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1.

MÉTODOS DE OBTENÇÃO DO COEFICIENTE DE REAÇÃO VERTICAL


DO SOLO

Para a definição das constantes de molas que representarão o solo, é necessária a


obtenção do coeficiente de reação vertical (kv), também denominado módulo de reação
vertical ou coeficiente de recalque. Tal grandeza nada mais é do que a relação entre a
pressão aplicada no solo (σ) e o respectivo recalque (ρ) (Equação 1).

(1)

O coeficiente de reação vertical pode ser avaliado por meio de três métodos:
• Valores padronizados (tabelados);
• Ensaio de placa;
• Previsão do recalque estimado.

1.1 Valores padronizados (tabelados)

Na falta de ensaios realizados no maciço de solo sobre o qual será construída a obra, é
possível avaliar o coeficiente de reação vertical a partir de tabelas que apresentam valores
típicos e/ou padronizados. Tais tabelas são encontradas na bibliografia especializada.

Tabela 1 - Valores de coeficiente de reação vertical (kv)placa (em kN/m3) definidos em ensaio de placa
quadrada de 0,30 m de lado, de acordo com Terzaghi (1955).
Argilas Rija Muito Rija Dura
qu (MPa) 0,1 a 0,2 0,2 a 0,4 > 0,4
Faixa de valores 16.000 a 32.000 32.000 a 64.000 > 64.000
Valor proposto 24.000 48.000 96.000
Mediamente
Areias Fofas Compacta
Compacta
Faixa de valores 6.000 a 19.000 19.000 a 96.000 96.000 a 320.000
Areia acima NA 13.000 42.000 160.000
Areia submersa 8.000 26.000 96.000
qu corresponde à resistência à compressão não-drenada. Os resultados foram determinados por
meio de ensaios de placa, de tal modo que necessitam de correção em função da forma e
dimensão da sapata.
A Tabela 1 contém os valores padronizados, sugeridos por Terzaghi (1955), para
diferentes características de solos. A Tabela 2, apresentada no manual CAD/TQS (2006),
tem como base as referências Calavera (2000) e Bowles (1997). Ambas as tabelas foram
elaboradas a partir de resultados obtidos de ensaios de placa quadrada com 30 cm de lado.
É importante frisar que os valores das Tabelas 1 e 2 (definidos em ensaios de placa)
precisam ser corrigidos em função das dimensões e da forma da fundação real (sapata ou
radier). Tal correção pode ser feita com o uso das Equações 2 ou 3, ou ainda, com a
Equação 4.

Tabela 2 - Valores de coeficiente de reação vertical (kv)placa (em kN/m3) obtidos em ensaio de placa
quadrada de 0,30 m de lado - Calavera (2000) e Bowles (1997).
Tipo de solo (kv)placa
Areia fina de praia 10.000 – 15.000
Areia fofa seca úmida 10.000 – 30.000
Areia média seca úmida 30.000 – 90.000
Areia compacta seca úmida 90.000 – 200.000
Areia pedregulhosa fofa 40.000 – 80.000
Areia pedregulhosa fofa 90.000 – 250.000
Pedregulho arenoso fofo 70.000 – 120.000
Pedregulho arenoso compacto 120.000 – 300.000
Rochas brandas ou alteradas (saprófitos) 300.000 – 5.000.000

Tabela 3 - Estados de compacidade e de consistência, segundo a NBR 6484 (ABNT, 2001).


A Tabela 3 permite a classificação do solo de acordo com a compacidade (areias) ou
consistência (argilas) segundo a NBR 6484 (ABNT, 2001).

1.2 Ensaios de placa

É possível avaliar o coeficiente de reação vertical do solo a partir de ensaios de placa.


Entretanto, é necessária uma correção do coeficiente de reação vertical obtido no ensaio de
placa, a fim de considerar as dimensões e a forma que a fundação real apresentará.
Conforme consta no manual CAD/TQS (2006), as correções fornecidas por Terzaghi (1955)
são indicadas nas Equações 2 e 3.
• Para areias
2
⎛ B + 0,30 ⎞
kv = ⎜ ⎟ .(k v )placa (2)
⎝ 2B ⎠

• Para argilas

⎛ 0,30 ⎞
kv = ⎜ ⎟.(k v )placa (3)
⎝ B ⎠
Onde:
kv é o coeficiente de reação vertical a ser utilizado na análise da fundação real;
(kv)placa é o coeficiente de reação vertical obtidos do ensaio de placa;
B é a largura (menor dimensão) da fundação, em metros.

