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Pelotas, 2017
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Pelotas, 2017
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Agradecimentos
A Deus, por ter me concedido saúde, força, sabedoria e fé, para superar as
dificuldades.
A minha mãe, por estar sempre ao meu lado, me incentivando, encorajando e
acreditando nos meus potenciais. Sem o seu imenso apoio, nada disso teria sido
possível.
Ao meu pai, que apesar de não estar mais entre nós, tenho certeza zela guia
meus passos. Toda minha trajetória é dedicada a ele, para que tenha orgulho das
minhas escolhas e do seu humano que sou, onde quer que esteja.
A minha orientadora, que sempre acreditou no meu potencial e me encorajou
para superar os obstáculos.
As minhas avós que, mesmo sem entender o significado da minha profissão,
sempre tiveram a certeza de que eu seria um bom profissional.
Aos meus professores, que durante a graduação, passaram seu conhecimento
e ensinamentos de como deveria ser um bom enfermeiro, com carinho e amor pelo
ser humano.
Aos meus colegas que, apesar das divergências, me ensinaram a compreender
e respeitar as diferenças.
Aos meus amigos queridos, que estiveram sempre ao meu lado, acreditando
nas minhas habilidades, oferecendo apoio nos momentos difíceis e celebrando
minhas conquistas.
Aos excelentes profissionais que tive a honra de conhecer e conviver,
compartilhando vivências, ensinamentos e o amor comum à ao cuidado ao ser
humano. Seus exemplos serão levados por toda minha vida profissional.
Aos pacientes que, mesmo em situações difíceis e muitas vezes de luta pela
vida, demonstraram sua gratidão pelo meu trabalho e dedicação.
E também, àqueles que demonstraram desavenças ao longo da minha
trajetória. De todas as pessoas que tive a oportunidade de conviver, tirei o melhor
aprendizado possível, e levarei o melhor deles comigo, durante toda minha vida
profissional e pessoal.
4
Resumo
Abstract
About 6.000 people acquire the infection from Human Immunodeficiency Virus daily.
Currently, it is estimated that 36.7 million people are living with HIV/AIDS worldwide.
The purpose of this study has been to investigate the prevalence of coinfections and
other comorbidities in patients who are living with HIV and to describe their
sociodemographic profile. This is a documentary research, cross-sectional, that used
secondary data from patients' records which were registered in the year 2016, in a
specialized service for HIV/AIDS care, in the south of Rio Grande do Sul. It became
clear that in the year 2016, there were 308 registrations in the referral service for HIV
treatment, and those, for the most part, were men, aged from 20 to 39 years, white,
with incomplete elementary education, laborers, in general, and who lived in Pelotas
city. Of all the records verified, about 80% indicated the use of antiretroviral therapy;
54.7% presented exam results of T Helper Lymphocyte count above 350 cells/mm³;
53.9% presented detectable results for quantification of HIV viral load; 5.6% regarding
the presence of HBV coinfection; 5.6% HCV; 10.9% tuberculosis; 16.5% syphilis;
25.8% toxoplasmosis and 4.1% for HPV. Regarding the treatment for the
aforementioned coinfections, there were 20% records for HBV; 53.3% for HCV; 69%
for tuberculosis; 68.2% for syphilis; 15.9% for toxoplasmosis and 50% for HPV. It was
identified the presence of 92 types of other coinfections and/or comorbidities in addition
to those investigated in 25.5% of the analyzed records, being the most frequent:
depression, systemic arterial hypertension, herpes zoster and cytomegalovirus
infection. It is also stands out that it has been found a large number of records with
missing information, which impaired the data analysis, as well as the characterization
of the other variables researched. It has been concluded with the present study the
importance of coinfections prevalence identification, in HIV virus carriers, as well as
the presence of other associated comorbidities, so as to offer a better support to the
assisted population, aiming to ameliorate the provided care, and so to improve the
quality of life of its users, being this service, protagonist in what concerns to the
evolution of the individuals health framework that make use of it.
