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Fazer Viver e
Deixar Morrer:
a Velhice na Era
do Biopoder
Make it Live and Let it Die: Old Age in
Times of Biopower
Robson Kleber
de Souza Matos &
Luciana Leila Fontes
Vieira
Universidade Federal de
Pernambuco
Artigo
Resumo: O presente artigo objetiva investigar a forma pela qual o biopoder incide sobre a construção da
velhice na atualidade, principalmente, através do discurso médico-cientifico. Para tanto, a partir da obra
foucaultiana, investigamos as origens, as características e as especificidades do poder disciplinar, da biopolítica
e do biopoder, interrogando as suas incidências e as suas implicações em relação à posição de exclusão e
de marginalização social do idoso. Espera-se, assim, repensar a posição do idoso e fomentar possibilidades
para se construir uma nova imagem para essa parcela da população.
Palavras-chave: Idosos. Biopoder. Foucault, Michel, 1926-1984. Poder.
Abstract: This article aims to investigate the way in which biopower focuses on the social construction of old
age nowadays, mostly represented by medical-scientific discourse. We discuss the implications of this power
and its implication in the position of social exclusion and marginalization of the elderly in contemporary
culture. We investigate the social construction of old age today and we seek to identify, from Foucault’s work:
1) the origins, characteristics and specificities of biopower, and, 2) analyze the configurations of sovereign
and disciplinary power. We hope thus to rethink the position of the elderly and foster opportunities for
building a new image for this population.
Keywords: Aged. Biopower. Foucault, Michel, 1926-1984. Power.
Resumen: Este trabajo tiene como objetivo investigar la forma en que biopoder se centra en la construcción
social de la vejez de hoy, representado en particular el discurso médico-científico. Discutimos las
implicaciones de poder y su participación en la situación de exclusión social y la marginación de los
anciones en la cultura contemporánea. Se investiga la construcción social de la vejez en hoy en día y tratar
de identificar, a partir de la obra de Foucault, 1) orígenes, características y particularidades del biopoder,
así como 2) revise la configuración del poder soberano y el poder disciplinario. Se espera, por lo tanto
replantear la posición de las oportunidades y fomentar mayores para la construcción de una nueva imagen
para esta porción de la población.
Palabras clave: Adultos mayores. Biopoder. Foucault, Michel, 1926-1984.Poder.
“Toda a gente desejaria viver muito tempo, envelhecimento em problema social retrata
mas ninguém quereria ser velho.” (Swift,1739) diversas dimensões: o desgaste fisiológico,
o prolongamento da vida, o desequilíbrio
Datada de 1739, no poema intitulado demográfico e o custo financeiro das políticas
“Toda a gente Versos sobre a Morte do Doutor Swift, a sociais. Nesse contexto, a emergência de um
desejaria viver frase do poeta irlandês Jonathan Swift se número significativo de estudos que focam
muito tempo, mostra mais atual do que nunca. Ela retrata
mas ninguém a velhice e o envelhecimento, as políticas
o conflito que comumente existe no sujeito
quereria públicas e diversas definições eufêmicas de
ser velho.” contemporâneo: o de ter uma vida longa,
velhice põe à vista um movimento que busca
(Swift,1739) pautada pela politização da vida, e o de
legitimar uma nova posição para os idosos
envelhecer – processo no qual, muitas vezes,
na atualidade. É pontuando os fatores e as
o indivíduo é logrado à condição existencial
condições socio-históricas que contribuíram
de perdedor devido à iminência da morte e
para a marginalização do idoso na sociedade
da degeneração biológica que o acompanha.
moderna que se pode encontrar uma forma
Essa representação específica forjada para se repensar sua condição. E, em um
ao longo da História – de que a velhice dos pontos cruciais que forjaram esse posto
diminui as possibilidades do idoso de de exclusão, está a influência do biopoder
se inscrever de forma ativa na vida em – conceito apresentado por Foucault (1994)
sociedade e que vê esses sujeitos de uma em 1976, em a História da Sexualidade I, a
forma estereotipada, substantivamente Vontade de Saber, no qual o autor apresenta
ligada à ideia de degeneração – hoje se a ideia de um poder que se situa e se exerce
configura como um problema social. Como no nível da vida, da espécie, da raça e dos
indica Debert (1988), a transformação do fenômenos maciços de população.