Outra forma prática de corrigir os valores obtidos do ensaio de placa é a utilização da


expressão proposta pelo American Concrete Institute - ACI 336.2R-88 (Reapproved 2002).

n
⎛b⎞
k v = ⎜ ⎟ .(k v )placa (4)
⎝B⎠
Onde:
b é a menor dimensão da placa;
B é a menor dimensão da fundação;
n é um coeficiente que varia entre 0,5 e 0,7.
1.3 Previsão do recalque estimado

A previsão do recalque imediato com formulações baseadas na Teoria da Elasticidade


é bastante utilizada em projetos de fundações superficiais. Existem na bibliografia
especializada expressões específicas para o cálculo do recalque em areias e argilas. Obtido
o recalque, aplica-se a Equação 1 para a obtenção do coeficiente de reação vertical.
Uma das maneiras mais práticas de avaliar o coeficiente de reação vertical é pelo
cálculo do recalque elástico assumindo o solo como meio homogêneo e semi-infinito, com
módulo de elasticidade e coeficiente de Poisson constantes. Pode-se demonstrar, a partir do
cálculo desse recalque, que:

(5)

Onde:
E é o módulo de elasticidade do solo (vide Tabela 4 ou Tabelas 7 e 8);
ν é o coeficiente de Poisson do solo (vide Tabela 5 ou Tabela 9);
B é a menor dimensão da fundação superficial;
I é o fator de influência (forma) da fundação superficial, que depende da forma da mesma
(vide Tabela 6).

Tabela 4 - Parâmetros médios do solo (Joppert Junior, 2007).


Tipo de solo Faixa de STP Módulo de Elasticidade (E) (tf/m2)
0–4 2.000 – 5.000
5–8 4.000 – 8.000
Areia pouco siltosa/
9 – 18 5.000 – 10.000
pouco arenosa
19 – 41 8.000 – 15.000
≥ 41 16.000 – 20.000
0–4 2.000
Areia média e fina muito 5–8 4.000
argilosa 9 – 18 5.000
19 – 41 10.000
0–2 200 – 500
Argila porosa vermelha e 3–5 500 – 1.000
amarela 6 – 10 1.000 – 2.000
≥ 10 2.000 – 3.000
Tabela 4 - Parâmetros médios do solo (Joppert Junior, 2007) (Continuação)
Tipo de solo Faixa de STP Módulo de Elasticidade (E) (tf/m2)
0–2 100
3–5 100 – 250
Argila siltosa pouco 6 – 10 250 – 500
arenosa (terciário) 11 – 19 500 – 1.000
20 – 30 3.000 – 10.000
≥ 30 10.000 – 15.000
0–2 500
3–5 500 – 1.500
Argila arenosa pouco
6 – 10 1.500 – 2.000
siltosa
11 – 19 2.000 – 3.500
≥ 20 3.500 – 5.000
Turfa/argila orgânica 0–1 40 – 100
(quaternário) 2–5 100 – 150
5–8 8.000
Silte arenoso pouco 9 – 18 10.000
argiloso (residual) 19 – 41 15.000
≥ 41 20.000

Tabela 5 - Coeficiente de Poisson dos solos (Joppert Junior, 2007).


Solo Coeficiente de Poisson (ν)
Argila saturada 0,50
Argila não-saturada 0,30
Areia 0,35
Silte 0,30

Tabela 6 - Fator de forma (Joppert Junior, 2007).


Forma Circular Quadrada L/B = 2 L/B = 5 L/B = 10
Fator de forma (I) 0,85 0,95 1,30 1,83 2,20
Onde: L/B é a relação entre a maior e a menor dimensão da base da fundação superficial.

As Tabelas 4 a 5 foram retiradas de Joppert Junior (2007) para a determinação do


módulo de elasticidade (E) e do coeficiente de Poisson (ν). É possível obter tais parâmetros
com propostas de outros autores.
O módulo de elasticidade (E) pode ser obtido com correlações com o índice de
resistência à penetração da sondagem SPT, conforme proposto por Teixeira e Godoy (1996)
na Equação 6.

E = α.K.N (6)

Onde:
N é o índice de resistência à penetração da sondagem SPT;
α e K são obtidos a partir das tabelas 7 e 8, respectivamente.

