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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

LUIZ GABRIEL RIBEIRO LOCKS

CONTESTAÇÕES QUE VIERAM PRA FICAR: Manifesto Republicano


e o periódico ​A Verdade

Florianópolis – SC
2018
LUIZ GABRIEL RIBEIRO LOCKS

CONTESTAÇÕES QUE VIERAM PRA FICAR: Manifesto Republicano


e o periódico ​A Verdade

Ensaio solicitado para obtenção de


nota na disciplina de História do
Brasil II.

Prof. Dr. Antero Maximiliano Dias dos


Reis.

Florianópolis – SC
2018
Introdução

O tema que será tratado no presente trabalho refere-se a crescente tendência


republicana no Brasil, durante o século XIX, especificamente nos prelúdios e no
posteriori da fundação do Partido Republicano na cidade paulista de Itu em 1873. E
da publicação do ​Manifesto Republicano, nas páginas do jornal ​A República em
dezembro de 1870.
O problema cujo desenvolverá ao longo desta análise tratará de reconhecer as
narrativas e posicionamentos de um partido que, desde o próprio nome, contesta
totalmente o regime político cujo Brasil vivia em tal contexto e delimitar como um
jornal impresso executa a propagação dos ideais republicanos, e também como isso
era feito.
As fontes utilizadas em questão serão um jornal impresso, chamado de ​A
Liberdade sediado no Rio de Janeiro, mas de circulação ‘’nacional’’ (a própria fonte
nos permite esse indicativo), publicado pela editora Brown & Evaristo, a mesma que
publicava os textos positivistas de Miguel Lemos1 e, por conseguinte, republicanos.
Mas no limitamos a apenas uma publicação deste periódico pela falta de fontes, ou
se esta publicação foi apenas um ‘piloto’ que não foi levado à frente. Como também,
o periódico ​A República, estreado no dia 03/12/1870, com um manifesto dedicado a
população brasileira com ideias, ideais e anseios desse grupo.
Certamente as questões com qual este ensaio se desenvolverá serão através de
entender como funciona a imprensa como propagadora de ideias e ideais, e como
tal se constitui.

Desenvolvimento

De que maneira cabe-me problematizar e questionar uma fonte, através de suas


ferramentas teóricas-metodológicas, neste caso ambos são periódicos, facilitando
por assim ao trabalho do historiador. Contudo, destaca-se que os dois jornais

1
​LEMOS, Miguel. Pequenos Ensaios Positivistas. Rio de Janeiro: Brown & Evaristo, 1877.
propostos são suficientemente peculiares a ponto de obrigar o pesquisador a
apontar tais singularidades e elucidá-las. Ambas tem como objetivo, seja desde os
responsáveis pela publicação, ou até o nome que o periódico leva, em propagar as
ideias republicanas, contrária ao regime político vigente no Brasil a época. Segundo
apontado por Zicman (1985, P. 90):

Partimos da hipótese geral que a Imprensa age sempre no


campo político-ideológico e portanto toda a pesquisa realizada
a partir da análise de jornais e periódicos deve
necessariamente traçar as principais características dos
órgãos de Imprensa consultados.

