Vous êtes sur la page 1sur 5
2010412018 Portal do Governa Pégina principal Editorial Sobre a revista Histérica Publique seu texto Colaboradores Expedionte Imagens de uma época Edigdes anteriores Cadastre-se Fale conosco Clique para ativar o plug-in Adobe Flash Player HISTORICA-- Revista Eleténica do Arquiva do Estado Irveste SP SP total [Desiaguess —¥) ok HidCVO+] Ube, MEEANALOULUPT LAMA, feel be oe $A e RECRIANDO AFRICAS: presenga negra na Sao Paulo colonial Fabiana Schleumer 1) Introdugso Desde 05 prmeiros tempos da colonizaglo, 0 escrave negro foi Introduzido em S80 Paulo. No entanto, sua presenga passou a ser signifeatva a partir do século XIX. Segundo Suely Robles Reis de ‘Queirss-2) , nos séculos XVI, XVII @ na maior parte do século XVII, a presenga negra era inexpressiva devo 4 pratica da polcutura vokada para 2 subsisténcia, base da mao de obra indigena(s}. S30 Paulo integrou-se & ‘economia de exportagio a partir do século XIX, com 0 desenvolvimento da lavoura agucareira, passando, portanto, a se encaixar no trindmia tradicional {ue estabelecia a monocultura,olatfndio ea escravidae negrats) Quando comparada com as demais reas escravstas brasisiras, pode-se perceber que 0 escravo negro foi tardiamente inroduzido na provincia. As caracteristicas pecullares das outras regiées de grande Tavoura tomaranvse significativas somente no século XIX Sogundo Maria Luiza Marcio’), em 1765 @ populagdo total de Sao Paulo ofa de 20.873 pessoas. das quals 5.988 eram escravos, ou soja, 286%. Em 1772, houve um aumento dessa taxa: a populagao lolal passou para 21.272 pessoas, das quais 5.160 eram escravos, ou Soja, 24.2% observando-se uma pequona ciminuigso na quantidade de escravos. Em 4798, a populacdo lola cantava com 21.304 pessoas, das quale 6.075 eram fescravos. Anesar de a populagao tolal ter aumentado de forma pouco ‘Sianficatva,a cidade continuava cantando com 24,2% de eseravosts. Com base om 3.388 registos de ébitos locaizados no Arquivo da Caria Metropolitana de S80 Paulo, pode-se afirmar que 488 cativos falecdos fem $30 Paulo e seus arredares foram wentifcados coma escravos provenientas da Guiné, local do ondo volo a maior parte dos ascravos aficanos. Outros locals merecem destaque, como Congo, Cabo Verde Mocambique, Monjolo e Reboot E nesse contexto que nos compete destacar a presenca aficana na documentacio colonial depositada no Arquivo da Ciria Metropolitana de ‘So Paulo. Em especial, sua participagao nos processos-crimes de feigaria ‘corridos em S80 Paulo e seus arredores na segunda metade do século xvi Criangas africanas o as cartas de tocar Em 24 de janeiro de 1765, na Freguesia de Arartaguaba, Pascoal José de Moura, oficial de pintor © escultor, fo: acusado ce feigariar3). Na pPrmeira pagina Go proceso, consta a seguinte observagao: "O processo Contém diversas orages conira os Inimigos, de protecso contra @ marte por faca, sacamarie © outras. Estas oragses contém ‘iversos. simbolos & esennos.” A primera oragao & enderegada a So Marcos , apesar do estado precério de conservagio do documento, pode-se perceber que ela ea lisada para pedi protegio contra os inimigos. Locallzamos, ainda, uma oragdo as onze mil vegans @ a Séo Jorge. ‘Ao final, & relomada a invocagSollowvagdo a So Marcos, na qual 0 pedido de protegso contra os inimigos encontra-se legivel, bem como @ solctagdo de proterao contra poretes, facas, espingarda ¢ prisdo. ‘Além da_presenca