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RESUMO
Nas últimas décadas, a inserção dos homossexuais na sociedade, por meio da conquista de direitos e
no mercado de trabalho, gerando um aumento de seu poder aquisitivo, fez com que esse público,
historicamente marginalizado, entrasse na sociedade de consumo e despertasse interesses
econômicos. Este trabalho descritivo analisou, por meio de um questionário online, respondido por
203 homens brasileiros homossexuais de diferentes perfis socioeconômicos e através de uma
fundamentação teórica, se a identidade coletiva desse grupo gerou preferência por determinadas
marcas de vestuário. Se propôs a descobrir também, se os homens homossexuais brasileiros enxergam
grifes de moda como parte do processo de formação de sua identidade bem como de reafirmação do
seu estilo de vida. Portanto, o presente estudo se coloca como mais uma forma de melhor entender
esse consumidor. Os resultados apontam uma identidade coletiva, que acredita que a marca pode
influenciar na construção de uma identidade e é meio para reafirmar seu estilo de vida. Assim,
consomem moda e estão dispostos a pagar mais por determinada marca que corresponda as suas
expectativas e critérios de compra.
ABSTRACT
In the last decades, the insertion of homosexuals in society, through a conquest of rights and the labor
market, generating an increase in their purchasing power, has caused this historically marginalized
public to enter the consumer society and awaken economic interests . This descriptive work analyzed,
through an online questionnaire, 203 Brazilian homosexual men from different socioeconomic
profiles and through a theoretical basis, if the collective identity of this group generated preference
for certain clothing brands. He also proposed to find out if Brazilian homosexual men see fashion
labels as part of the process of forming their identity as well as reaffirming their lifestyle. Therefore,
the present study is one more way to better understand this consumer. The results point to a collective
identity, which believes that the brand can influence the construction of an identity and is a means to
reaffirm their lifestyle. Thus, they consume fashion and are willing to pay more for a particular brand
that matches their expectations and meets their desire to buy
1. INTRODUÇÃO
bilhões de reais, o equivalente a 10% do PIB nacional (Produto Interno Bruto, total de bens e serviços
produzidos no país) (SCRIVANO; SOBRIMA NETO, 2015), o que coloca esses nichos como um
dos segmentos de maior potencial para investimentos. Embora seja um mercado relativamente novo,
dada sua expressão financeira, algumas marcas concernentes ao mercado da moda já têm se
identificado com as demandas do público gay, uma vez que seu padrão de consumo também se
apresenta como uma forma de expressão de sua identidade.
De acordo com Kotler (2000), para que seja alcançado um grau satisfatório de penetração
entre este público, é preciso compreende-lo dentro do conceito de nicho, que são grupos de
segmentação ainda mais específicos e com necessidades e interesses mais restritos.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
escolha de determinado bem ou serviço, uma vez que se torna a identificação visual das empresas,
podendo ser seguramente considerada parte do sucesso do negócio.
A marca se inscreve em uma lógica de diferenciação e fornece aos clientes uma combinação
ideal entre atributos tangíveis e intangíveis, funcionais e hedonistas, visíveis e invisíveis, em
condições economicamente viáveis para ela (KAPFERER, 2003).
Ao assumir que a marca é capaz de influenciar o consumidor no seu processo de escolha, a
construção da marca e seu processo de desenvolvimento são questões pertinentes a se observar. Aaker
(1998) estabelece elementos básicos para a construção de uma marca, como a criação e
desenvolvimento de sua identidade, que envolve a visão dos clientes a respeito da marca e a forma
com que a empresa deseja que a marca seja; proposição de valor, a marca deve sugerir benefícios
emocionais e funcionais do valor que representa,; posicionamento mercadológico, a posição de uma
marca depende do resultado obtido com a proposição de valor, ou seja, o que se supõe que a marca
valha, somado a efetiva imagem que o consumidor percebe dela; coerência, a marca precisa ser
composta de uma simbologia que funcione, que gere identificação com seu público alvo.
