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Introdução
1
BAUMAN, Zygmunt. Fronteiras do pensamento. Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=cHJQMP6qhSo
2
HABERMAS, Jürgen. Direito e democracia: entre faticidade e validade. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro,
1997. v. 2, p. 118.
[...] o Estado de Direito Democrático não se apresenta como uma
configuração pronta, e sim, como um empreendimento arriscado,
delicado e, especialmente, falível e carente de revisão, o qual tende a
reutilizar, em circunstâncias precárias, o sistema de direitos, o que
equivale a interpretá-los melhor e a institucionalizá-los de modo mais
apropriado e a esgotar de modo mais radical o seu conteúdo.
O mundo pós-Zuckerberg
Ao tema das relações políticas foi introduzida uma nova questão, a saber,
a globalização, interferindo nas relações políticas entre os Estados, colocando a
legitimidade e a democracia diante de uma nova conjuntura. A crise do Estado moderno
torna imprescindível a modificação das regras do Estado de Direito e das políticas
sociais que o integram. A flexibilização, segundo Genro9, atende, portanto, as
necessidades criadas pela revolução nas forças produtivas: a sociedade informática, a
revolução da inteligência artificial e a informação, como elementos fundamentais de
valorização do capital. Como é possível observar, o tema da legitimidade como
pressuposto da democracia, nos exatos termos referidos por Bercholc 10, permanece
atual:
7
IGLESIAS, Fernando A. Globalizar la democracia. Buenos Aires: Ediciones Manantial, 2006, p. 15.
8
VIGEVANI, Tullo. Apud, DOWBOR, Ladislau. IANNI, Octavio. RESENDE, Paulo Edgar A. (Orgs.). Desafios
da Globalização, Petrópolis: Editora Vozes, 3ª ed., 2000, p. 294.
9
GENRO, Tarso. Crise da Democracia: Direito, Democracia Direta e Neoliberalismo na Ordem Global,
Petrópolis: Editora Vozes, 2002, p. 85.
10
BERCHOLC, Jorge O. Temas de Teoría Del Estado, Buenos Aires: La Ley, 2003, p. 51.
desde la administración del Estado, en grado tal que permita la
implementación de las decisiones y que las mismas sean acatadas sin
necesidad o con la aplicación mínima necesaria a efectos del
acatamiento, del poder de coerción que monopoliza el Estado.
11
IANNI, OTÁVIO. La Era Del Globalismo, México, D.F., Siglo XXI Editores, 1999, p. 187.
12
BERCOVICI, Gilberto. A Constituição e o Papel do Estado no Domínio Econômico: Do Estado Liberal ao
Estado Social, p. 3, artigo disponível na internet em: http://www.2hpg.ig.com.br/publicidade
portanto, apresenta-se como instrumento legitimador das ações do Estado, constituindo
“expressão da política geral do Estado” e, nesse aspecto, comprometido
axiologicamente, tanto pela ideologia constitucional, como pela busca da transformação
do status quo econômico e social.
13
SCHNEIDER, apud BERCOVICI, 2004, p. 4.
é o Brasil, mas, ao mesmo tempo, é igualmente verdadeiro que esse tipo de federalismo
concorre para a dispersão do poder em um sistema político já fragmentado.
14
ESPONOSA, Manuel Jose Cepeda. Las Democracias: Entre el Derecho Constitucional y la Política.
Bogotá: TM Editores, 1ª ed., 1997, p. 214/217.
15
TOCQUEVILLE, Alexis de. Apud, AMARAL, Diogo Freitas do. Ciência Política, vol. II, Lisboa: 1991, p. 239
perigoso. E preconiza como forma de evitar o despotismo das massas
dentro de uma sociedade democrática as seguintes medidas: primeiro,
a descentralização; segundo, a limitação do papel do Estado na vida
colectiva; terceiro, a participação dos cidadãos no exercício do poder
político; quarto, a solidariedade social; e quinto, a contenção do
intervencionismo econômico.
16
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional, São Paulo, Malheiros Editores, 13ª ed., 2003, p.
