE DE QUALIDADE DE


BARRAS/BOBINAS ESTATÓRICAS DE HIDROGERADORES NA ELETROBRÁS
ELETRONORTE

André L. C. França Fernando de Souza Brasil Ikaro C. B. de Souza

José Adolfo da Silva Sena Oswaldo Gonçalves dos Santos Filho

Eletrobras Eletronorte

Sergio Fagundes

Insight Energy

RESUMO

O sistema de isolação elétrica de um hidrogerador é estressado durante toda


sua vida útil de operação por efeitos elétricos, térmicos e mecânicos, que são as
causas principais de sua degradação. No processo de fabricação destes
componentes, uma forma de avaliar a qualidade desta isolação, no que se refere à
suportabilidade a condições de altas temperaturas é através do ensaio de
Envelhecimento Acelerado, em inglês, VoltageEnduranceTesting (VET), que segue os
requisitos das normas internacionais IEEE Std 1043-1996 (R2009) e IEEE Std 1553-
2002. Este trabalho tem como objetivo geral apresentar o desenvolvimento e a
implantação do ensaio de envelhecimento acelerado utilizando tecnologias e
instrumentações, disponíveis no Centro de Tecnologia da Eletrobras Eletronorte
(LACEN), integrados por um software comercial de aquisição de dados. O software de
integração foi desenvolvido no próprio LACEN utilizando-se a metodologia de
Orientação a Objetos. Como benefícios trazidos pelo sistema desenvolvido de
automatização do ensaio destacam-se: a possibilidade de emissão automática de
relatórios, a possibilidade de supervisão e acompanhamento remoto do ensaio;
recebimento de alarmes e notificações sobre eventos do ensaio através de e-mail;
base de tempo única com os eventos ocorridos; melhores condições de segurança do
ensaio com a consequente não necessidade de extensão de jornada de trabalho para
supervisão, durante a longa duração (400 horas) do ensaio.
PALAVRAS-CHAVE

Ensaio de envelhecimento acelerado, bobinas estatóricas, monitoração.


1. INTRODUÇÃO

A principal função da isolação é separar o condutor do núcleo do estator e


permitir que exista a diferença de potencial entre esses dois componentes. Os
materiais mais comuns utilizados para possibilitar a isolação elétrica são vidro, mica e
papel. Todos estes materiais possuem excelentes propriedades de isolação elétrica.
Entretanto, suas propriedades mecânicas não são muito boas. O vidro e a mica
tendem a estilhaçar quando submetidos a vibrações entre 100 e 120 Hz, presentes no
gerador. Para diminuir o estresse mecânico na isolação, os projetistas escolheram
impregnar os materiais utilizados na isolação com um composto orgânico. Os
compostos frequentemente utilizados são: asfalto, poliéster e epóxi. O composto
utilizado no motor o gerador depende do fabricante do enrolamento e do ano de
fabricação.
Os materiais de isolamento elétrico utilizados de hidrogeradores mudaram
muito nos últimos 100 anos. Até 1960, os principais sistemas de isolação utilizados em
geradores, eram compostos de fitas de papel e lâminas de mica aglutinadas com
betume, sistema este denominado Micafolium asfáltico, ou, em menor escala de
aplicação, o Micafolium goma-laca, no qual o betume asfáltico era substituído por uma
resina natural. Estes sistemas de isolamento são limitados em sua utilização pela
temperatura de trabalho, que é de aproximadamente 95 °C, estando enquadrados na
Classe Térmica “B” (MARQUES & SÁ, 1999).
No início da década de 60 surgiram os primeiros geradores compostos de
folhas de mica, tecido de fibra de vidro impregnado com uma resina sintética, neste
caso poliéster, denominada Micafolium poliéster que possui propriedades isolantes e
características térmicas melhores do que os sistemas anteriores, sendo enquadrado
na classe térmica “F”. Com o aperfeiçoamento das resinas sintéticas, a indústria
eletroeletrônica começou a aplicar como isolantes de bobinas de geradores, um
composto de fitas de mica e resina epóxi, que possuem um desempenho muito
superior, quando comparados aos primeiros de base asfáltica (MARQUES & SÁ,
1999).

Uma falha no isolamento de barras ou bobinas estatóricas durante a operação,


normalmenteresulta em danos extensos para uma máquina elétrica,
causandoparadasforçadas que podem se estender durante meses, geralmente
envolvendo consideráveis perdas financeiras, comprometendo recursos públicos e
privados.
É por isso que a qualidade dos sistemas de isolamento elétrico tornou-se uma
preocupação da indústria elétrica por quase um século e, portanto, uma norma IEEE
para avaliar barras do estator foi desenvolvida. Várias investigações foramrealizadas,
como o trabalho desenvolvido pelo CIGRE 392 (2009), para tentar entender os
mecanismos do envelhecimentoassociados com a degradação dos materiais e
componentes do isolamento. A norma internacional IEEE 1043-1996 apresenta os
requisitos para a realização do ensaio de envelhecimento acelerado, VET, em barras e
bobinas estatóricas para máquinas rotativas com tensão nominal de 3 000 V a 30 000
V (STONE, G, 2004).
Basicamente, o VET consiste em aplicar um estresse térmico e elétrico em
uma amostra, por um período que pode ser de 250 ou 400 horas, conforme
estabelecido pelo IEEE 1043-1996. No caso deste trabalho, foi aplicada uma
temperatura de 100 °C (temperatura de operação típica do gerador em questão)euma
tensão de 14,95 kV, por um período de 400 horas.Devido ao estresse causado pelo
ensaio, as amostras com defeitos devem falhar durante o processo, de forma que
tanto o fabricante como o comprador terão elementos para tomar uma decisão relativa
à qualidade do isolamento das barras.

