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Momentum

Exportar valor através do varejo

Marcos Gouvêa de Souza, diretor geral da GS&MD – Gouvêa de Souza

O Brasil tem a meta de exportar US$ 180 bilhões em 2010 e isso será feito
predominantemente através de commodities, como tradicionalmente tem ocorrido,
apesar do crescimento da participação de produtos com maior valor agregado.
Historicamente, as importações brasileiras têm significado apenas entre 8,5% e 11% do
PIB.
Ao mesmo tempo, as importações têm aumentado de forma significativa, favorecidas
pela valorização do real e pelo aumento da demanda interna, contribuindo para manter
a inflação sob controle num cenário de crescimento do consumo.
A baixa participação das exportações em relação ao PIB contribuiu para a relativa
blindagem do país durante a recente crise financeira e econômica global, que
desestabilizou muitas economias fortemente dependentes das exportações quando
houve uma retração generalizada de consumo. Mas o acaso não pode ser invocado
para justificar que uma economia como a brasileira tenha um volume de exportações
tão baixo e tão fortemente dependente das commodities, em especial agrícolas e
minerais.
Melhor seria que o país ampliasse de forma estratégica e relevante o volume e o valor
das exportações, criando mecanismos e incentivos para que a pauta crescesse com
produtos com maior valor agregado. E a proximidade de eventos como Copa do Mundo
e Olimpíadas cria o momento propício para um trabalho de base e visionário, pela
exposição mundial que o país terá. Mas nada acontecerá por acaso.
As indústrias de consumo, automobilística e tecnologia têm atuado diretamente,
contando com algum apoio do governo, através principalmente da Apex, mas um
projeto estratégico para o país deveria desenvolver programas que estimulassem mais
foco e atenção no mercado externo, apesar da situação cambial e do expressivo
aumento do consumo interno, elementos desestimuladores de esforços para
exportação.
E para compensar essa situação atual, a única forma seria uma política agressiva de
incentivos focada no longo prazo, em especial considerando as oportunidades que se
apresentam.
Os investimentos diretos brasileiros no exterior (IBDE) têm crescido, atingindo US$ 8
bilhões no primeiro semestre deste ano, por conta da postura ambiciosa de
empresários que ampliam sua visão de negócios no mercado global, em especial nas
áreas de serviços, engenharia e construção.
A conjugação de estímulos adicionais para o investimento externo brasileiro e o esforço
de incentivo às exportações poderiam criar um cenário virtuoso para o Brasil melhor
aproveitar o que o acaso construiu, tornando irreversível o crescimento e a expansão
autossustentáveis, complementando os benefícios da expansão do mercado interno.
Uma das formas de ampliar significativamente o valor agregado às exportações
brasileiras seria a criação de incentivos que permitissem ao varejo brasileiro, mesmo
num momento de expansão do consumo interno, também investir na criação de redes
internacionais que contribuíssem para levar ao mercado externo produtos com marca,
conceito e posicionamento. E que pudessem se beneficiar dos ventos a favor que vão
valorizar a Marca Brasil.
Esse esforço já vem sendo realizado na área de franquias, com empenho e projeto da
Associação Brasileira de Franchising (ABF) e resultados significativos sendo colhidos,
demonstrando que ambição e competência na gestão de recursos geram resultados.
Mas a oportunidade é muito maior e poderia incorporar todo o varejo.
Não é uma alternativa simples.
Nesse momento todo o foco do varejo está na aceleração da expansão e dos negócios
no próprio país, com aumento do número e formato de lojas; desenvolvimento de
canais digitais; melhor infraestrutura para suportar esse crescimento; e melhor logística
e aumento das compras externas para levar mais e melhores produtos a preços mais
competitivos. Imaginar que, naturalmente, as empresas venham a dividir o foco para
pensar no mercado externo é rigorosamente improvável. No entanto, seria importante
para um projeto estratégico de longo prazo.
E só uma visão estratégica e estruturada, com começo, meio e fim; e, principalmente,
com credibilidade e incentivos relevantes, conseguiria essa proeza. Seria pensar
grande demais?

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