Partindo dessa caracterização, investigou- Novos termos classificatórios são forjados com
se aqui como o biopoder incide sobre a finalidade de se desfazerem as tipificações
a reordenação da velhice no imaginário negativas em relação à construção histórica
social da cultura ocidental de hoje. Para tal, em torno da velhice. Esses termos – boa
revisitamos o conceito abordado por Foucault idade, melhor idade, entre tantos outros –
ao longo de sua obra, a fim de dialogar e de buscam uma inversão na carga significativa
dos seus precedentes, já que a prática
pontuar as origens desse poder sobre a vida,
linguística tem o poder de engendrar a
o seu modo de configuração nos últimos
subjetivação dos sujeitos, classificando-os
três séculos e sua caracterização anátomo
e etiquetando-os, com o intuito de garantir
e biopolítica. Investigamos, também, a
direitos a um determinado grupo em função
construção social da velhice ao longo das de outros, tangendo as normas estabelecidas
últimas quatro décadas, tendo como marco no imaginário social (Costa, 1992). Sob essa
teórico inicial o ensaio A Velhice – obra perspectiva, a velhice muda de natureza:
seminal no estudo sobre o tema –, escrito a ociosidade converte-se na prática de
por Simone de Beauvoir (1990) em 1970. atividades sob o signo de dinamismo, de
Dessa forma, buscamos repensar a posição autogestão e de integração. A essas palavras-
do idoso e fomentar possibilidades para se chave, articulam-se uma nova definição e
construir uma nova imagem para essa parcela uma gama de equipamentos e de serviços que
da população. declaram a sociabilidade como seu Peixoto
objetivo principal (Peixoto, 1998).
A velhice nas
contingências do tempo ‘A expressão ‘terceira idade’ não
é um simples substituto do termo
‘velhice’. O trabalho de classificação
“Todo mundo sabe: a condição das pessoas é indissociavelmente um trabalho de
idosas é hoje escandalosa” (1990, p. 265). É eufemização, e tem por objetivo tornar
com essa frase que Simone de Beauvoir inicia, nomeável, ou seja, público, aquilo que
até agora foi rechaçado e não pôde se
nos anos 70, o seu robusto trabalho sobre a exprimir (Lenoir, 1977 como citado em,
temática da velhice, no qual denunciava as 1998, p. 76)
precárias condições de vida dos idosos e a
“conspiração de silêncio” e o descaso com
Mesmo se constatando a transição
que era tratada a velhice.
demográfica e a maior visibilidade dos
idosos, pode-se vislumbrar que a epígrafe
Desde então, durante as últimas cinco
de Beauvoir ainda encontra guarida em
décadas, houve um nítido processo de
bases sólidas na atualidade. Apesar da maior
envelhecimento da população mundial, o
sensibilidade aos problemas e da quebra do
que fez a ONU (Organização das Nações
silêncio, vários aspectos da vida dos idosos
Unidas) definir o período compreendido de
1975 a 2025 como A Era do Envelhecimento. têm sido negligenciados: a sexualidade
Nesse cenário, o número de estudos e a (Silva et al., 2010), o corpo (Goldfarb, 1998)
repercussão dada aos temas ligados ao e a inserção ativa no mercado de trabalho
envelhecimento são debatidos em várias (Wanjaman, Oliveira, & Oliveira, 2004) são
esferas da sociedade, onde o idoso passou a alguns exemplos.
dividir o espaço com as outras faixas etárias,
tanto em relação às políticas públicas quanto Essas novas categorias esboçariam uma
ao mercado. saída dessa condição escandalosa em que os
idosos foram colocados, embora, por vezes, como ilustração, pontuarei aqui alguns
funcionem como máscara de uma realidade eventos que foram relevantes nos contornos
social que se mantém. A linha que separa negativos direcionados aos idosos (Minois,
essas duas posições é tênue. O movimento 1999).
que busca legitimar uma nova posição social
para o idoso – concentrado, sobretudo, O primeiro foi a queda do Império Romano
na utilização de novos termos eufêmicos e a consequente ascensão do Cristianismo,
referentes à velhice – é, ainda, um rascunho que se impôs no seio do império romano e
fundamental, embora longe de ser resolutivo. dos bárbaros e passou a ser degradado pelos
costumes dos povos que dominou. Seu ideal
O fato de os idosos estarem em uma condição primitivo de fraternidade e de solidariedade,
preocupante na atualidade não significa, por exemplo, perde força no espaço social,
necessariamente, considerar que em outros regido bem mais pelo acaso das armas do
tempos tenha sido melhor. Não é o objetivo que por instituições estáveis. Os jovens
do nosso trabalho fazer uma cartografia passaram a conduzir o mundo, e os velhos
da velhice, visto que as suas vicissitudes e se viram excluídos da vida pública. Assim, a
particularidades, na História ocidental, são religião não pôde melhorar os destinos dos
bastante vastas e bem trabalhadas em outros velhos, apesar da construção de asilos e de
estudos (Beauvoir, 1990; Silva, 2008; Minois, hospitais no século IV que se destinavam ao
1999). Sendo assim, foi a partir de uma atendimento dos órfãos e dos doentes. Nessa
pequena passagem histórica que buscamos perspectiva, mesmo que em algum momento
apresentar algumas perspectivas para avaliar os velhos tenham se beneficiado dessas
a posição do idoso na era do biopoder. iniciativas, em termos gerais, o Cristianismo
expôs uma visão negativa da velhice. Esse
Ao longo dos tempos, a ideia que se fez sobre aspecto fica claro ao se analisar obras de
a velhice mudou de acordo com interesses escritores cristãos – Santo Agostinho, por
esconsos nas mais diversas sociedades, exemplo – que mencionavam a velhice com
alternando períodos de valorização e de relação à moral, associando-a à decrepitude,
depreciação desse segmento social. O idoso, à feiúra e ao pecado (Minois, 1999).