Não só a própria análise deve se especializar ao tratar de periódicos, como


também, os próprios métodos devem ser desenvolvidos e utilizados com a
exclusividade que esse suporte requer. Esse tratamento inédito a fonte, cabe-se
explicitar que, devido às particularidades do mesmo, essas surgem
automaticamente como resposta para que se possa examinar com clareza. Logo, o
periódico exalta todo o cotidiano cultural e particular das vidas, independente da sua
regularidade de publicação.
Zicman (1985, P. 91) ainda aponta que, esta análise e os métodos empregados
são substanciados numa dualidade, sendo a sua forma e seu conteúdo, que agem
inter-dependentes. Mas ainda a autora tipifica categorias e ‘passos’ para se
produzir uma pesquisa com esta fonte específica. Isto é, uma quantificação
numérica de publicações, a escolha de um ‘’corpus’’, como aponta Reneé (1985, P.
95-98) , definida pela periodicidade das publicações, uma unidade-tema que serve
de elo comum para que possa se definir objetivos referente a pesquisa. A presença,
ou ausência e a frequência da mesma são ferramentas de ambos os dois grandes
grupos de estudos sobre esse tipo de fonte, que são a análise da tendência e
comparativos entre elas.
Dentro desse emaranhado de teorias, cabe destacar a qual encaixam-se as
fontes aqui propostas. Certamente, em relação a frequência haja uma debilidade,
em específico ao periódico ​A Verdade, por só constar uma publicação do mesmo
para acesso do público geral. Já o Manifesto e o jornal ​A República têm as suas
adversidades na ​ilegibilidade ​que da fonte disponível encontra-se. Porém, no artigo
de Reynaldo Pessoa2 há uma transcrição integral do conteúdo do Manifesto do
terceiro dia de dezembro 1870. O autor aponta que, o conteúdo da carta também é
difuso em suas interpretações. Ela varia desde autores que indagam que seja o
maior documento de história política do país, e outros que indicam um texto vazio,
‘’sem pé, nem cabeça’’. Deve-se ao fato que o texto fosse muito utópico, ou que
fizesse leituras erradas da realidade. Como também, em momento algum ao
decorrer do escrito não há menção alguma ao fato da escravidão. Não só pelo fato
de tal especificidade era uma estrutura fundamental de composição do país, mas
pela própria narrativa empregada. A única ressalva que cabe citar é, a alusão feita
ao privilégios que seriam o grande mal do país, entre eles destaca-se o da ​raça e o
da ​posição (1870, P. 1)​.
O texto é dividido em tópicos que abordam pontos específicos, mas que óbvio,
são interseccionais entre si. São eles: ​Aos Nossos Concidadãos, Exposição de
Motivos, Processo Histórico, O Sophismo em Acção, Consenso Unânime, A
Federação, A Verdade Democratica, Em Conclusão.
Em ​Exposição de Motivos (1870, P. 1), destaca-se que tal documento poderia ser
interpretado como um repúdio veemente ao sistema político brasileiro à época. De
modo que ao referir-se a Dom Pedro II, a constituição fala-se que “só ha um poder
ativo, omnimodo, omnipotente, perpetuo, superior á lei e á opinião, e esse é
justamente o poder sagrado, inviolavel e irresponsavel.” (1870, P. 1) Igualmente
esse apelo a Carta Magna e, crítica ao poder moderador, explícita na primeira
página com o artigo renomeado de ​O Poder Moderador também está presente nas
linhas do periódico ​A Liberdade.
Emquanto a constituição, resumindo as ideias mais sãs da
epocha, decretou a divisão e harmonia de poderes politicos, a
sabedoria inspirava-a; o amor do povo a guiava; por que tal
principio conservando os direitos do cidadão, seria o meio mais
conveniente, e seguro para realisar-se a garantia ambicionada,