Costa e Jensen (2010) também apontam que o processo de construção de uma marca se inicia
pela definição da identidade e do conceito que o produto, serviço, instituição ou pessoa devem ter sob
a percepção e ótica do consumidor e que sua gestão deve prezar por um relacionamento satisfatório
com o mercado:
Os autores ressaltam que não existe consenso entre os estudiosos acerca dessa ideia, uma vez
que é incapaz de interagir com o consumidor enquanto pessoa. De modo, que há linhas que estudam
essa relação através da óptica parassocial, isso é, relacionamento entre objeto inanimado e pessoa.
Muniz e Marchetti (2005, p. 4), complementam a ideia dizendo que a marca pode ser identificada por
meio de traços de personalidade, característica proveniente das relações humanas. O consumidor,
portanto, é capaz de se relacionar com a marca no nível dos sentidos e das emoções, como coloca
Gobé (2002) e Aaker (1998), de estabelecer uma relação interpessoal, apesar da marca se tratar de
um objeto inanimado, por meio de criação de personas ou da chamada ‘personalização’.
A sua preferência (do consumidor) pode ser baseada em uma associação seja
com um símbolo, um conjunto de experiências de uso ou com uma alta
qualidade percebida. Contudo, a ligação é frequentemente um sentimento
geral que não pode ser relacionado a qualquer coisa específica; tem vida
própria (AAKER, 1998, p.42).
A questão da identidade e de sua construção voltou a ter centralidade nos estudos das ciências
sociais. Esse conceito, que era historicamente ligado a contextos étnicos, locais ou a grupos fechados,
se reinventou a partir do mundo da informação. A construção passou a ser, também, uma tarefa
individual e não apenas coletiva.
Num mundo instável - numa sociedade de risco (apud BECK, 2003), numa
modernidade líquida (apud BAUMAN, 2001) - as identidades também se
tornam instáveis. Deixam de ser determinadas por grupos específicos e
também deixam de ser o foco de estabilidade do mundo social. As
identidades tornam-se híbridas e deslocadas de um vínculo local. E isso
significa também que são transformadas em uma tarefa individual, em um
processo de construção incessante, e não mais atribuição coletiva que
implicava apenas certa conformação às normas sociais (MOCELLIM, 2008,
p.4).
Mais do que práticas individuais fazem parte do ‘ser’, há elementos que podem compor o
estilo de vida do indivíduo na atualidade.
Bauman (2001, p.98) propõe reflexão à questão do consumo como parte do estilo de vida e
por consequência parte da construção do ‘ser’ dos indivíduos em contrapartida à questão da liberdade
individual:
Os anos 1990 foi um marco da inserção dos homossexuais no mercado, em todas as frentes.
Esse período revelou também, a capacidade de consumo dessa parcela da sociedade, o ‘Pink Money’
foi uma das ferramentas criadas na época para focalizar a atenção de empresas para esse público que
até então havia sido ignorado, estimulando diversos setores a apostarem nesse nicho: “essa
‘efervescência mercadológica’ produziu também um novo perfil de empresários homossexuais,
profissionais bem-sucedidos que acabam se aproximando da luta pelos direitos de seus clientes”
(NUSSBAUMER, 2001, p. 9). França (2006, p.104) expõe que o período
Para Andrade (2008) a visão acerca dessa parcela da população é resultado de mudança
catalisado a partir de 1990, que anteriormente, era relacionada à AIDS e outras doenças. No entanto,
os dados sobre o público homossexual e seus padrões de consumo ainda são inconsistentes, uma vez
que parte dele ainda não assumiu sua orientação sexual publicamente. A pesquisa da inSearch
Tendências e Estudos de Mercado (2012), estimou que a população LGBT gira em torno de 18
milhões no Brasil, sendo representativos economicamente, uma vez que 78% “dos gays têm cartão
de crédito e gastam até 30% mais em bens de consumo do que os heterossexuais” (apud SOUSA,
2012, on-line). A pesquisa ainda aponta que a renda elevada se explica pelas classes sociais em que
estão inseridos: 36% pertencem a A e 47% a B.