como categoria social e como será visto
adiante, é um conceito relativamente novo. O segundo evento ocorreu por volta do
Até então, atrelava-se a essa coletividade século VIII, com o sistema feudal. Apesar de a
a caracterização de um adulto em idade vassalagem não ser relegada com o tempo, os
avançada. Esses sujeitos assumem a posição vassalos precisavam a todo instante defender
do outro, de um puro objeto, já que sua os feudos com armas. Quando o avançar da
serventia para a sociedade não é mais idade chega ao ponto de tornar o vassalo
a mesma – seja do ponto de vista da incapaz de pegar em armas e lutar, ele passa a
reprodução, seja do mercado de trabalho. ser colocado à parte. No entanto, a força física
Deles já não é mais esperada uma evolução não era requerida apenas na vassalagem: entre
(Beauvoir, 1990). os nobres, há o treinamento dado ao jovem
para que se torne um cavaleiro. Analisando
Dessa maneira, construiu-se, no decorrer a literatura da época, é visível a indiferença
da História ocidental – sobretudo da Idade em relação aos idosos e ao envelhecimento,
Média ao Renascimento – a ideia de velhice e, quando heróis velhos são citados, eles
como o inverso da vida. Em relação à são retratados como se estivessem no auge
juventude e à maturidade, ela é vista como e na força da idade, como mostra Beavouir
uma espécie de referência negativa. Apenas (1990): Lancelote, Guinevere e Gauvain –
É importante lembrar que Foucault nunca da soberania de “deixar viver e fazer morrer”,
construiu uma teoria geral e universalista apresentado por Foucault no livro Em Defesa
sobre poder. No máximo, indicou algumas da Sociedade:
precauções metodológicas, já que seu
interesse se destinava a compreender o como Em certo sentido, dizer que o soberano
do poder, o modo como ele se coloca entre tem direito à vida e à morte significa, no
o Direito – as regras pelas quais o poder é fundo, que ele pode fazer morrer e deixar
viver; (...) Em relação ao poder, o súdito
formalmente limitado – e a verdade, ou ao não é, de pleno direito, nem vivo e nem
menos os efeitos de verdade produzidos, morto. Ele é, do ponto de vista da vida e da
transmitidos e reproduzidos por esse poder. morte, neutro, é simplesmente por causa
do soberano que o súdito tem o direito de
Em suma, a relação entre três fatores que se
estar vivo ou tem direito, eventualmente,
influenciam mutuamente: poder, Direito e
de estar morto (1999, p. 286)
verdade (Foucault, 1993).
Nas sociedades ocidentais, desde a Idade Através desse direito básico do soberano,
Média, essas relações supracitadas entre podem-se inferir algumas características
Direito e poder serviram de base para pelas quais os mecanismos, as técnicas e as
construção do pensamento jurídico, tecnologias de poder soberano se exerciam/
que girava essencialmente em torno do se exercem. Na tentativa de delimitar um
poder real, do poder soberano. Foucault tempo histórico, ainda que vago, esse
buscou inverter a direção dessa análise do poder produziu-se antes do século XVII.
discurso do Direito. Uma frase que ecoa Diretamente atrelado à figura de um soberano
paradigmática, no que tange a essa questão, ou, contemporaneamente, na visão de Estado
foi escrita por ele no primeiro volume da como ser coletivo, esse poder carrega uma
História da Sexualidade, no qual afirma conotação negativa associada à lei jurídica,
que busca “construir um desejo sem lei à repressão e à interdição. No conceito da
e um poder sem rei” (1994, p. 87): uma soberania, imagina-se uma forma de poder
concepção completamente nova de poder, que se exerce muito mais sobre a terra e seus
que rompe qualquer ideia de poder pré- produtos, fiscalizado continuamente através
existente. Pensar em um poder sem rei de um sistema de taxas e de obrigações
é pensar sobre o poder sem que ele seja (Foucault, 1993).
