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Psicologia & Sociedade; 23 (1): 75-84, 2011

CRÍTICA ÀS APROPRIAÇÕES PSICOLÓGICAS DO TRABALHO


CRITIQUE TO THE PSYCHOLOGICAL APPROPRIATIONS OF WORK

Pedro F. Bendassolli
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Brasil

RESUMO
A psicologia do trabalho fez deste um de seus principais alicerces teóricos. O trabalho é assumido como uma categoria
capaz de sustentar processos psíquicos tais como a identidade, a saúde mental e a ação do indivíduo. Contudo, neste
artigo mostramos que a psicologia apropria-se do trabalho mediante instrumentais de reconstrução metateóricos,
teórico-conceituais e tecnológicos. O artigo analisa as formas de apropriação presentes em três grandes psicologias do
trabalho, aqui denominadas de vias organizacional, social e clínica. Em cada uma delas, questionamos o significado
de trabalho presente e suas consequências sobre a teoria e pesquisa sobre o trabalho na psicologia.
Palavras-chave: psicologia do trabalho; significados do trabalho; trabalho e identidade; clínicas do trabalho;
comportamento organizacional.

ABSTRACT
The work is one of the main theoretical pillars of work psychology. It is understood as a category capable of
sustaining psychic processes, such as identity, mental health and individual actions. This article shows that
psychology appropriates the work via meta-theoretical, theoretic-conceptual, and technological reconstruction
instruments. The article analyzes the forms of appropriation found in three major branches of work psychology
that the text refers to as the organizational, the social, and the clinical paths. For each of these, we question the
meaning of work and its consequences for the theory and research into work psychology.
Keywords: work psychology; meanings of work; work and identity; clinique of work; organizational behavior.

O trabalho é, frequentemente, considerado uma tituído, recortando-o em função de interesses teóricos


categoria chave para a psicologia, especificamente para e pragmáticos específicos. Ao fazer isso, a psicologia é
a psicologia do trabalho. Em diversas de suas formula- marcada por uma dupla atitude: em primeiro lugar, cons-
ções, essa psicologia postula sua a importância na estru- titutiva, ela edifica suas abordagens do trabalho a partir
turação do sujeito e de processos psíquicos importantes, de uma herança ou de conjuntos de repertórios de época
tais como identidade, saúde mental, aprendizagem, sobre o trabalho; em segundo lugar, em uma atitude re-
significados, atitudes. Assim, em diversos constructos constitutiva, ela própria contribui para a criação de novas
da psicologia, o trabalho é explícita ou implicitamente metáforas, novos valores e para uma institucionalização
chamado a ocupar o papel de referente da explicação. de significados específicos sobre o trabalho.
A importância atribuída ao trabalho não é, con- Do ponto de vista constitutivo, a psicologia do
tudo, exclusividade da psicologia. O lugar ocupado trabalho reproduz as tradições ou matrizes históricas
hoje pelo trabalho foi pouco a pouco sendo construído sobre o trabalho. Assim, quando postula, por exemplo,
no pensamento ocidental graças a diversos fenômenos a “centralidade” deste último na constituição do sujeito,
históricos e econômicos, dos quais certamente a emer- ela faz coro a outras ciências sociais do trabalho que
gência da sociedade industrial foi o mais influente. A também o tomam como objeto. Ocorre que, na história
elevação da importância do trabalho deu-se, a partir da do encontro dessas ciências com o trabalho, elas ajuda-
industrialização, não só no plano econômico, mas sobre- ram a institucionalizá-lo sobretudo enquanto emprego;
tudo moral e político, como também no ideológico. o mesmo fez a psicologia, ao menos em um primeiro
Se a história do trabalho é anterior à emergência momento de sua história. Como tal, ela carrega para si as
de uma psicologia a ele dedicada, podemos dizer que contradições, os dilemas e as turbulentas transformações
esta última “apropriou-se” do trabalho a partir de seus pelas quais ele passou ao longo dos últimos três séculos
próprios instrumentais. Apropriar-se, nesse caso, equivale – muitas vezes ocultadas ou silenciadas por essa mesma
a dizer que a psicologia entrou em um campo já cons- psicologia numa espécie de “cegueira histórica”.