O crescimento dessa capacidade de consumo precisa ser observado, pois além de ser uma
parcela considerável de consumidores, com elevado poder de compra, o consumo excede a satisfação
de necessidades e desejos, é ferramenta de luta por cidadania e ampliação de direitos. Andrade (2008)
ainda afirma que a segmentação do mercado para o direcionamento ao consumidor homossexual
legitima essa identidade e colabora na diminuição de preconceitos e violência.
Existem duas teorias sobre o assunto: uma que afirma que o mercado GLS
legitima os homossexuais e ajuda a diminuir o preconceito e outra acredita
que esse fenômeno é um entrave para a real aquisição dos direitos políticos
e sociais. Tenho para mim que a primeira posição é a mais coerente
(ANDRADE, 2008, p. 14).
A moda, deste modo, é um dos instrumentos adotados pela sociedade rumo à diferenciação
social. Baccega (2009, p. 113), complementa:
Cobra e Brezzo (2010, p. 298) observam, que as elites definem o que é “in” e “out”, de acordo
com o que vestem. A escolha do que se veste tem muito a ver com o que a vestimenta é capaz de
transmitir, as escolhas estão permeadas com perspectivas: “ao escolher um produto da moda, o
consumidor espera receber o poder da recompensa, ou seja, a aceitação social pela escolha realizada”.
Para Tavares (2008, p. 281), a moda e em especial, o vestuário “podem ser um ótimo exemplo
de significado simbólico dos bens, certas roupas e penteados tem por base o reconhecimento dos bens
e a insinuar os que lhe servem de suporte (status)”. Além de fazer parte do processo de construção da
identidade do consumidor, o consumo de moda compõe o conjunto de signos de diferenciação
socioeconômica do indivíduo, de modo direto. Sendo a grife um destes signos do universo da moda,
é um apelo que está relacionado ao estilo de vida, ao sentimento do consumidor e, consequentemente,
a construção de sua identidade.
Churchill Jr e Peter (2000) esclarecem que as necessidades individuais podem ser utilitárias
ou hedônicas. As necessidades utilitárias são caracterizadas por uma escolha racional e dizem respeito
à funcionalidade e utilidade do bem. As necessidades hedônicas são caracterizadas por uma escolha
emocional e referem-se ao prazer e auto expressão proporcionados pelo bem. Para Martins (2001) as
necessidades também podem ser simbólicas em virtude da capacidade humana de associar realidade,
imaginação, sentimentos, memória e sonhos. Vale lembrar que os produtos contêm símbolos que
transmitem significados à sociedade, em um olhar que transcende a forma física palpável.
Tomando por base as contribuições de Maslow (1954) que apresentou a teoria das
Necessidades Humanas, - necessidades básicas, segurança, sociais, autoestima e autorrealização - e
que segundo Karsaklian (2000) possuí três premissas: a de que um indivíduo possui várias
necessidades e que elas não têm a mesma relevância e podem, portanto, ser organizadas de modo
Caderno Profissional de Administração – UNIMEP, v.7, n.2, 2017 49
O Consumo de Homens Homossexuais no Brasil e as Marcas de Grife
hierárquico; que o indivíduo procurará saciar a que lhe parecer mais relevante; e a necessidade deixa
de existir, mesmo que temporariamente, assim que satisfeita. A compra de vestuário cumpre
com a necessidade funcional, que é abrigar o corpo, mas também as necessidades hedônicas, que se
referem a status, conforto e estima. Garcia Lima (2010, p.128) afirma que o vestuário está presente
em todos os cincos níveis de necessidades descritas por Maslow, “no entanto, a meu ver o uso de
artigos de moda tem um importante papel nos dois últimos tipos de necessidade”.
