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O TUIUTI

Informativo oficial da AHIMTB/RS

Órgão de divulgação das atividades da


Academia de HIstória Militar Terrestre
do Brasil / Rio Grande do Sul (AHIMTB/
RS) - Academia General Rinaldo Pereira
da Câmara - e do Instituto de História
e Tradições do Rio Grande do Sul
(IHTRGS). Membro da Federação das

EDITORIAL
Academias de História Militar Terrestre
do Brasil (FAHIMTB).

EDITOR
Luiz Ernani Caminha Giorgis, Cel
Presidente da AHIMTB/RS Mais uma vez, entregamos aos nossos leitores um número
Vice do IHTRGS riquíssimo em conteúdo histórico, desta feita com uma
lecaminha@gmail.com
abordagem diferenciada sobre um dos mais complexos
temas existentes no campo militar.
PROJETO GRÁFICO/DESIGN
Fabricio Gustavo Dillenburg Assunto sempre presente na lides históricas, a Guerra do
Núcleo de Estudos de História Paraguai é fonte permanente de novas visões e análises.
Militar Vae Victis Um dos assuntos é a Logística. Neste número, trazemos
nucleomilitar@gmail.com
a opinião do Cel Luiz Augusto sobre o tema. A guerra
foi levada a efeito em território estrangeiro carente de
ENDEREÇOS VIRTUAIS recursos e, na maior parte, ao longo da calha do Rio
acadhistoria@gmail.com Paraguai. A logística da Guerra do Paraguai ainda é tema
www.acadhistoria.com.br parco de um estudo aprofundado.

Na continuação, revisitamos o século XVI, trazendo a


O i nformat i vo O Tu iut i é uma figura de um dos heróis da luta contra os huguenotes
publicação da Academia de História franceses na Guanabara. Em tela, o fundador da cidade
Militar Terrestre do Brasil, seção do Rio de Janeiro, sobrinho de Mem de Sá. Ambos foram
Rio Grande do Sul e do Instituto de
protagonistas de uma das lutas contra estrangeiros
História e Tradições do Rio Grande
do Sul. Seu objetivo é a divulgação dentro do nosso território. A esse respeito, está no
dos trabalhos das duas entidades, prelo mais um livro da FAHIMTB: Brasil - Lutas contra
bem como da História Militar e temas invasões, ameaças e pressões externas (Em defesa de
relacionados. Os textos publicados sua integridade, Soberania, Unidade, Independência e
expressam única e exclusivamente a Integração; e da Liberdade e Democracia Mundiais).
opinião dos autores, não refletindo,
necessariamente, a opinião da
AHIMTB/RS, do IHTRGS, da FAHIMTB,
Finalizando, um comunicado sobre o desempenho do Blog
ou de seus membros, como um todo. do Núcleo Militar, parceiro da AHIMTB/RS, que revela o
O material publicado no informativo está excelente número de visitas já obtido até agora.
protegido por Leis Internacionais
de Copyright. Para publicação e/ou
redistribuição, por favor, entre em Luiz Ernani Caminha Giorgis, Cel
contato com o Editor. Editor
CONTEÚDO
4 PARAGUAI: GUERRA
E LOGÍSTICA
por Cel Luiz Augusto R. do Nascimento

Membro da Academia apresenta um


excelente estudo sobre a logística na
Guerra do Paraguai e o papel de Osório.

25 RESISTÊNCIA:
ESTÁCIO DE SÁ
por Cel Luiz Ernani Caminha Giorgis

Série "Heróis da Resistência às Invasões


Estrangeiras no Brasil", um texto sobre a
importância de Estácio de Sá.

26 50 MIL VISITAS
O Núcleo de Estudos de História Militar,
parceiro da FAHIMTB, atinge um marco
importante em seu blog.
4

26

25
Cel Luiz Augusto Rocha do Nascimento
A logística existe desde a primeira campanha militar. Ela é muito importante
para que um exército seja capaz de lutar. Este trabalho mostra as ações do
General Osório para preparar um exército para a Campanha do Paraguai,
na Guerra da Tríplice Aliança. O objetivo é verificar suas decisões logísticas.
Mostrar que ele era tão bom administrador como guerreiro.

INTRODUÇÃO entre duas potências euro- meios necessários para fazer


peias rivais por uma luta en- frente à afronta do Presidente
O Segundo Reinado pautou- tre três países independentes, do Paraguai envolviam provi-
se por uma série de crises e ainda em formação. dências não verificadas ante-
revoltas. O Exército Imperial riormente, pois precisariam
brasileiro, ainda em formação, A deflagração da Guerra da da conjugação do esforço de
mal estruturado para agir em Tríplice Aliança, marcada pelo material e pessoal de três na-
um país de dimensões con- apresamento do navio brasi- ções secularmente beligeran-
tinentais, teve que se desdo- leiro Marquês de Olinda, inse- tes, por itinerários de um país
brar para manter a unidade riu no panorama dos conflitos desconhecido e contra uma
nacional. Contou com isso da região uma nova contenda. força preparada, havia anos,
com o auxílio de forças como A luta reuniu, do mesmo lado, para combater.
as Polícias Militares e a Guarda pela primeira vez, argentinos
Nacional. e brasileiros. A guerra não se Nesse contexto, o Brasil se
encontrava com seu exército
O sul do país foi, durante a em Montevidéu, completan-
colônia, um local de intensa “NÃO SERIA MAIS do mais uma campanha na
fricção entre as coroas ibéri- UMA LUTA COMO região e, de repente, precisan-
cas. A fronteira se estabele- AS ANTERIORES. OS do se armar de forma inaudi-
ceu e se restabeleceu várias ta para uma nova campanha.
MEIOS NÃO ESTAVAM
vezes. O povo gaúcho passou Não seria mais uma luta como
por vários séculos em armas e DISPONÍVEIS E AS as anteriores, os meios não es-
tropelias. Do sangue que ver- TROPAS, POUCAS, tavam disponíveis e as tropas,
teu no sul nasceram cidades, MAL TREINADAS E poucas, mal treinadas e equi-
formou-se uma nação e um EQUIPADAS.” padas. Fazia-se necessário um
pensamento de patriotismo e tratado de acordo mútuo e
determinação. uma mobilização de meios e
daria apenas em terras do homens para fazer face a essa
Os conflitos, porém, se cir- Rio da Prata, mas subiu para Campanha.
cunscreviam, na maioria das um território desconhecido.
vezes, aos pampas gaúcho, A preparação de uma força No comando, substituindo o
argentino ou oriental. As lutas para combater no Paraguai enfermo Marechal João Pro-
se travaram com forças locais, necessitava de uma mobili- pício Menna Barreto, que se
basicamente montadas, em zação nunca vista antes na recolhera para o Rio Grande
itinerários e regiões conheci- região. do Sul levando bons oficiais,
das por séculos. O desmem- estava o General Osório, seu
bramento do Vice-Reinado O Brasil, em geral, e o Exército desafeto. Militar prático, ve-
do Rio da Prata acirrou ainda Imperial brasileiro, em parti- terano dos conflitos no Rio da
mais os ânimos e as disputas cular, não estavam prontos Prata, acostumado às armas,
na região. Substituiu-se a luta para esse tipo de guerra. Os aos homens e aos cavalos
6 O TUIUTI
AHIMTB/RS condições diferentes das lutas distribuição, reparação, manu-
que travava havia anos. Assim, tenção e evacuação de mate-
de guerra, sem formação na este estudo pretendeu verifi- rial (para fins operativos e ad-
Escola Militar da Corte, rece- car quais as ações empreen- ministrativos); b) recrutamento,
beu a tarefa de preparar um didas pelo Marquês do Herval, incorporação, instrução e ades-
exército para marchar para sob a ótica da logística, para tramento, designação, trans-
o Paraguai. Montou-o com o avaliar as suas ações de forma porte, bem-estar, evacuação,
que aprendera na peleia e se didática, a partir de princípios hospitalização, e desligamen-
valendo dos insignes milita- logísticos dos pensadores da to de pessoal; c) aquisição ou
res que estavam com ele em época. construção, reparação, manu-
Montevidéu, como Sampaio. tenção e operação de instala-
ções e acessórios destinados a
As ações de Osório revelaram FUNDAMENTOS DA ajudar o desempenho de qual-
o tirocínio de um prático, acos- LOGÍSTICA MILITAR quer função militar; d) contrato
tumado mais às lides objetivas ou prestação de serviços1.
do campo de batalha do que A logística, apesar de neces-
ao planejamento meticuloso sária ao esforço de guerra há • MILITAR: organização teórica
das operações militares. Suas milênios, teve suas definições da disposição, do transporte,
medidas mostraram que um apresentadas apenas de for- do abastecimento de tropas
Exército não preparado para ma recente. O termo surgiu na em operação militar;
a guerra, desprovido de quase França e se consagrou poste-
tudo, preparou-se em pouco riormente. Podemos verificar • ETIMOLOGIA: francês logisti-
tempo e sobre a pressão dos as ideias relativas ao conceito, que (1840) ‘nome dado à par-
acontecimentos. primeiramente, de dois dicio- te especulativa da ciência das
nários brasileiros consagra- armas’, este emprestado do
O General, além de militar, ti- dos: grego Logistikós, ê, ôn ‘relati-
nha que agir como diplomata,
por causa da necessidade de Parte da arte da guerra que
se encaminhar um pacto en- trata do planejamento e da PENSADORES DA GUERRA v
tre os países platinos, a Repú- realização de: a) projeto e de- Inovadores da arte da guerra: à
esquerda Gustavo Adolfo (1594-
blica Argentina e a República senvolvimento, obtenção, ar- 1634), rei-soldado da Suécia.
À direita, Antoine-Henri Jomini
Oriental (Uruguai) e o Império mazenamento, transporte, (1779-1869), militar suiço.
do Brasil – o Tratado da Trípli-
ce Aliança, assinado quando
parte da tropa estava em mar-
cha.