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Mas entendemos que é do ponto de vista reconsti- volta-se para os instrumentais de reconstrução conceitu-
tutivo que podemos melhor questionar a singularidade da ais, e nosso objetivo é avaliar o posicionamento dessas
abordagem psicológica do trabalho. Nesse caso, mesmo três abordagens em relação ao trabalho e o modo como
dentro de um conjunto de ciências que compartilham o elas o conceitualizam, explícita ou implicitamente,
trabalho enquanto objeto, a psicologia desenvolve sua conjuntamente a seus outros conceitos ou constructos.
própria visão acerca da relação entre trabalho e a cons- Na última parte, discutimos as implicações dessas di-
tituição do sujeito e de seus estados psíquicos chaves. A versas formas de apropriação do trabalho para a teoria
reconstrução do trabalho, pela psicologia, ocorre em três e a pesquisa em psicologia do trabalho.
níveis: no teórico, no tecnológico e no metateórico.
O primeiro trata dos conceitos básicos ou cons- O espaço psicológico do trabalho
tructos da disciplina – por exemplo, na linha da psicolo-
gia organizacional do trabalho, nos conceitos de motiva- Quais instrumentais são utilizados pela psicologia
ção, liderança, comprometimento. O nível tecnológico para sua reconstrução do trabalho? Chamamos aqui
engloba as intervenções ou “aplicações” da psicologia de “espaço psicológico do trabalho” o resultado dessa
no campo do trabalho – por exemplo, nas intervenções reconstrução, da qual analisamos especialmente dois
destinadas a reduzir o nível de “assédio moral” ou nas níveis nesta seção: o metateórico e o tecnológico.
entrevistas de seleção. Já o nível metateórico diz res-
peito às grandes linhas epistemológicas que coordenam
e legitimam os processos de investigação e construção
Instrumentais de reconstrução metateóricos e
discursivo-conceitual da disciplina – por exemplo, a tecnológicos
linha positivista, com sua ênfase na experimentação, ou O primeiro instrumental, metateórico, refere-se
a linha compreensiva, com sua preferência por arranjos à concepção de realidade presente na abordagem psi-
qualitativos, as quais culminam em concepções distintas cológica do trabalho. Para isso, precisamos introduzir
sobre realidade, sujeito, conhecimento e verdade. duas grandes visões sobre o assunto: na primeira, a
Dizer que a psicologia “reconstrói” o trabalho realidade é apreendida como “aquilo que há”, inde-
significa dizer que ela, enquanto disciplina teórica, pendentemente de nossos esquemas linguísticos de
participa na formalização do trabalho. Podemos, por- interpretação. Na segunda, a realidade é apreendida
tanto, avaliar o posicionamento psicológico face ao como sendo construída linguisticamente, em processos
trabalho tanto no nível teórico-epistemológico como de interação contingentes. Nesta última perspectiva, a
no nível prático-disciplinar, ambos gerando impactos realidade não é independente dos esquemas discursivos
diferenciados sobre a ação. que utilizamos para nomeá-la e conhecê-la. A primeira
O propósito deste artigo é analisar os significados dessas visões pode ser associada à escola do realismo
do trabalho constitutiva e reconstitutivamente presentes filosófico; a segunda, à do nominalismo. Faremos um
em algumas das abordagens mais influentes da psicologia breve comentário sobre cada uma delas, seguindo a lei-
do trabalho na atualidade. Especificamente, analisaremos tura muito particular feita pelo filósofo neopragmatista
o que denominaremos neste artigo de vias de entrada da Richard Rorty (1979, 1982, 1989).
psicologia no campo do trabalho, a saber: a via organi- Na perspectiva realista, a linguagem possui uma
zacional, a social e a clínica. Para cada uma delas inter- função primariamente representacional. O conhecimento
rogaremos, em caráter exploratório, sobre o significado refere-se a um conjunto de representações verdadeira-
de trabalho explícita ou implicitamente assumido – ou, mente construídas no espaço mental sobre a realidade.
mais exatamente, sobre o conceito de trabalho tal como O realismo baseia-se numa epistemologia de tipo cor-
formalizado no nível teórico da abordagem em questão. respondentista: a representação mental do “objeto real”
Com isso, esperamos subsidiar uma reflexão sobre a (natural ou social) deve corresponder, fidedignamente, a
contribuição da psicologia do trabalho para a institu- esse objeto, qualquer distorção implicando um conheci-
cionalização de novos significados e representações do mento “falso”. Grosso modo, encontramos a influência
trabalho em nossa época e, ao mesmo tempo, estimular dessa perspectiva sobre a realidade, o conhecimento e a
uma problematização dessa importante categoria. verdade em abordagens positivistas da ciência (raciona-
Para alcançar esse objetivo, o artigo está estrutu- listas e empiricistas). No plano da ação, essa abordagem
rado em quatro partes, além desta introdução. Na pri- se utiliza de instrumentais de previsão e controle, no
meira, apresentamos e discutimos alguns dos principais âmbito de uma orientação a que podemos chamar ou de
instrumentais metateóricos e tecnológicos da psicologia instrumental (Habermas, 1985) ou disciplinar (Foucault,
do trabalho. Nosso propósito, nessa seção, é delinear 1975). Aqui o conhecimento refere-se à busca por leis
os contornos gerais do que chamamos aqui de “espaço (relação entre causa e efeito), e não por razões (justifica-
psicológico” do trabalho. Na segunda parte, nosso foco tivas linguísticas sobre a ação) (Rorty, 1982).

