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Desta forma, por se tratar de matéria de Juizado Especial, não incidem custas
processuais, pugnando-se, assim, pelo deferimento deste benefício.
Após o corte da energia realizado pela CEMAR, a Autora entrou em contato via
telefone com a Central de Atendimento da empresa, ligação registrada sob o protocolo de nº
26783081, quando foi informada da existência de supostos débitos relativos ao ano anterior, fato
este que não se corrobora, já que a Requerente havia realizado parcelamento de todas as dívidas
em aberto junto à empresa Requerida. Ainda neste momento, fora solicitado à Autora que se
deslocasse à agência de relacionamentos da empresa Ré, ainda que tivesse adimplido com suas
obrigações.
Cumpre ressaltar que a Demandante reside em local de difícil acesso, sem qualquer
estrutura de pavimentação, o que inviabiliza o rápido deslocamento para resolver quaisquer
problemas junto às agências de relacionamento da empresa Requerida, problema este que
notadamente se acentua neste período de chuvas, até porque a Autora não possui veículo
próprio, dependendo de transporte público para locomover-se.
Agrave-se a situação pelo fato de que na residência da Autora vive uma criança
recém-nascida, que conta atualmente com 02 (dois) meses de idade e depende essencialmente de
energia elétrica para sobreviver, visto que se trata de serviço essencial e básico que deve ser
garantido a todos indistintamente. Assim como, vale pontuar que a Demandante é portadora de
deficiência física, possuindo limitações que tornam ainda mais difícil o trânsito diário.
Nesse ínterim, após tentar resolver o conflito pelas vias administrativas, busca a
Requerente reparação pelos enormes transtornos causados por parte da Empresa Requerida, que
procedeu com corte indevido do fornecimento de energia elétrica, mesmo que a Autora estando
em dias com suas obrigações, razão pela qual pugna a autora pela reparação em caráter de danos
morais, dados os diversos transtornos físicos e estresse mental a que esteve submetida.
III – DO DIREITO
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
[...]
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;(grifos
nossos)
O Código de Defesa do Consumidor, em seu art. 3º, § 2º, estabelece com claridade
solar que a natureza das relações entre as partes em questão é uma natureza consumerista, ou
seja, regem-se pelas normas do CDC:
Destarte, percebes-se que a reparação dos danos morais sofridos constitui direito
básico do consumidor, assim como o acesso aos órgãos judiciárias com vias a garantir o
exercício de tal direito, o que ocorre perfeitamente no caso concreto, dado que a Autora busca a
reparação pelos diversos transtornos sofridos em função da situação epigrafada.
Maria Helena Diniz ensina que “dano moral vem a ser a lesão de interesses não
patrimoniais de pessoa física ou jurídica, provocado pelo fato lesivo”.
Nesse interim, Excelência, insta pugnar nesse momento que o dano moral seja
concedido não somente pelo caráter reparador, MAS TAMBÉM PELO CARÁTER
PUNITIVO E SANCIONADOR, isto porque a instituição demandada é uma instituição de
porte gigantesco, que fatura bilhões todos os anos, não sendo passível de aceite o claro
aviltamento de direitos levados a cabo pela demandada, que mesmo tendo conhecimento das leis
e normas a seguir, age com abuso e desrespeito ao consumidor hipossuficiente.
Desta maneira, cumpre dizer que no caso em tela, o Autor se qualifica por ser parte
hipossuficiente em relação à ré, visto que esta última se caracteriza por ser instituição financeira
de grandíssimo porte, faturando bilhões de reais anualmente, razão pela qual pugna-se pelo
deferimento da inversão do ônus da prova, para que a demandada demonstre a licitude das
cobranças realizadas.
V – DO PEDIDO
Ex positis, pugna pela citação da empresa Demandada para, querendo, apresentar
contestação à presente, bem como a intimação do Ilustre Membro do Ministério Público, para
que se manifeste e, ao final, requer seja julgada TOTALMENTE PROCEDENTE A
PRESENTE AÇÃO, condenando a Requerida ao pagamento de quantia de reparação por danos
morais, no importe de R$ 10.000,00 (dez mil reais), em função dos diversos transtornos e
angústias impostos à consumidora, assim como em caráter punitivo e sancionador à Requerida;
Requer também o deferimento da INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA, para que a ré
seja incumbida de demonstrar a justificativa do corte indevido de energia elétrica, nos moldes
do art. 6º, VIII, do CDC;
Requer o deferimento da gratuidade da justiça, nos termos da Lei nº 9.099/95.
Dá-se à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), para efeitos fiscais.
Nestes termos,
Pede e espera deferimento.
São Luís/MA, 26 de Março de 2018.