Lista de Figuras
Lista de Tabelas
Tabela 1 - Tipo de exposição sexual e risco de transmissão após contato com pessoa
soropositiva para o HIV. ....................................................................................................... 20
Tabela 2 - Variáveis sociodemográficas............................................................................... 38
Tabela 3 - Variáveis relacionadas ao diagnóstico de HIV/AIDS, coinfecções e comorbidades.
............................................................................................................................................ 39
Tabela 4 - Variáveis relacionadas ao óbito dos pacientes acompanhados no SAE. ............. 39
Tabela 5 - Caracterização sociodemográfica. ...................................................................... 45
Tabela 6 - Municípios de residência dos usuários cadastrados no serviço. ......................... 46
Tabela 7 - Tempo de diagnóstico, última consulta, uso de TARV, contagem de CD4+ e
quantificação da carga viral. ................................................................................................ 48
Tabela 8 - Coinfecções relacionadas ao HIV. ...................................................................... 50
Tabela 9 - Registro da realização de tratamento para as coinfecções. ................................ 51
Tabela 10 - Coinfecções e/ou comorbidades associadas, além das pesquisadas. .............. 53
Tabela 11 - Informações faltantes nos prontuários analisados. ............................................ 55
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Sumário
1 Introdução ....................................................................................................................... 13
2 Objetivos ......................................................................................................................... 16
2.1 Objetivo geral ................................................................................................................. 16
2.2 Objetivos específicos ..................................................................................................... 16
3 Revisão de Literatura...................................................................................................... 17
3.1 Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) ........................................................... 17
3.2 Fisiopatologia da infecção pelo HIV ............................................................................... 18
3.3 Transmissão do HIV ...................................................................................................... 19
3.4 Prevenção da infecção pelo HIV .................................................................................... 20
3.5 Diagnósticos da infecção pelo HIV ................................................................................. 20
3.6 Critérios de definição de casos de AIDS, segundo o Ministério da Saúde ...................... 21
3.7 Sistema de classificação da infecção pelo vírus HIV e definição de caso de vigilância da
AIDS expandida para adolescentes e adultos, segundo Centers for Disease Control and
Prevention - CDC................................................................................................................. 22
3.7.1 Infecção primária (infecção aguda/recente pelo HIV ou síndrome aguda)................... 23
3.7.2 HIV assintomático (categoria A do CDC: > 500 linfócitos T CD4+/mm³) - (1) .............. 23
3.7.3 HIV sintomático (categoria B do CDC: 200 a 499 linfócitos T CD4+/mm³) - (2) ........... 24
3.7.4 AIDS (Categoria C do CDC: < 200 linfócitos T CD4+/mm³) – (3)................................. 25
3.8 Tratamento para infecção pelo HIV ................................................................................ 26
3.8.1 Terapia antirretroviral (TARV) ..................................................................................... 26
3.8.2 Profilaxia Antirretroviral Pós-Exposição ao HIV (PEP) ................................................ 28
3.9 Coinfecções associadas ao HIV/AIDS ........................................................................... 30
3.9.1 Coinfecção por hepatite B relacionada ao HIV ............................................................ 30
3.9.2 Coinfecção por hepatite C relacionada ao HIV ............................................................ 30
3.9.4 Coinfecção por HTLV relacionada ao HIV ................................................................... 31
3.9.5 Coinfecção por sífilis relacionada ao HIV .................................................................... 32
3.9.6 Coinfecção por toxoplasmose relacionada ao HIV ...................................................... 33
3.10 Relação entre cânceres e o HIV................................................................................... 33
12
1 Introdução
Cerca de 6000 pessoas adquirem a infecção pelo Vírus da Imunodeficiência
Humana (HIV) diariamente e, embora o percentual global tenha se estabilizado desde
o ano 2000, a taxa permanece inaceitavelmente alta (GURARALDI, et al, 2015).