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Por sua vez, na perspectiva nominalista a lingua- restrita a essa área. De fato, o sujeito do inconsciente
gem possui um valor distinto: ela não apenas “espelha” tornou-se uma poderosa representação do universo psí-
o mundo tal como ele é, mediante esquemas conceituais quico do indivíduo, às vezes confundindo-se com o su-
lógico-racionais; a linguagem é a condição mesma para jeito por excelência da psicologia. Trata-se de um sujeito
a construção do que entendemos por realidade e para marcado pela ação de pulsões inconscientes, pelo conflito
nossa forma de conhecê-la. A função representacional de instâncias intrapsíquicas ou pelo conflito entre dimen-
da linguagem cede lugar à sua função performática e sões reais, imaginárias e simbólicas. Há claramente um
pragmática. Na filosofia, essa nova forma de conceber a alargamento da “vida interior” e a razão (como atividade
linguagem e sua relação com o conhecimento e a verdade estritamente consciente, cognitiva) é desinflacionada de
ficou conhecida como “giro linguístico” (Rorty, 1967). seu papel de exclusiva organizadora e condutora das
Nas ciências sociais e humanas, os efeitos do ações humanas. O “sujeito do inconsciente” da psicaná-
giro linguístico podem ser observados no fomento das lise é, essencialmente, um sujeito do desejo.
abordagens de tipo “construcionistas” ou “compreensi- Por fim, o sujeito social é a terceira concepção que
vas”, para as quais a realidade é uma construção social vamos comentar. Concebido especialmente no âmbito
que depende de processos de interação interpessoais das “psicologias sociais” e da sociologia, trata-se do
e contingências histórico-sociais. Essas abordagens indivíduo tal como socializado pelas diversas institui-
orientam-se especialmente pelo propósito de gerar ções sociais e, ao mesmo tempo, do indivíduo capaz de
conhecimentos e instrumentos para a compreensão da assegurar para si um espaço de singularidade. Assim,
realidade pelo sujeito (Rorty, 1982), a fim de que este abrem-se nessa perspectiva duas possibilidades: a da
possa “redescrevê-la” para melhor acomodar seus de- subjetividade e a da individuação (Martuccelli, 2002).
sejos e intenções, e não para que o sujeito alcance sua Subjetividade refere-se à discrepância fundamental entre
“verdadeira” representação (Rorty, 1979, 1989). Nessa os registros social e individual. Ela surge, como aponta
perspectiva, podemos dizer que a ação é apreendida Martuccelli (2002), no contexto de discussões sobre a
como autorreflexividade (Giddens, 1991) ou como emancipação individual diante dos sistemas simbólicos.
autoexpressão e autorrealização (Habermas, 1985). O A individuação faz menção, por sua vez, ao campo da
conhecimento refere-se, aqui, à busca por razões (jus- identidade pessoal, isto é, a uma noção autorreflexiva
tificativas linguísticas construídas), e não por causas de si-mesmo a partir da qual o indivíduo estrutura sua
(leis gerais sobre relações entre fenômenos). ação. Assim, no nível metateórico, o sujeito social é
Mas talvez seja por referência à concepção de uma instância determinada pelas esferas do público e do
sujeito na psicologia que essas questões sobre realidade privado, e cujos graus de liberdade e autonomia variam
e conhecimento melhor possam ser delineadas. Antes de em função dessa mesma determinação.
qualquer coisa, “sujeito” refere-se à concepção de “ser”
– por exemplo, o sujeito racional, o homem, o indivíduo, Reconstrução psicológica do trabalho
o ator, o personagem social, entre tantas outras já inven- Ainda que, por razões de espaço, não possamos
tadas – presente na ciência em questão, dizendo respeito senão esboçar os contornos mais amplos desses instru-
à sua dimensão ontológica. No caso da psicologia, des- mentais metateóricos e tecnológicos sobre a natureza
tacamos três concepções ou representações do sujeito: da realidade, do conhecimento, do sujeito e da ação,
o sujeito cognitivo, o sujeito psíquico e o sujeito social. tais contornos podem nos ajudar a entender as especi-
O sujeito cognitivo é, em linhas gerais, o sujeito ficidades da abordagem psicológica ao trabalho. Para
processador de informações. Resultado do “giro cogniti- isso, consideramos ilustrativo começar pela distinção,
vista” na psicologia, trata-se do indivíduo capaz de dotar comumente aceita pela área, entre três “psicologias”
a realidade de significados, de interpretá-la bem como a do trabalho, a saber: industrial, organizacional e do
si mesmo. Na história da área, essa imagem de sujeito se trabalho. A primeira, cuja origem, no final do século
contrapõe ao sujeito-organismo das teorias behavioristas, dezenove, remonta ao que seria talvez a primeira en-
para as quais o comportamento observável é a única “rea- trada da psicologia no campo do trabalho, ocupou-se,
lidade” a ser investigada. O sujeito deixa de ser concebido inicialmente, dos temas da seleção e do treinamento
como um organismo que reage a estímulos e passa a sê-lo de pessoal. A segunda surge ao mesmo tempo em que
como um “animal simbólico”, cujos mapas e esquemas a “empresa” é rebatizada como “organização”, graças
conceituais o orientam na interpretação de seu ambiente. à influência das teorias funcionalistas e sistêmicas, e
Nessa perspectiva, o comportamento depende de uma elege como eixo temas pertencentes à relação indivíduo-
dimensão cognitivo-afetiva a priori, a qual se interpõe organização. A terceira psicologia do trabalho é , de
entre o indivíduo e a ação propriamente dita. todas, a mais recente, tendo emergido em meados do
Já o sujeito psíquico é o sujeito do inconsciente século vinte e toma como foco temas envolvidos na
concebido pela psicanálise, mas cuja influência não ficou relação indivíduo-trabalho.