Um estudo internacional do CIGRE 392 (2009) sobre causas de falhas em


hidrogeradores examinou 69 incidentes em detalhes e concluiu que as principais
causas de falhas podem ser categorizadas na seguinte ordem: falhas no sistema de
isolação, defeitos mecânicos, problemas térmicos e por último, falhas devido nos
mancais de rolamento. A Figura 1 ilustra essa classificação.

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FIGURA 1 - Causas raízes de falhas em hidrogeradores.

Esta proporção considerável de falhas envolvendo a isolação elétrica dos


enrolamentos estatóricos leva os fabricantes e mantenedores a investir cada vez mais
na qualidade dos materiais que compõem o sistema de isolação e em técnicas
preditivas que permitam monitorar a degradação da isolação elétrica.
2. ENSAIO DE ENVELHECIMENTO ACELERADO

A norma IEEE 1043 (1996) define a tensão de envelhecimento como sendo o


tempo de falha da isolação principal quando submetida a um alto estresse elétrico (alta
tensão). A alta tensão é aplicada entre o condutor de núcleo de cobre da barra/bobina
e a camada condutiva que envolve a parte reta da mesma, que deve ser aterrada.
Então, o campo elétrico formado na isolação principal é similar a situação real de
operação do equipamento.
O estresse térmico é fornecido através de placas de aquecimento dispostas ao
longo da barra/bobina, instaladas sobre a camada condutiva espaçadas de uma
distância menor ou igual a 15 cm, por onde flui o calor para o interior da barra/bobina,
como mostradona Figura 3.

Camada de controle de estresse ou


corona
Placa de aquecimento
Camada
condutiva Sensor de
Temperatura

Barra/Bobina
Estatórica
FIGURA 3– Placas de aquecimento instaladas em uma barra estatórica.

3. SISTEMA DE CONTROLE DE TEMPERATURA

De acordo com IEEE 1043 (1996) se os testes forem realizados com


temperaturas elevada, estas devem ser controladas para permanecerem numa faixa
de ± 2 °C. Este controle é feito através de placas aquecidas que são fixadas na parte
reta da bobina, região que fica fixada na ranhura. Recomenda-se que as placas sejam
de pelo menos 1 cm de espessura para obter um bom contato térmico ao longo do
comprimento das placas e parapermitir que a medição de temperatura (ver Figura IV).
Estas placas também fornecem a ligação ao aterramento.

O sistema de medição tem a seguinte configuração: Para cada par de placas


tem-se um sensor pt100 com um controlador de temperatura. Este retransmite o sinal
de temperatura através de uma corrente (4 à 20mA) para o sistema de aquisição de
dados, que é monitorado pelo sistema descrito no item 4.

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4. SISTEMA DE AUTOMAÇÃO E MONITORAÇÃO DO VET

A figura 4 ilustra a estrutura utilizada na automação.

Figura 4 – Circuito para realização do ensaio de envelhecimento acelerado.

A figura 4 ilustra a estrutura utilizada na automação do ensaio que foi projetada


de maneira a permitir a máxima utilização de recursos já disponíveis no LACEN, seja
de equipamentos ou de softwares de desenvolvimento próprio, para execução do
ensaio, devido ao seu longo tempo de execução. O sistema de ensaio é composto por
placas de aquecimento, relés de estado sólido, termopares, controladores de
temperatura, relés de tensão, fonte de alta tensão de até 20 kV, divisor de tensão
capacitivo para medição de tensão, osciloscópio digital, sistema de aquisição de dados
de 60 canais que se comunicam por GPIB com o Software SIMME, de
desenvolvimento próprio do LACEN e já utilizado para monitoramento de vibração de
máquinas rotativas na Eletrobras Eletronorte.
Para registro dos alarmes, e consequentemente automação da fonte de alta
tensão, utilizou-se um relé programável que se comunica com o SIMME por protocolo
Modbus485, o que permite a interrupção do ensaio por temperatura fora de faixa e
sobre tensões transitórias devido a falha na isolação.
O software SIMME também foi utilizado como base de tempo única para o
ensaio, como um concentrador e registrador de todos os dados de medição, para
posterior avaliação, bem como um registrador de eventos, visando avaliar durante e ao
final do ensaio quais eventos ocorreram, e se os mesmos podem ou não ter influência
no resultado final do teste. Como exemplo destes eventos pode-se citar temperaturas
fora da faixa especificada; picos de tensão; rompimento da isolação de determinada
barra/bobina; todos com registro do tempo de ensaio onde o evento ocorreu. A Lógica
de condição de execução de ensaio é realizada toda dentro do relé programável, que
envia as informações por protocolo Modbus 485 para que o SIMME faça o registro dos
dados e gere os devidos eventos para visualização posterior.

