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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS


DEPARTAMENTO DE DIREITO
DIREITO
PRIMEIRA FASE NOTURNO

Caio Fábio Ferreira Figueiredo


Caioffigueiredo@outlook.com

Fichamento do Apêndice – A Monarquia Constitucional: Hegel e Montesquieu -


"Teoria das Formas de Governo" - Noberto Bobbio

Florianópolis
12/06/2018
Fichamento do Apêndice – A Monarquia Constitucional: Hegel e Montesquieu

O intervalo (Apêndice) do livro “Teoria das Formas de Governo” de Noberto


Bobbio foi direcionado às diversas ideias e teorias políticas de Hegel e Montesquieu
e suas relações com a monarquia constitucional em foco.

A constituição monárquica que Hegel descreve em seus livros como racional é


bem mais articulada e complexa do que a monarquia clássica das formas de
governo. Para o autor, a idade moderna já apresenta diferenciação e articulações na
vida coletiva, e portanto, em certo sentido, exige uma constituição articulada, que é
a monarquia constitucional.

A diferença entre o pensamento de Hegel e Montesquieu é que Hegel


considera a sociedade moderna e suas articulações de forma diferente, para ele a
vida social se diferenciou numa multiplicidade de aspectos e níveis particulares,
mas, sobretudo se “duplicou” em duas esferas distintas, com caracteres opostos: a
sociedade civil e o Estado.

Resumindo a ideia de Hegel, a vida coletiva moderna se diferencia em duas


esferas: a sociedade civil, que é a das diferenças sociais; e o Estado, a da unidade
política, na qual as diferenças sociais são articulares e recompostas.

Para entender a relação entre Hegel e Montesquieu, é preciso estar atento


para três aspectos: 1) o referente social de Montesquieu é análogo à sociedade civil
de Hegel. 2) Contudo, não é visto como sociedade civil no sentido de uma esfera
separada da estatal, pelos quais as diferenças aparecem como diferenças próprias
do corpo político. 3) Sua diferenciação não é a mesma da sociedade civil de Hegel.
Pois Hegel aboliu as ideias dos privilégios sociais em que a desigualdade é
preestabelecida, sua análise é socioeconômica.

Os membros do Estado descrito por Hegel não atuam com base no privilégio,
nem, de modo geral, com base num princípio particular, como acontece na
sociedade civil, mas sim na base do dever; e o dever para os indivíduos é o de levar
uma vida universal (verdadeira liberdade).

Para Hegel, a liberdade consiste na obediência da lei, porque assim os


indivíduos cumprem conscientemente o seu dever na coletividade. Na visão dele, o
Estado é o reino da liberdade, pois nele cada indivíduo tem consciência do objeto
que busca e que as leis prescrevem (o bem coletivo). A sociedade civil é o reino da
necessidade, pois sua finalidade coletiva é alcançada sem intenção consciente por
parte dos cidadãos, que na sua vida particular perseguem cada qual seus fins
individuais.

Diferentemente da liberdade de Montesquieu, que pode ser considerada como


negativa (ausência de opressão e a abusos). A liberdade de fazer o que as leis
permitem de Montesquieu consiste na possibilidade de agir com base nas
prerrogativas da situação de cada um, assegurada e garantida pela lei - a condição
da liberdade é a garantia dos privilégios.

Na interpretação do pensamento de Montesquieu, a separação dos poderes é


concebida como um sistema de “freios” para manter determinado “equilíbrio”; o
objetivo desse sistema é evitar que alguma potência (especialmente o rei) adquira
tanto poder que esvazie as prerrogativas e os privilégios de todas as outras. Já
Hegel, aceita o princípio da divisão dos poderes, com vista à liberdade pública,
critica duramente conceder tal divisão, com base no conceito próprio de liberdade
crítica.

Dentro do modelo hegeliano, o princípio de divisão dos poderes assume novo


significado: não representa um artifício concebido para prevenir o perigo dos abusos
do poder, nem é algo mecânico ou instrumental, mas sim orgânico. É o princípio de
organização do corpo político, mediante o qual as esferas particulares são
reconduzidas ao universal.

Com efeito, Hegel distingue: o poder do príncipe, o do governo, o legislativo. O


poder judiciário não aparece nessa partição porque é interpretado por Hegel não
como genuíno poder constitucional, mas como atividade administrativa diretamente
funcional, na ordem civil, mais do que na política.

Na Constituição de Hegel, é no monarca que todos os negócios e poderes


particulares do Estado encontram sua unidade definitiva; ele representa o momento
da decisão, da resolução com respeito a todas as coisas, o momento da “pura
vontade sem nenhum acréscimo”. A unidade do monarca, para não ser
exclusivamente alegórica, deve concretizar-se na vontade de uma única pessoa
física.
Mas o modelo constitucional hegeliano não teve muita sorte. Embora Hegel
tenha recolhido justamente o caráter da construção de Montesquieu, o segundo
autor que teve a maior influência na história das ideias e na história dos eventos da
nossa era.

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