reservado a uma fonte que o detenha, que
determine sua natureza, seus limites e seu Com o desenvolvimento econômico, a
modo de funcionamento. Nesse sentido, explosão demográfica e a industrialização,
em vez de derivar de uma superioridade, de o poder soberano acabou tornando-
ser exercido intermitentemente e de agir de se inoperante. É somente em meados
cima para baixo, o poder seria concebido a do século XVI e início do século XVII
partir de um conjunto de relações, do seu – concomitantemente à ascensão da
exercício permanente e de uma irradiação burguesia – que o Ocidente vai conhecer
de baixo para cima, sustentando as instâncias uma transformação muito profunda nesse
de autoridade. Em lugar de apenas esmagar mecanismo de poder. Começam a surgir
e confiscar, o poder incentiva e faz produzir técnicas que não se centravam mais no
(Albuquerque, 1995). indivíduo-sociedade, na lei ou na existência
física de um soberano, mas nas técnicas de
Falar de um poder com rei, representado poder, que tinham como foco o indívíduo-
na figura do soberano, fica mais inteligível a corpo, a disciplina e a normalização de
partir do paradoxo teórico do direito clássico costumes. Esse novo mecanismo de poder,
chamado por Foucault de poder disciplinar, seus prazeres, sua saúde, sua sobrevivência.
passa a apoiar-se no corpo e nos seus atos, É um agente político da vida, que se
constituiu não através da submissão de
não mais na terra e nos seus produtos. Dessa
outrem, mas numa afirmação de si (1994,
maneira,
p.116)
não se fala exatamente em substituir,
mas em completar esse velho direito de Esse cenário vai promover importantes
soberania – fazer morrer e deixar viver –
com outro direito novo, que não vai apagar reverberações para construção da
o primeiro, mas vai penetrá-lo, perpassá- subjetividade na modernidade, no final do
lo, modificá-lo, e que vai ser um direito, ou século XVIII e no início do XIX. É por meio
melhor, um poder exatamente inverso: o
dessa disciplina de corpos – ao mesmo tempo
poder de ‘fazer’ viver e de ‘deixar’ morrer
(1999, p. 287) normatizadora e individualizante – que se
busca a produção de vida. O poder soberano
Com isso, o direito de morte que outrora era de tirar a vida dá lugar ao poder de fazer vida,
concebido ao arbítrio e à necessidade do e, por trás das cortinas sociais, o deixar morrer
soberano, agora vai apoiar-se nas exigências para os corpos que já não têm utilidade, que
de um corpo social a fim de garantir vida, não mais se encaixam.
mantê-la e desenvolvê-la.
Toda essa nova tecnologia é assegurada por
Há uma penetração do poder na vida, meio do poder disciplinar, da disciplina
uma tomada de poder do homem como que se exerce continuamente em forma
ser vivo, uma espécie de estatização do de treinamento e de vigilância global e
biológico. Foi então, a partir dos séculos individualizante, mediados por instituições
XVII e XVIII, que novas tecnologias de como escola, hospital, quartel. Como
poder – centradas no corpo individual, na consequência do controle disciplinar, podemos
vida e nos seus fenômenos – se constituíram observar a emergência do cientificismo e a
associadas à ascensão da burguesia no corpo consequente construção de uma anátomo-
social europeu. Era preciso aumentar as política do corpo humano.
potencialidades desses corpos, sobretudo
como força produtiva, além de lançar mão
de procedimentos pelos quais se assegurava O saber científico, aliado ao saber médico,
a distribuição espacial dos corpos individuais serão os instrumentos sobre o quais biopoder
– seu alinhamento, sua separação, sua se sustentará, legitimando verdades na cultura
colocação em série e em vigilância constante moderna, regulamentando, disciplinarizando
(Foucault, 1999). Sobre o papel da burguesia e criando corpos marginais. Para entender
nesse processo, Foucault explica: esse processo, é preciso adentrar pelo
conceito de biopolítica, que é complementar
a essa tecnologia disciplinar e que é onde se
Deve-se suspeitar, nesse caso, de auto- configura o poder sobre a vida.
afirmação de uma classe e não de sujeição
a outra: uma defesa, uma proteção, um A partir da metade do século XVIII, além da
reforço, uma exaltação que mais tarde
disciplina dos corpos, era necessário cuidar
foram estendidos – à custa de diferentes
transformações – a outros meios de da população como um todo. O foco passa,
controle econômico e sujeição política. portanto, do indivíduo/corpo da anátomo-
Nesse investimento sobre o próprio sexo, política e do indivíduo/sociedade do poder
por meio de uma tecnologia de poder
e de saber inventadas por ela própria, a soberano para o indivíduo como espécie. A
burguesia fazia valer o alto preço político biopolítica vai focar a vida e os fenômenos
de seu próprio corpo, de suas sensações, a ela relacionados: natalidade, morbidade,
incapacidades biológicas diversas, efeitos do Estado. Dito de outra forma, Castro observa
meio. Nas palavras de Foucault: que a governamentalidade é “o conjunto
Não é com a sociedade que lida essa nova constituído pelas instituições, procedimentos,
tecnologia de poder; não é tampouco análises e reflexões, cálculos e táticas que
com o indivíduo corpo. É um novo permitem exercer essa forma de poder que
corpo: o corpo múltiplo, corpo com tem, por objetivo principal, a população”
inúmeras cabeças, se não infinito pelo
menos necessariamente numerável. É a (2009, p.120).