dessas oracies, esse processo se diferencia dos ddomais por contor os seguinios dosenhos: um sal com feigbes humanas, folhos @ boca, uma gaiola com um rosto humana no seu interor, varias ‘ruzes, um cruzeiro © 4 representacéo gréfica da letra S. Apasar de todos fesses dotalhes, as testemunhas na comentam esses signas © 0 conteudo dos autos ndo se voliou especticamente para essa questao. Comenta-se 0 envolvimento de quatro crangas pequenas: um menino que se chamava Anton, de nagaa benguella, alim de Manoel e Domingos, hitpswww historia arquivoestado sp gov brimateriaslanteriores/edicao4imateriaO/ rose, 2010412018 HISTORICA - Revista Eleténica do Arquiva do Estado ‘ambos angolas.Disse a testemunha Trando os os muleques algum diner da cas qorondaros estos castigs por sta (280) © Bomin fra dae dias carte qua tnhe escnto © Sto Moura, & fm ce que os tos ‘muloqu anassom ites de perigos or sto Desse trecho do processo © das demals informagées citadas, ppodemos concur que a fnaldade das cartas era proporcionar protegdo aos pBequenas que teriam cometde uma infraglo junto aos saus senhores, Antonio Campos Cardoso, 35 anos, sotsir, natural ¢ morador da FFregusia de Avartaguaba, onde viva na compannia de Mathias de Olveira, uma das testemunnas desse processo, confimmou 0s demais depoimentos, acrescentando uma informagao importante. De acordo com Antonio ‘Campos, 0s "muleques" teriam dado a José de Moura algumas patacas por ‘aauelas cartas. Ao final do processo, datado de 3 de foverciro de 1763, localizamos o seguinte registro: “Obrigam as testemunnas deste sumério a0 ddenunciado Pascoal Joseph de Moura a prisio e lvramento para o que se assem as ordens necessérias em sogredo da justiga, se dé ao rol dos bulpados" Em suma, foram confeccionados pequenos papéis, que deveriam ser ‘armazenades junto a0 corpo para protegao espirival contra acontacimentos Hegatvos. Porém, havia um agravante: Pascoal obina vantagens financeras com essas oragbes ou cartas de tocar Segundo Laura de Mello © Souza, procedimenios como esses adotados por Pascoal José de Moura eram bastante comuns na colénia brasileira, predomnando prineipalmente enlre os homens. No periodo selecentista, essas bolsas ~ que continham pedra dara, papéis escrtos com fezas, como a oragdo de Séo Marcos, snais cabalisticos, © que inham ‘como fungao dar @ seus portadores protegdo contra os ferimentos de facas, ou tros ~ estavam presentes em Portugal ena Affca ‘Segundo Vanicléia Santos(10) 13 bolas no podem ser Interpretadas apenas como resposta para os anfilos dflagrados na clon enve snares oseravos, pose ornara Fecutado da acomodarse das prdtcas relgiosas alrcangs no. mundo do atvero.O catatsm fot a Inguagem de mediagdo enre codigos culture ‘eran, E preciso ressaltar que diante da logistagio eclesistica da dpoca, As Constiuicbes Prmeiras do Arcobispado da Bahia, ata-se de pratica cabWvel do punigdo, de acordo com 0 versiculo 899, Prohibimos (1) estetamente a todos os nossos sibils, que use de palavas, canas de tocar de couses, que afegoem, @ afenem os homens fe suas mulheres, e as mulheres de sexs mardes, ede medeamentos, que trem o ulz, ou concurgo os compos. Efazondo alguém o contaro haverd 235 pera impostas no tule precederie, rovandose que as tase causes tverto effet: porque em fal casos 26 ica conclude que as taes palavias @ ‘obras procedem de algum comerclo,famaridade ¢ pacto com Demenio, Poram se por outa