O consumo de moda se insere dentro da lógica das necessidades na contemporaneidade, que
transpassam a mera necessidade fisiológica e são motivadas por diversas variáveis. “Os objetos –
dentre eles o vestuário – além de fazerem parte das nossas necessidades, têm conosco uma relação
passional” (GARCIA LIMA, 2010, p.129), corroborando Baudrillard (1997, p. 94) afirma que
“jamais possuímos um objeto que o temos apenas pela sua função”.
Como afirmam Cobra e Brezzo (2010, p. 312) “o consumidor da moda depende de sua
personalidade e estilo de vida, mas também do cérebro, do corpo e da aparência”.
3 METODOLOGIA
de Costa e Miranda Junior (2016, p. 195-196) realizado com homens heterossexuais, que declaram
saber “que há marcas afeitas/direcionadas ao público gay” e apontam as seguintes marcas com tal
perfil: “Calvin Klein (56%), Diesel (48%), Chanel (47%), Louis Viton (44%) e Sergio K (42%)”.
O questionário teve caráter descritivo quanto aos fins, aplicado a uma amostra não
probabilística e a participação (voluntária) foi determinada pelo acesso ao questionário, que foi
divulgado em um grupo do Facebook específico de temática LGBT.
O levantamento de dados iniciou-se por uma postagem que apresentava o estudo e o link de
acesso ao questionário eletrônico, feito no grupo “Canal das Bee – Colmeia” (com 4524 mil membros,
na data de 10 de setembro de 2014) . O método de encaminhamento do questionário é parte de uma
estratégia viral, pois no corpo da mensagem, além da apresentação da pesquisa, havia um pedido para
que a mesma fosse repassada a rede de contatos de quem a recebeu, sendo que as redes sociais virtuais
possibilitam a viralização das mensagens, pois apoia-se no ponto de que se a mensagem foi enviada
por um emissor do círculo social do receptor, a chance desta mensagem ser encarada de forma
amistosa é maior (PADULA; COSTA, 2013). Qualman (2011, p. 50) afirma que o viral, “apesar do
nome se relacionar aos vírus que provocam prejuízos aos sistemas operacionais em computadores,
podendo prejudicar também nossa rede de contatos pelo reenvio dos vírus involuntariamente”, o uso
do adjetivo viral é positivo, pois é uma metáfora ao processo similar de uma epidemia, que ocorre
por meio da rede, explorando as redes sociais virtuais e aumentando a amplitude da divulgação dentro
dessa plataforma.
O questionário é composto por 25 questões, algumas delas de múltipla escolha e outras
objetivas. Houve preocupação em manter determinado nível de coloquialidade ao redigir as
perguntas, para facilitar o entendimento do público, posto que a pesquisa objetivava atingir mais de
um recorte socioeconômico. Vale destacar a especificidade do questionário, que exigia três
características demográficas iniciais para sua adesão e preenchimento: se identificar enquanto gênero
masculino, ser homossexual e ser brasileiro. Para o preenchimento do questionário em sua
integralidade, o entrevistado deveria confirmar que se encaixava nessas três categorias, caso contrário
o questionário o direcionaria para o status de finalização, impedindo-o acesso as demais questões.
O sistema empregado para formatação do questionário, captação, tabulação e armazenamento
dos dados foi o “Google docs”. O monitoramento dos dados também se deu pelos recursos
disponibilizados pela plataforma “Google docs” e compreendeu o período de 20 dias, entre 26 de
agosto de 2014 a 16 de setembro de 2014.
Os dados foram tratados por meio de estatística descritiva simples, por meio de porcentagens.
Como previsto na metodologia, a pesquisa de campo foi feita em apenas uma etapa e reuniu
uma amostra com características não probabilística, o que inviabiliza a generalização dos resultados
para descrever, em sua totalidade, o perfil e o comportamento dos internautas homens homossexuais
brasileiros, no entanto outros estudos foram utilizados para ampliar a discussão e a responder aos
objetivos propostos. O link do questionário ‘Análise do consumo de moda dos homens homossexuais
no Brasil’ foi acessado e respondido por 203 pessoas. Vale observar que os estudos realizados pela
COMSCORE (2013) e Gauge (2013) apontam maior audiência on-line das mulheres, sendo que 46%
dos usuários do Facebook no Brasil se declaram do sexo masculino.