Portanto, é necessário verificar


quais as providências o Gene-
ral Osório tomou em Monte-
vidéu para preparar um exér-
cito para combater. Criar uma
força capaz de ser treinada,
equipada e estruturada para
combater num local para nós
desconhecido, em circunstân-
cias bastante adversas e em
vo ao cálculo; que diz respeito A noção de um sistema de
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AHIMTB/RS 7
ao raciocínio’; administração e apoio logístico (Ap Log) regular
organização dos pormenores e organizado vem da SUÉCIA, indica que Jomini inspirou-se
de qualquer operação2. onde, entre 1611 e 1632, o Rei no título de major général des
GUSTAVO ADOLFO reestrutu- logis –atribuído ao oficial fran-
O termo é abrangente e abar- rou suas forças, modernizando cês encarregado de prover alo-
ca não só dos recursos ma- sua organização com a criação jamento, suprimento, dirigir as
teriais, como sua reunião e de comboios de elementos de marchas e colocar as colunas
transporte, como os recursos suprimento e manutenção para das tropas francesas no terreno
humanos, como seu recruta- o Ap Log - os chamados “trens” - para criar uma primeira defi-
mento, preparação para sua – que contavam com medidas nição de logística militar como
utilização em combate. Indica especiais de proteção4. sendo tudo ou quase tudo, no
que a preparação de uma for- campo das atividades milita-
ça para o combate implica em Os pensadores da guerra pre- res, exceto o combate (DEL RE,
uma série de itens, os quais ocuparam-se com a prepara- 1955)6.
necessitam de um cuidado, ção dos exércitos para a guer-
de uma preparação. A origem ra. O famoso Barão Antoine O termo logística, como idéia
do termo ainda não é consen- Henri Jomini (1779-1869), su- de ciência de guerra, surgiu na
so, conforme mostra o Estado íço, foi comissionado no exér- obra do estrategista militar AN-
-Maior do Exército (EME): cito francês, sendo conhecido TOINE HENRI JOMINI, em 1836.
como um predecessor do pró- Segundo ele, “a Logística é tudo
Três possíveis significados do prio Bonaparte, a quem co- ou quase tudo, no campo das
termo logística, embora surgi- nheceu pessoalmente5. Apre- atividades militares, exceto o
dos em tempos e lugares distin- combate”. 7
sentam-se aqui algumas de
tos, complementam-se e dão
suas ideias sobre logística:
sentido à definição contempo- A preparação para a guerra,
rânea. O primeiro vem da GRÉ- com o passar dos anos, re-
Segundo Del Re (1955), a pri-
CIA antiga, onde “logistikos” velou-se não só uma políti-
meira utilização do vocábulo
significava habilidade em cal-
“logística”, dentro da Ciência da ca, estratégica ou tática, mas
cular. Mais tarde, “logista” era
Guerra, foi realizada, em 1836, também uma preocupação
o termo em latim, empregado
pelo general suíço Antoine do preparo do homem para o
nos impérios romano e bizanti-
-Henri Jomini no seu livro Precis combate, bem como os meios
no com o significado de admi-
de L’Art de La Guerre, quando necessários para que ele com-
nistrador. Mais recentemente,
sintetizou os três ramos da arte batesse. Braz (2004) aponta
a expressão francesa “mar chal
des logis”, estabelecida a partir da guerra como sendo a estra- essa importância da logística
do reinado de LUIS XIV, desig- tégia, a tática e a logística, ca- militar, como podemos obser-
nava a autoridade responsável bendo ao último a responsabi- var em duas citações:
por prover as facilidades de alo- lidade pelo fornecimento dos
jamento, fardamento e alimen- meios, a serem planejados e Certamente, a Logística está di-
tação nas tropas, nos acampa- empregados pelos dois primei- reta ou indiretamente presente
mentos e marchas3. ros. A logística apresenta-se, entre as prioridades do Exército
então, como sendo a arte práti- para a consecução dos seus ob-
Gustavo Adolfo II (1594-1632), ca de mover exércitos, de dispor jetivos. Em meio a crises econô-
rei da Suécia, um dos maiores pormenores materiais das mar- micas regionais e mundiais, os
capitães da história, inovador chas e formações, de montar recursos materiais mostram-
da guerra, propôs um sistema acampamentos ou acantona- se cada vez mais escassos e a
logístico organizado: mentos longe do inimigo. Tudo compatibilidade entre necessi-
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AHIMTB/RS

dade e disponibilidade pende


por vezes para o lado das ne-
cessidades. Por isso, a aplicação
de estratégias de melhoria de
gestão se faz cada vez mais ne-
cessária8.