Segundo o relatório mais recente da UNAIDS (2016a), estima-se que cerca de 36,7
milhões de pessoas vivem atualmente com HIV/AIDS no mundo. Por outro lado, o
nível de novas infecções declinou de 03 milhões em 2001 (WILLBERG, et al, 2008)
para 2,1 milhões em 2016 (UNAIDS, 2016a).
Embora haja um considerável progresso mundial no fornecimento de
tratamento aos indivíduos infectados, ainda existem lacunas significativas, visto que
cerca de apenas 49% das pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHA) no mundo estão
em terapia para combater a infecção. Até junho de 2016, cerca de 1,1 milhão de
mortes no mundo foi relacionada a complicações referentes ao HIV e destas, 10% são
crianças (menores de 15 anos) (UNAIDS, 2016b).
Algumas populações são mais afetadas que outras. Ao passo que a estimativa
geral de PVHA seja de 0,4% a 0,7%, o percentual cresce para 10,5% entre homens
que fazem sexo com homens (HSH), enquanto as outras populações mais afetadas
no Brasil são usuários de drogas injetáveis e profissionais do sexo. É possível
observar quedas importantes no coeficiente de mortalidade, entre 2003 e 2014, em
estados como o Rio Grande do Sul (-10,9%), Santa Catarina (-19,8%), São Paulo (-
40,2%) e Goiás (-12,5%). Estes números representam positivamente à adesão das
PVHA ao tratamento, oriundo à implantação do novo Protocolo Clínico e Diretrizes
Terapêuticas para Manejo da Infecção pelo HIV em adultos. De janeiro a outubro de
2015, mais de 65 mil novas PVHA entraram em tratamento pelo SUS, um crescimento
de 7% comparado ao mesmo período do ano anterior (BRASIL, 2015a).
A AIDS (Acquired Immunodeficiency Syndrome) ou Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida (SIDA) é uma doença infectocontagiosa, causada pelo
vírus HIV, que afeta o sistema imunológico, incapacitando progressivamente seus
mecanismos de defesa. A transmissão do vírus HIV ainda hoje é considerada uma
14
2 Objetivos
3 Revisão de Literatura
Infecção pelo HIV em Adultos e Crianças. Uma vez diagnosticado como portador do
vírus HIV, o indivíduo deve ser encaminhado para um serviço de referência, seja UBS
ou SAE, porém deve-se levar em consideração o tempo necessário para que o exame
detecte a presença do HIV no sangue ou fluído corporal utilizado para o diagnóstico
(chamado de janela imunológica), em caso de risco de infecção recente e resultado
negativo de sorologia anti-HIV (BRASIL, 2016a).
Janela imunológica é o intervalo de tempo entre o momento da infecção pelo
HIV e a possibilidade de detecção de anticorpos anti-HIV produzidos pelos linfócitos.
Na maioria dos casos, este período compreende os primeiros 30 dias, a partir da
infecção, podendo variar dependendo de cada indivíduo frente à referida infecção e
os tipos de testes diagnósticos. Em caso de risco de infecção, se o teste for realizado
dentro do período de janela imunológica, este deve ser repetido após 30 dias, através
da coleta de uma nova amostra, salientando que, se o indivíduo for portador do HIV,
mesmo com resultado não reagente, o vírus pode ser transmitido antes que os
anticorpos possam ser detectados através dos novos testes a serem realizados
(BRASIL, 2010b).
necessárias pelo menos duas situações clínicas consideradas leves ou uma situação
clínica moderada ou grave (BRASIL, 2016a).
Na figura 2, são apresentados resumidamente, os critérios adotados pelo MS,
para definições de AIDS em indivíduos com idade maior ou igual a 13 anos, para fins
de vigilância epidemiológica. Por conseguinte, na figura 3, estão os critérios adotados
pelo MS, para definições de AIDS em indivíduos menores de 13 anos, para fins de
vigilância epidemiológica.