379.
17
BUCCI, Maria Paula Dallari. Direito Administrativo e Políticas Públicas. São Paulo: Editora Saraiva,
2002, p. 247.
18
BERCOVICI, Gilberto. GRAU, Eros Roberto. FILHO, Willis Santiago Guerra. (Orgs.). São Paulo: editora
Malheiros, 2003, p. 77.
Pode-se dizer, por conseguinte, que federalismo cooperativo e Estado
Social têm em comum o objetivo de promover a igualdade de condições sociais e de
vida dos cidadãos e a redução das desigualdades sócio-econômicas, em consonância
com as disposições constantes do art. 3º, da Constituição Federal de 1988. Tal
pressuposto só se cumprirá, entretanto, se os entes federados detiverem capacidade
política e econômica para realizar suas atribuições.
19
SELCHER, Wayne A. Apud, RAMOS, Dircêo Torrecillas. O Federalismo Assimétrico, Rio de Janeiro:
Editora Forense, 2ª ed., 2000, p. 178.
20
MAINWARING, Scott. SHUGART, Matthew Shugart. Presidencialismo y democracia en América Latina,
Buenos Aires: Paidós, 1ª ed., 2002, p. 65/66.
reformas sutanciales es en Brasil más difícil que en muchos otros
sistemas presidencialistas.
22
MONTE-MÓR, Roberto Luis. As teorias urbanas e o planejamento urbano no Brasil. Disponível em:
<http://www.ufpa.br/epdir/images/docs/paper35.pdf> Acesso em: 22 mar. 2012.
23
CORREIA, Fernando Alves. O plano urbanístico e o princípio da igualdade. Coimbra: Almedina, 2001, p.
24
FRIEDMAN, John. Planificación para el siglo XXI: El desafio del posmodernismo. Revista EURE,
Santiago, v. XVIII, n. 55, 1992.
desígnio ideológico, mediante a completa reorganização de setores industriais, tanto em
aspectos técnicos como geográficos – aludindo-se pela primeira a “fontes globais” e
“cidades globais”. Vale ressaltar que o paradigma das cidades globais foi tratado por
Saskia Sassen25, que identificou inicialmente Nova York, Londres e Tóquio como as
três cidades globais com maior percentagem de transações globais. A citada autora
salienta em diferente estudo que enquanto as cidades globais acumulam imensas
concentrações de poder econômico, as cidades que simplesmente exerciam atividades
manufatureiras enfrentam declínios imensuráveis. Acresce que as indústrias mal
conseguem sobreviver e que os serviços financeiros geram lucros volumosos. Outro
aspecto importante destacado no aludido estudo se refere ao fato de que as grandes
cidades emergiram como locais estratégicos tanto para a transnacionalização do trabalho
quanto para a formação de identidades transnacionais, formando, portanto, um local
para outros tipos de políticas, inclusive políticas transnacionais.
25
SASSEN, Saskia. Elementos teóricos y metodológicos para el estúdio de la ciudad global. La ciudad
construída: urbanismo em America Latina. Ecuador: FLACSO, 2001.
26
GOMES, Marcos Correia. O plano diretor de desenvolvimento urbano após o Estatuto da Cidade.
Disponível em: <http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/9/docs/doutrinaparcel_11.pdf> Acesso em: 22
mar. 2012.
27
LAMARÃO, Patrícia. O princípio da lealdade federativa como cláusula geral nas relações federativas.
Disponível em: <http://www.osconstitucionalistas.com.br/o-principio-da-lealdade-federativa-como-
clausula-geral-nas-relacoes-federativas> Acesso em: 22 mar. 2012.
Direito constitucional não escrito no Estado federal monárquico, em
homenagem a Otto Mayer, 1916, p. 247 et seq.).
28
MERLIN, Meigla Maria Araújo. O município e o federalismo: a participação na construção da
democracia. Belo Horizonte: Mandamentos, 2004, p. 227.