Para as forças militares, a logís-


tica adquiriu, pela sua destaca-
da atuação na solução de com-
plexos problemas de apoio,
posição de destaque nas opera-
ções, passando a ser considera-
da como um dos “fundamentos
O quinto fator (Doutrina) fala ARTE CHINESA ^
da arte da guerra”9. Estrategista e filósofo chinês, Sun
diretamente de logística: “a Tzu (544 a.C. - 496 a.C.) é mais
conhecido por sua obra "A Arte da
organização do exército, a hie- Guerra", composta por treze capítulos
Sun Tzu ((544 a.C.-496 a.C.),
rarquia, a política de estradas recheados de conselhos militares.
general e pensador militar chi-
para suprimento, as medidas
nês, conforme Clavell (1983),
tinha como nome verdadeiro para atender às necessidades veu vasta obra literária, ates-
Wu. Nasceu no estado de Ch’i. básicas do exército e o con- tando sua cultura refinada.
Seu livro A Arte da Guerra cha- trole de gastos militares”11. Sua obra mais conhecida, O
mou a atenção de Ho Lu, Rei Assim, dois de cinco fatores Príncipe, foi além do seu tem-
de Wu. Após testá-lo com um do Mestre chinês englobam po e destaca como um sobe-
exército de concubinas, o Rei preocupações de um siste- rano deveria governar para se
nomeou Sun Tzu como gene- ma logístico capaz de suprir o manter no trono. Entre outros
ral de seu exército. Durante exército em campanha. assuntos, aborda a relação do
quase duas décadas, os exér- soberano e seu exército.
citos de Wu dominaram seus No segundo capítulo (A Con-
inimigos: os reinos de Yueh e duta da Guerra), Sun Tzu lem- O Príncipe destaca três capí-
Ch’u. bra o leitor de sua obra de tulos ao exército: Dos vários
que as guerras são caras e que tipos de exército e das tropas
A Arte da Guerra é composta oneram o povo. Não se deve mercenárias (XII), Dos exér-
por treze capítulos de grande prolongar muito uma guerra citos auxiliares, mistos e pró-
simplicidade de ideias. O capí-
sob pena de corroer os recur- prios (XIII) e Da relação entre o
tulo 1 (Planejamento) traz cin-
sos do povo. Também acon- príncipe e o exército (XIV). Ma-
co fatores constantes, a serem
levados em consideração para selha o uso dos recursos do quiavel destaca que o exército
determinar as condições do inimigo, disponíveis em seu é um indicador da grandeza
campo de batalha. O quarto território, para economizar de um Estado, pois o equipara
fator, a Terra, “compreende as seus próprios meios12. à sua organização legislativa:
distâncias grandes e peque-
nas, o perigo e a segurança, Nicolau Maquiavel (1469- As bases principais de todos os
rasa campanha e passagens 1527), nascido em Florença, Estados – sejam novos, anti-
estreitas, as oportunidades de atual Itália, foi assessor de gos ou mistos – são as boas leis
vida e de morte”10. príncipes de seu tempo. Escre- e os bons exércitos. E porque
não pode haver boas leis onde as Tropas Auxiliares utiliza-
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AHIMTB/RS 9
não há bons exércitos, e onde das pelos romanos, podem
há bons exércitos convém ha- se voltar contra seus contra- que utilizou os cidadãos a ser-
ver boas leis, deixarei de lado a tantes15. Napoleão assinala viço de seu país. O florentino
discussão das leis e falarei dos quando ainda Cônsul, que era “um defensor inconteste
exércitos13. deveria cuidar desse detalhe. das milícias que consagram os
Não fez como mostrou a Cam- princípios dos Exércitos acio-
panha da Rússia e a deserção nais, baseados na conscrição
Assim, o florentino ressalta
foi enorme. dos soldados no seio da po-
que a utilização de merce-
pulação”. Também “Acreditava
nários é prejudicial para um
Napoleão também anotou ele, com muita propriedade,
Estado, pois eles precisam de
que a presença dos exércitos que os exércitos mercenários
cuidado e atenção perma- nacionais foi uma solução aos e as tropas auxiliares serviço
nentes. Assim, a logística de problemas apresentados pe- dos Estados careciam da le-
mantê-los supridos é um fator los mercenários. Ele poderia aldade e confiabilidade para
de risco para o Estado. Não se- levar seu exército a sacrifícios com os governantes”17.
riam os soldados ideias para a e privações as quais não po-
guerra, salvo os suíços, como deriam os mercenários. O au- Após seu clássico, Maquiavel
observou Bonaparte14. Fala mento do exército encontrou escreveu A Arte da Guerra. “A
também da prevalência de ca- esse anteparo no recrutamen- Arte da Guerra está dividido
valaria sobre a infantaria, mas to: o nobre e o plebeu passa- em sete livros. O texto, em for-
por praticidade: os cavaleiros ram a defender seu Estado, ma de diálogo, apresenta um
são armados e montados por não mais auxiliares ou merce- debate entre um experiente
sua conta e a infantaria é um nários16. comandante militar e ‘gentis
gasto do Estado. homens’ ou aristocratas de
Como se nota, antecipou a Florença”18. Esta obra reitera o
Maquiavel identifica também base do sucesso napoleônico, exército republicano, formado
os auxiliares, exércitos de ou- por seus cidadãos, diferente
tros estados que ajudam em da prática do uso de auxiliares
uma guerra, e as tropas pró- PENSAMENTO PRUSSIANO v
ou mercenários.
Frederico II (1712-1786), rei da
prias, ideais, pois dispostas a Prússia, da Dinastia Hohenzollern,
sacrifícios para a manutenção conhecido como "o Grande", por suas Maquiavel dá maior enfoque
conquistas, foi hábil comandante e ao uso das Armas (Infantaria,
do Estado. Os auxiliares, como excepcional administrador.
Cavalaria e Artilharia). Busca,
na recordação das legiões ro-
manas e das observações dos
conflitos de seu tempo, real-
çar os pontos focais de um
capitão (comandante). Em
esboços, mostra as carroças
dentro da formação do exérci-
to, protegida pela força, o que
causava atraso em seus deslo-
camentos19.

Frederico II (1712-1786), Rei


da Prússia, considerado um
“déspota esclarecido”. Her-
dou do pai um Estado forte
10 O TUIUTI
AHIMTB/RS

e um exército bem treinado


e equipado20. Identificou-se
integralmente com o Estado
prussiano. Inicialmente não
se interessava pelo governo
nem pelo exército. Contudo,
o tempo e a insistência de seu
pai fez dele o general brilhan-
te, vencedor de várias campa-
nhas para seu país. Além de
filósofo, foi tanto general em
campo quanto pensador mili-
tar em seus escritos.
TRADIÇÃO ALEMÃ ^
delicado22, principalmente
No campo da logística, Frede- Carl Phillip Gottlieb von Clausewitz

rico II aperfeiçoou o sistema em território inimigo, pois os (1780-1831) foi outro prussiano
que definiu a teoria da guerra,
de armazéns (atualmente de- meios da época não permi- tornando-se um de seus mais
importantes teóricos modernos.
pósitos) e de suprimento por tiam movimentos retrógrados
meio de comboios, de modo (retiradas ou retardamentos
Assim, quando Frederico II
que o Exército podia afastar- do inimigo) com forças fracas.
opera em território prussiano,
se cinco etapas dos armazéns Luvaas23 confirma isso em nas organiza seus armazéns em
sem que o suprimento sofres- descrições feitas pelo monar- praças fortes, como em Mag-
se solução de continuidade ca prussiano quando ele fala deburg, sua independência é
(interrupção). Uma etapa cor- de marchas. grande, pois, dispondo de vá-
responde a um conjunto de rias vias de transporte, pode
refeições: café; almoço e jan- passar de uma para outra sem
tar21. O PRÍNCIPE v risco24. Isso lhe confere maio-
Reconhecido como um dos fundadores
do pensamento e da ciência política res possibilidades de mano-
moderna, Niccolò dei Machiavelli
A segurança da via de trans- (1469-1527) abordou questões de brar e enganar o adversário
porte é ainda um problema Estado de forma direta e franca. quanto à direção em que es-
tão as retaguardas prussia-
nas25. As vias utilizadas eram
tanto terrestres quanto flu-
viais, como o rio Elba.