Os principais dados demográficos dos internautas homossexuais que voluntariamente
responderam ao questionário apresentam as seguintes características:
40% são pessoas com até 20 anos; 57% estão entre 21 e 30 anos; 2% possuem entre 31 a 40 anos e
menos de 1% estão entre 41 a 50 anos.
Constatou-se ainda, que 98% deles não possuem filhos e que 93% declararam-se solteiros. Tal
quadro converge com o cenário geral brasileiro, pois conforme o PNAD (2013) são 97.894 milhões
homens brasileiros vivendo no país, sendo que 32% têm até 19 anos, 16% estão entre 20 e 29 anos,
15,5% estão entre 30 e 39 anos, 13,5% possuem de 40 a 49 anos, 11% estão entre 50 e 59 anos e 12%
possuem 60 anos ou mais. O Brasil ainda é um país majoritariamente jovem e de estado civil solteiro,
sendo que a quantidade de homens, entre 20 e 29 anos, solteiros é maior que o de mulheres na mesma
idade (PNAD, 2013). Pode-se definir então que a maioria dos respondentes pertence à geração Y (19
a 34 anos), geração essa que tem nas grandes marcas a busca por autorrealização, não estão
preocupados em formar famílias, mas sim ter sucesso (NETO, 2012).
Em relação à escolaridade, destaca-se que a maior porcentagem (74%) atingiu o Ensino
Superior, sendo que 5% já concluíram a pós-graduação, 7% tem pós-graduação incompleta ou ainda
estão cursando; 11% dos respondentes são graduados e 51% declaram ter Ensino Superior incompleto
ou ainda estar cursando; seguido da porcentagem de 23% com Ensino Médio, que correspondem a
14% os que concluíram e 9% com Ensino Médio incompleto ou ainda estão cursando; 1% com o
Fundamental II completo e 1% com Fundamental I incompleto ou ainda está cursando. Pode-se
atribuir esse dado ao fato do questionário ter circulado pela internet, e como registrado pelo IBGE
(2013, p. 36):
estágios de percepção, nota-se que a intensidade de consumo destes consumidores vai além das
funcionalidades, atendendo necessidades intangíveis.
Fonte: Elaboração própria com base na tabulação dos dados obtidos pelo questionário.
Para 60% uma marca pode influenciar e ser parte do processo de formação de sua identidade,
corroborando com Aaker (1998) e demais autores que atribuem as marcas à capacidade de se
relacionar e personalizar/marcar seus usuários.
Uma questão de múltiplas escolhas que possibilitava assinalar mais de um item buscou saber
os critérios ponderados no ato de compra, sendo que os mais assinalados foram: ‘estilo’ (72%);
‘identificação pessoal’ e ‘qualidade’ ambos com 69% das respostas e ‘conforto’ (65%); e menos da
metade (41%) apontaram ‘baixos preços’. Tais consumidores elencaram 4 parâmetros de escolha que
antecedem ‘baixos preços’, demonstrando estar dispostos a pagar um pouco mais, por um
produto/serviço, que o identifique, seja estiloso e/ou corresponda aos seus critérios de qualidade.
Fonte: Elaboração própria com base na tabulação dos dados obtidos pelo questionário.
Para verificar quais são as marcas conhecidas pelo homem homossexual brasileiro, o
questionário apresentou 23 marcas comumente presentes nos shoppings e mídias brasileiras e apurou
que Calvin Klein (99%) Lacoste (96%), Prada (94%), Hering (93%), Chanel (92%) e Louis Vuitton
(91%) por alto índice de reconhecimento. A marca Diesel (82%) ficou 13º posição com 82% de
conhecimento e a grife Sergio K foi a marca que obteve menor índice, apenas 40% da amostra a
conhecem.