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Começamos com o caso da psicologia industrial, Nessas abordagens tendem a predominar a concepção do
para a qual o trabalho é apreendido, prioritariamente, sujeito psíquico e uma visão nominalista de ciência e da
como uma atividade destinada à criação e produção de va- realidade. Mas é a relação entre vida psíquica e trabalho
lor econômico, isto é, como emprego. Sendo uma vertente que parece melhor definir essa abordagem. Ela endossa
da psicologia em íntima relação com o sistema produtivo, a centralidade do trabalho na estruturação de processos
essa forma de apropriar-se do trabalho é coerente com os psíquicos chaves do sujeito. Um vínculo muito estreito
propósitos de previsão e controle tipicamente necessários entre consciência e ação é estabelecido, sendo o trabalho
num regime de alta racionalidade ou burocratização colocado no domínio desta última. Não é visada exclusi-
(Weber, 1946). Nesse contexto, a concepção de sujeito é vamente a produtividade ou a eficiência, mas o “enrique-
de orientação behaviorista, e o foco é na eficiência e na cimento” da experiência pessoal com o trabalho – seja,
eficácia, sendo o comportamento sinônimo de desem- como veremos mais à frente neste artigo, no sentido de
penho profissional. Trata-se também de um indivíduo obtenção de prazer (ou minimização do sofrimento), seja
a ser monitorado pelos diversos sistemas científicos e no de “poder de agir” individual e coletivo.
produtivos. Nesse sentido, não é à toa que esse conceito
de sujeito seja correlato à emergência da administração Vias conceituais da apropriação psicológica
científica, tal como a concebeu Taylor. A psicologia in- do trabalho
dustrial está metateoricamente vinculada ao conceito de
realidade objetiva, especificamente ao de comportamento
Nesta seção vamos analisar a apropriação psi-
observável, submetido a relações de causa e efeito. O que
cológica do trabalho no nível conceitual. Para isso,
pode ter mudado, especialmente nas últimas cinco ou seis
selecionamos três vias de apropriação, a nosso ver
décadas, com sua aproximação da psicologia organizacio-
representativas do estado da arte das abordagens
nal, é o deslocamento para uma concepção cognitivista do
psicológicas ao trabalho, dentro das três tradições de
sujeito – embora mantendo, provavelmente, as mesmas
psicologia do trabalho descritas na seção anterior. São
bases epistemológicas do realismo.
elas: a organizacional, a social e a clínica.
Na psicologia organizacional o trabalho também
é apropriado enquanto atividade criadora de valor eco-
nômico, como emprego. Contudo, diferentemente do Via organizacional
caso anterior, o foco amplia-se com a inclusão de uma Nesta via, um conceito essencial por detrás dos
dimensão social do trabalho, e num duplo sentido: no constructos propostos é, como já mencionamos, o de de-
de solidariedade e de coletividade. Assim, o trabalho sempenho, tanto organizacional quanto individual. O de-
é interpretado como uma atividade inextricavelmente sempenho pode ser definido como um conjunto de ações
social, especialmente se considerarmos que a divisão que provocam alterações no ambiente. Essas alterações,
de tarefas e a especialização profissional estão na na linguagem organizacional, são sinônimo de resultado
base do sistema produtivo capitalista, com todos seus econômico. A análise, especialmente quando focada no
inevitáveis conflitos. Podemos dizer que a psicologia nível de abordagem micro-organizacional, volta-se para
organizacional se apoia na concepção de sujeito social o estudo das causas dessas ações (ou comportamentos)
mas também na de sujeito cognitivo (principalmente na geradoras de resultados, dos fatores individuais mais rele-
vertente do cognitivismo experimental), na medida em vantes que influenciam na manifestação do desempenho e,
que os processos micro-organizacionais estudados pela consequentemente, do modo de prevê-lo e controlá-lo.
área baseiam-se num indivíduo capaz de gerar e inter- No nível meso-organizacional, por sua vez, a aná-
pretar informações e, especialmente, de compartilhá-las. lise foca no desempenho dos grupos, na medida em que
Em termos de categorias de ação, a psicologia organi- o trabalho possui, como vimos, uma dimensão inequivo-
zacional, especialmente a influenciada pela tradição camente social. As organizações são definidas como siste-
norte-americana de psicologia social individualista mas complexos nos quais diversos subsistemas interagem
(Farr, 1996), foca em comportamentos discretos, men- reciprocamente. Historicamente, o reconhecimento dessa
suráveis e passíveis de serem submetidos a relações de natureza cooperativa e social do trabalho ocorreu com
causa e efeito em constructos hipotético-dedutivos em os teóricos da chamada Escola das Relações Humanas,
desenhos quase-experimentais e correlacionais. O que para os quais a atenção exclusiva sobre a dimensão ins-
se visa é o desempenho eficaz. trumental do trabalho não era mais suficiente, à época
A vertente da psicologia do trabalho (em sentido (início dos anos 1920), para dar conta da explicação do
estrito) é, das três, provavelmente a mais difícil de anali- desempenho organizacional. Um progressivo consenso
sar tendo em vista a amplitude de suas abordagens. Nessa entre os pesquisadores da área formou-se, nas últimas
psicologia, o trabalho é apropriado como uma atividade décadas, em torno do reconhecimento de que as organi-
que não se reduz ao emprego (ao trabalho prescrito). zações dependem de processos de interação interpessoal,

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de estratégias organizativas e de produção compartilhada pessoais, sendo depois cristalizadas e normativamente


de significados sobre seu contexto interno e externo. utilizadas para explicar a realidade, suas complexidades
Vejamos, para encerrar esta seção, dois outros con- e contradições, e também para lidar com elas.
ceitos dessa via de apropriação do trabalho. O primeiro Estudos pioneiros sobre o trabalho utilizando o
é a motivação no trabalho. Tomemos um único exemplo referencial das representações sociais são os de Salmaso
de conceptualização da motivação, tendo em vista a e Pombeni (1986), Flament (1994) e Moliner, Rateau e
amplitude e a diversidade de abordagens voltadas a esse Cohen-Scali (2002). Um ponto em comum entre esses
tema. O exemplo é a teoria de Maslow (1987). Nela, o estudos é tratar o trabalho como um fato social, isto
significado do trabalho é associado ao reino das necessi- é, como um objeto do conhecimento cotidiano, cujo
dades. Maslow, como se sabe, propõe uma hierarquia de significado emerge de processos de interação inter-
necessidades que vão das mais simples e básicas (trabalho pessoal, do pertencimento a grupos específicos e, em
como necessidade de sobrevivência) às mais elevadas termos mais amplos, dos repertórios de época sobre o
(trabalho como meio de autorrealização). Baxter (1983), trabalho (ou de estruturas sociais que os reproduzem).
leitor atento de Maslow, destaca que uma das funções As representações sociais do trabalho podem ser toma-
essenciais do trabalho é de nos fazer transcender a expe- das quer como elementos preditivos sobre as atitudes
riência imediata no trabalho (por exemplo, a necessidade pessoais em relação a ele, quer como indicadores das
de sobrevivência) por meio da construção de uma “obra” apropriações e transformações sociais do trabalho em
(vista como uma necessidade de tipo elevado). função de grupos sociais específicos.
Outro conceito importante da área é o de desen- O segundo conceito que vamos destacar nessa via
volvimento profissional, especialmente quando associa- é o de identidade e sua relação com o trabalho. O estudo
do ao de competências. Nesse caso, o trabalho aparece da identidade na psicologia social sociológica é um tema
como contexto no qual o indivíduo aprende e adquire relativamente antigo, e o quadro teórico, na atualidade, é
os meios para se desempenhar eficientemente como marcado por uma rica diversidade de abordagens, como
profissional. Dizer que o trabalho é um contexto signi- mostrado por Lipiansky (2008). Alguns aspectos gerais e
fica assumir que ele não é, necessariamente, o objeto comuns, contudo, podem ser destacados nessas aborda-
primário de atenção; o foco está no que o trabalho per- gens. Primeiro, a identidade possui uma dimensão obje-
mite ao indivíduo alcançar, por exemplo: competências, tiva e outra subjetiva. Objetivamente falando, identidade
habilidades, desafios e satisfação de necessidades. refere-se a um conjunto de atribuições sociais impostas
aos indivíduos, como sua data e local de nascimento,
Via social seu status civil e sua nacionalidade. Subjetivamente
As abordagens sociais do trabalho incorporam, pro- falando, identidade é a consciência que cada um tem de
vavelmente em decorrência de suas teorias de influência si mesmo, ou o sentimento de ser único e de permanecer
(muitas delas de ênfase “crítica”), elementos conceituais o mesmo indivíduo ao longo de toda a vida (Lipiansky,
que fazem do trabalho um objeto social que extrapola as 2008; Martuccelli, 2002).
fronteiras das organizações. Na verdade, como se sabe Outra maneira de colocar essa dupla dimensão da
desde Farr (1996), não há uma única psicologia social. identidade é dizer que ela é, ao mesmo tempo, social e
O autor destaca duas grandes psicologias sociais – a de pessoal – no primeiro caso, identidade depende de uma
influência norte-americana, que ficou conhecida como tomada de consciência individual ao se adotar o ponto de
psicologia social individualista (de forte influência vista dos outros, notadamente dos grupos de pertencimen-
positivista e cognitivista), e a de influência europeia, to do indivíduo (Tajfel, 1981). Ainda nessa linha, pode-
conhecida como psicologia social sociológica (de forte mos encontrar na literatura a associação do conceito de
influência sociológica e compreensiva). Por razões de identidade ao de papel social, quando então a identidade é
espaço falaremos, na sequência, apenas desta última. definida como a soma dos papéis sociais desempenhados
Comecemos com o conceito de representações pelo indivíduo (Sarbin, 1954). Já no caso da identidade
sociais, uma importante elaboração conceitual da psi- pessoal, podemos defini-la a partir de processos cognitivos
cologia social sociológica. Em termos formais, uma de autoatribuição (Heinich, 1996), de uma capacidade au-
representação social pode ser definida como o conjunto torreflexiva do indivíduo (Giddens, 1991), de dimensões
organizado de condições relativas a um objeto, partilha- inconscientes (Erikson, 1972; Kohut, 1971), a partir de
das pelos membros de uma população homogênea com estruturas cognitivas que processam as informações de
relação a esse objeto (Flament, 1994). Desse modo, em nível pessoal (Michel, Marie-Claude & Marie-France,
um determinado grupo social, a representação de um 1992), ou ainda a partir de processos desenvolvimentais
objeto corresponde ao conjunto de informações, opini- e genéticos (Wallon, 1949; L’Écuyer, 1978).
ões e de crenças a ele relacionadas. Tais informações O que dizer sobre a apropriação do trabalho nos
são fruto de experiências individuais e de trocas inter- estudos sobre identidade? Em primeiro lugar, os estu-