O Rei prussiano preocupava-


se com o suprimento. Instruiu
sua tropa para que as carroças
regimentais transportassem
pães para oito dias. Era um
item de grande consumo da
tropa, que o consumia com
sopa. Cada companhia pos-
suía moinhos movidos ma-
nualmente. A intendência do
exército, também em carro- A obra de Clausewitz origi-
O TUIUTI
AHIMTB/RS 11
ças, levava suprimento sufi- nalmente se dividia em três
ciente para um mês e também partes: Livros I a IV (1ª parte); O general prussiano foi um di-
fornos de ferro26. Livros V e VI (2ª parte); e Livros visor de águas no pensamen-
VII e VIII (3ª parte). Cada um to militar:
Todas as carroças possuíam dos livros da obra é dividido
tração efetuada por cavalos. em vários capítulos. Devem- Clausewitz é o autor da guerra
Seus condutores, fiscalizados moderna. Foi filósofo e estrate-
se incluir nesta estrutura as
pelos generais, por determi- gista. O conceito de “guerra” de
notas do autor, encontradas
nação do Rei, tratavam os Clausewitz procurou responder
entre seus papéis após a sua
animais com muito cuidado. à demanda histórica de sua
morte. Estas notas elucidam
Perder cavalos reverteria em época e serviu, possivelmente,
suas motivações para escrever
perda de poder de movimen- de alimento teórico, ideológico
sobre a guerra e os objetivos
tação do exército. Em territó- e estratégico para as gerações
que reunia30.
rio inimigo, instalavam um dos governos europeus até
depósito de farinha em uma 1919 32.
O Livro V (Forças Militares)
cidade ocupada, perto do traz suas concepções sobre a
exército27. O Brasil carecia de recursos
construção das forças a serem
para apoiar seu exército. O Pa-
empregadas em combate. A
Em território inimigo, a infan- raguai era um território des-
organização didática desse
taria escoltava os comboios conhecido para se preparar
estudo foi balizada da seguin-
para lhes proporcionar segu- um planejamento logístico
te forma31:
rança. Mesmo em terreno pla- adequado segundo os princí-
no, Frederico II achava melhor 1. O seu poderio numérico e a pios em voga à época. Os obs-
usar os infantes nessa missão, sua organização; táculos iniciais se mostravam
a qual possuía detalhamentos um desafio à altura dos Doze
preparados pelo próprio mo- 2. A sua situação quando não
narca. Julgava a proteção dos estiver em combate;
comboios um ponto crucial A SERVIÇO DE PORTUGAL v
3. A sua manutenção; e Guilherme de Schaumburg-Lippe (1724-
para assegurar a continuidade 1777), conhecido em Portugal como
das operações28. 4. A relação geral existente en- Conde de Lippe, foi mais um político e
militar de origem alemã que teorizou
tre elas, o país e o terreno. sobre a arte e a ciência da guerra.
Karl von Clausewitz (1780-
1831), foi um pensador mili-
tar do século XIX cujas ideias
continuaram vivas mesmo
após sua morte29. A obra mais
famosa (e extensa) de Clau-
sewitz é Von Kriege (Da Guer-
ra). Ela enfeixa uma série de
teorias e doutrinas escritas a
partir de experiências adquiri-
das nas Guerras Napoleônicas
e no exercício das suas fun-
ções como soldado, particu-
larmente a docência da Escola
Militar de Berlim.
12 O TUIUTI
AHIMTB/RS tórico no rio da Prata. A pre- tência de um Exército organiza-
sença do Uruguai, lutando ao do e capaz de dar continuidade
Trabalhos de Hércules. Porém, lado de dois países com quem à evolução natural do povo e
não se tinha nem ajuda dos ora se aliava, ora combatia. das Instituições, agora com a
deuses do Olimpo nem semi- responsabilidade de afirmação
deuses para auxiliar os brasi- O Exército Imperial brasileiro própria no cenário sul-america-
leiros, como herói mitológico não estava pronto para travar no e mundial”35.
grego teve. Apenas Osório e essa nova guerra. Não possuía
seus auxiliares próximos. a estrutura adequada para lu- O Exército se organizou com
tar nas condições que se apre- base nas forças já existentes,
sentaram. Carecia de infraes- herdadas da Colônia. Cedo já
trutura adequada: homens se fazia necessário emprega
O EXÉRCITO -lo na Cisplatina, em 1823. O
IMPERIAL BRASILEIRO capacitados e os meios dispo-
surgimento do Império não
níveis para a luta. Não era uma
trouxe consigo a formação de
O Exército Brasileiro se encon- novidade: o exército nacional
um exército confiável, capaz
trava em plena campanha no era uma sombra do que pas- de inspirar segurança aos go-
sou a ser, passados décadas vernantes, como mostra Fer-
Uruguai. Francisco Solano Ló-
desse conflito. Como informa rer:
pez, presidente e ditador do
Ferrer:
Paraguai, no mesmo período,
iniciou sua guerra contra o Esse “descaso” do império para
Em 1864, ao ser deflagrada a com o Exercito iniciou apos a
Império do Brasil. O exército guerra pelo Paraguai contra o Independência do Brasil, em
brasileiro lutava em um cam- Brasil, com o aprisionamento 1822, quando essa forca ter-
po de batalha familiar: o ex- do navio brasileiro Marques de restre passou a ser considera-
tremo meridional do território Olinda e posteriormente, a in- da pelas autoridades imperiais
brasileiro até o rio da Prata, no vasão pelo numeroso exercito como uma ameaça a estabili-
Uruguai. paraguaio nas províncias do dade politica do novo sistema
Mato Grosso em 1864 e do Rio de governo, devido a presença
Constituía-se em novo con- Grande do Sul em 1865, respec- de portugueses junto ao ofi-
flito de uma região sacudida tivamente, o Império percebeu cialato e a indisciplina dos sol-
por lutas seculares, herdadas a necessidade de (re)organizar dados, que participavam de
um exercito forte capaz de de- motins, arruaças e tumultos no
da rivalidade ibérica. Não só
fender a pátria brasileira, que período regencial. Tais aspectos
se combatia na região por eram causadores de profundas
causa de conflitos locai como estava sendo ameaçada, ja que,
apos a Independência do Brasil, desconfianças junto a socieda-
também por razões vindas de politica, que temia a restau-
da Europa, como a Guerra de a Guarda Nacional passou a ser
ração do antigo regime36.
1801, que trouxe reflexos para empregada na defesa do ter-
ritório brasileiro com o maior Castro também aduz:
o extremo meridional brasilei-
numero de efetivo e incentivo
ro33.
econômico, em detrimento do Contudo, a Independência não
Exercito profissional34. marcaria uma mudança pro-
A deflagração da guerra con-
funda na força, pois o Exército
tra a nação guarani trouxe o As responsabilidades de um de então tinha imensos proble-
Império para uma situação país recém-independente mas, que o tornaria conceitual-
inédita. O conflito contra o Pa- trouxeram consigo um peso mente muito diferente do que
raguai se travou em uma área muito grande. existe hoje37.
praticamente desconhecida
pelo exército imperial. A alian- “O Brasil independente impli- Os efetivos do Exército eram
ça com a Argentina, rival his- cou necessariamente na exis- pequenos, mercê, entre outras
causas, do êxodo dos militares
O TUIUTI
AHIMTB/RS 13
portugueses que integravam
suas fileiras. Carecendo de
completar o efetivo do Exér-
cito, o Imperador fez uso de
mercenários, comuns à época,
particularmente para lutar no
Prata. Criou, em oito de janei-
ro de 1823, o 1° Regimento de
Estrangeiros, composto de Es-
tado-Maior e um batalhão de
Granadeiros e dois batalhões
de Caçadores, com oitocen-
tos e trinta e quatro homens
cada38. Em 1825 foi criado o
2° Batalhão de Granadeiros.