noção de ‘população’. A biopolítica lida
com a população, e a população como Dessa forma, a biopolítica, por meio da
problema político, como problema ao governamentalidade, visa a implantar novas
mesmo tempo científico e político, como
tecnologias interessadas em agrupar e em
problema biológico, e como problema de
poder, acho que aparece nesse momento modificar os efeitos de massa, próprios da
(1999, p, 293) população, em assegurar uma disciplina e
uma regulamentação da vida e dos processos
biológicos. Esses interesses são diferentes,
Em suma, o termo biopolítica refere-se ao
embora complementares, dos mecanismos
modo como o poder se transformou, entre o
da anátomo-política. Inicia-se, assim, a
final do século XVIII e o início do século XIX,
era do biopoder, obcecado pelo cuidado
a fim de governar não somente os indivíduos
purificador da vida e dotado de uma gestão
através de procedimentos disciplinares
calculista da vida no corpo social. Mais do
(anátomo-política) mas também o conjunto
que nunca, é focada a busca em uma eugenia
A biopolítica da população. A biopolítica, por meio dos
designa as
da população – em que aqueles que não se
biopoderes locais, ocupar-se-á da gestão da adaptam representam uma ameaça à espécie
condições de
possibilidade saúde, higiene, alimentação, sexualidade – e ganha força o enunciado do fazer viver e
de uma prática e natalidade na medida em que estes se deixar morrer.
de liberdade tornaram capital político. A biopolítica
ancorada na
designa as condições de possibilidade de Se o cientificismo é, ao mesmo tempo, causa
potência da vida
(Foucault, 1999). uma prática de liberdade ancorada na e consequência do desenvolvimento de
potência da vida (Foucault, 1999). saberes específicos sobre o corpo, a Medicina
– e, mais especificamente, o processo de
Para aprofundarmos o entendimento das medicalização ocorrido no Ocidente no
estratégias da biopolítica, na atualidade, século XVIII – tem importância estratégica no
faz-se necessária a análise das noções de desenvolvimento da biopolítica. Como mostra
governamento e de governamentalidade. Birman (2006), o processo de medicalização
Segundo Veiga-Neto & Lopes (2007), do Ocidente representa uma dessacralização
governamento designa todo conjunto da cultura ocidental, quando a cura passa a
de ações que objetivam conduzir ocupar o lugar que antes era da salvação.
deliberadamente a própria conduta ou Assim, a regulação política do espaço social se
a conduta dos outros. Nas palavras de deu por meio do discurso da Medicina, que
Foucault, “visam estruturar o eventual se fez intervencionista, articulando os registros
campo de ação dos outros” (2008, p.244). de saber e poder com o intuito de promover
Essa noção, portanto, ultrapassa o âmbito a gestão efetiva dos viventes no espaço
do governo, representado tão somente social. A saúde de uma população como
pelas instâncias do Estado, pois designa o objetivo geral e urgência de todos faz com
“conjunto de ações – dispersas, disseminadas que a Medicina saia, portanto, de um nicho
e microfísicas de poder – que objetivam específico – direcionada especificamente aos
conduzir ou estruturar a população” (2010, pobres – para se aplicar à sociedade como
p. 952), podendo ser ou não exercida pelo um todo (Foucault, 1998).
ser tratado, subvertido. Os estudos de Bichat uma leitura mais psicanalítica que apontam
representam uma virada no saber clínico: a desnarcização do sujeito velho, refletem o
“(...) nesta nova imagem que dá de si mesma, mal-estar gerado no sujeito que envelhece
a experiência clínica se arma para explorar devido a esse progressivo ofuscamento de
um novo espaço: o espaço tangível do seus sentidos de existência e dessa ânsia
corpo, que é ao mesmo tempo essa massa por permanecer jovem da cultura moderna.
opaca que oculta segredos, invisíveis lesões O emparelhamento com a morte, com a
e o próprio mistério das origens” (Foucault, finitude da vida, com a improdutividade, faz
1998, p. 139). com que esses sujeitos tenham sintomas de
morte muito antes da morte em si. Muitas
“(...) nesta nova Não é exagero dizer que Bichat relativizou vezes tratada de forma cômica, a crise de
imagem que dá
de si mesma,
o conceito de morte, descentrando a ideia meia-idade pode representar esse início de
a experiência de ser esse um acontecimento indivisível, desvalorização: não querer parecer velho para
clínica se arma decisivo e irrecuperável. O que fez com não ser desvalorizado socialmente.