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5. RESULTADOS

5.1 – REALIZAÇÃO DO ENSAIO


No dia 13/02/2015, as 18:10, foi dado início ao ensaio de envelhecimento
acelerado em duas bobinas, as 19:21, do mesmo dia o ensaio foi interrompido pela
atuação da proteção contra arco da fonte da alta tensão. As bobinas foram submetidas
a uma tensão de 14,95 kV e uma temperatura de 100 °C. A Figura 5, a seguir,
apresenta o circuito de ensaio montado em laboratório com a indicação dos principais
componentes.

Fonte de Alta
Tensão

Bobinas Sensores de
Placas de Testadas Temperatura
Aquecimento

Figura 5 – Circuito para realização do ensaio de envelhecimento acelerado.

As Figuras 6 e 7, a seguir, apresentam o comportamento da tensão aplicada


nas bobinas e das temperaturas nas placas de aquecimento, registradas pelo sistema
de monitoramento, observa-se que tanto a tensão como a temperatura permanecem
dentro dos limites estabelecidos por norma.

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Figura 6 – Comportamento da tensão aplicada nas bobinas.

Figura 7 – Comportamento da temperatura nas placas de aquecimento.

5.2. INSPEÇÃO VISUAL


Foi realizada a inspeção visual, onde, constatou-se a coloração característica
de efeito corona na zona de transição entre a camada condutiva ea semi condutiva
(supressora de corona), o que poderia levar uma ruptura prematura do isolamento
naquela região, Figura 8.

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Coloração característica
de efeito corona

Figura 8 – Inspeção visual e coloração característica de efeito corona.

5.4. MELHORIA REALIZADA NA BOBINA

O ensaio do VETmostrou uma fragilidade na zona de transição entre a camada


condutiva e a semi condutiva (supressora de corona). Decidiu-se, de comum acordo,
com o fabricante, conforme estabelecido da IEEE 1043 (1996), que prevê a
possibilidade de monitoramento e reparo periódico da camada supressora de corona
durante a execução do ensaio, pela realização de melhoria nessa região para dar
sequência aos ensaios, garantindo assim a confiabilidade da bobina. A Figura 9, a
seguir, apresenta a melhoria realizada na camada semi condutiva.

(
a)

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(
b)

Figura 9 – (a) Processo de melhoria sendo realizado na bobina, (b) bobina com a
melhoria.

6.CONCLUSÕES

Este trabalho teve como objetivo geral apresentar o desenvolvimento e a


implantação do ensaio de envelhecimento acelerado utilizando tecnologias e
instrumentações, disponíveis no Centro de Tecnologia da Eletrobras Eletronorte
(LACEN), integrados por um software comercial de aquisição de dados.

Os resultados obtidos com o ensaio de VET mostraram uma fragilidade na


zona de transição entre a camada condutiva e a semi condutiva (supressora de
corona). Decidiu-se de comum acordo com o fabricante, conforme estabelecido da
IEEE 1043-1996, que prevê a possibilidade de monitoramento e reparo periódico da
camada supressora de corona durante a execução do ensaio, pela realização de
melhoria nessa região para dar sequência aos ensaios, garantindo assim a
confiabilidade da bobina.

Por fim, destacam-se os principais benefícios trazidos pelo sistema


desenvolvido de automatização do ensaio: a possibilidade de emissão automática de
relatórios, a possibilidade de supervisão e acompanhamento remoto do ensaio;
recebimento de alarmes e notificações sobre eventos do ensaio através de e-mail;
base de tempo única com os eventos ocorridos; melhores condições de segurança do
ensaio com a consequente não necessidade de extensão de jornada de trabalho para
supervisão, durante a longa duração (400 horas) do ensaio.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] CONSEIL INTERNATIONAL DES GRANDS RÉSEAUX ÉLECTRIQUES, “CIGRÉ


392 Survey of Hydrogenerator Failures”, WorkingGroupA1.10, 2009.
[2] INSTITUTE OF ELECTRICAL AND ELECTRONIC ENGINEERS, “IEEE Std 1043
Recommended Practice for Voltage-Endurance Testing of Form-Wound Bars and
Coils”, USA, 1996, R 2009.

[3] INSTITUTE OF ELECTRICAL AND ELECTRONIC ENGINEERS, “IEEE Std 1553


Standard for Voltage-Endurance Testing of Form-Wound Coils and Bars for
Hydrogenerators”, USA, 2002.

[4] MARQUES, A.P., SÁ, L.C.R., “Avaliação de Envelhecimento em Barras de Estator


de Hidrogeradores”, In: XV SNPTEE – Seminário Nacional de Produção e
Transmissão de Energia Elétrica, Grupo de Estudo de Geração Hidráulica – GGH, Foz
do Iguaçu, Brasil, 1999.

[5] STONE, G., “Eletrical Insulation for Rotating Machines”, IEEE Press, 2004.

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