Legalmente, o Exército foi cria- APRENDER A LUTAR ^


do pela Carta Magna outorga- eram cargos eletivos, em plei- Prédio da Academia Real Militar, visto
aqui quando já preparado para a
da pelo Imperador em 25 de tos sem voto secreto”40. grande Exposição Nacional de 1871. O
março de 1824. O documento próprio imperador abriu a exposição,
primeira do gênero no Brasil.
trazia, no seu Capítulo VIII, seis As preferências se estendiam
artigos sobre a força militar. aos oficiais: “no fim do Primei-
Prescrevia, no artigo 145, que ro Reinado, apesar da Inde- viço. Cabe ressaltar que os que
“todos os brasileiros são obri- pendência e do retorno para não quisessem fazer parte des-
gados a pegar em armas para a Europa de um grande nú- sa forca militar podiam indicar
sustentar a independência mero de oficiais portugueses, substitutos de boa procedên-
e a integridade do império e dos 44 generais em serviço no cia. Em 10 de setembro de 1860,
defende-lo dos seus inimigos Exército, apenas 16 deles, um outro decreto-lei referente a
externos ou internos”39. pouco mais de um terço, eram Guarda Nacional foi promulga-
brasileiros”41. Os brasileiros do, com a determinação de que
O recrutamento era proble- eram, em sua maioria, li- todos os cidadãos filhos de es-
mático. Para entrar no Exérci- mitados ao posto de Capi-
trangeiros que possuíssem ren-
tão 42. A preferência era entrar
to as praças deveriam ser de da superior a 200 mil reis eram
na Guarda Nacional:
“raça pura”, ou seja, brancos. obrigados a servir na Guarda
Os pardos e negros só serviam Nacional43.
Conforme a lei de criação da
nas Tropas Auxiliares (Milícias Guarda Nacional, suas corpora-
e Ordenanças), as quais foram ções deveriam ser organizadas Não havia fontes escritas para
extintas posteriormente para e subordinadas a autoridades capacitação. Aplicavam-se
que o parlamento criasse a locais. Seu serviço de pessoal ainda os “Artigos de Guerra”
Guarda Nacional, “uma organi- era obrigatório e abrangia os do Regulamento de Frede-
zação militar que, ao contrário homens maiores de 18 anos rico Guilherme Ernesto de
das antigas forças auxiliares que tivessem renda superior a Schaumburg-Lippe, Conde
coloniais, não era subordina- 200 mil reis, com exceção dos de Lippe, datados de 177344.
da à administração central, militares de terra e mar, auto- O manual do Conde irlandês
o controle da tropa era dado ridades locais, maiores de 50 Beresford, de 1812, valeu até
aos juízes de paz que, como anos, reformados da Marinha e 1850. Mesmo assim era insufi-
os próprios oficiais da Guarda, do Exercito e inaptos para o ser- ciente45.
14 O TUIUTI
AHIMTB/RS tes critérios: tempo de serviço à necessidade de satisfazer
no posto anterior de dois a aos interesses da segurança
O governo percebeu a ne- cinco anos e provas de conhe- nacional, com economia”54.
cessidade de capacitar seus cimentos teóricos e práticos O governo resolveu enfati-
oficiais. O Ministro da Guer- da arma49. zar a Guarda Nacional, criada
ra, João Vieira de Carvalho, 1° nesse ano e reorganizada em
Barão de Lages, enviou treze Em 1851 foi criado o curso de 185055. Era uma instituição
deles para escolas na Europa, cavalaria e de Infantaria, pelo que existia de longa data,
por julgar não haver no Bra- período de dois anos, na pro- adotada pela França e outros
sil ainda uma instituição que víncia do Rio Grande do Sul. países republicanos. Prestou
possuíssem formação tanto Em 1854 foram criadas esco- grandes serviços ao país, par-
técnica como prática para las elementares nos Corpos ticularmente nas Guerras do
aperfeiçoá-los. Por meio do de Tropa. Em 1855 criou-se a Rio da Prata56.
decreto de 29 de janeiro de Escola de Aplicação do Exérci-
1825. Assim, buscava um iní- to, englobando o 5° e 6° anos A situação continuou a se
cio de capacitação organizada da Escola Militar, que foram complicar. No ano da primei-
para a liderança de um exérci- suprimidos. Em 1859 foi cria- ra Regência do Ato Adicional,
to emergente46. da a Escola de Tiro de Campo assumida pelo senador padre
Diogo Feijó, o Parlamento na-
Grande. Em 1860, uma nova
Os oficiais só dispunham da cional, em nome de nova eco-
reforma cria as Escola Central
Academia Imperial Militar, ins- nomia, autorizou por meio
e a escola Militar, Escolas Auxi-
tituída47 por Carta de Lei de da Carta de lei N° 15, de 26
liares da escola Militar e Esco-
4 de dezembro de 1810 para de agosto de 183557, para o
las Regimentais50.
uma formação didática. A Aca- biênio 1836/1837, uma força
de seis mil, trezentos e vinte
demia funcionou na Corte, no Deu-se uma série de passos
homens (20 % do efetivo exis-
prédio da Casa do Trem (atual para desmantelar a estrutura
tente no Primeiro Reinado)58.
Museu Histórico Nacional). O do Exército após a abdicação
Império a encontrou no Largo de Dom Pedro I51. O primeiro O governo imperial não inves-
de São Francisco, onde funcio- foi a expulsão dos oficiais es- tia no Exercito, não arcando
nou até 1858. Posteriormen- trangeiros, particularmente com o fornecimento básico
te, foi para a Praia Vermelha, portugueses, vistos como li- para seu funcionamento. Fal-
onde formou oficiais até a Re- gados ao antigo regime. Esse tavam homens, armamentos,
pública, em 190448. passo seguia na esteira da víveres. Resumindo, todas as
dissolução dos batalhões de condições necessárias para
Em Março de 1851, as promo- mercenários estrangeiros. A formação e manutenção de
ções visou atender critérios lei votada pela Assembleia- uma forca militar nacional ca-
de capacitação. O acesso ao Geral em 24 de novembro de paz de defender a pátria59.
posto de Tenente (hoje 1° Te- 1830 restringia o oficialato
nente) definia que os Alferes das Forças Armadas aos brasi- A partir da declaração da
(hoje 2° Tenente) possuíssem, leiros52, e limitava o Exército a Maioridade de Dom Pedro II, o
além de dois anos de serviço, doze mil praças53. processo de reformulação do
o curso da Escola Militar. Para Exército foi acelerado. Foi pu-
o acesso ao posto de Capitão, “A criação da Guarda Na- blicado o Almanaque do Exér-
o Tenente precisava ter o cur- cional, em 18 de Agosto de cito (1844), permitindo que
so da Escola Militar, ou do seu 1831, foi uma providência que qualquer oficial pudesse se
Corpo, e satisfazer os seguin- eventualmente correspondia movimentar pelas províncias,
verificar sua antiguidade, ser não existia no Brasil, foi uma
O TUIUTI
AHIMTB/RS 15
promovido em âmbito nacio- medida valiosa para o desfe-
nal, conferir cursos e conde- cho da guerra. Esse modelo pertence ao Parque Histórico
corações com outros do país. foi adaptado e empregado, que leva seu nome. A Vila hoje
Era um passo adiante do Livro com algum sucesso, na Guer- é o Município de Osório. Bati-
Mestre de assentamento dos ra do Paraguai64. zou-se no dia vinte e quatro
oficiais, criado por decreto de do mesmo mês na igrejinha
27 de novembro de 182960. Quando o Brasil enviou suas da mesma Vila67. O Patrono
Facilitou as promoções que, forças para combater Solano da Cavalaria brasileira era um
desde 1831, só foram autori- López, todas as suas tropas, legítimo gaúcho:
zadas mediante merecimento incluindo os Voluntários da
em combate61. Pátria e os Guardas Nacionais, em uma estância gaúcha do
foram equipadas com o novo início do século XIX, com todas
Caxias, condutor da campa- armamento, de maior alcance. as influências culturais e socio-
nha brasileira na Guerra con- Os fuzis adotados pela infan- lógicas que tal origem conti-
tra Oribe e Rosas (1851-1852), taria, por exemplo, possuíam nha. Era filho de um modesto
adotou uma estrutura ope- alças de mira reguladas até furriel de tropas provinciais,
racional e logística que deu 800 metros, possibilitando o pouco depois passando a agri-
excelentes resultados. Ele uti- fogo eficaz contra massas de cultor e, no ambiente fluido das
lizou essa estrutura para reor- tropas a essa distância65. lutas fronteiriças, de novo mili-
ganizar o Ministério da Guer- tar, tão conceituado que che-
ra, quando Ministro, em 1856. O Segundo Reinado tinha um garia a tenente-coronel68.
Na sua segunda passagem na Imperador que não se preocu-
pasta, em 1861, apoiado em pava com o Exército. Ao con- O destino da carreira das ar-
grande experiência em ope- trário de seu pai, mantinha-se mas era uma predestinação.
rações, adaptou para nossa afastado da Força. Parte da ca- Seu avô era um abastado es-
realidade as Ordenanças de ótica situação se deveu ao seu tancieiro local, Tenente Tho-
Portugal para as armas62. descaso. Contudo, a agressão maz José Luiz Osório. Seu
lopizta fez com que visse a pai era Furriel das tropas que
Sua presença no Ministério foi gravidade da situação. Mar- guarneciam Santa Catarina.
marcante para o Exército, no- cou esse ato o fato de criar os Fugiu numa noite chuvosa
tadamente quando passou a Voluntários da Pátria, autointi- por defender um soldado dos
presidir o Conselho de Minis- tulando-se como o Voluntário exageros de um capitão. Foi
tros de setembro de setembro n° 1. Mas os anos de penúria peão do pai de sua esposa,
de 1856 a Maio de 1857, pelo do Exército cobrariam seu Ana Joaquina Osório, de onde
falecimento de seu titular, o preço antes da vitória66. tirou o nome Osório para dar
Marquês do Paraná63. aos filhos, em honra do ho-
mem que o abrigou na neces-
Uma das experiências colhi- GENERAL OSÓRIO: sidade69-70. Conforme vemos:
das na Campanha foi o “mu- PERFIL DE UM LÍDER
niciamento de boca” (víveres), Osório, filho e neto de soldados,
com as Instruções Provisórias Osório nasceu a dez de maio não desejava para si o destino
que baixou em 9 de Julho de de 1808, na Vila de Nossa Con- dos homens das armas. Alis-
1851 como encargo para o ceição do Arroio, em solo rio- tou-se na Legião de São Paulo,
Presidente da Província (fun- grandense, próximo à divisa por imposição paterna, aos 15
ção civil). Em uma época em com o Estado de Santa Catari- anos de idade. Chorando, afas-
que o Serviço de Intendência na. A casa em que nasceu hoje tou-se de tudo aquilo que ama-
16 O TUIUTI
AHIMTB/RS

va: a sua estância, a sua famí-


lia e a vida campesina. Estava,
contudo, destinado a se trans-
formar num grande guerreiro
e no mais amado dos nossos
generais71.

Até 1818 só teve como tutor o


sapateiro local, Miguel Alves.
Foi o primeiro de seus dois
únicos mestres. Lia, escrevia
e fazia as quatro operações.
Entretanto, já demonstrava
os dotes que o levaram à gló-
ria: ginete, nadador e atirador. der e, durante toda a sua vida, GENERAL OSÓRIO ^
Como gaúcho não deixava tratou do auto-aprendizado –
Pensador ativo, prático e eficiente,
excelente combatente e líder pelo
dúvidas: laçava, pealava e bo- inclusive do profissional – nos exemplo, Manuel Osório (1808 - 1879)
promoveu importantes mudanças na
leava com maestria72. Neto cursos realísticos da tarimba estrutura militar brasileira.
registra: militar prestante73.
A instrução básica de Mano- cançou boas condições. Falava
Em outra passagem: bem, com clareza; era bom ora-
el Luís foi rudimentar. Estudos
profissionais regulares nem dor, fluente, direto ao assunto;
pôde fazer; quando teve opor- Osório não redigia bem; aos discursava com naturalidade e
tunidade, ainda jovem, reque- poucos, com atenção e persis- ênfase, podendo ser cortês, fe-
reu matrícula na Academia Real tência, foi melhorando e al- rino, desbordante ou gozador.
Militar, mas foi-lhe negada, sob Era dado a versejar, e repen-
a alegação de que faria falta na tista incisivo, mordaz, mesmo
campanha da Cisplatina. É que ORGANIZAÇÃO v
As mudanças promovidas em questões de serviço. Dei-
carecia de uma garantia de ber- para a Guerra da Tríplice
xou-nos uma porção de pensa-
Aliança permitiram melhor
ço. Porém, esse escanteio não organização das tropas brasileiras, mentos, de ditos, que são, por si
diminuiu nele a sede de apren- racionalizando a logística.
sós, retratos precisos – e precio-
sos – do cidadão que ele era, e
verdadeiras máximas de com-
portamento ético e de posicio-
namento diante de assuntos
relevantes. Assim como Barroso
com os jargões dos marinhei-
ros, Osório habituou-se ao lin-
guajar típico dos gaúchos da
fronteira (brasileiros e platinos,
em sua interpenetração) – pa-
lavreado, dizeres, expressões74.

