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PROMOTORIA DE JUSTIÇA
É no futuro de uma criança que repousa uma nação. Ninguém constrói uma
criança. É no processo de existir que ela soma descobertas, experiências e
emoções. Tijolo a tijolo, faz a sua vida. Existimos apenas para ajudar nesse
processo. Pais, parentes, amigos, Estado, sociedade, professores e
autoridades.
Honrado Juiz,
A parte requerente, o menor, representado por seu pai, alega que seu pai
registral manteve relacionamento amoroso com a mãe do mesmo, sendo que esta
engravidou e o fez acreditar que seria o pai do menor, razão pela qual o registrou como
filho.
Com o passar do tempo o pai registral teve dúvidas acerca de sua paternidade
com relação ao requerente, efetuando um exame de DNA com resultado negativo.
Deste modo, procurando pelo pai biológico do menor, descobriu que o Sr.
__________________ – requerido também nestes autos quanto à investigação de
2
Destaca, que desde 2009 não sabe do paradeiro da genitora do menor, sendo que
a mesma deixou o filho, ora requerente, em sua responsabilidade. Alega que não
mantém nenhum contato com a mãe do menor, tampouco com seus familiares.
1
Calamandrei, Piero. “Eles, os juízes, vistos por nós, os advogados”.
4
CUSTOS LEGIS.
2
STJ – Resp 67278 / SP - Rel. Ministro EDUARDO RIBEIRO - DJ 17/12/1999 p. 350 – (trecho do
inteiro teor do voto).
5
Entretanto, destaca-se que o menor conta hoje com 9 anos de idade, sendo que
em meados de 2009 a genitora do mesmo o entregou ao pai registral e não mais deu
notícias de seu paradeiro. Ressalta-se ainda que o menor e o seu pai registral, moram na
mesma residência conforme se infere da inicial, formando uma entidade familiar.
Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery em sua obra “Código Civil
Comentado” explicam:
6
Continuam asseverando:
É dever dos pais, em igualdade de condições entre pai e mãe, assistir, criar e
educar os filhos menores (CF 229). O poder familiar é o conjunto de
direitos e deveres que o Estado comete aos pais como munus público, de
velar pela pessoa e bens de seus filhos menores. Os pais têm de zelar pela
formação moral, material e intelectual dos filhos, criando-os em ambiente
sadio. 3
Os menores de dezesseis anos não têm capacidade para exercer os atos da vida
civil, pois se presume que não têm capacidade de entender os fatos, sendo
absolutamente incapazes, conforme determina o art. 3º, I, do Código Civil e o art. 142,
do Estatuto da Criança e do Adolescente.
3
Nery Junior, Nelson. Nery, Rosa Maria de Andrade. “Código Civil Comentado”. 8ª edição.
7
A criança, além dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, hoje goza
de todos os meios de proteções previstos ou não em lei, conforme assevera o art. 3º, do
Estatuto da Criança e do Adolescente.
5
Costa, Tarcísio José Martins. “Estatuto da Criança e do adolescente comentado” – 2004.
6
Dias, Maria Berenice. “Manual de Direito das Famílias” – 4ª Edição.
9
7
Ishida, Valter Kenji. “Estatuto da Criança e do Adolescente – Doutrina e Jurisprudência”. 11ª Edição.
8
Vercelone, Paolo – Juiz de Direito na Itália – “Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado –
Comentários Jurídicos e Sociais – 8ª edição – Coordenador: Munir Cury.”
10
In casu, o menor, ora requerente, conta com nove anos. Como sua genitora
encontra-se em local incerto e não sabido, o exercício do poder familiar, enquanto tal
situação permanecer, é exclusivo de seu pai registral, seu representante legal.
Agindo desta forma, o pai registral do requerente adotou conduta com resquícios
da antiguidade, com o intuito de abandonar afetivamente um menor que reside em sua
companhia e por si registrado, em razão de frustação pessoal ao descobrir que seu
relacionamento com a genitora do mesmo não era ‘exclusivo’. Um inocente está sendo
sacrificado por mero capricho e sabe-se que o mal provocado a uma criança é
irreversível, pois nunca existirá qualquer recompensa para os males sofridos na infância.
Sobre a questão trazemos o ensinamento de Paulo Luiz Netto Lobo citado por
Silvio de Salvo Venosa in Direito Civil, v. VI, Atlas, 6ª edição, p. 239:
9
CASTRO, José Maria Ferreira de. Deus e Obama – artigo jurídico no site
www.barbacenaonline.com.br, acesso em 23/05/2013.
13
No presente caso, verifica-se a falta de uma das condições da ação, qual seja, o
interesse processual, que é composto pelo binômio utilidade/necessidade do provimento
jurisdicional.
10
DIDIER, Fredie Jr., Curso de Direito Processual Civil – Teoria Geral do Processo e Processo de
Conhecimento, 12ª Edição.
11
TUCCI, José Rogério Cruz e. A causa petendi no direito processual civil brasileiro, cit., p. 173.
12
LIEBMAN, Enrico Tullio. Manual de Direito Processual Civil. 2 Ed. Rio de Janeiro: Forense, 1986, v.
1, p. 155.
13
NELSON NERY JÚNIOR - RT 42/201
14
jurisdicional).15
14
Humberto Theodoro Júnior, Curso de Direito Processual Civil, vol I, pág.59.
15
DINAMARCO, Cândido Rangel. Execução Civil. 7 ed. São Paulo: Malheiros Ed., 2000, p. 402.
15
O requerente, hoje com 09 anos de idade, poderá nos quatro anos que seguir a
sua maioridade, impugnar o reconhecimento conforme inteligência do art. 1614, do
Código Civil, in verbis:
Art. 1614. O filho maior não pode ser reconhecido sem o seu
consentimento, e o menor pode impugnar o reconhecimento, nos 4 (quatro)
10 de junho de 2013.
Promotor de Justiça