Existência de dois (2) testes de triagem reagentes ou um (1) confirmatório para detecção
de anticorpos anti-HIV
+
Evidência de imunodeficiência:
Diagnóstico de pelo menos uma (1) doença indicativa de AIDS
e/ou
Contagem de linfócitos T CD4+ < 350 células/mm3
Figura 2 - Critério CDC adaptado para maiores de 13 anos.
Fonte: BRASIL, 2016a.
3.7.2 HIV assintomático (categoria A do CDC: > 500 linfócitos T CD4+/mm³) - (1)
Após ter alcançado o equilíbrio viral, o paciente HIV-positivo entra em um
estágio crônico, no qual o sistema imune é incapaz de eliminar o vírus, apesar de seus
esforços. Este ponto de equilíbrio varia de paciente para paciente e determina a
velocidade da progressão da infecção e, em média, varia de 8 a 10 anos até que haja
o surgimento de complicações importantes oriundas da infecção pelo HIV (CDC,
2013).
24
• Toxoplasmose cerebral;
• Síndrome consumptiva relacionado ao HIV
A B C
HIV agudo, assintomático Sintomático, não incluso nas Condições indicadoras de
(primário ou linfadenopatia categorias A ou C AIDS
generalizada e persistente)
A1 B1 C1
A2 B2 C2
A3 B3 C3
Figura 4 - Sistema de classificação da infecção pelo HIV/AIDS.
Fonte: CDC, 2013.
os falsos positivos podem atingir até 11% dos casos (ZELLAN, J.; AUGENBRAUN,
M., 2004).
4 Metodologia
1
Código de ética dos profissionais de enfermagem. Capítulo III (responsabilidades e deveres): Art. 89-
Atender as normas vigentes para a pesquisa envolvendo seres humanos, segundo a especificidade da
investigação. Art. 90- Interromper a pesquisa na presença de qualquer perigo à vida e à integridade da
pessoa. Art. 91- Respeitar os princípios da honestidade e fidedignidade, bem como os direitos autorais
no processo de pesquisa, especialmente na divulgação dos seus resultados. Art. 92- Disponibilizar os
resultados de pesquisa à comunidade científica e sociedade em geral. Art. 93- Promover a defesa e o
respeito aos princípios éticos e legais da profissão no ensino, na pesquisa e produções técnico-
científicas.
2
Capítulo III (proibições): Art. 94- Realizar ou participar de atividades de ensino e pesquisa, em que o
direito inalienável da pessoa, família ou coletividade seja desrespeitado ou ofereça qualquer tipo de
risco ou dano aos envolvidos. Art. 96- Sobrepor o interesse da ciência ao interesse e segurança da
pessoa, família ou coletividade. Art. 97- Falsificar ou manipular resultados de pesquisa, bem como, usá-
los para fins diferentes dos pré-determinados. Art. 98- Publicar trabalho com elementos que
identifiquem o sujeito participante do estudo sem sua autorização. Art. 99- Divulgar ou publicar, em seu
nome, produção técnico-científica ou instrumento de organização formal do qual não tenha participado
ou omitir nomes de co-autores e colaboradores. Art. 100- Utilizar sem referência ao autor ou sem a sua
autorização expressa, dados, informações, ou opiniões ainda não publicados.
3
A resolução nº 466 de 12/12/12 aprova diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas
envolvendo seres humanos, trazendo termos e condições a serem seguidos, relacionada ao Sistema
CEP/CONEP, integrado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP/CNS/MS do CN) e
pelos Comitês de Ética em Pesquisa (CEP) compondo um sistema, que utiliza mecanismos,
ferramentas e instrumentos próprios de inter-relação que visa à proteção dos participantes da pesquisa.
A resolução incorpora, sob a ótica do indivíduo e das coletividades, referenciais de bioética, tais como
autonomia, não maleficência, beneficência, justiça, equidade, e visa assegurar os direitos e deveres
dos participantes da pesquisa.