Seu segundo e último mes-


tre foi o Capitão de Dragões
Domingos José de Almeida. ciador, quer nas lides políticas
O TUIUTI
AHIMTB/RS 17
Ensinava na Vila do Salto, para sulriograndenses, quer nas lu-
onde o pai levara a família em O futuro Marquês do Herval,
tas do Prata. Conheceu vários
1821. Silva Borges ausentara- apesar de não possuir forma-
caudilhos locais que lutaram
se de casa desde 1816, envol- ção técnica, era tarimbado
na Tríplice Aliança, como Flo-
vido nas lutas ocorridas após para a missão. Conhecia a re-
res, Mitre e Urquiza, além de
a incorporação do Uruguai. gião, conhecia pessoalmente
vários comandantes brasilei-
Afeiçoou-se aos estudos. Mas vários personagens da cena
ros. A habilidade negocial que
se afastou deles para seguir a política platina, além de ser
acumulou rendeu-lhe frutos
carreira de soldado75. Liberal, como Camamu. Co-
quando estava em Montevi-
nhecia o tipo de luta que se
déu incumbido da organiza-
travava na região, pois lutava
O afastamento dos livros não ção do Exército Imperial78.
ali desde a juventude. Conhe-
interrompeu sua busca pelo
cia Montevidéu desde as lutas
conhecimento. Sua vida foi Assim, o Exército Imperial
da Independência brasileira e
testemunha de seu esforço brasileiro se encontrava mal oriental.
pessoal. “Osório foi autodida- armado e equipado. Porém,
ta. Almejava uma formação à frente dele, Osório, que o Apesar de ser um General, co-
humanística, mas, ao iniciar a destino colocara no comando mandante do Exército, e lidar
vida guerreira, possuía ape- após a doença de Menna Bar- com um Presidente argentino
nas as letras ensinadas pelo reto, era um chefe capaz de (Mitre) e outro Oriental (Flo-
sapateiro Manuel. Tornou-se organizar o pouco que tinha res), tinha o apoio político da
poeta e bem escrevia, como e, novamente, lançar as armas Corte (Gabinete) e local (Ta-
se depreende de suas cartas a nacionais em mais uma luta mandaré e Otaviano, ambos
Tamandaré”76. em defesa da dignidade ultra- liberais). Assim, podia dar va-
jada Marquês de Olinda e no zão à toda a sua energia (ape-
A vida propiciou-lhe sua gran- Forte Coimbra. sar de adoentado ao assumir
de capacidade administrativa, o comando), espírito prático
Obtida na prática, desincum- e objetivo para cumprir a mis-
biu-se como pode de todas PREPARAÇÃO LOGÍSTICA são.
as missões que recebeu, com- DO EXÉRCITO IMPERIAL
pensando a falta de estudo BRASILEIRO Desconhecia as intenções do
regular pela lucidez e objetivi- Governo para a tropa. Seu pri-
dade. “Osório morreu Ministro Osório não era o primeiro meiro expediente para Cama-
da Guerra. Tinha uma ampla nome da lista de escolha para mu revela isso. Por não possuir
visão da organização do equi- o Comando em Chefe do Exér- ordens precisas, buscou, à sua
pamento do território. Preo- cito em Operações. Caxias, por maneira, organizar uma força
cupava-se com a construção sua experiência, era o nome capaz de lutar no Paraguai. As-
das estradas de ferro que per- natural. Mas a política (desafe- sim como a quase totalidade
mitiriam um apoio cerrado às to do novo Ministro da Guer- de seus homens, desconhecia
operações no Rio Grande e na ra, Visconde de Camamu), não o local onde combateu poste-
defesa do território”77. o permitiu assumir. O Barão riormente. Exceção segura era
de São Gabriel voltou para o Cabrita, ex-instrutor naquele
Outro fator importante para Brasil trazendo consigo ofi- país guarani.
a administração do Exército ciais de alto valor. Osório, por
eram os vários anos de experi- fim, acabou como escolha de Iniciou sua tarefa sob o olhar
ência acumulada como nego- ocasião. dos políticos da Corte e de sua
18 O TUIUTI
AHIMTB/RS instrução qualificada – era procurou tratar os enfermos,
feita na prática do combate. criou hospitais, providenciou
própria tropa. Reconheciam- Carecia-se de ensino formal medicamentos, fiscalizou o
no valente. Mas bravura seria da carreira das armas. A tro- serviço de saúde, criou hospi-
suficiente para desincumbir- pa perdia muito por serem tal ambulante, providenciou
se da tarefa? Osório, passo a instruídos passo a passo, len- transporte para eles. As con-
passo, reúne o que possui da tamente, durante as refregas. dições climáticas e higiênicas
forma que acha melhor e soli- Assim como Osório formou-se foram uma das maiores difi-
cita o muito que não possuía. seguindo seu pai, instruiu os culdades para capacitar a tro-
Foi, pouco a pouco, montan- soldados que vieram do Rio pa para combater.
do uma força de combate. Grande do Sul para Montevi-
déu ao longo da Campanha. Organizou a Infantaria com o
1) Força combatente que tinha desde a Guerra an-
Procurou mais qualidade do terior e com os contingentes
O Brigadeiro não possuía uma que quantidade. Reorgani- que chegavam da Corte, quer
força capaz de combater. Eram zou a força que dispunha para de Linha, quer de Voluntários.
bravos reunidos em torno de uma melhor atuação futura. Procurou acolhê-los da me-
uma causa – a luta no Uru- Osório colocou em lugares- lhor forma, apesar da falta de
guai. Era uma tarefa conheci- chaves os comandantes mais barracas. Cuidou da sua ins-
da há séculos – desde a época capazes para instruírem seus trução de forma a dar aos re-
colonial quando portugueses homens. O exemplo mais no- crutas, os que entravam em
e espanhóis pisaram aquelas tório foi a nomeação do Bri- forma e pegavam em armas
terras. Lutavam sua guerra à gadeiro Antônio de Sampaio pela primeira vez, capacidade
gaúcha, patrícios contra patrí- para instruir a Infantaria. Mes- de assimilar o que necessita-
cios, ora ao mesmo lado, ora mo depois do deslocamento vam para a luta.
em lados opostos. Uniam-nos para Paissandu, essa preo-
laços de sangue e linguajares cupação era marca impressa Cuidou da cavalaria, retirando
e culturas semelhantes. pelo Marquês. -a para fora de Montevidéu.
Buscou melhorar a capacida-
A Guerra no Paraguai, entre- O recompletamento era ine- de de marchar, dos cavalos,
tanto, era diferente de todas ficaz. Era fruto de um Recru- e de transportar e tracionar,
as que se feriram até então. tamento que só se organizou dos bois. Buscou na Argentina
O terreno onde brasileiros de na República. A concorrência o recompletamento cavalar,
várias províncias lutaram era com a Guarda Nacional tra- embora não fossem de gran-
desconhecido. A força para- zia para as fileiras do Exército de qualidade para as longas
guaia se preparou durante uma série de incapazes para marchas que se sucederiam
anos para a luta. A hierarquia, lutar. Os Voluntários da Pátria, até o Paraguai.
herança jesuítica, era forte. apesar o ardor patriótico, tam-
O guarani era um soldado de bém não eram profissionais e Buscou melhorar a capacida-
valor no campo de batalha. A se juntavam a uma gama de de de atuação da Artilharia.
luta se travou em condições outros inexperientes para a Esta aumentara suas bocas
diferentes de tudo que os bra- luta no Paraguai. de fogo durante a Campanha
sileiros participaram. Oriental. Porém, apresentava
A doença grassava solta no desfalque de efetivos. Tinha
O Exército carecia de um pre- Uruguai. Muitos chegavam no compadre Mallet, futuro
paro racional para entrar em doentes, muitos adoeciam Barão de Itapevi, militar ca-
combate. Não possuía uma sob as condições locais. Osório paz de instruir e preparar essa
Arma para o combate. A histó-
O TUIUTI
AHIMTB/RS 19
ria mostrou o acerto dessa ex-
pectativa. Osório reorganizou
esses efetivos e aumentou-os
com o que chegou do Rio de
Janeiro.