via se masta, que as lass palawras se lzam,o as tos fbras se fazom por ngano, efingmenios om algum efto, © 80-2 de fganha’ cinheio, sero os delquentes casigados arbirariamente (2) com enas pacunidras, = corporaee. de mado que, semalhantes Gesordens 52 Stalnem Pt © fato de essas criancas aticanas terem subtraido © que no thes portoncla o terem buscado a protogio das cartas para que nenhum mal Sobre elas viesse, aponta uma simbiose no universo mental de priticas Indigonas, aticanas ¢ de catdicos usitanos. Anistéria da escrava Pascoa Pascoa era uma escrava preta que velo do Rio de Janeio para Sao Paulo. Sua origem & desconhecida: ndo se sabe se 6 africana ou crioula, ordi, uma parcelasignfcalva de sua vida esté documentada no Arquivo a Cirla Metropolitana de Séo Paulo, ocal onde viveu nos tempos dos Selecentos, Pascoa perloncia a Maria de Cerqueia, senhora vilva. Em 1749, essa escrava fol acusada do “matar gents", usando de feitigariat"2. Pascoa confessou os seus crimes, afmando & sua senhora que sua ‘ina fcaria boa. Para isso, a cativa retirou, de um uraco na parece da sala, 1880s de galinha, de vaca, de leitéo e alguns parecidos com ossos de gente. ‘Além dos. o8s0s, retitou'também algumas unhas, que se encontravam ‘embrulhadas em um papel com anotagdes e excrementos da moga enferma, ‘Quando inqulida sobre o motivo da realizagao do tais pratieas, Pascoa dciarou tor felt tudo Isso porque Ihe tinham ensinado, porém nao deciarou ‘quem havia minisrado esses conhecimentos a ela Curioso foi © testemunho de Sebastifo, 26 anos, preto vind do reine cde Angola, escravo de Indcio Xavier. Ele declarou que um dia, proximo & casa de dona Maria Cerqusire, viu a escrava Pascoa proferi" palavras ininteigivels. Ao mesma tempo om que essas palavras eram proferdas, a hitpswww historia arquivoestado sp gov brimateriaslanteiores/edicao4imatriaO/ 218, 2010412018 HISTORICA - Revista Eleténica do Arquiva do Estado fescrava caminhava em diregao a pared 6, a0 chegar perto dela, dava um salto com a mao aberta e uma pancada. Em seguida, tomava a andar para tras, som volar as costas para a pared. Voltando do moio do caminho o dizendo as mesmas palavras, ola dava novo sako e outra pancada na parede, totalzando és vezes. Quando percebeu que estava Sendo fbservada por Sebastide, Pascoa teria Intertompide repentinamente a Sequéncia destes alos, Para fnalzar, cisee ainda o prota Sebastao nao Saber qual o signifcade daquilo © nunca ter visto a escrava repel tas, alitudes Nos autos do processo também consta 0 depoimento do licenciado [Antonio Ribeiro Leite, neto de dona Maria Cerqusira. Fle relatou que numa cera ovasido, vindo de sua casa para a de sua avs, encontrou a escrava Pascoa portando assos de costela de vaca © de galinha, além de bolinhas que se assemelhavam a excrementos. Nas paginas finals do proceso, locaizamos a informagdo de que leabel Maria Leite, a fiha enferma e acamada de dona Maria Carqueira, fsiava melhor A doente, que padeca de dores inolordveis nas unnas das ‘mos e dos pés, além de estar sem evacvar, teria aprosentado melhoras Signifcatvas, apds as coisas achadas terem sido desenterradas. Confrmavar-se assim as acusagSes de feilgaria drigidas a Péscoa. A pena imputada permanece uma incégnits; 9 proceso incompleto no ‘presenta a conchisdo dessa historia. Para fnalzar, apresentamos Ge modo Sueinto a ultima histor As escravas Joana e Isabel A primeira, escrava crioula, @ @ segunda, escrava africana do Congo, pertenciam a Bento de Castro Camsiro, e foram denunciadas, no ano de 1759, por prticas de maleficios('3) Manuseando panclas, raizes, ossos e outras “imundicies’, as rés foram acusadas de prejudcar a vida e roubar a sade de Teodésia da Siva Borges e de seus hos Bento Mariana de Castro, Joseph Foles de Castro, ‘Ana Teresa de Castro e Teresa, uma adminisrada cari Nos autos do pracesso, localizamos 0 depoimento de Mancel da Siva Borges, 34 anos, vive de Ana Tereza de Castro, uma das fihas do senhor das denunciadas, morador na vila de Santos havia sete anos, onde vvia de suas agéncias. Manoel relatou que havia aiscérdiag entre os escravos pertencentes 20 seu sogro, Benlo Castro Cameo, e, por esse mative, um deles navia Contado a uma das fihas de Bento (cyjo nome nao esta especticado) que Joana era feiiceica © que com seus flicas havia matado seus senhores. Com a noticia, a denunciada fol capturada e forgada a confessar o mal que tinha feto. Sendo assim, declarou a preta Joana que, com o intuito de ‘amansar © matar Teodesia da Silva Borges, Marianno de Casto, Joseph Foles de Castro e Ana Tereza, mulher da testemunha, com a ajuda de Isabel, de naca0 Congo, enterrou algumas panelas no sitio de seu senhor. Na presenga de Manosl da Siva Borges, do capltéo Jodo Tobira do Carvalho, do enente Manos! da Siva e de Torquato Texe'ra de Carvalho, as, dilas prelas mosiraram cinco panelas, replelas de varias imundicies: ossos, ‘cabelos, rizes e folhas, Isabel, a negra da nap4o Congo, também confessou aos presentes {que havia trado a vida de Teresa, uma carjé, por esia ter Ihe roubado um galo. Disse, ainda, que além das pessoas ja declaradas, navia prejudicado a ‘uitas outas, na vida e na said. Segundo o tenante Manoel da Siva, 39 anos, casado, morador da via, natural da Freguesia de So Pedra, Joana tera dita que havia enterrado um ‘eachorrinho, emorulhado em uma faixa da camisa do dita Manos! ca Siva Borges. Porém, 20 procurar pelo cachorro, 0s homens nada encontraram, localizando somente as panelas repletas de raizes ¢ outa imundicies. No Intrior do sito, as raizes haviam sido enterradas na entrada da porta do quarto polo lado de fora, onde a escrava costumava assist, hhavendo, ainda, um eachimbo, cheio de raizes. A testemunha disse ainda due viu a escrava Joana confessar que, no alpendre da casa do sitio, havla felerrado 0 eachorrinho nascido de dos dlas, cam 0 rabo cortado, com & ‘objetivo de amofiar a Manoel da Siva Borges. Até esse momento, todas as testemunhas do proceso acusavam de forma contundente a escrava Joana, Porém, a partir do depoimento oe Bento Camera, peroebemos uma oposicae. 0 depoimento de Bento de Castro Cameio, 62 anos, vilvo de Teodésia da Silva Borges, redimensiona 2 particinagao da escrava Isabel nesse processo, Benta Camera, 62 anos, vibve de Teadésla, afrmou que saube, por “ouvir dizer do um escravo, que Isabel, estando no silo da Guarapa com a senhara Teodésia da Siva Borges, ofereceu a esta um pombo assado que hitpsww historia arquivoestado sp gov brimateriaslanteriores/edicao4imateriaO/ ais 2010412018 HISTORICA - Revista Eleténica do Arquiva do Estado continha maleficios. A ingesto do pombo roubou a sade da_mulher, levando-a a mort, assim como a seu iho, Bento Mariano de Casto, Apés as acusagies, ae escravas Joana e Isabel foram presas @ sofferam castgos fisicos para que dessem maiores detalhas