para explorar um suas teorias foi relativizar e repartir a vida,
novo espaço: o
espaço tangível em formas de morte a varejo, parciais, Em seu ensaio intitulado A Solidão dos
do corpo, que progressivas e de conclusão lenta (Foucault, Moribundos – sobre Envelhecer e Morrer,
é ao mesmo 1998). Elias (2001) faz uma narrativa sobre a morte
tempo essa
e o envelhecimento na qual relaciona sua
massa opaca
que oculta Delineia-se, assim, uma das derrocadas mais experiência pessoal com o saber médico.
segredos, marcantes da velhice na contemporaneidade: Trata-se de um discurso sobre a velhice feito
invisíveis lesões e sua associação à morte e seu iminente por um velho, direcionado aos médicos. O
o próprio mistério
das origens”
declínio biológico, agora visto e tratado autor sustenta que, na sociedade moderna, a
(Foucault, 1998, como doença, interligando a velhice ao velhice e a morte foram sendo paulatinamente
p. 139). patológico. O envelhecimento se transforma colocadas na esfera privada, ficando à mercê
em enfermidade, e a morte deve ser de especialistas. Assim, ao velho não cabe
exorcizada do meio social, já que tem mais depender de si mesmo, mas buscar ajuda
reverberações cruciais na população que é especializada para viver e morrer. Cabe a ele,
vista mais próxima dela. O poder que outrora nesse ponto, apenas a culpa pela própria
tinha como ponto central o direito de fazer decadência, o que pacifica a sensibilidade
morrer, agora intervém para fazer viver. Nesse dos mais jovens. Essa carência de identidade
contexto, onde a mortalidade se torna o outro e simpatia acaba gerando isolamento e solidão
do poder, envelhecer e morrer representam naqueles que envelhecem, e revelam o que é
o fracasso de uma cultura em que o novo e a se sentir excluído do meio ainda vivente (2001
atividade são seus maiores expoentes. como citado em Agra Do Ó, 2008).
A partir disso, o projeto contemporâneo de Nesse ponto, a morte passa a ser não mais
viver bem prega a adoção de determinados aquela que se abate sobre a vida de forma
atos e hábitos que têm no jovem e na abrupta, mas que penetra a vida de forma
jovialidade seus representantes máximos. sorrateira, percorrendo-a paulatinamente,
Logo, cabe ao velho o esforço em segui- diminuindo-a, enfraquecendo-a. A vida vale
los, caso não queiram ser vistos como tanto menos quanto mais próxima estiver da
inadequados e impróprios. Pesquisas como morte. O idoso é impossibilitado de participar
as de Soares (2005) – em que se denuncia a de forma ativa da vida em sociedade e está
crise de identidade que os idosos sofrem ao jogado em um arcabouço de preconceitos, no
chegar à velhice – ou mesmo os trabalhos de qual é oferecida como saída ou a imitação do
Pitanga (2006) e de Goldfarb (1998), com jovem ou o isolamento.
atualmente, deve-se creditar isso, também, quantitativas dos fenômenos normais, sendo
à medicalização da vida, às evoluções da o estado patológico aquele que excede ou
Medicina e da biologia, que é o que Foucault falta no que diz respeito a determinados
caracterizaria como a positividade do poder. estímulos relacionados ao estado de saúde/
normal. Para Canguilhem, saúde implica
O que acontece é que, sob uma pretensa desobedecer, transformar-se, entrar e sair do
alegação de melhoria da qualidade de vida da estado patológico. A patologia representaria
população e de melhores condições sociais, a fixidez, a impossibilidade de mudança e a
substituem-se gradualmente hierarquizações rigidez em relação à norma. O que está em
sociais anteriores por uma cultura delineada pauta na sua tese é que “as reações patológicas
pelo biopoder, em que o risco da morte e jamais se apresentam no indivíduo normal da
o pânico se concentram no corpo, em uma mesma forma e das mesmas condições, pois
dinâmica de poder concentrada na norma. o patológico implica uma relação com um
Essa criação de uma nova hierarquização meio novo, mais limitado, já que o doente
de subjetividades leva em conta o potencial não consegue mais responder às exigências
dos corpos: a hierarquização biológica dos do meio normal anterior” (Coelho & Almeida
seres. Ter saúde seria seguir normas. A velhice Filho, 1999, p. 17).
