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PROCURADORIA-GERAL FEDERAL
Aprovo.
Brasília, °* de de 2010.
Procurador-Geral Federal
11. Anoto, que recebi os autos no dia 11 de fevereiro de 2010 para análise e
manifestação.
FUNDAMENTAÇÃO
16- Dentro deste prisma, importante salientar que a retro mencionada consulta
teve origem em 28 de março de 2001, oriunda do Hospital Universitário de Juiz de Fora (fls.
01/02), em que se questionava se as penalizações oriundas de Conselho Profissional de
Enfermagem de Minas Gerais, in casu, de suspensão do exercício profissional, teria repercussão
da esfera funcional e de que forma se daria tal suspensão.
17- Depreende-se que tal tema tem por matéria de fundo mediata os reflexos úd
poder de polícia dos Conselhos e Ordens Profissionais sobre servidores públicos, e como ma*éfuf
de fundo imediata a solução do caso em concreto dos servidores do hospital universitário da-
UFJF pelo respectivo conselho profissional.
Compulsando os autos, observa-se do Despacho à fl. 91 do Departamento de
Assuntos Extrajudiciais a sugestão de arquivamento, corroborando a proposta da Consultora da
União Dra. Alda Freire de Carvalho (processo em anexo) devido a perda do objeto pelo
decurso do tempo, o que não foi acatado nos termos do Despacho n° 319/2009 encartado à
fl.92.
19- Diante do que fora até agora exposto, devemos dividir a análise do presente
feito sob dois aspectos, quais sejam, o de análise e manifestação do caso em abstrato a fim de
que sirva de orientação para a Administração Federal, isto é, Administração Direta e Indireta, e o
da solução do caso em concreto.
22- Não obstante tal fato, esta Adjuntoria de Consultoria da PGF não se furtará
de se manifestar conclusi vãmente sobre o assunto a fim de subsidiar a análise do feito por parte
da Consultoria-Geral da União.
usado pela administração publica na apuração e punição de faltas supostamente cometidas por
servidores públicos. Não é um processo de cunho inquisitório tendo definidos por Lei os
princípios e fases a serem seguidos para que tenha validade e consequentemente eficácia.
29. Ante o exposto, veda-se qualquer punição a servidor publico, mesmo que
apenado pelo Conselho Profissional, sem o devido processo administrativo disciplinar sob a
observância dos princípios a ele inerentes.
30. Além disso, há que se notar que a aplicação de penalidade por Conselho
ou Ordem Profissional tem caráter eminentemente civil, que não refletirá a princípio, na
esfera funcional, dessa feita, impõe-se lembrar a independência entre as Instâncias Civil (onde se
inclui a Administrativa) e a Instância Criminal, conforme dispõe o Art. 935 do Novo Código
Civil Brasileiro.
31. Se tal não bastasse, a Lei n° 8.112/90, no seu artigo 126, reza:
33. Diante de tais fatos, ressalto que a despeito de ser servidor público é
plenamente possível a aplicação de penalidade por Conselho ou Ordem profissional, pois
tal penalidade se encontra na esfera civil da pessoal e não na esfera funcional, que como
dito anteriormente, nela não repercute diretamente, e para que se puna
administrativamente o servidor há que se obedecer os trâmites previstos no ordenamento
jurídico para tal finalidade.
35. Transcrevo ainda, trecho do voto do Ministro Relator, para elucidar de vez a
questão:
37- Importante salientar, por oportuno, que tal entendimento não se aplica aos
membros da Advocacia-Geral da União, bem como os integrantes da carreira de
Procurador Federal por expressa determinação legal, esculpida no art. 75 da Medida
Provisória n° 2.229, de 6 de setembro de 2001, determinando que quaisquer faltas funcionais
praticadas no exercício de suas atribuições específicas, institucionais e legais serão apuradas
exclusivamente perante a Advocacia-Geral da União, ou pela Procuradoria-Geral Federal,
in verbis:
I - advertência;
II - suspensão;
III - demissão;
39- Quando isto ocorrer, o servidor poderá ser apenado, após o regular trâmite
do processo administrativo disciplinar.
40- Tal entendimento é relativamente recente, e trata dos atos da vida privada
que repercutem na esfera funcional.
42- Destarte, podemos inferir que mesmo que os atos praticados por servidores
públicos fora do horário ou ambiente de trabalho, mas que guarde relação com as atribuições/ie
seu cargo, são passíveis de repreensão através do competente processo administrativo discipliiS'
1 Lei n° 8. II2/90 - Interpretada e Comentada, Editora América Jurídica, T edição, ano 2006, pág. 847
perpetrada por agente publico. Mas essa ciência deverá vir composta por
elementos que comprovam falta aos deveres da função, e não uma acusação
genérica. "Necessária é, para a aplicação do poder disciplinar, a
ocorrência de 'irregularidade no serviço', quer dizer, explicitamente 'falta
aos deveres da função e não, portanto, mera insuficiência profissional
genérica ".
Nessas condições, somente o exercício irregular das atividades funcionais
do servidor público, que desencadeie em descumprimento a deveres ou
inobservância a proibições, devidamente comprovados ou que existam
fortes indícios dessas infrações é que deverão ser apurados: "O uso do
poder disciplinar não é arbitrário: não o faz a autoridade quando lhe
aprouver, nem como preferir".
Assim, deverá haver um mínimo de prova do cometimento de transgressão
disciplinar por parte do servidor público, para que haja a devida apuração.
Não basta apenas existir um fato ou uma suspeita, pois se torna necessário
o fumus boni iuris para o início do procedimento disciplinar contra quem
quer que seja.
45. Assim, é importante que haja nexo causai entre a função exercida e a
Ínfringência a deveres funcionais, condição sine quo non para respaldar a abertura de processo
administrativo disciplinar.
I - advertência;
II - suspensão;
III - demissão;
De acordo.
À superior consideração.