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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS

UNIDADE VARGINHA
GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

GEOTECNIA

Componentes do Grupo: - André Luiz Alves Gabriel


- Anislaine de Jesus Santos
- Ariana Pierroti Baldim
- Gabriela Borges Lopes
- Larissa Gabriele Maciel e Silva
- Mariana Rembowski
- Walter Lucas Soares Silva

Professora: Luciana Alvarenga Santos Nota:

Disciplina: Contexto Social e Profissional do Engenheiro Civil

Data: 11 de abril de 2016

1° SEMESTRE / 2016
VARGINHA / MG
SUMÁRIO

SUMÁRIO.............................................................................................................................. 2
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 3
1 – GEOTECNIA BÁSICA ..................................................................................................... 4
1. 1. – MECÂNICA DAS ROCHAS......................................................................................... 4
1. 2. – MECÂNICA DOS SOLOS ......................................................................................... 11
1. 2. 1. – ENSAIOS FÍSICOS E MECÂNICOS DOS SOLOS .................................... 19
1. 3. – GEOLOGIA DA ENGENHARIA ................................................................................. 28
2 – GEOTECNIA APLICADA .............................................................................................. 30
2. 1. – ENGENHARIA DE BARRAGENS ............................................................................. 30
2. 1. 1. – TALUDES .................................................................................................. 34
2. 2. – ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES ............................................................................. 38
2. 2. 1. – ESTRUTURAS DE ARRIMO ..................................................................... 46
2. 3. – ENGENHARIA DE PAVIMENTAÇÃO E TERRAPLANAGEM ................................... 49
2. 4. – ENGENHARIA DE TÚNEIS ...................................................................................... 53
2. 4. 1. – ESCAVAÇÕES .......................................................................................... 55
2. 5. – GEOTECNIA AMBIENTAL ........................................................................................ 60
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 63

2
INTRODUÇÃO

Geotecnia é um ramo da Engenharia Civil que trata de projetos ou


construção de obras que dependam do comportamento dos solos e/ou das rochas. Lida com
o modo de como a natureza (o meio) se comportará com a construção de obras de
infraestrutura. O meio pode ser o solo ou a rocha, ou seja, estuda a propriedade do solo e
das rochas, a fim de executar projetos de construção.

Alguns exemplos de aplicação da geotecnia incluem: a previsão,


prevenção ou mitigação de danos causados por desastres naturais, como avalanches,
fluxos de lama, deslizamentos de terra, deslizamento de rochas, sumidouros e erupções
vulcânicas. A aplicação de solo, rocha e mecânica de água subterrânea para o projeto e
realização predita das estruturas de barro, tais como barragens. A previsão de design e
desempenho das fundações de pontes, edifícios e outras estruturas feitas pelo homem em
termos de solo subjacente e/ou rocha; e controle de enchentes e previsão.

Podemos fazer uma subdivisão desta ciência em Geotecnia Básica e


Geotecnia Aplicada.

A Geotecnia Básica compreende nos estudos da Geologia, Mecânica dos


Solos, Mecânica das Rochas, e a Geotecnia Aplicada envolve estudos em engenharia de
Fundações, Túneis, Barragens, Pavimentação, Engenharia Ambiental, com envolvimentos e
estudos em Pedologia, Agronomia, Geografia, etc.

Para o engenheiro civil, o solo vai além de seu aproveitamento como


material de construção, pois além de ter a finalidade de absorver as cargas aplicadas em
sua superfície, deve também interagir com as obras implantadas em seu interior.

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1 – GEOTECNIA BÁSICA

1. 1. – MECÂNICA DAS ROCHAS

A mecânica de rochas passou a ser reconhecida como uma disciplina


regular dos programas de engenharia, a partir de 1960.

Rochas são materiais sólidos consolidados, formados naturalmente por


agregados de matéria mineral ou minérios, que se apresentam em grandes massas ou
fragmentos.

A rocha, como o solo, é um material bastante distinto de outros materiais


da engenharia, por isso os projetos em rochas são bastante especiais. A mecânica das
rochas se desenvolveu mais lentamente que a mecânica dos solos, pelo simples fato de a
rocha ser considerada mais competente que o solo e gerar menor número de problemas
com fundações ou estruturas.

A mecânica, de uma forma geral, estuda a resposta de um material a uma


solicitação qualquer. A mecânica das rochas tem como finalidade estudar as propriedades e
o comportamento dos maciços rochosos submetidos a tensões ou variações das suas
condições iniciais.

Em função das características dos materiais, a análise do comportamento


rochoso é geralmente complexa, exigindo o estudo das propriedades físicas e mecânicas
das rochas.