Como pontua torna-se algo a ser contornado, consertado,
Canguilhem retraído: o velho precisa agir contra a velhice,
(2002), a nossa A partir de Canguilhem, a doença devia ser
sociedade ser tratado.
considerada de maneira qualitativa, sendo a
tende a achar
que jovialidade
norma vital variável com o meio e com o uso
Como pontua Canguilhem (2002), a nossa
é sinônimo que o sujeito faz desse meio. Ela não seria
sociedade tende a achar que jovialidade
de saúde, resultado de um exame bacteriológico ou
construindo, é sinônimo de saúde, construindo, dessa
histológico, por exemplo: eles não serviriam
dessa maneira, maneira, uma correlação entre doença e
uma correlação como diagnóstico de uma doença. É preciso
velhice. A velhice é considerada em relação
entre doença e considerar o comportamento do doente.
velhice.
a uma norma e, em relação a ela, representa
Existiriam diferentes normalidades, e a norma
uma carência. O que se desconsidera nesse
seria sempre individual, estabelecida de
contexto é que a velhice não se limita a
forma relacional, em relação à capacidade
um conceito: ela configura-se como uma
de se adaptar do sujeito. A normalidade,
experiência composta de uma complexidade
então, não seria definida a partir de certa
de fatores. Ser velho na Suécia é diferente
média; eventuais desvios individuais não
de ser velho no Brasil, da mesma maneira
seriam considerados patológicos: existiriam
que ser velho no Nordeste brasileiro é
diferentes normalidades, nas quais cada
diferente de ser velho no Sudeste. Envelhecer
indivíduo definiria o normal para ele mesmo
engendra uma série de múltiplos significados
(Canguilhem, 2006; Coelho & Almeida Filho,
e construções, que precisam ser levados em
1999).
conta na sua aproximação com a patologia
e com a ideia que se tem de normalidade.
Nessa visão, o velho saudável não seria uma
Canguilhem, em O Normal e o Patológico “ficção de poeta”, como diz Canguilhem
(2002), oferece uma alternativa para se (2006, p.80). A velhice seria considerada
repensar essa posição frente ao binômio não patológica a partir do momento em que
normal/patológico na cultura moderna. os sujeitos mostrassem uma capacidade de
Na perspectiva vigente – de base médico- adaptação ou de reparação dos desgastes
científica –, o que diferencia patologia orgânicos a que fossem submetidos. Como
e normalidade é dado por variações explicam Deleuze & Guatari, “envelhecer não
é permanecer jovem, é extrair da sua idade as do idoso como “fonte de recursos”. Para a
particularidades, as velocidades e lentidões, “perspectiva da miséria”, o envelhecimento
os fluxos que constituem a juventude dessa trazido pelos processos de modernização/
idade” (1997, p. 70). Essa seria uma saída industrialização acaba relegando os idosos a
para se repensar a relação de velhice e uma vida sem significados, a um papel menor,
doença na contemporaneidade: observar a tanto na família quanto na comunidade.
singularidade de cada idoso, separada de Segundo o autor, essa perspectiva ganhou
todo apresto criado pela biopolítica, que está força a partir da década de 70, e buscava
mais preocupada em geri-los do que, de fato, chamar atenção do poder público e da
em cuidá-los. sociedade para a situação do idoso. Já a
visão como fonte de recursos é mais atual,
O novo velho e o próprio Tornstam, na sua pesquisa sobre
velhice na Suécia, defende a ideia de que
É sob esse fundo difuso que, atualmente – o problema da velhice surge mais de uma
sobretudo nos países em desenvolvimento superestimação dos jovens sobre esse tema do
como o Brasil –, se pode perceber que, de fato, da realidade do idoso em si. Em
uma reordenação da velhice, na qual o outras palavras, as pesquisas realizadas com os
envelhecimento demográfico, o potencial idosos mostravam um posicionamento muito
mercado consumidor e alguns outros fatores mais positivo do que nas teorias apontadas
econômicos são colocados no meio social pelos pesquisadores (Debert, 2004).
como problemas que necessitam de urgentes
soluções. Não por acaso, quando se pensa Apesar de, à primeira vista, essas duas visões
em velhice, logo vêm à mente aposentadoria, parecerem antagônicas, uma olhada minuciosa
doença, previdência social, impostos. Apesar permite enxergar suas complementaridades.
de problemas como seguridade social e Se levarmos em conta que a Suécia – local
saúde pública estarem no cerne dessa onde Tornstam (1992 como citado em Debert,
reestruturação, certamente não é apenas o 2004) realizou suas pesquisas – tem um dos
fato de os idosos serem, cada vez mais, uma maiores IDHs (Índice de Desenvolvimento
parcela economicamente representativa Humano) do mundo, a noção de fonte de
da população que motiva essa busca por recurso faz total sentido. Por outro lado,
uma nova imagem. O que também está em olhando para outro contexto – por exemplo,
pauta é o papel do idoso na nossa sociedade. o de uma idosa, viúva, pobre, brasileira – a
Nesse sentido, sob o signo de terceira idade, perspectiva da miséria também estaria correta.