29
LLORENS, Francisco Albuquerque. Desenvolvimento econômico local: caminhos e desafios para a
construção de uma nova agenda política. Rio de Janeiro: BNDES, 2001.
segundo Martins30, representa uma via de mão dupla para o poder, tendo em vista que,
por um lado, assegura ao seu detentor a autoridade necessária para executar as tarefas
que lhe foram atribuídas, e, por outro lado, impede-o de realizar atribuições que não lhe
são próprias. Eis aí o sentido de federação e a finalidade do princípio da lealdade
federativa.
30
MARTINS, Cristiano Franco. Princípio Federativo e Mudança Constitucional: Limites e Possibilidades na
Constituição Brasileira de 1988. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2003, p. 74.
31
BINENBOJM, Gustavo. Uma teoria do direito administrativo: Direitos fundamentais, democracia e
constitucionalização. Rio de Janeiro: Renovar, 2008, p. 125.
32
ALMEIDA FILHO, Agassiz. Constituição e Estado constitucional: ruptura ou continuidade dos
paradigmas liberais? In: ALMEIDA FILHO, Agassiz; PINTO FILHO, Francisco Bilac Moreira (Org.).
Constitucionalismo e Estado. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 17.
de ser a principal e mais importante forma de manifestação da vontade geral; iv) assiste-
se, atualmente, a criação de atos normativos infraconstitucionais capazes de
fundamentar a atuação da administração pública, enquadrando-se no que a doutrina
chama de deslegalização; v) outra razão da crise da legalidade liberal decorre do fato de
que o Executivo exerce forte controle sobre o Legislativo.
Como visto, são várias as causas que levaram ao desprestígio da lei. Não
é possível deixar de reconhecer que a multiplicação de instrumentos normativos
comprometeu a credibilidade e a força normativa do princípio da legalidade, hoje
superado pelo constitucionalismo. Contudo, Rodrigo Stumpf González33 observa que
a distância entre lei e realidade não deve ser um motivo para destruir a lei, mas
sim um elemento de análise na avaliação de sua efetividade. Não se quer com isto
negar que o constitucionalismo ressalta o valor do princípio democrático, haja vista que
obriga a observância e o cumprimento das normas e princípios constitucionais. O que se
quer registrar com base exatamente no constitucionalismo é que a autonomia municipal,
além de salutar para o fortalecimento da democracia, é uma garantia estabelecida pela
Constituição de 1988 em favor dos munícipes, guardando coerência com o ideal
democrático e com o arranjo federativo estatuído no texto constitucional.
35
MIRAGEM, Bruno. A nova administração pública e o direito administrativo. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2011, p.49.
No âmbito do Ministério Público, a Lei nº 8.625, de 12/02/1993 (Lei
Orgânica Nacional do Ministério Público, que dispõe sobre normas gerais para a
organização do Ministério Público, entre outras providências), quando trata das funções
gerais da Instituição, determina ao “Parquet”, entre outras medidas necessárias à defesa
dos direitos assegurados nas Constituições Federal e Estadual, que promova audiências
públicas, conforme previsão do art. 27, parágrafo único, IV.
36
SOARES, Evanna. A audiência pública no processo administrativo. Disponível em:
<http://jus.com.br/revista/texto/3145. Publicado em 08/2002>. Acesso em: 22 mar. 2012. A audiência
pública mereceu detalhamento na Resolução CONAMA nº 009, de 03/12/1987, publicada no DJU
somente em 05/7/1990 (57), a qual disciplina a finalidade, iniciativa, prazos e procedimento da
audiência pública em matéria ambiental. Nesse contexto, a finalidade da audiência pública é “expor aos
interessados o conteúdo do produto em análise e do seu referido RIMA, dirimindo dúvidas e recolhendo
dos presentes críticas e sugestões a respeito” (art. 1º da Resolução nº 009). Nos termos do art. 2º,
“caput”, dessa Resolução, a audiência pública deverá ocorrer quando for julgada necessária pelo órgão
competente para outorga da licença ambiental, ou mediante solicitação de entidade civil, do Ministério
Público ou de 50 ou mais cidadãos. Para abrir a oportunidade de manifestação da entidade civil, do
Ministério Público ou dos cidadãos, o órgão competente de meio ambiente deve veicular edital na
imprensa local abrindo prazo de 45 dias, pelo menos, em que poderá ser postulada a realização da
audiência pública (art. 2º, §1º, dessa Resolução).