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dos sobre identidade no trabalho ocorrem, há algumas (como a de Vygotski na clínica da atividade, por exem-
décadas, sobre um fundo de crise (Osty, 2008): crise do plo), o papel das atividades “reais”, ou do contexto real
emprego, precariedade e instabilidade dos contratos de de sua realização, é também fortemente destacado. Quer
trabalho e seu impacto sobre os processos identitários, dizer, tratam-se aqui de clínicas aplicadas a contextos
crise das categorias coletivas de identificação. Mas, sociais, e não de uma clínica calcada exclusivamente em
como bem nos adverte Martuccelli (2002), crises sem- intervenções/interpretações no registro individual. Uma
pre fizeram parte da modernidade, e como a identidade é evidência disso é o uso de metodologias qualitativas,
tipicamente um fenômeno moderno, é de se esperar que como a modalidade de pesquisa-ação (Lhuilier, 2006b).
processos de reconstrução identitária ocorram em vários A quais reconstruções o trabalho é submetido pelos con-
momentos das trajetórias individuais. Adicionalmente, ceitos desenvolvidos nas três clínicas do trabalho?
o trabalho (como emprego) também é um fenômeno Na psicodinâmica do trabalho (Dejours, 1993,
moderno, sua centralidade tendo sido lançada no final 1999), dois conceitos importantes são o de sofrimento e
do século dezoito. Pode-se dizer que foi a partir daquele prazer. No trabalho, o sujeito confronta-se com angústias
momento que a identidade passou a ser intimamente existenciais preexistentes e com as restrições impostas pela
relacionada ao trabalho. Contudo, mudanças nas formas organização do trabalho (divisão de tarefas e sistemas de
de institucionalização do emprego são inevitáveis, con- coordenação). A psicodinâmica estuda os sistemas psico-
siderando a dinâmica do sistema produtivo em relação lógicos mobilizados por esse confronto, especificamente
à maximização de resultados, o que inescapavelmente as estratégias coletivas de defesa. Se o sofrimento gerado
gera alterações no arranjo trabalho-identidade. pelo encontro entre trabalho prescrito e a dinâmica psíquica
A psicologia social, historicamente, ocupou-se das do sujeito não for devidamente compensado ou contido,
consequências psíquicas (e sociais) desse desarranjo ele pode evoluir para estados que comprometem seria-
entre trabalho e identidade. De início, a identidade social mente sua saúde mental. Mas o trabalho é também fonte
no campo do trabalho remetia ao conceito de ocupações de prazer, na medida em que permite ao indivíduo atua-
(sobretudo graças à influência da sociologia das ocupa- lizar sua capacidade criativa e sublimatória. Nesse caso,
ções) e, nas últimas décadas, ao de carreiras (Dubar & a angústia é transformada pela ação de trabalhar e pelo
Tripier, 2005). Na literatura sobre identidade pessoal e reconhecimento dos outros (nos coletivos de trabalho).
trabalho encontramos referências a estratégias identi- Para Dejours, o trabalho jamais pode ser reduzido à pura
tárias (Camilleri, 1998), narrativas pessoais de carreira instrumentalidade, seu significado emergindo da lacuna
(Cochran, 1997) ou a processos de personalização (Clot entre o que a organização do trabalho exige que seja feito
& Litim, 2006). Em ambos os casos (identidade social (trabalho prescrito) e o que é efetivamente realizado pelo
e pessoal), entendemos, como Osty (2008), que há o indivíduo (trabalho real), com todas as “resistências” im-
reconhecimento do trabalho como uma dimensão-chave plicadas nesse processo, mas também com a mobilização
nos processos de reconstruções identitárias. Quer dizer, de todo potencial criativo do indivíduo.
o trabalho não é considerado apenas como emprego, Já na clínica da atividade, uma abordagem recente
mas como um recurso para a individualização, uma proposta por Yves Clot (Clot, 1999, 2000, 2006, 2008),
forma para o indivíduo construir um significado de si o trabalho é reconstruído a partir do conceito de ativida-
mesmo, para si mesmo e para os outros. de. O autor utiliza o conceito de atividade pertencente
à abordagem sócio-histórica, notadamente de autores
Via clínica como Vygotski e Leontiev, e o associa à tradição da
Talvez seja nessa via que ocorra, com maior nitidez ergonomia e da psicopatologia do trabalho francesas.
e transparência, a valorização do trabalho como um meio Para Clot, o trabalho é considerado como atividade
de sustentação do sujeito psíquico. É sobretudo a versão triplamente orientada: para si próprio, quando o sujeito
do trabalho como atividade e ação que tende a predominar. aporta, no contexto da realização de sua atividade, suas
A capacidade expressiva do trabalho, tal como na tradi- “pré-ocupações” (motivos, objetivos, questões de outras
ção humanista, é defendida ao nível teórico das diversas esferas de vida) e quando espera algo do trabalho (por
abordagens que compõem esse eixo. Mas quais seriam as exemplo, maestria, qualidade, contribuição para um
especificidades de uma abordagem clínica ao trabalho? coletivo); orientado para a atividade do outro, afinal, o
De acordo com Lhuilier (2006a, 2006b), autora que trabalho é sempre coletivo, compartilhado; e orientado
cunhou o termo “clínicas do trabalho”, a questão-chave para o “real”, ou seja, para o objeto da atividade. Na
dessas abordagens é a ação no contexto de trabalho, perspectiva da clínica da atividade, o “real” tem a ver
mais especificamente, dos recursos pessoais e sociais com o que de fato foi realizado, mas, também, e sobre-
mobilizados nesse contexto. Adicionalmente, pelo fato tudo, com aquilo que não pôde ser realizado (ficando em
de duas dessas abordagens terem sido influenciadas pela suspenso), tratando, nesse caso, de uma impossibilidade
ergonomia ou ainda por abordagens sócio-históricas de o sujeito fazer frente àquilo que o confronta.