sobre suas “itgarias". Afrmaram que Ana foi morta devido a um fetica calacado om um mingau de camarées do rio. Mesma assim, 0s castigas continuaram, Sendo a8 escravas obrigadas a conduzir os interessados aos loca's onde testavam enterrados os objetos ulizados no maleicio. Diante desse quadro, 0 vigatio da vila fol chamad. Ordenow que tudo © que estivesse no quinlal fosse queimado e as cinzas langadas no mar. Logo apés, mandaram chamar o escravo Ventura, marido de Isabel. Ele fo| Interogago se sua esposa tinha em casa alguma calsa que pudesse sor considerada como feitgo. Ele respondeu que “ainda que preto no queria mmeler a sua alma no infemo, pois nunca vira coisa de que pudesse dosconfar. Disso somenta que haviam mandado vander a sua mulher por feiticaria. Dectarou ainda saber que ela possula uma caxa, onde havia uma xicara e uma cinta, com um pouco de pomba, espéce de albaiade, que (leg. no rasta, quando fazia os seus calundus. Fal pedido a Ventura que trouresse a clita xicara, o que sle no fez, pois nla teve permisséo da sua cesposa para tal ato. Mesmo assim, Vontura fol trazido do sito com a xicara, que continha tuds ratzes amarradas, um earvio, um pedago de pane pequena e cinco ou seis favas, que foram fodas queimadas. A tina testemunha, 0 reverando padre Faustino Xavier do Prado, vigério da vila de Santos © natural de Moji, afrmou que um escravo de Bena de Castro havia entregado a ele uma bolsa de couro, no interior 3 qual localizou um corporal, um pedago de pedra © duas oragées. Eram lorages proipidas, que pareciam ser dos maridos das denunciadas, No dia 6 de mao de 1758, esse processo fol encerrado e as acusadas foram consideradas culpadas. Em resumo, as cativas foram denunciadas or malar pessoas para as quaistrabalhavam, fazendo uso de raizes, pecas de roupas, animais de estimacso © comidas, que, lids, seriam as responsaveis pelas doengas ocasionadas aos famliares dos proprielarios do ‘Segundo Laura de Mello e Souza, por vata de 1758, no Curral del Rei, “um escravo ndo-dentiicado, pertencente a Indcio Xavier, amancebado" com uma preta forra de nome Francisca Correia, adorava douses de sua terra, possuindo no teto de sua casa uma panela que reverenciava e a0 redor da qual fazia suas festas e calundus. Percebemos a utlizagso de “panelas* como pont em comum na prética dos nagros calunduzeiros, Teriam eases objetos um significado ‘especial? A sua utlizagso pode remoter a cultos de origer africana’? ‘Segundo Faris Thompson's), panelas de barro eram usadas em atvidades. magicas no Congo, © progenitor de um reino preparava a ‘medicina primitva nessas panelas colocadas sobre trés pedas e fogo. Tals panelas funcionavam como nisl, O rkisi era qualquer objeto da are negra allantca usado para atividades magicas a fim de proteger a alma humana, afastando-a das mais diversas enfermidades, Albm disso, rkisi pode sor ainda, © nome de prépio contotdo calacado nesses objetas, come folhas © ‘edicamentos misturados, por exemple, A callura africana do Congo esteve presente também em Cuba no século XIX, onde as vasihas © trouxas minkisi (plural de rks!) eram ‘bundantes na regio este, Também nos EUA, os afo-cubanos, Drncipalmente os residentes em Miami e Nova lorque, produzem mink {que hoje S80 colocados em grandes panelas de ferro) © Royal Museu da Atica Central, em Tervuren, Bélgca, tem uma colegio de panclas para mink’, inchinda algumas cabertas de barra branco