Organizou os sapadores, pon-


toneiros e mineiros disponí-
veis. Contratou oficiais para
capacitá-los, além de contar
com os que dispunha, como
Villagran. Criou uma tropa de
Voluntários, aproveitando a
disponibilidade de estrangei-
ros que à época se dispunham
a lutar fora de seus países,
como italianos. A lembrança TRANSPORTE DIFÍCIL ^
ram ao longo da Campanha O Exército funcionava, basicamente,
do valor de Garibaldi e outros com depósitos colocados pelo eixo
da tríplice Aliança. de deslocamento das tropas, e que
que lutaram na Farroupilha, levavam o que podiam consigo e
certamente, estavam na men- em carretas tracionadas pelos bois.
Osório oficiou, em diversas
te do Comandante em Chefe.
oportunidades, os itens de
que necessitava. Pedia tam- 3) Mobilidade
2) Abastecimento
bém ao Presidente da Provín-
cia do Rio Grande do Sul, pela Osório necessitava deslocar
O Exército não possuía um suas Armas e o abastecimen-
proximidade, para que tam-
sistema de abastecimento. to. A cavalaria seguiu pela es-
bém lhe fornecesse suprimen-
Funcionava com depósitos trada, remontada com o que
tos necessários para a luta.
colocados pelo eixo de des-
Buscou, de forma diligente e conseguiu na região. Possuía
locamento das tropas e leva-
sem perder tempo, abastecer- chefes capazes, como Andra-
vam o que podiam nas car-
se dos itens que necessitava de Neves e José Luís Mena
retas tracionadas pelos bois.
para a tropa vestir, comer, ati- Barreto, para preparar a tropa
No Uruguai, Osório fez uso
rar e se deslocar. para o deslocamento que se
das requisições, comprando o
avizinhava. O tempo passado
que necessitava à medida que
podia. Pontuava-se a falta de quase em Santa Luzia foi fundamen-
tudo: sapatos, barracas, pól- tal para reorganizar a Arma
Assim, comprou fardamento, vora, fuzis, etc. O apoio de Ca- para marchar e combater.
munição, alimentação e ou- mamu e de outros políticos,
tros itens necessários para a sobretudo os locais, foram A Infantaria se apoiou em des-
guerra. Não existia padroni- fundamentais para que se locamentos fluviais para seu
zação, como o fardamento, formasse uma tropa capaz de deslocamento de Montevidéu
que transformava a tropa em marchar para a guerra. Viu-se para Paissandu. O apoio de
um misto de uniformes de claramente a preocupação do Tamandaré foi fundamental
composição e cores diversas. Comandante em Chefe com para transportá-los. Mesmo
Comprava de orientais e ar- uma miríade de itens de guer- assim, Osório precisou da re-
gentinos, os quais enriquece- ra. quisição de embarcações ade-
20 O TUIUTI
AHIMTB/RS gaúcho) acostumado a pelear tempo, sem missão clara dada
por séculos. Mas o Paraguai pelo Governo, em território
quadas para navegar nos rios era um Teatro de Operações estrangeiro, sem um Estado
da região, visto que se fazia diferente. -Maior para auxiliá-lo, logrou
necessária a utilização de na- montar uma força que cres-
vios de pequeno calado para Para a luta, estava à frente o ceu posteriormente e lutou
vencerem as águas dos rios da General Osório. Sem formação com bravura.
Prata, Uruguai e Paraná. técnica, forjou-se em décadas
de lutas fratricidas na região Osório, dentro de seu contex-
A Artilharia seguiu também sul. Conhecia a gente e a polí- to histórico, iniciou a monta-
saiu de Montevidéu embarca- tica, fundamentais para orga- gem de uma força militar, ini-
da nos vapores que subiram o nizar uma força combatente. ciou sua instrução, fortaleceu
rio. A logística fornecida pela Possuía respeito e admiração, a estrutura das Armas com-
esquadra também reduziu o fundadas na bravura e desve- batentes (Infantaria, Cavalaria
tempo de deslocamento des- lo demonstrado em todas as e Artilharia), estruturou seus
sa Arma, já que as estradas guerras que participou. apoios, cuidou de seus apoios
seriam penosas de se atraves- como saúde, religioso, dentre
sarem nessa saída da capital Em Montevidéu, Osório se outros. Proporcionou, tam-
uruguaia. Era notório o atraso encontrava isolado. Perde- bém, mobilidade à tropa, em-
que a tração bovina provoca- ra bons oficiais que partiram barcando-a em vapores da es-
va no deslocamento da tropa. com seu antecessor. Comba- quadra, ou contratados para
tia a desconfiança de políticos transporte, de modo a evitar
na Corte e do povo na sua ca- danos que as longas marchas
CONSIDERAÇÕES FINAIS pacidade de organização. Es- traziam.
tava praticamente sem nada
O trabalho ressaltou a impor- para organizar um Exército ca- Assim, o Marquês do Herval,
tância da logística para uma paz de lavar a honra nacional apesar das dificuldades, con-
Campanha Militar e como o face ao insulto impingido por seguiu, num curto espaço de
seu descaso pode levar ao seu López. tempo, dentro das imensas li-
malogro. O estudo demons- mitações que sofria, criou uma
trou que forças militares onde A falta de uma infraestrutura infraestrutura logística para
essa preocupação era levada logística do Exército preju- a Campanha. Ela evoluiu ao
a sério obtiveram resultados dicou sua preparação para a longo do tempo. Porém, esta
positivos na hora em que guerra. A Campanha se arras- evolução se originou de suas
puseram seus soldados para tou por muitos anos por apre- iniciativas em Montevidéu.
marchar. sentar, entre outras coisas, a
falta de apoios necessários ao Não bastava apenas receber
Também se verificou que o desenrolar da Campanha. A recursos financeiros: necessi-
jovem Exército nacional não presença de Caxias, organiza- tava-se de alguém com capa-
se estruturara conveniente- dor nato, mostrou que isto era cidade para gerir bem esses
mente para um século de lu- uma realidade. recursos para preparar mon-
tas. Estava aquém do neces- tar uma força para lutar. Osó-
sário para empreender uma Não se pode, contudo, des- rio, com imensas dificuldades,
Campanha como a da Tríplice curar a ação de Osório na contra a desconfiança geral,
Aliança. Lutara em uma região preparação que liderou em conseguiu dar cabo da tarefa.
marcada de lutas, um povo (o Montevidéu. Em pouquíssimo O sucesso no Paraguai come-
çou com sua ação na capital Notas:
O TUIUTI
AHIMTB/RS 21
da República Oriental.
1 HOLANDA FERREIRA, 1988, 25 LUVAAS (2001).
Osório é conhecido nas suas p. 399..
26 LUVAAS (2001).
ações de combate. Tático bri-
lhante, lia a batalha como 2 FRANCO; HOUAISS e VILLAR,
27 LUVAAS (2001).
2009, p. 1193.
poucos. Seus feitos, os que
o levou à glória e à idolatria 28 LUVAAS (2001).
3 EME, 2003, p. 1-2.
ainda em vida, originam-se
29 SANTOS (1998).
dessas ações. Porém faz-se 4 EME, 2003, p 1-2.
necessário estudar sua capa- 30 COSTA (1983, p. 99).
cidade administrativa, parti- 5 SANTOS (1998).
cularmente no primeiro perí- 31 CLAUSEWITZ (2010, p. 339)
odo da guerra (Montevidéu 6 BRAZ, 2004, p. 27.
32 LEMOS (2010, p. 9).
a Passo da Pátria) onde o ad-
7 EME, 2003, p 1-2.
ministrador se sobrepujou ao 33 BENTO (2001, p.5).
guerreiro. 8 BRAZ, 2004, p. 15.
34 FERRER, 2005, p. 121-122.
O autor deste trabalho acre- 9 BRAZ, 2004, p. 28.
dita que, compreendida me- 35 PEDROSA (1984).
lhor essa face do homem, sua 10 CARDOSO, 1987, p. 123.
36 FERRER (2005, p. 122).
fama, já enorme como guer-
11 CARDOSO, 1987, p. 123.
reiro, aumentará como um 37 CASTRO (2011, p. 46).
líder tanto combatente como 12 CARDOSO, 1987.
logístico. Assim, o autor acha 38 PONDÉ (1982, p. 36).
interessante que se explore, 13 MAQUIAVEL, 1998, p. 100. 39 PONDÉ (1982, p. 44).
mais a fundo, as ações do Leão
do Herval na marcha entre 14 MAQUIAVEL, 1998. 40 CASTRO, 2011, p. 48.
Montevidéu e o Passo da Pá-
tria, com o fim de ratificar que 15 MAQUIAVEL, 1998. 41 CASTRO, 2011, p. 47.
Osório era um cabo-de-guer-
16 MAQUIAVEL, 1998 42 LEMOS, 1996.
ra maior do que foi percebido
por seus contemporâneos. 17 OBINO, 1984, p. 81. 43 FERRER, 2005, p. 122-123.