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Na clínica da atividade, o significado do trabalho A primeira questão é sobre a ação no trabalho. As


emerge do espaço entre a atividade realizada e a ativi- discussões sobre os determinantes da ação ultrapassam,
dade suspendida ou interdita (Clot & Litim, 2006). Para certamente, as fronteiras da psicologia. Para nossos
Clot (2006), o trabalho é um “centro de gravidade” em propósitos neste artigo, o essencial dessas discussões
torno do qual se fixa a identidade pessoal e graças ao é sobre se é legítimo ou não admitir, como veio a sê-lo
qual o indivíduo entra num campo de relacionamentos a partir da modernidade industrial, que o trabalho seja
interpessoais, contribuindo para a construção de um um campo privilegiado para ação. A título de ilustração,
“gênero profissional”, isto é, de uma cultura profissional veja-se o debate patrocinado por Habermas (1976) e Ri-
ou de metiê (Clot, 2000, 2008). O trabalho é também coeur (1955). Apoiado em sua teoria sobre as formas de
considerado como operador do desenvolvimento psico- racionalidade, Habermas critica a elevação que veio a ter
lógico, tanto no sentido de saúde quanto no de “poder o trabalho na modernidade, especialmente graças a Marx.
de agir”. Este último termo refere-se à capacidade do Para Habermas, a ação, no campo do trabalho, é reduzida
indivíduo de afirmar-se em relação ao real da atividade e limitada à razão instrumental, o que deixa de lado outras
e às possibilidades de elaborar, no interior dos coletivos dimensões humanas como a comunicação e a linguagem
de trabalho nos quais se engaja, os dilemas e contradi- (razão estético-expressiva). Ricoeur (1955), a seu modo,
ções vivenciados no trabalho. Clot (2006) observa que diz algo semelhante quando defende que “o essencial
o desenvolvimento, longe de ser o simples desvelar de da linguagem escapa à natureza do trabalho: a palavra
estruturas ou esquemas internos, é um caminho aberto, significa; ela não produz” (p. 252). Visão semelhante é
inacabado, no decurso do qual o sujeito lida, ao mesmo encontrada ainda em Heidegger (2001) e Arendt (1998).
tempo, com pressões de eficiência (por exemplo, a re- Em todos esses casos, o que se questiona é a capacidade
alização de um trabalho “bem feito”) e de significado do trabalho em sustentar o essencial da ação.
(elaboração permanente dos motivos da atividade). Na via organizacional, a ação é traduzida, basica-
Vejamos, por último, a abordagem do trabalho mente, como desempenho profissional. Já na via clínica,
presente na psicossociologia (ou sociologia clínica), ela é apresentada em toda sua potência, ou seja, não
uma área que elege como suas grandes questões as ar- apenas como um “fazer” destinado à produção de bens e
ticulações entre os registros psíquico e social, ou entre serviços (valor econômico), mas como ato de afirmação
o sujeito e seu ambiente (Gaulejac, 1997). Aplicada ao de si, e atividade intersubjetivamente compartilhada. Na
campo das organizações, e de declarada perspectiva via organizacional, a ação é um “problema”, na medida
crítica, investiga a mobilização das estruturas psíquicas em que há uma discrepância fundamental entre traba-
pelos diversos dispositivos gerenciais (Gaulejac, 1997; lho prescrito e trabalho real. Isto é, nem sempre o que
Enriquez, 2005). Apesar de a psicossociologia não se pede às pessoas é realmente o que elas fazem, em
conferir um status central ao trabalho em suas teoriza- termos de desempenho esperado. Numa clara preocupa-
ções (Amado & Enriquez, 1997), ela investiga alguns ção adaptativa, os constructos propostos na psicologia
aspectos interessantes que merecem ser destacados. Por organizacional (se aqui cabe uma generalização) visam
exemplo, para a psicossociologia, a mobilização psí- a intervir diretamente nas causas e nos efeitos da ação-
quica observada hoje em relação ao trabalho, e que faz desempenho, de modo a fazer a ação real corresponder
desse um componente fundamental da identidade, tem a o máximo possível à ação desejada.
ver com um sistema discursivo e ideológico que tornou Do ponto de vista institucional, essa intervenção
os sujeitos “dóceis trabalhadores” a serviço da produção é apresentada como científica, no estrito sentido de um
econômica (Enriquez, 2005). Outros estudiosos desse saber validado, crível pelas instâncias decisórias da
campo propõem que o trabalho e seu significado sejam empresa – para as quais, normalmente, a intervenção
analisados em contraposição às novas “ideologias ge- é realizada. Em nome da legitimidade, o psicólogo
renciais”, como a que valoriza a excelência (Aubert & organizacional muitas vezes não tem olhos senão para
Gaulejac, 2007), a urgência (Aubert & Roux-Dufort, seu instrumental tecnológico. Agindo como pesquisa-
2004) e a performance (Ehrenberg, 1991). dor-técnico, seu poder é paradoxalmente diminuído
na medida em que só participa de uma parte da ação
Implicações para a teoria e a pesquisa organizacional, restando à cúpula decisória o desfecho.
Sua apropriação restrita do trabalho (como emprego) faz
Nesta última seção, nosso objetivo é apresentar dele apenas uma “fonte de inteligência” no domínio do
implicações das diversas formas de apropriação do tra- management. Ainda mais crítica, a nosso ver, é a “per-
balho pela psicologia descritas neste artigo. Em nosso plexidade” com que às vezes essa via de apropriação
entender, a psicologia do trabalho é confrontada com do trabalho é flagrada quando emergem “impotências”
algumas questões chaves, todas elas originadas de seu na relação indivíduo-trabalho-organização, tais como
encontro com o campo do trabalho. baixa produtividade, conflitos no trabalho, acidentes,