para represeriar o outro mundo e oulfas cujas superices so cespethos para simbolizar a agua que fica entre os reinas dos vis @ © raino dos morts. Tals vasiames eram preenchidos com tera, pedras @ conchas, Os recipientos dos minksi so varios: folnas, pacotes, bolsas, vasilhames de cerdmica, cochas, imagem de madeira, eslatuelas, rouras, etc. Cada nkisicontém uma alma (mooyo) e medicamentos (oilongo. Em Cuba, uma atividade magica procedente do Congo inciui 0 ddesenno de imagens crucformes, feas com giz no fundo de um tacho de ferro, Essa sera a assinatura do espirto evacado, Outtofetgo afto-cubano pede que se desenhe uma cruz, com giz ou cinzas brancas no furdo de um tacho que deveria ser vrgem. Acrescenta-se a prenda um pedago de cana, aqua do ma, areia, merci, 0 corpo de um teachorro macho negro, falhas,alho, ete. A Idola 6 do que esse fli soja 0 ‘mundo intero em miniatura, ja que so colocadas no tacho as forgas do cemitério, da foresta, do mar, et hitpsww historia arquivoestado sp gov brimateriaslanteriores/edicao4imateriaO1 46 2010412018 HISTORICA - Revista Eleténica do Arquiva do Estado ‘Sem o intuito de minorar 0 papel da sociedade balana, Laura de Mello Souza sugere que se alhe para outros lugares além de Minas e da Bahia, ois bom, aqui estamos a fazé-o, elaborando uma tentativa de melhor ‘compreensio da felticaria vivenciada por escravos e seus descondentes, fom Sao Paulo © nos sous arredores, nos dos dos setecentos, Em suma, neste argo, se percebe a presenga da crianca aficana como sujeito de praticas © relagses, assim como mulheres escravas, (@frcanas e criulas) apareoem como norteadas de discussoes perante a Ssatide, a doenca e a morte . Conclu-se, portant, a necessidade de olhar para @ Séo Paulo colonial como um espaco no somente de priticas © ‘vvencias indigenes, como tem afirmado @ istonografia tradicional, mas também como centro de elaboragao e reelaborapio de valores e praticas cultura aficanas;afrcas que se criaram e se recriam no bojo da sociedad Paulista colonial Referéncias bibliograficas FARRIS THOMPSON, Robert, Flash ofthe spirit. Nova York: Vintage Books, 1983. QUEIROS, S. RR. Escravidéo negra em Séo Paulo: um estudo das tens6es provocadas pelo escravismo no século XIX, Rio de Janeiro: José ‘Olympic, 1977. [MARCILIO, Maria Lulza. A populagao paulistana ao longo dos 450 anos da Cidade. In: PORTA, Paula (Org.). Historia da Cidado do Sio Paulo. A cidade Colonial (1554-1822). Sdo Paulo: Paz e Terra, 2004. p. 244-268. MELLO E SOUZA, Laura de, Revistando calundu, In: GORENSTEIN, Lina; CARNEIRO, Maria Luiza Tucci (Orgs.). Ensaios sobre a infoleréncia Inguisio, marranismo e anti-semiismo, S80 Paulo: Humanitas, Publicagdes, 2002. SILVA, Vaniciéia, As bolsas de mandinga no espago alntco. Século XVI ‘Tese (Doulorada}~ Departamento de Mistéria da Faculdade de Filosofia Letras © Ciéncias Humanas da Universidade de Sao Paulo, Séo Paulo, 2008, VIDE, Sebastiio Monteiro da. Constiuigdes Primeiras do Arcebispado da Bahia, fetes © ordenadas pelo iusrssimo e Reverendissimo Senhor dom ‘Sebastigo Montero da Vide, arcebispo do dito arcebispado © do Conselho {e sua Mojestade: propostas ¢ aceltas em 0 sinodo diocesano que 0 dito ‘senhor celebrou em 12 de junho do ano de 1707. Coimbra: Real Colégio das, Aries da Compannia de Jesus, 1720, hitpswww historia arquivoestado sp gov brimateriasianteriores/edicao4imateriaO/ Tope 55

Vous aimerez peut-être aussi