a velhice passou a ser alvo de políticas Mesmo em países de enorme desigualdade
públicas e de gestões que buscam promover social como o Brasil, essas duas imagens
um envelhecimento bem sucedido, nas suas coexistem. Mas um cuidado deve ser tomado.
mais diversas acepções. À medida que se considera o velho uma
fonte de recursos e capaz de obter respostas
Nessa passagem da velhice da esfera familiar criativas para novas formas de sociabilidade
e pessoal para a esfera pública, compilam-se em relação às suas experiências – ou seja, a
diferentes visões de velhice, muitas vezes postura ideal do sujeito em sua autogestão
contraditórias. Com o objetivo de torná- do envelhecimento – um lado perverso pode
las mais homogêneas, Tornstam (1992 instaurar-se: “o de considerar como seres
como citado em Debert, 2004) faz uma problemáticos aqueles que necessitam de
interlocução entre essas visões, separando-as motivação, aqueles aposentados e idosos
em dois grandes grupos: de um lado, está a que não se empenham em desenvolver uma
“perspectiva da miséria”; do outro, a visão nova carreira ou novo conjunto de atividades
de lazer ou, ainda, que não se envolveram segunda delas é o pluralismo de ideias, de
em programas de manutenção corporal” comportamento e de atividades que, com
(Tornstam 1992 como citado em Debert, efeito, quebra estereótipos ideológicos e
2004, p. 206). comportamentais. A terceira é a valorização
da subjetividade como um plano importante
A lógica do biopoder perpassa sutilmente em todos os níveis de vida, da ciência e das
por essa transformação da velhice em políticas.
uma política, tendo em vista que são
bastante divulgadas as últimas novidades
técnico-científicas que irão garantir melhor Outra reflexão importante para se avaliar a
qualidade de vida, naturalizando-as, bem nova posição do idoso é a trazida por Maia,
como naturaliza os objetos-sujeitos a quem Londero & Renz (2008) a partir das leituras
se dirigem. O que se pretende colocar é de Deleuze (1992) e de Pelbart (2003).
a emergência do novo velho como um Atualmente, as novas tecnologias de poder
cruzamento de todos os vetores já expostos não se fecham mais no intuito de trancar
– evolução técnico-científica, propagação ou de excluir, mas de acelerar. O ideal atual
midiática, novos processos sociais, transição é absolutizar a velocidade, fazendo com
epidemiológica –, que formam os discursos que a velhice se torne um obstáculo, já que
dos especialistas e dos próprios corpos- representa uma desaceleração. Dessa forma,
velhos. Mas ao se desenvolver esses novos busca-se desfazer esse obstáculo incluindo
mecanismos de proteção, precisa-se levar o idoso nessa lógica de velocidade a partir
dessa nova imagem supracitada, que busca
em conta a heterogeneidade dessa entidade
uma atividade para os velhos.
demográfica que, cada vez mais, cresce e se
torna mais heterogênea (Barros & Castro,
2002; Debert, 2004). Parece-nos fundamental “dar à velhice (sem
substanciá-la) espaços de reivindicação de
Nesse contexto, ligam-se a esse novo velho os outro tempo, lugares onde um outro regime
signos de atividade, participação, autogestão de temporalidade permita o encontro com
e produção, como não poderia deixar de a vida e a construção de novas formas de
ser no biopoder. A lógica anterior era a de estar no mundo” (Maia, Londero, & Renza,
que, se o velho não é necessariamente um 2008, p. 5). Dessa forma, a desaceleração
doente, então é aquele que não é mais ocorrida na velhice não seria uma impotência
capaz de produzir. Ou as duas coisas. O ou uma disritmia, mas uma possibilidade
que a nova concepção pretende é buscar de existência, uma opção de dizer não às
no velho a saúde e a manutenção de suas políticas públicas, aos conselhos midiáticos
capacidades funcionais para que, assim, ele e afins que os incitam a pedir, a participar,
possa produzir, ser ativo e jovem. a inscrever-se em algo. Outrossim, não se
objetiva pressionar os idosos a buscar essas
Minayo (2000) traz algumas reflexões atividades, que certamente podem fazer
que são pertinentes ao se buscar esse bem a eles, e os grupos de convivência
novo padrão social para os idosos. A provam isso, mas o que está em pauta é
primeira delas é a quebra da centralidade do “avaliar a capacidade dos excluídos de
trabalho, permitindo ao idoso construir sua construírem um território a partir da própria
identidade em uma ótica de não trabalho, desterritorialização a que são submetidos”
mas de utilidade e de sentido de vida. A (Pelbart, 2003, p. 8).
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