81
Bendassolli, P. F. “Crítica às apropriações psicológicas do trabalho”

“resistências” as mais variadas, sabotagens ou, sim- caso da psicodinâmica no Brasil. Arriscamos dizer que
plesmente, sofrimento. ela tem conseguido institucionalizar-se como campo
Na via clínica, de modo geral, o trabalho é amplia- “aplicado” vis-à-vis à empresa na medida em que o tema
do a ponto de preencher quase todo o espaço da ação. “qualidade de vida” alargou-se a ponto de incorporar o
O “ser” do homem é quase inteiramente colado à sua jargão da psicopatologia, especialmente o de “sofrimento
função ativa, a uma “inteligência prática” – uma mètis, psíquico no trabalho”. Não é raro encontrar psicólogos
para usar o termo grego (Detienne & Vernant, 1974). O de tradições compreensivas, como a da psicodinâmica,
trabalho é apropriado como “atividade sobre” – sobre si “falando” sobre as conexões entre a atenção à saúde
mesmo (trabalho no sentido psicanalítico do termo, como psicossocial de seus funcionários e o bem-estar geral da
“trabalho do eu”), sobre os outros (agir com outros, em empresa. Alternativamente, os psicólogos do trabalho
“gêneros coletivos” em que a linguagem é quase uma de tradição compreensiva podem também se alojar nas
linguagem-de-métier), sobre o mundo (sobre a matéria, a universidades públicas e centros de pesquisa, de onde di-
fim de produzir uma obra – e não apenas um “pedaço de vulgam suas pesquisas, o que, obviamente, não significa
produto” numa longa cadeia produtiva). A “consciência” que serão “aplicadas” nos contextos de trabalho.
torna-se ação-trabalho; o “eu”, sua “identidade”, são Outra questão que consideramos crítica na psi-
inextricavelmente acoplados à ação-trabalho. cologia do trabalho refere-se ao modo como ela se
Intimamente relacionada ao ponto anterior, uma posiciona entre os repertórios de época sobre o trabalho.
segunda questão da psicologia do trabalho diz respeito à Há mais de vinte anos atrás, Webster e Starbuck (1988)
sua dupla inserção no mundo do trabalho – como ciência escreveram um artigo em que alertavam sobre o uso
aplicada e como ciência compreensiva. Mesmo admitin- insuficiente de teoria e sobre a excessiva confiança nos
do as espinhosas e delicadas querelas filosóficas dessa procedimentos de indução a partir de dados empíricos
distinção, é pragmaticamente bastante distinto tomar o pelos psicólogos da tradição de psicologia industrial e
trabalho num viés aplicado e num outro compreensivo/ organizacional. A situação certamente evoluiu. Contu-
especulativo (ou ainda clínico, no sentido de uma prá- do, não parece absurdo dizer que a área da psicologia do
tica questionadora, mobilizadora). No primeiro caso, trabalho (em sentido amplo) ainda é “alérgica à teoria”.
como vimos, o trabalho não é necessariamente o objeto Em sendo uma ciência aplicada, seu nível de teorização
central em questão; o foco é nos resultados obtidos em é baixo comparativamente ao peso das observações
sua realização. Aqui o trabalho é antes um contexto empíricas na validação de seus constructos.
que um objeto de intervenção: é o contexto dado pela Excetuando-se, talvez, as abordagens clínicas
empresa, por exemplo. No segundo caso, é o sujeito que aqui descritas, nas quais observamos um claro esforço
trabalha o foco da teorização e da intervenção. Aqui o de teorização do trabalho pelos instrumentais por elas
trabalho é um mediador simbólico fundamental para o desenvolvidos, nos questionamos a que ponto a psico-
acesso a esse sujeito. logia do trabalho (como campo) conseguiu desenvolver
As clínicas do trabalho descritas neste artigo não uma “teoria do trabalho” inteiramente sua. Como con-
são, como poderiam dizer seus próprios formuladores, sequência, também podemos nos questionar sobre em
meramente “clínicas especulativas”, mas sim “clínicas que medida está havendo, nesse campo, uma reflexão
aplicadas”. Visam à transformação do sujeito mediante compartilhada sobre o que seria importante mudar nos
o trabalho. Seu conceito de aplicado é muito particular: conceitos psicológicos, alguns já bem estabelecidos,
não se trata do aplicado como resposta às demandas da para manterem-se em passo com as transformações
organização produtiva, nem do aplicado como transfe- observadas nos processos de reinstitucionalização do
rência de tecnologias ao trabalho-contexto; trata-se do trabalho. Plasmada, historicamente, à ideia moderna
aplicado como resposta aos problemas vivenciados pelo de emprego, e usando instrumentais de reconstrução
sujeito em sua experiência, objetiva e subjetiva, com o datados, a psicologia pode perder força para enfrentar
trabalho. Nessas clínicas aplicadas, um dos propósitos os novos dilemas do trabalho na atualidade se não
do psicólogo do trabalho é a transformação das condi- conseguir continuamente reposicionar-se. Trabalhar na
ções objetivas de trabalho para então “empoderar” o sociedade industrial era, apesar dos exageros dos dis-
sujeito, seja diante do sofrimento, seja diante da ativi- cursos pós-modernos sobre a “morte do emprego”, algo
dade bloqueada ou interdita. Nesse sentido, o trabalho certamente bem distinto de trabalhar na sociedade pós-
é apreendido, ao lado de um mediador simbólico para industrial em que vivemos hoje. Para não mencionar o
o acesso ao sujeito psíquico, também como um pivô de aspecto datado das próprias “teorias do sujeito” presen-
transformação social. Daí, como dissemos, o método tes na psicologia, cujas críticas nas últimas décadas, na
preferido dessas abordagens ser o da pesquisa-ação. filosofia e na sociologia, colocaram em debate noções
A questão é como tais abordagens clínicas podem como indivíduo, subjetividade, identidade (Ludwig &
dialogar com o poder instituído. Veja-se, em particular, o Pradeu, 2008; Martuccelli, 2002).