Na sequência buscou-se saber quais as marcas consumidas pelos homens homossexuais, sendo
a Hering a mais utilizada (69%). Com porcentagens inferiores destacam-se ainda Calvin Klein (45%),
TNG (33%) Lacoste (32%), Cavalera (31%) e Levis (31%). A marca Diesel ficou na 10ª posição,
sendo consumida por 20%. A minoria consome Chanel (8%), Sergio K (8%), Gucci (7%), Louis
Vitton (7%) e Prada (5%).
Ainda tendo como base as 23 marcas de vestuário elencadas, foi questionado quais pertenciam
ao conjunto de favoritas dos internautas. Destacam-se: Calvin Klein e Hering, ambas possuem o
mesmo percentual de predileção, 45%. Seguidas por Cavalera (28%), Colcci (25%), Lacoste (24%),
TNG (23%), Diesel (21%), Levis (21%) e Louis Vitton (19%). As marcas Chanel (16%) e Sergio K
(10%) ocupam a 13ª. e a 23ª. (última) posição respectivamente.
Retomando o estudo ‘A visão do público heterossexual a respeito de marcas preferidas e/ou
assumidas gays’ realizado em 2014, por Costa e Miranda Junior (2016), afere-se que a marca Calvin
Klein confirmou seu prestígio entre os homens homossexuais, ratificando a percepção dos homens
heterossexuais. No entanto as marcas Diesel, Chanel, Louis Vitton e Sergio K embora percebidas
pelos heterossexuais como marcas afeitas ao público gay, esse estudo não aponta ser essas as
principais marcas consumidas e favoritas dos homens homossexuais.
Aprofundando a discussão, a última questão visou identificar os critérios para que uma marca
esteja no grupo de favoritos dos respondentes. A questão de múltipla escolha registrou que 67%
priorizaram o estilo; 65% a qualidade e 58% querem conforto ao se vestir. Confirmando os critérios
de escolha das favoritas, para que uma marca não esteja no grupo seleto das preferidas dos
respondentes, são desvalorizadas as que: não fazer o estilo do consumidor (66%), não tem
identificação pessoal (54%), não são confortáveis (54%) e possuem baixa qualidade (51%).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
referencial dos autores que contribuíram para o desenvolvimento do arcabouço teórico deste estudo,
juntamente com o questionário aplicado em campo, ajudaram a clarear e atingir os objetivos
propostos. Apesar dos resultados não permitirem sua generalização, os dados permitem conhecer
melhor esse consumidor:
Homem, internauta, homossexual, jovem, com até 30 anos (97%), sem filhos (98%), solteiros
(93%); sem responsabilidade financeira familiar (86%), com acesso ao ensino superior (74%) e com
poder aquisitivo acima da média brasileira, classificados nas categorias A1, A2, B1 e B2 (66%) da
CCEB.
Pode-se inferir, portanto, que há uma identidade coletiva que consome moda e a sua
propaganda.
Esses consumidores assumem que consomem vestuário com certa intensidade e que as
escolham suplantam as demandas básicas e funcionais, são necessidades hedônicas. As marcas os
influenciam no ato da compra, assim como os induzem ao consumo.
Quando encontram uma grife, que corresponda as suas expectativas e critérios de escolha,
estão dispostos, se preciso for, a pagar mais por essa determinada marca.
Para que uma marca se torne uma das preferidas, pelos membros desse grupo seleto, é preciso
que o vestuário seja confortável, tenha estilo e qualidade, e reitere a identidade pessoal, pois eles
acreditam que as marcas podem influenciar na construção de uma identidade e é meio para reafirmar
o estilo de vida.
Conclui-se também que mesmo marcas nacionais e/ou comercializadas com preços mais
acessíveis, sem o glamour de uma grife, podem ser adotadas como favoritas e conquistarem a lealdade
dos homens homossexuais no Brasil. Já a baixa predileção por determinada grife pode ser atribuída,
além do não cumprimento dos critérios priorizados por esse público, ao despreparo de sua estratégia
de marketing, que ainda não leva em conta esse público em específico.
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