41
4.7 Logística
Para a realização do presente estudo, primeiramente, foram observados os
preceitos éticos, conforme o item 4.6 deste projeto. Após, a aprovação do projeto no
CEP, foi efetuado no SAE, o levantamento dos prontuários de todos os usuários
cadastrados no período de 01/01/2016 à 31/12/2016. Para tanto, foi solicitado a
relação destes, incialmente à enfermeira responsável pelo serviço e, posteriormente,
providenciada a reprodução do instrumento de coleta de dados (Apêndice A) em
número suficiente para efetuar a coleta dos dados em todos os prontuários
selecionados.
Os dados foram coletados pelo próprio autor do estudo, juntamente com um
grupo composto por cinco auxiliares de pesquisa previamente convidados, através de
uma rede social, e capacitados pelo referido autor, tendo como subsídio um manual
de apoio a coleta de dados (Apêndice B). Salienta-se que a coleta de dados teve
supervisão constante da orientadora da pesquisa. Durante a fase de coletas, também
ocorreram encontros, previamente marcados, com a orientadora e o autor, para
discussão do andamento do trabalho de campo.
Os instrumentos de coleta de dados completos foram codificados e,
posteriormente, duplamente digitados pelo autor da pesquisa e um dos auxiliares,
respectivamente, em um banco de dados constituído especificamente para este fim,
no programa EpiData Analisys (versão 3.1), onde foi realizada uma análise de
inconsistência.
42
Variáveis n %
Sexo
Masculino 173 64,8
Feminino 91 34,1
Informação não encontrada 3 1,1
Idade
Até 19 anos 10 3,8
20 – 29 anos 81 30,3
30 – 39 anos 75 28,1
40 – 49 anos 50 18,7
50 – 59 anos 28 10,5
60 anos ou mais 19 7,1
Informação não encontrada 4 1,5
Cor
Branca 153 57,3
Preta 39 14,6
Parda 21 7,9
Amarela/indígena - -
Informação não encontrada 54 20,2
Escolaridade
Ensino fundamental incompleto 51 19,1
Ensino fundamental completo 18 6,7
Ensino médio incompleto 5 1,9
Ensino médio completo 15 5,6
Ensino superior incompleto 14 5,2
Ensino superior completo 18 6,7
Analfabeto 3 1,1
Informação não encontrada 143 53,5
Renda (em salários mínimos)
Sem rendimento 2 0,7
Até 1 4 1,5
Entre 1 e 2 8 3
Entre 2 e 3 4 1,5
Mais de 4 2 0,7
Informação não encontrada 247 92,5
Ocupação/profissão
Aposentado 14 5,2
Do lar 43 16,1
Estudante 26 9,7
Trabalhador geral 107 40,1
Desempregado 4 1,5
Privado de liberdade 2 0,7
Informação não encontrada 71 26,6
Total 267 100
46
CRS Município(s) n %
70,0% 64,8%
58,4% 57,3% 58,8%
60,0%
50,0%
40,1%
40,0%
30,0%
19,1%
20,0%
10,0%
0,0%
Sexo Idade entre 20 Cor branca Ensino Trabalhadores Município de
masculino - 39 anos fundamental em geral Pelotas
incompleto
Tabela 7 - Tempo de diagnóstico, última consulta, uso de TARV, contagem de CD4+ e quantificação
da carga viral.
