Vous êtes sur la page 1sur 4

1.

INTRODUÇÃO

O livro dos Atos dos Apóstolos assim descreve o modus vivendi da


comunidade primitiva: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na
comunhão, e no partir do pão, e nas orações. E em toda a alma havia temor, e
muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos. E todos os que criam
estavam juntos, e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens, e
repartiam com todos, segundo cada um havia de mister. E, perseverando unânimes
todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e
singeleza de coração, Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos
os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar.
(Atos 2:42-47).
A vida e vocação da Igreja cristã ao longo de dois milênios podem,
essencialmente, ser descritas nessas linhas de Lucas. Nelas encontramos sete
elementos que caracterizam a Igreja de Cristo, a saber: a escuta da Palavra de
Deus, a celebração da fração do pão, as orações dirigidas a Deus, o valor da
comunhão fraterna, a partilha dos bens materiais, a unidade no louvor a Deus e na
presença dos cristãos no mundo e, finalmente, a ação de Deus que constrói e
aumenta a sua Igreja. Esses elementos elencados pela Sagrada Escritura
constituem efetivamente o Corpo de Cristo. Neles encontramos um permanente
paradigma para avaliar a autêntica identidade dos batizados e de seu testemunho
no mundo. Com efeito, em todos os períodos de renovação das Igrejas cristãs ao
longo da história, de uma forma ou de outra, os cristãos procuraram um retorno à
fonte da vida cristã, conforme o testemunho de Lucas acima descrito nos Atos dos
Apóstolos.
Cristo, na véspera de sua paixão e morte, instituiu a última Ceia, dando um
novo significado à Ceia da páscoa judaica. Na tarde de sua páscoa, o
Ressuscitado, caminhando com os discípulos de Emaús, interpretou-lhes as
Escrituras em tudo o que nelas a ele se referia; sua Palavra preparava seus
corações para que o reconhecessem como o Vivente. Estando à mesa com eles,
toma o pão, pronuncia a bênção, em seguida parte o pão e o distribui a eles. Neste
momento seus olhos se abrem e eles o reconhecem. O Senhor torna-se invisível;
imediatamente após, declaram-se mutamente: “Não ardia o nosso coração quando
9

ele nos falava pelo caminho, quando nos explicava as Escrituras?” (cf. Lc 24:25-
32)
Desde a ressurreição de Cristo, a celebração da Ceia do Senhor é a fonte
da vida da Igreja e o elo de comunhão entre os fiéis cristãos. Ela é a celebração
que carrega em si o DNA da Igreja de Cristo. A Ceia do Senhor é a perfeita
celebração da unidade e da comunhão entre Cristo e seu povo. Essa celebração é a
mais alta expressão de gratidão da Igreja ao seu Senhor; nela, acontece o anúncio
da morte e ressurreição de Cristo e a proclamação da esperança do seu retorno; ela
é invocação e atuação do Espírito Santo, bem como refeição do povo reunido.
Sempre foi um consenso entre as Igrejas cristãs o fato de a celebração da
Ceia ser a mais alta forma de epifania da unidade dos diversos membros do Corpo
de Cristo, reconhecido e confessado precisamente quando os batizados se
encontram em koinonia, formando uma reunião de culto. A assembleia cultual,
com efeito, é o locus privilegiado para a experiência e o testemunho da unidade.
Isso foi tão vital para a experiência cristã primitiva que serve de termômetro para
avaliar a profunda dor do apóstolo Paulo ao reprovar o escândalo da divisão que
minava os cristãos de Corinto, exatamente quando celebravam a Ceia do Senhor:
“Não posso louvar-vos: vossas assembléias, longe de vos levar ao melhor, vos
prejudicam [...]. Por conseguinte, que cada um examine a si mesmo antes de
comer desse pão e beber desse cálice, pois aquele que come e bebe sem discernir
o Corpo do Senhor, come e bebe para a própria condenação” (1Cor, 11:17.28-29).
Essa exortação do Apóstolo testifica o grau de importância da Ceia do
Senhor na construção e na vida do Corpo de Cristo. Mesmo que durante a história
da Igreja tenham existido divisões, focos de fragmentação do Corpo de Cristo, a
celebração da Ceia sempre se manteve como um dos princípios fundamentais da
prática dos cristãos, sempre desejosos de fidelidade ao mandado de Jesus: “Fazei-
o em memória de mim” (1Cor, 11:25).
Apesar de a Ceia do Senhor ou Eucaristia ser uma realidade central na vida
das várias tradições cristãs – como o Batismo –, ela é também uma das
celebrações que foi e tem sido motivo de divergência e divisão desde os tempos
da Reforma Protestante. Aquilo que une os batizados em cada congregação local,
contraditoriamente, tem sido a causa da divisão entre os cristãos. Naturalmente
isso prejudica radicalmente o saudável e enriquecedor diálogo entre as várias
denominações cristãs. Como é possível uma ordenança central que nos vem do
10