18 MAQUIAVEL, 2013, p. 18. 44 LEMOS, 1996.



19 MAQUIAVEL, 2013. 45 CASTRO, 2011.

46 PONDÉ, 1982, p. 50.


20 SANTOS (1998).
Este texto é baseado em tra-
balho realizado em outubro 47 PONDÉ, 1982, p. 77
21 SANTOS (1998).
de 2013, para o autor receber
48 AMAN, 2013.
o título de Especialista em His- 22 SANTOS (1998).
tória Militar. 49 MAGALHÃES, 1998, p. 256-
23 LUVAAS (2001). 287.

• 24 SANTOS (1998). 50 MAGALHÃES, 1998, p. 287.


22 O TUIUTI
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www.revistanavigator.com. SOBRE O AUTOR
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Luiz Augusto Rocha do Nascimen-
OBINO, José Luiz Feio. O Pen- to é Coronel de Cavalaria do Exército
samento de Maquiavel. In A Brasileiro. Bacharel e Mestre em Ciên-
Defesa Nacional. Rio de Ja- cias Militares. Também é Bacharel em
Arquivologia: Tecnólogo em Logís-
neiro, Julho/Agosto de 1984.
tica. Especialista em Análise e Projeto
de Sistemas, Gestão em Tecnologia
OSÓRIO, Joaquim Luís; OSÓ- da Informação e História Militar. É
RIO, Fernando Luis. História membro da AHIMTB/DF e professor
do General Osório. Typogra- do Colégio Militar de Brasília. E-mail:
fia do Diário Popular. Pelotas, prof.luau@icloud.com
1915.
O TUIUTI
AHIMTB/RS 25

ESTÁCIO DE SÁ
SÉRIE HERÓIS DA RESISTÊNCIA ÀS
INVASÕES ESTRANGEIRAS NO BRASIL
Cel Luiz Ernani Caminha Giorgis

Estácio de Sá era português, filho de Gonçalo Correia e de Dona Filipa de Sá. Nasceu em
Santarém (1520) e morreu no Rio de Janeiro (1567),fundador da cidade do Rio de Janeiro,
e primeiro governador-geral da Capitania do Rio de Janeiro no período colonial.

Sobrinho de Mem de Sá, Estácio chegou a Salvador, BA, em 1563 com a missão de expul-
sar os franceses da Baía de Guanabara e ali fundar uma cidade. Em 1565, com reforços da
Capitania de São Vicente e com o auxílio dos jesuítas, conseguiu reunir uma força de ata-
que para cumprir a sua missão. Neste mesmo ano, fundou a cidade de São Sebastião do
Rio de Janeiro, em terreno entre o morro Cara de Cão e o morro do Pão de Açúcar, onde
montou sua base de operações para a expulsão dos franceses.

Em janeiro de 1567, com a esquadra de Cristóvão de Barros e reforços comandados por


seu tio Mem de Sá lançou-se no ataque aos franceses, travando os combates de Uruçu-
mirim (praia do Flamengo) e Paranapuã (Ilha do Governador). Os franceses foram expul-
sos da Baía de Guanabara.

Gravemente ferido por uma Lança indígena que lhe vazou um olho durante a Batalha de
Uruçu-mirim, veio a falecer um mês depois em decorrência do ferimento. Teve a glória de
falecer na cidade que fundou.


50 Mil Visitas

O Núcleo de Estudos de História Militar Vae Victis, parceiro da FAHIMTB, tem o prazer de
anunciar que obteve mais de 50 mil visitas em seu Blog. A marca de mais de 120.000 visu-
alizações de páginas também foi ultrapassada. Visitam-nos brasileiros de diversos estados,
norte-americanos, portugueses, australianos, japoneses, franceses, russos, italianos, ale-
mães, angolanos, russos, chilenos, espanhóis, britânicos, mexicanos, além de outros, com
menor presença. Visando divulgar não apenas as notícias relevantes na área, mas, sobre-
tudo, manter viva a memória militar, o Núcleo trabalha para entregar, sempre, informações
com a maior qualidade possível, o que é motivo de grande orgulho.

Para que isso possa acontecer, contamos com o apoio de leitores e instituições que valori-
zam a cultura e acreditam que ela é, sempre, o melhor investimento. Sem a confiança desses
nossos parceiros, nossas metas seriam mais difíceis de serem atingidas, com toda a certeza.
A eles, e a todos os nossos seguidores, deixamos nossos sinceros agradecimentos.

E, obviamente, não há como deixar de mencionar que a Federação de Academias de História


Militar Terrestre do Brasil, através dos seus exponentes, Cel Cláudio Bento e Cel Luiz Cami-
nha, tem sido de importância vital no reforço à preservação dos valores históricos nacionais.
Seu trabalho, verdadeiramente heroico, exemplo de compromisso e cidadania, tem nos for-
necido referências para acreditarmos que estamos no caminho certo, apesar do descaso e
inépcia governamental. Muito nos honra poder compartilhar de seus conhecimentos e fazer
parte da Academia, bem como auxiliar no processo de elaboração de O Tuiuti.

Parabéns a todos nós! E vamos em frente! Visite-nos em : www.nucleomilitarblog.com


O TUIUTI
AHIMTB/RS 27
A FAHIMTB E SUA ANTECESSORA, A AHIMTB O TUIUTI
Informativo oficial da AHIMTB/RS
A Academia de História Militar Terrestre do Brasil
(AHIMTB) foi fundada em Resende, RJ, em 1º de
março de 1996 e reorganizada em 23 de abril de 2012 Para visualização, recomendamos o
como Federação de Academias de História Militar uso de um leitor de PDF atualizado
Terrestre do Brasil (FAHIMTB), com sede no interior da (ADOBE Reader ou equivalente,
Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), e mais versão 5.0 ou superior) com as
cinco academias federadas: opções do Menu View, ítem Page
Display, Two Page VIew, Show Gaps
- A AHIMTB/RESENDE – Academia Marechal Mário Between Pages e Show Cover Page
Travassos, junto à FAHIMTB na AMAN e presidida pelo in Two Pages View ligadas. Dessa
acadêmico emérito Cel Claudio Moreira Bento; forma, o informativo será exibido na
forma projetada.
- A AHIMTB/Distrito Federal – Academia Marechal José
Pessoa, com sede no Colégio Militar de Brasília, sob a Caso seu programa esteja em
presidência do acadêmico emérito Gen Div Arnaldo Português, escolha no Menu
Serafim; Visualizar, o ítem Exibir Página,
clique em Exibição em Duas
- A AHIMTB/Rio de Janeiro – Academia Marechal João Páginas e Exibir Página de Rosto
Batista de Mattos, com sede na Associação Nacional em Exibição em Duas Páginas.
dos Veteranos da FEB (ANVFEB/RJ) e sob a presidência
do acadêmico emérito Eng Ten R/2 Art Israel Blajberg;

- A AHIMTB/Rio Grande do Sul – Academia General


Rinaldo Pereira da Câmara, com sede no Colégio
Militar de Porto Alegre (CMPA) e sob a presidência do
acadêmico emérito Cel Luiz Ernani Caminha Giorgis; e

- A AHIMTB/São Paulo – Academia General Bertoldo O Núcleo de Estudos de História


Klinger, com sede no Instituto Histórico, Geográfico e Militar Vae Victis é responsável
Genealógico de Sorocaba (IHGGS), sob a presidência pelo projeto gráfico e pelo design do
informativo O Tuiuti, do que muito se
do acadêmico Historiador Adilson Cesar, também orgulha.
o presidente do citado Instituto. As citadas AHIMTB
funcionam com delegações de poderes específicos Com o objetivo de divulgar a
da FAHIMTB e AHIMTB/Resende. História, sobretudo em seu viés
militar, o Núcleo de Estudos de
A AHIMTB foi fundada na data do aniversário do História Militar Vae Victis tem, como
término da Guerra do Paraguai e do início do ensino missão, levar ao máximo possível de
pessoas o conhecimento da História
militar na Academia Militar das Agulhas Negras em
Militar, divulgando sua importância,
Resende. Teve, como sua sucessora, a FAHIMTB e as resgatando os seus valores e as suas
AHIMTB federadas, que são destinadas a desenvolver memórias, fornecendo subsídios para
a História das Forças Terrestres do Brasil: Exército, uma educação integral e de qualidade.
Fuzileiros Navais, Infantaria da Aeronáutica, Forças Nossa postura é absolutamente
Auxiliares e outras forças que as antecederam desde independente, livre de qualquer
o Descobrimento. posição política ou religiosa, voltada
unicamente para a preservação e
divulgação do conhecimento histórico,
A FAHIMTB, com sede e foro em Resende mas de sem qualquer conexão com entidades
amplitude nacional, tem como patrono o Duque de que não tenham cunho explicitamente
Caxias e como patronos de cadeiras historiadores cultural. Mais informações no endereço
militares terrestres consagrados. www.nucleomilitar.com

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