Variável N %
Tempo de diagnóstico pelo HIV
Inferior a 6 meses 10 3,7
De 6 meses a 1 ano 90 33,7
De 1 a 2 anos 90 33,7
De 2 a 3 anos 6 2,2
Mais de 3 anos 21 7,9
Informação não encontrada 50 18,7
Última consulta no SAE
Até 6 meses 163 61
De 6 meses a 1 ano 57 21,3
Mais de 1 ano 25 9,4
Informação não encontrada 22 8,2
Uso de TARV
Sim 215 80,8
Não 26 9,7
Informação não encontrada 26 9,7
Contagem de linfócitos T CD4+
< 350 cél./mm³ de plasma 86 32,2
≥ 350 cél./mm³ de plasma 146 54,7
Informação não encontrada 35 13,1
Quantificação da carga viral
Indetectável 88 32,9
Detectável 144 53,9
Informação não encontrada 35 13,1
Total 267 100
100,0%
90,0%
80,8%
80,0%
70,0% 67,4%
61,0%
60,0% 54,7% 53,9%
50,0%
40,0%
30,0%
20,0%
10,0%
0,0%
Tempo de Data da última Afirmação do uso LT CD4+ ≥ 350 Carga viral
diagnóstico: de 6 consulta: < 6 de TARV cél./mm³ "detectável"
meses a 2 anos meses
Variável n %
Coinfecção por hepatite B
Sim 15 5,6
Não 187 70
Informação não encontrada 65 24,3
Coinfecção por hepatite C
Sim 15 5,6
Não 187 70
Informação não encontrada 65 24,3
Coinfecção por tuberculose
Sim 29 10,5
Não 110 41,2
Informação não encontrada 128 48,3
Coinfecção por HTLV
Sim 2 0,8
Não 52 19,5
Informação não encontrada 213 79,8
Coinfecção por sífilis
Sim 44 16,5
Não 149 55,8
Informação não encontrada 74 27,7
Coinfecção por toxoplasmose
Sim 69 25,8
Não 83 31,1
Informação não encontrada 115 43,1
Coinfecção por HPV
Sim 6 2,2
Não 261 97,8
Diagnóstico de sarcoma de
Kaposi
Sim - -
Não 267 100
Diagnóstico de linfoma não-
Hodgkin
Sim - -
Não 267 100
Total 267 100
100,0%
90,0%
80,0%
70,0%
60,0%
50,0%
40,0%
30,0% 25,8%
20,0% 16,5%
10,5%
10,0% 5,6% 5,6%
0,8% 2,2%
0,0%
HBV HCV TB HTLV Sífilis Toxo HPV
Variável n %
Tratamento da coinfecção por
hepatite B
Sim 3 20
Não 2 13,3
Informação não encontrada 10 66,7
Total 15 100
Tratamento da coinfecção por
hepatite C
Sim 8 53,3
Não 5 33,3
Informação não encontrada 2 13,3
Total 15 100
Tratamento da coinfecção por
tuberculose
Sim 20 69
Não 4 13,8
Informação não encontrada 5 17,2
Total 29 100
Tratamento da coinfecção por
HTLV
Sim 1 50
Não - -
Informação não encontrada 1 50
Total 2 100
Tratamento da coinfecção por
sífilis
Sim 30 68,2
Não 2 4,5
Informação não encontrada 12 27,3
Total 44 100
Tratamento da coinfecção por
toxoplasmose
Sim 11 15,9
Não 3 4,3
Informação não encontrada 55 79,7
Total 69 100
Tratamento da coinfecção por
HPV
Sim 3 50
Não 1 16,7
Informação não encontrada 2 33,3
Total 6 100
52
100,0%
90,0%
80,0%
69,0% 68,2%
70,0%
60,0% 53,3%
50,0% 50,0%
50,0%
40,0%
30,0%
20,0%
20,0% 15,9%
10,0%
0,0%
HBV HCV TB HTLV Sífilis Toxo HPV
Variável n %
Presença de outra (s) coinfecções
(s) e/ou comorbidades
Sim 68 25,5
Não 103 38,6
Informação não encontrada 96 36
Total 267 100
Número de outras coinfecções e/ou
comorbidades
Uma 51 75
Duas 10 14,7
Três 7 10,3
Total 68 100
Identificação da
coinfecção/comorbidade
Alcoolismo 3 3,3
Anemia 1 1,1
Anemia Falciforme 1 1,1
Asma 4 4,3
Bronquite 3 3,3
Candidíase 2 2,2
Carcinoma prostático 1 1,1
Citomegalovirose 4 4,3
Depressão 23 25
Diabetes Mellitus 3 3,3
Doença pulmonar obstrutiva crônica 1 1,1
Epilepsia 1 1,1
Esquizofrenia 1 1,1
Hepatite A 1 1,1
Herpes labial 1 1,1
Herpes zoster 7 7,6
Hipertensão arterial sistêmica 14 15,2
Hipolactasia 1 1,1
Hipotireoidismo 2 2,2
Insuficiência cardíaca congestiva 3 3,3