Senhor Jesus ser causa de divisão e divergência entre aqueles que formam o
mesmo Corpo do Senhor?
Impulsionado por essa contradição centenária, o Conselho Mundial de
Igrejas redigiu, em 1982, o Documento “Batismo, Eucaristia e Ministério”, texto
decisivo para a promoção do diálogo e da compreensão, sobretudo, do tema da
Ceia do Senhor. Havia chegado o momento de, após vários encontros e
discussões, aproximar as várias tradições cristãs no concernente à questão fulcral
de sua fé: a Eucaristia.
Após algumas reflexões julgamos relevante nos apropriar do Documento
“Batismo, Eucaristia e Ministério” ou Documento de Lima a fim de fazê-lo
dialogar com a tradição teológica Batista. Como batizado que professa a fé batista
e atualmente exercendo o ministério de pastor nessa mesma Igreja, creio que tal
diálogo poderá ser bastante promissor no sentido de gerar uma permuta entre o
conteúdo teológico-pastoral do Documento e o de nossa denominação.
A realidade da Ceia do Senhor na denominação Batista é o fundamento de
sua existência. Sendo uma das mais tradicionais na história das denominações
protestantes e evangélicas, Igreja Batista sempre primou pelo mandamento bíblico
ou ordenança da Ceia.
O nascimento da Igreja Batista deu-se em meio à divisão na Igreja estatal
na Inglaterra. Sua postura, por conseguinte, é aquela de oposição a tudo o que não
se encontra radicado nas Escrituras ou comprovado por meio delas. Nesse sentido,
sua teologia da Ceia é totalmente centrada nas palavras das Escrituras.
Apesar de seu zelo pela prática e cumprimento das Escrituras, após tantos
anos desgastantes de sua história, não carece também a nossa denominação de
uma revisão e renovação no concernente a uma teologia bíblica da Ceia do
Senhor? Como está seu conhecimento no que diz respeito ao mistério e à
importância dessa ordenança? E os seus fiéis, em que nível estão de consciência
sempre que celebram a Ceia?
Os Batistas, no decorrer de sua história, redigiram alguns documentos
conhecidos como “Confissões de Fé”. Os principais são os de Londres e de New
Hampshire; ambos são essencialmente calvinistas. Os Batistas modernos têm
alguns documentos que tratam do tema da Ceia do Senhor. A teologia contida
nestes documentos permanece a mesma de outrora; algumas diferenças e
divergências dizem respeito mais à práxis desse culto. Diante disso, é intenção de
11

nossa pesquisa confrontar o Documento de Lima e a teologia e práxis Batista no


que diz respeito ao tema da Eucaristia.
O primeiro capítulo de nossa Dissertação dedica-se a apresentar o
Documento “Batismo, Eucaristia e Ministério” – sua história, sua relevância
teológica e sua incidência ecumênica. Tentaremos mostrar alguns aspectos da
trajetória histórica do desenvolvimento desse Documento, enfatizando
particularmente algumas das dimensões bíblico-teológicas que apresenta.
O segundo capítulo se propõe apresentar a denominação Batista em sua
história, seus princípios, sua doutrina e suas ordenanças. Terá lugar aqui um
resumo histórico sobre os Batistas e seu surgimento, segundo dados documentais.
Também consideramos importante apresentar nesse capítulo trechos acerca da
“Declaração Doutrinária” e dos “Princípios Batistas” sobre a Ceia do Senhor. Por
fim, apresentar a teologia e a prática da Ceia do Senhor na denominação Batista é
algo que cabe nesta altura de nossa pesquisa.
O terceiro capítulo, por fim, deseja abrir um diálogo entre as dimensões da
Eucaristia no Documento de Lima e em alguns Documentos Batistas. Em primeiro
lugar, dá-se lugar um confronto entre o tema da Eucaristia no Documento de Lima
e na teologia batista; comparativamente, diferenças e similaridades se olham. Em
seguida, faz-se necessário mostrar a quantas anda o entendimento dos fiéis
Batistas no que concerne à celebração da Ceia do Senhor. Para tal utilizaremos
dados adquiridos por entrevistas feitas com membros de uma Igreja Batista em
Guadalupe. Os entrevistados permitiram a gravação de suas declarações e a
utilização de suas reflexões em nossa pesquisa. Por fim, é de nosso interesse
mostrar como o Documento de Lima pode contribuir para um resgate da
consciência teológica, celebrativa e pastoral da Ceia dor Senhor na tradição
Batista.

Vous aimerez peut-être aussi