semelhante em seu art. 4º, §3º. A Lei nº 9.478, de 1997 (agências reguladoras) que
“dispõe sobre a política energética nacional, as atividades relativas ao monopólio do
petróleo” e, entre outras providências, instituiu em seu art. 2º o Conselho Nacional de
Política Energética e em seu art. 7º a Agência Nacional do Petróleo, preceitua em seu
art. 19 que “as iniciativas de projetos de lei ou de alteração de normas administrativas
que impliquem afetação de direito dos agentes econômicos ou de consumidores e
usuários de bens e serviços da indústria do petróleo serão precedidas de audiência
pública convocada e dirigida pela ANP”.
37
FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Estatuto da Cidade comentado. 2. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2005, p. 114.
Contudo, não obstante o controle social constitua importante instrumento
para a construção da democracia, existem barreiras a serem superadas, conforme
ressalta Pedro Jacobi38, haja vista que o enfrentamento do patrimonialismo político é
tarefa complexa e demorada e o desafio que se coloca é construir novos hábitos,
neutralizar o clientelismo e aproximar o cidadão do processo decisório. Por outro lado,
como parte desse desafio, entende-se indispensável pôr em prática processos de escolha
com base na meritocracia, em especial no âmbito da administração pública, por meio da
realização de concursos públicos, visando sanar o déficit de pessoal técnico capacitado e
treinado para as atividades de gestão, por exemplo, para que possam transformar em
linguagem simples e acessível ao cidadão, informações técnicas relacionadas a
orçamento público, prestação de contas e outras tantas consideradas relevantes.
38
JACOBI, Pedro Roberto. Participação, cidadania e descentralização: alcances e limites da engenharia
institucional. In: SOUSA, Donaldo Bello (Org.). Conselhos municipais e controle social da educação:
descentralização, participação e cidadania. São Paulo: Xamã, 2008, p. 122.
39
CALDERÓN, Adolfo Ignacio. Conselhos municipais: representação, cooptação e modernização da
política patrimonialista. In: SOUSA, Donaldo Bello (Org.). Conselhos municipais e controle social da
educação: descentralização, participação e cidadania. São Paulo: Xamã, 2008, p. 184.
Municipal de Desenvolvimento Urbano, conforme previsão constante do art. 321 da Lei
Complementar municipal nº 062/2009, do Plano Diretor Participativo. Estes conselhos
são de suma importância para garantir condições de desenvolvimento sustentável para a
cidade, podendo contar com informações oriundas de um Estudo de Impacto de
Vizinhança, instrumento urbanístico previsto no Estatuto da Cidade e inserido na
legislação local, porém, sem regulamentação até o presente momento. A ausência de
regulamentação de instrumentos urbanísticos não deixa de constituir uma barreira, um
entrave à participação.
40
PERONI, Vera Maria Vidal. Conselhos municipais em tempos de redefinição do conceito de
democracia. In: SOUSA, Donaldo Bello (Org.). Conselhos municipais e controle social da educação:
descentralização, participação e cidadania. São Paulo: Xamã, 2008, p. 202.
41
TEIXEIRA, Elenaldo Celso. O local e o global: limites e desafios da participação cidadã. São Paulo:
Cortez, 2001, p. 32-33.
42
SANTOS JÚNIOR, Orlando Alves dos. Democracia, desigualdades e governança local: dilemas da
reforma municipal no Brasil. Cadernos Metrópole, n. 8, p. 87-103, 2º sem. 2002. Disponível em:
<http://www.cadernosmetropole.net> Acesso em: 22 mar. 2012.
um espaço de discussão e tomada de decisões. Contudo, não garante o exercício da
cidadania nem da democracia.
Conclusão
REFERÊNCIAS