Labirintite 1 1,1
Miomatose 1 1,1
Obesidade 2 2,2
Osteoporose 1 1,1
Parkinson 1 1,1
Pneumonia 1 1,1
Reumatismo 1 1,1
Síndrome de Stevens-Johnson 1 1,1
Sopro cardíaco 1 1,1
Transtorno afetivo bipolar 2 2,2
Transtorno do pânico 1 1,1
Varicela 2 2,2
Total 92 100
dessas pessoas (REIS et al, 2011). Estudo de Leite, et al (2007) evidenciou que 80%
dos pacientes que compunham a amostra apresentavam sintomas depressivos em
decorrência do HIV, seja pelo diagnóstico ou outros fatores estressores. Já Reis et al,
(2011), evidenciaram que 27,6% dos pacientes de sua amostra não apresentavam
sintomas depressivos. Portando é variável os casos de depressão em PVHA, porém
apresenta-se como um fator agravante, bem como recorrente.
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é, entre outras, um dos agravos
cardiovasculares consequente da própria infecção pelo HIV, e um dos fatores mais
agravantes é que, devido ao aumento da sobrevida das PVHA, as manifestações
crônicas começam a surgir ao longo da vida destas pessoas (JÚNIOR, 2009).
Observa-se que as principais causa de HAS em PVHA são o aumento sérico da taxa
de lipídios em decorrência dos efeitos colaterais dos antirretrovirais. Além dos
agravantes supracitados, outros fatores de risco devem ser levados em consideração,
como tabagismo, etilismo, história familiar de doenças cardíacas e diabetes (FRISS-
MOLLER, et al, 2003).
Em relação a herpes zoster, sabe-se que sua patogenia está diretamente
relacionada ao estado imunológico do indivíduo e, especificamente, em PVHA
(BIGBY, 2001). A incidência da herpes zoster está diretamente relacionada também,
à baixa contagem de linfócitos T CD4+, idade, episódios prévios e o não uso de TARV.
Volkweis et al (2003), evidenciou a existência média 2,5% de casos de herpes zoster
em HIV soropositivos, porém este risco triplica quando a contagem de linfócitos T
CD4+, está abaixo de 200 cél./mm³ de sangue.
A respeito da coinfecção por citomegalovírus (CMV) em relação ao HIV,
Luchetti, Porto e Moura (2015) evidenciaram que dos 88 pacientes portadores do HIV
de sua amostra, 20,5% estavam coinfectados por CMV-HIV, fazendo-se necessário o
acompanhamento médico minucioso a fim de prevenir a coinfecção e o paciente ter
uma melhor qualidade de vida, sem agravo da doença primária (HIV) já instalada
(BRASIL, 2015d).
O prontuário reúne todas as informações referentes ao atendimento de saúde
prestado a cada paciente. Essas anotações são imprescindíveis para alcançar uma
boa qualidade neste atendimento, sendo que a falta destas informações pode, de
maneira potencial, prejudicar o acompanhamento do indivíduo e, com isso, acometer
seu estado de saúde de forma negativa (CRUZ; MOURA; SANTOS, 2011).
Segundo o artigo 299 do Código Penal brasileiro:
62
7 Considerações Finais
ABBAS, A., K.; LICHTMAN, A., H.; PILLAI, S. Imunologia celular e molecular. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2011. 592 p.
______. Boletim epidemiológico: HIV AIDS. Ano 03, n. 01. Brasília: Secretaria de
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_______. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para manejo da infecção
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Disponível em <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22407622>. Acesso em 10
dez 2016.