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Psicologia & Sociedade; 23 (1): 75-84, 2011

Considerações finais Referências

Encerramos este artigo com algumas observações Amado, G., Enriquez, E. (1997). Psychodynamique du travail et
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propostas de intervenção, eventos e formação. Na prá- University Press.
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bora não estritamente associada à clínica tal qual discu-
Barros, V. A., Oliveira, M. Q., & Neves, C. V. (2009). Dimensões
tida neste texto, ocupa-se de temas de saúde no trabalho psicopolíticas da prostituição: a relação prostituta e trabalho. In
em moldes próximos (Codo, Menezes, Tavares, Lima, D. M. Cunha & J. B. Laudares (Orgs.), Trabalho: diálogos mul-
& Diniz, 2004; Sato, Lacaz, & Bernardo, 2008). tidisciplinares (pp. 76-97). Belo Horizonte: Editora UFMG.
Esse quadro claramente não representa tudo o que Bastos, A. V. B. (2009). O mundo das organizações e do trabalho: o
tem sido feito no país em termos de ressignificações e que significa compromisso social para a psicologia? In M. R. de
Souza & F. S. Lemos (Orgs.), Psicologia e compromisso social:
reconstruções da relação psicologia-trabalho. Há também
unidade na diversidade (pp. 9-42). São Paulo: Escuta.
importantes contribuições provenientes do campo da psico- Bastos, A. V. B. & Gondim, S. (2010). O psicólogo e seu trabalho
logia social, inclusive sobre temáticas que destacamos neste no Brasil. Porto Alegre: Artmed.
texto. Por exemplo, sobre significado do trabalho (Goulart, Baxter, B. (1983). Alienation and authenticity. Londres: Tavistock.
2009; Tolfo & Piccinini, 2007) e trabalho e identidade Bendassolli, P. F. & Soboll, L. A. (2010). Clínicas do trabalho:
(Barros & Nogueira, 2007), para não mencionar pesquisas novas perspectivas para a compreensão do trabalho na atu-
alidade. São Paulo: Atlas, 2010.
articulando trabalho e populações com alguma exposição
Botechia, F. & Athayde, M. (2008). Conversas sobre o trabalho
a riscos psicossociais (por exemplo, Barros, 2009; Barros, sob o ponto de vista da atividade. In M. E. B. Barros & A. L.
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a nosso ver, apresenta a vantagem de conseguir articular, Clot, Y. (2008). Travail et pouvoir d’agir. Paris: PUF.
num mesmo campo, os três eixos aqui apontados. Se, de Clot, Y. & Litim, M. (2006). Sens du travail. In J. Allouche (Ed.),
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um lado, isso atesta riqueza teórica e metodológica, de
Paris: Vuibert.
outro levanta a questão sobre como evitar a fragmenta- Cochran, L. (1997). Career counseling: a narrative approach.
ção não só no plano disciplinar, como no das ações de Londres: Sage.
transformação das situações de trabalho. Um primeiro Codo, W., Menezes, I. V., Tavares, M., Lima, M. E. A., & Diniz,
passo para contornar esse risco talvez seja intensificar as G. (2004). O trabalho enlouquece? Petrópolis, RJ: Vozes.
discussões de natureza epistemológica, notadamente de D’Acri, V. (2003). Trabalho e saúde na indústria do amianto.
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ordem metateórica, com o intuito de se avaliarem reais
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pontos de proximidade e de se esclarecerem, de forma Dejours, C. (1999). Psychologie clinique du travail et tradition
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(ver um exemplo, nesse sentido, em Vieira, Barros & logie du travail (pp. 195-219). Toulouse: Octares.
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no exercício da psicologia no campo do trabalho, lutar Paris: Flammarion.
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para que este último não seja «ocultado», fazendo-nos
Armand Colin.
esquecer que é o trabalho nosso ponto em comum.

83
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