Tabela 7 - Coeficiente α (Teixeira e Godoy, 1996).


Solo α
Areia 3
Silte 5
Argila 7

Tabela 8 - Coeficiente K (Teixeira e Godoy, 1996).


Solo K (MPa)
Areia com pedregulhos 1,1
Areia 0,9
Areia siltosa 0,7
Areia argilosa 0,55
Silte arenoso 0,45
Silte 0,35
Argila arenosa 0,3
Silte argiloso 0,25
Argila siltosa 0,2

Para a avaliação do coeficiente de Poisson (ν), Teixeira e Godoy (1996) propõem os


valores contidos na Tabela 9.
Evidentemente o solo possui camadas com espessuras distintas. Para uma avaliação
bastante simplificada, segundo Cintra et al. (2003), usa-se uma média ponderada dos valores
do módulo de elasticidade, onde a ponderação é feita em função da espessura de cada
camada. Entretanto, para uma avaliação mais precisa, é necessário empregar métodos de
previsão de recalques que considerem a estratificação (camadas) do solo e a espessura
(finita) de cada camada. Alguns desses métodos são descritos em Cintra et al. (2003).

Tabela 9 - Coeficiente de Poisson (Teixeira e Godoy, 1996).


Solo ν
Areia pouco compacta 0,2
Areia compacta 0,4
Silte 0,3 – 0,5
Argila saturada 0,4 – 0,5
Argila não saturada 0,1 – 0,3

2. SUGESTÕES DE PROCEDIMENTOS PARA A OBTENÇÃO DO


COEFICIENTE DE REAÇÃO VERTICAL A PARTIR DO ENSAIO SPT

2.1 Empregando valores padronizados (tabelados)

1. Pelo resultado do ensaio SPT, classificar o solo de acordo com a compacidade (areias)
ou consistência (argilas), segundo a NBR 6484 (ABNT, 2001) – vide Tabela 3.
2. Em seguida, entrar na Tabela 1 sugerida por Terzaghi (1955) e, de acordo com a
compacidade ou consistência do solo, obter o valor mais adequado de (kv)placa.
3. Depois, aplicar a Equação apropriada para corrigir o valor de (kv)placa em função das
dimensões reais da fundação (Equação 2, 3 ou 4), obtendo-se assim o valor de kv que
será utilizado no projeto da fundação.
Para uma camada espessa de solo, sugere-se fazer uma média aritmética dos valores
de N dentro daquela camada, na região localizada entre a cota de apoio da fundação e a
profundidade de 3B a partir desta (fim do bulbo de pressão, sendo B a menor dimensão em
planta da fundação). Utilizar este valor de Nmed para classificar o solo, obter (kv)placa e calcular
kv da fundação real.
Se no caso anterior o solo for caracterizado como uma mistura de dois tipos, calcular os
valores de kv para a areia e para a argila, e fazer a média aritmética entre os dois valores
obtidos (vide manual do CYPECAD).
Para solos estratificados (mais de uma camada), sugere-se:
1. Fazer média aritmética dos valores de N dentro de cada camada.
2. Classificar cada camada com o Nmed.
3. Achar os respectivos valores de (kv)placa e kv.
4. Realizar uma média ponderada, pela espessura das camadas, desses valores de kv
para obter o definitivo.

2.2 Empregando método de previsão de recalques

Para aplicar a Equação 5 em solos estratificados, sugere-se fazer uma média


ponderada dos módulos de elasticidade das diversas camadas para obter o módulo de
elasticidade do solo supostamente equivalente (homogêneo e semi-infinito). A ponderação
referida é em função da espessura de cada camada.
Se for escolhido um método de previsão de recalques que contemple a existência de
diferentes camadas no solo, a ponderação anteriormente mencionada não é necessária.

3. EXEMPLO NUMÉRICO DE AVALIAÇÃO DO COEFICIENTE DE REAÇÃO


VERTICAL

O perfil de sondagem SPT da Figura 1 foi retirado do trabalho de Antoniazzi (2011), no


qual foi abordado a deformabilidade do solo em edifícios com fundações superficiais.
Neste caso, a título de exemplo, será utilizado um radier como fundação superficial,
com dimensões em planta de 11,0 m x 19,0 m. O radier ficará assentado sobre a cota 0,0 m.