Apêndices
Apêndice A - Instrumento de coleta de dados
12. Data do diagnóstico do HIV: data ___/___/___ / (999) IGN datadiag _____________
13. Última consulta no SAE: data ___/___/_____ / (999) IGN ultcon _________________
14. Em tratamento com TARV?
(1) Sim (2) Não (999) IGN tarv ___________________
15. Resultado do último exame de contagem de linfócitos
T CD4+/mm³: nº de células por mm³ / (999) IGN contcd ________________
16. Resultado do último exame de quantificação de carga
viral do HIV:
(1) Indetectável (2) Detectável (999) IGN carga__________________
17. Coinfecção por Hepatite B?
(1) Sim (2) Não (999) IGN hbv ___________________
18. Se está coinfectado com Hepatite B, realiza ou realizou
tratamento? (1) Sim (2) Não (999) IGN trathbv ________________
19. Coinfecção por Hepatite C?
(1) Sim (2) Não (999) IGN hcv ___________________
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27. Tratamento para coinfecção Procurar nas evoluções informações sobre o tratamento (ou
por Toxoplasmose não) da coinfecção por Toxoplasmose.
28. Coinfecção por HPV Procurar durante as evoluções o diagnóstico de HPV
e/ou:
Condiloma aculminado;
Lesão/ferida compatível/sugestiva de HPV/condiloma
aculminado.
29. Tratamento para coinfecção Procurar nas evoluções informações sobre o tratamento (ou
por HPV ou Condiloma Aculminado não) da coinfecção por HPV ou Condiloma Aculminado.
30. Sarcoma de Kaposi Procurar nas evoluções ou anexo ao prontuário,
documentos ou laudos de biópsias com diagnóstico de
Sarcoma de Kaposi;
Laudos/transferências de acompanhamento oncológico
para Sarcoma de Kaposi.
31. Tratamento para Sarcoma de Procurar nas evoluções informações sobre o tratamento (ou
Kaposi não) do Sarcoma de Kaposi (exemplo: quimioterapia).
32. Linfoma de não-Hodgkin Procurar nas evoluções ou anexo ao prontuário,
documentos ou laudos de biópsias com diagnóstico de
Linfoma de não-Hodgkin;
Laudos/transferências de acompanhamento oncológico
para Linfoma de não-Hodgkin.
33. Tratamento para Linfoma não- Procurar nas evoluções informações sobre o tratamento (ou
Hodgkin não) do Linfoma não-Hodgkin (exemplo: quimioterapia).
34. Outras (co)infecções e/ou Procurar em todo prontuário:
comorbidades (Co)infecções: quaisquer doenças infecciosas
(principalmente virais) documentadas durante qualquer
parte do prontuário, que já não tenham sido contempladas
nas questões anteriores;
b) Comorbidades: quaisquer doenças de carácter crônico
que o paciente esteja acometido (exemplos: HAS
(hipertensão), DM (diabetes), depressão, obesidade,
doenças cardíacas, asma, endometriose, cânceres, etc).
35. Número de coinfecções e/ou Quantificar no máximo 3 coinfecções e/ou comorbidades.
comorbidades
36. Nome das coinfecções e/ou comorbidades (se houverem).
37.
38.
39. Paciente foi à óbito? Geralmente ao final da última evolução (procurar no
40. Qual data do óbito? prontuário).
41. Qual motivo do óbito?
Apêndice C - Material de divulgação dos resultados, entregue ao serviço de referência para pessoas vivendo com HIV/AIDS (SAE)
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Apêndice D - Lista completa de ocupações/profissões evidenciadas nos prontuários
Aposentado 14 5,2
Do lar 43 16,1
Estudante 26 9,7
Motorista 7 2,6
Operador de 3 1,1
máquinas
Operário 1 0,4
Porteiro 2 0,7
Serviços gerais 9 3,4
Servidor público 1 0,4
Vendedor 4 1,5
Desempregado 4 1,5
Privado de 2 0,7
liberdade
________________________________
Assinatura do pesquisador responsável
Anexo D – Parecer de Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa
93
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