2
Ver PESSOA, Reynaldo Carneiro. O Primeiro Centenário do Manifesto Republicano de
1870. São Paulo. USP.
maxime, sendo todos os poderes - delegações da nação,
reconhecida assim a soberania do povo, fonte pura e
christalina, dos mais sacrosantos dogmas da liberdade. (1875,
P. 1)
Além do mais, é nessa falha, nesse “desequilíbrio de forças” que encontra-se o
motor desse ​Processo Histórico. O problema alongava-se e finca raízes desse mal
“despótico” a perder de vista. Aponta o sistema colonial, o regime monárquico que
apossou-se do anseio popular por liberdade democrática e sufocou-a logo em
seguida. ‘’A espada vitoriosa da tirania cortou assim violentamente o unico laço que
a podia podia prender á existencia nacional e envenenou a unica fonte que lhe
podia prestar o baptismo da legitimidade.” (1870, P. 1)
Um ponto comum específico entre as duas narrativas que estão sendo
trabalhadas aqui trata-se do fixação da ideia de que ora ​monarchia portugueza
(1870, P. 1) ora ​dymnastia (1875, P. 1) pecava ao legitimar-se pela autoridade, e
não pelo direito, como por reduzir o povo a impotência e ao servilismo.
Paralalelamente ambos os textos possuem uma exaltação a ​indole do povo que era
“sinceramente devotadas á causa do paiz”. (1870, P. 1) A saber, uma dessas
manifestações dos anseios populares, desse povo positivado como vítimas de uma
violência que usurpe as suas liberdades, foi a ​Revolução de 7 de Abril, ou pelo
menos a narrativa empregada por ambas as fontes sobre tal evento que, trata-se da
abdicação de Dom Pedro I e sua volta para Portugal.
Mas cabe destacar a diferente leitura que os dois documentos fazem acerca da
instituição do segundo reinado. O ​Manifesto trata em ser mais pessimista, e apontar
que foram feitos ‘’nobres, mas infructiferos esforços.” (1870, P. 1) Como também a
ineficácia de romper o vício das instituições deficientes democraticamente e
perpetuadoras da força absoluta. O periódico ​A Liberdade romantiza esse processo
ao falar que o povo esquecendo das suas glórias, alimentou a pequena víbora que
morria de frio da ​hypocrisia constitucional. (1875, P. 2)
Igualmente a hipocrisia ainda apontada pelo tópico A bôa indole do povo (1875,
P. 2), seria o conselho de estado, que serviria para aconselhar os ​principios
constitucionaes, mas ao contrário, ria do povo nos bastidores. 3

Em conclusão 4
Mediante ao exposto foi possível compreender os artifícios das narrativas
empregadas por ambas as fontes acerca de diversos episódios e fatos da vida
política do país, principalmente durante o Segundo Reinado . Salienta-se que, a
análise partiu da compreensão através da lógica positivada e que buscava a toda
formar o caráter nacional para poder justificar o anseio em alterar os mecanismos
sociais de forma tão complexa.
Como também foi desenvolveu-se através da análise crítica do discurso que tais
documentos propagavam sobre o cenário político vigente à época, e suas
interpretações sobre ​constitucionalidade, harmonia de poderes, legitimidade, Antigo
Regime x Novo Regime.

3
Sobre Clientelismo, ver ​RICHARD GRAHAM. Braudel Papers. TOMA LÁ DA CA: Clientelismo na
cultura política brasileira. 1996.
4
​A REPÚBLICA. Rio de Janeiro, 03 dez. 1870. P. 3.
Referências Bibliográficas

ZICMAN, Renée B. . História através da Imprensa: Algumas considerações


metodológicas. Projeto História (PUCSP) , São Paulo, v. 4, p. 89-102, 1985.

A LIBERDADE. Rio de Janeiro, 30 out. 1875. Disponível em:


<http://memoria.bn.br/pdf/812951/per812951_1875_00002.pdf>. Acesso em: 17 abr.
2018.
PESSOA, Reynaldo Carneiro. O Primeiro Centenário do Manifesto Republicano
de 1870. São Paulo. USP.

A REPÚBLICA. Rio de Janeiro, 03 dez. 1870. Disponível em:


<http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=138916&pasta=ano
187&pesq=>. Acesso em: 19 jun. 2018.

LEMOS, Miguel. Pequenos Ensaios Positivistas. Rio de Janeiro: Brown &


Evaristo, 1877. Disponível em: <http://www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/221752>.
Acesso em: 19 jun. 2018.

GRAHAM, Richard. Braudel Papers. TOMA LÁ DA CA: Clientelismo na cultura


política brasileira. Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial. 1996. Disponível
em: <http://pt.braudel.org.br/publicacoes/braudel-papers/15.php>. Acesso em: 23
jun. 2018.

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