Cota N SPT
0,0m
14

11

14
Argila arenosa, cor variegada, plástica,
14 consistência média à rija

17

13

-7,0m 14
Areia média muito pouco argilosa, cor cinza escuro,
-8,0m 12
friável, compacidade medianamente compacta
12
Argila arenosa com silte, cor variegada, pouco
22
plástica, consistência rija à dura
-11,0m 28

Figura 1 - Perfil de sondagem SPT do solo do exemplo numérico.


Neste exemplo, o coeficiente de reação vertical será avaliado por dois métodos:
1. A partir de valores padronizados definidos em ensaio de placa:
Observando-se o perfil de sondagem do solo, uma classificação “geral” para o mesmo
seria uma argila de consistência média à dura. Utilizando-se os valores padronizados da
Tabela 1, um limite superior para o coeficiente de reação vertical seria:
(k v )placa = 16000 kN / m3

Esse valor deve ser corrigido em função das dimensões reais da fundação. Utilizando-
se a Equação 4 proposta pelo ACI 336.2R-88, com n=0,5, tem-se que:
n
⎛b⎞
k v = ⎜ ⎟ .(k v )placa
⎝B⎠
0,5
⎛ 0,30 ⎞
kv = ⎜ ⎟ × 16000 = 2642kN / m3
⎝ 11,0 ⎠

2. A partir do recalque vertical previsto pela teoria da Elasticidade, assumindo-se o solo


semi-infinito e homogêneo.
Como se possuem resultados de sondagem SPT, pode-se fazer uma avaliação
levando-se em conta as diferentes camadas de solo. Assim, tomando-se os valores
recomendados na Tabela 3:
Entre a cota 0,0 m e -7,0 m (argila arenosa):
SPTmédio ≈ 14 E = 2500 tf/m2 = 25000 kN/m2

Entre a cota -7,0 m e -8,0 m (areia média):


SPT = 12 E = 5000 tf/m2 = 50000 kN/m2

Entre a cota -8,0 m e -11,0 m (argila arenosa com silte):


SPTmédio ≈ 22 E = 4000 tf/m2 = 40000 kN/m2

Pode-se optar por uma média ponderada dos valores dos módulos de elasticidade
para que a mesma represente um maciço de solo equivalente e homogêneo. A ponderação
pode levar em conta a espessura de cada camada.
25000 × 7,0 + 50000 × 1,0 + 40000 × 3,0
E= = 31364 kN / m2
11,0
Assumindo-se um valor de coeficiente de Poisson único e igual a ν = 0,40 para o
maciço equivalente, tem-se com base na Equação 5:

Para L/B = 19,0/11,0 = 1,73 ⇒ I = 1,21 (vide Tabela 5)


31364
kv = = 2805kN / m3
( )
1 − 0,40 × 11,0 × 1,21
2

4. REFERÊNCIAS

AMERICAN CONCRETE INSTITUTE – ACI. Suggested Analysis and Design Procedures


for Combined Footings and Mats. (ACI 336. 2R-88). (Reapproved 2002).

ANTONIAZZI, J. P. Interação solo-estrutura de edifícios com fundações superficiais.


Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2011.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6484: Solo - Sondagens de


simples reconhecimento com SPT - Método de ensaio. Rio de Janeiro, ABNT, 2001.

BOWLES, J. Foundation Analysis and Design. Mc Graw-Hill, 1988.

CALAVERA, J. Cálculo de estructuras de cimentación. 4Ed. Intemac, 2000.

CINTRA, J. C. A., AOKI, N. e ALBIERO, J. H. Tensão admissível em fundações diretas.


Editora Rima. São Carlos, 142p, 2003.

JOPPERT JUNIOR, I. Fundações e contenções de edifícios: qualidade total na gestão


do projeto e execução. Editora Pini. São Paulo, 221p, 2007.
TEIXEIRA, A. H.; GODOY, N. S. Análise, projeto e execução de fundações rasas. In:
HACHICH et al. (eds.). Fundações: Teoria e Prática. São Paulo: Pini. Cap.7, p.227-264,
1996.

TERZAGHI, K. Evaluation of coefficient of subgrade reaction. Geotechnique, London, v.


5, n. 4, p. 297-326, 1955.

TQS Informática Ltda. Sistemas CAD/TQS 9.0. SISEs (Sistema de Interação Solo-Estrutura):
Manual Teórico. São Paulo, 2006.

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