Os projetos de engenharia de rochas podem ser agrupados em sete


categorias:

(a) fundações: as rochas são um excelente material de fundação, mas


podem ser fraturados e alterados. É necessário estabelecer a competência da rocha em
relação a sua capacidade de suportar a carga para níveis toleráveis de deformação;

(b) taludes: a mecânica das rochas pode identificar o risco de ruptura do


talude rochoso, seja por tombamento, flexão, em cunha ou em plano;

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(c) túneis e poços: a estabilidade de túneis e poços depende da estrutura
da rocha, estado de tensões, regime de fluxo subterrâneo e técnica de construção;

(d) cavernas: o projeto de construção de grandes cavernas é influenciado


pela presença e distribuição das fraturas do maciço rochoso;

(e) mineração: a mecânica das rochas influi sobre os métodos de


mineração, com a finalidade de se obter uma maior extração de minério, utilizando-se um
mínimo de suporte artificial das galerias;

(f) energia geotérmica: a produção de energia geotérmica é obtida pela


percolação de água, injetada no furo, através das fraturas da rocha-reservatório
naturalmente aquecida e a posterior recuperação por outro furo de sondagem. Este sistema
depende da interação entre as fraturas do maciço, tensões in situ, condições de fluxo,
temperatura e tempo;

(g) armazenamento de rejeitos radioativos: o isolamento dos materiais


radioativos em relação à biosfera requer o estudo das fraturas do maciço, capacidade de
absorção das superfícies das fraturas, tensões in situ, condições de fluxo, temperatura e
tempo.

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ORIGEM DAS ROCHAS

Rocha é um agregado natural formado por um ou mais minerais. Seu


processo de formação é contínuo e as primeiras rochas surgiram após a formação e
resfriamento da Terra. Ao longo da história geológica da Terra, as rochas se formam e se
modificam constantemente. Rochas antigas são transformadas em rochas novas. É o
chamado "ciclo das rochas".

O ciclo das rochas é o processo de transformação das rochas, que mudam


sua composição mineralógica e propiciam a existência de seus três principais tipos:
magmáticas, metamórficas e sedimentares. A existência desse ciclo evidencia o caráter
dinâmico da litosfera terrestre, fruto tanto das ações dos agentes endógenos quanto dos
agentes exógenos de transformação da superfície.

Caso o ciclo não existisse, a litosfera terrestre seria composta apenas por
rochas magmáticas, pois elas são oriundas da solidificação do magma, o que faria com que
os geólogos tivessem que realizar outra forma de classificação. Por esse motivo, podemos
compreender que os demais tipos só podem existir a partir da transformação de tipos
rochosos preexistentes.

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TIPOS DE ROCHAS

As rochas são classificadas em:

 Ígneas ou magmáticas: Que são rochas formadas pelo esfriamento e


solidificação de elementos endógenos, no caso, o magma pastoso. São exemplos de rochas
magmáticas: granito, basalto, diorito e andesito.

 Sedimentares: Esse tipo de rocha tem sua formação a partir do


acúmulo de resíduos de outros tipos de rochas. São exemplos de rochas sedimentares:
areia, argila, sal-gema e calcário.

 Metamórficas: esse tipo de rocha tem sua origem na transformação de


outras rochas, em virtude da pressão e da temperatura. São exemplos de rochas
metamórficas: gnaisse (formada a partir do granito), ardósia (originada da argila) e mármore
(formação calcária).

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PROPRIEDADES DAS ROCHAS

A determinação das propriedades físicas é importante para a


caracterização da rocha e representa uma grande compreensão do comportamento
geotécnico do material. Algumas propriedades físicas podem ser usadas para descrever a
rocha quantitativamente. Estas refletem na estrutura, composição, fábrica e comportamento
mecânico, e estão descritas abaixo:

 Densidade;
 Porosidade;
 Teor de umidade;
 Velocidade de propagação do som;
 Permeabilidade;
 Durabilidade;
 Resistência.

Nas aplicações que envolvem escavações superficiais ou subterrâneas,


são necessárias informações adicionais sobre o sistema de descontinuidade tanto ou mais
que a natureza da rocha propriamente dita. A rocha, de modo similar ao solo, é composta
por três fases:

 Minerais sólidos;
 Água e/ou ar;
 Poros.

MACIÇOS ROCHOSOS

Durante as fases de estudo de viabilidade e projeto preliminar de uma


obra, quando são disponíveis poucas informações detalhadas sobre o maciço rochoso, seu
estado de tensões e características hidrológicas, o uso das classificações geomecânicas
pode ser considerado benéfico.

As classificações podem ser vistas como um check-list para assegurar que


todas as informações relevantes vão ser consideradas. Por outro lado, as classificações
podem ser usadas para elaborar uma visão da composição e características do maciço e
prover estimativas iniciais do suporte de escavações, além de prover estimativas de
propriedades de resistência e deformabilidade para o maciço rochoso.
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De forma geral, uma classificação geomecânica consiste em dar notas às
diversas características do maciço. Os principais objetivos dos sistemas de classificação
são:
1) Identificar os principais parâmetros que influenciam o comportamento do
maciço rochosos;

2) Dividir uma formação rochosa particular em zonas de comportamento


similar;

3) Prover uma base para compreensão das características de cada maciço


rochoso;

4) Relatar experiência das condições de um maciço em um local com


experiência encontrada em outros;

5) Obter dados quantitativos e orientações para o projeto;

6) Prover uma base comum para comunicação entre diversas áreas.

Os maciços rochosos podem ser descritos pelos seguintes adjetivos, para


dar uma visão do tamanho do bloco e forma.

 Compacto: poucas juntas ou com espaçamentos muito grandes;

 Em blocos: aproximadamente equidimensionais;

 Tabular: uma das dimensões consideravelmente maior que as outras


duas;

 Irregular: variação grande de tamanho e forma dos blocos;

 Fragmentado: densamente diaclasado até a forma de pequenos


cubos.

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A classificação geotécnica diz respeito resistência compressão simples e
uma ideia da possível resposta mecânica da rocha, as solicitações, impostas pelas obras
que se desenvolve no maciço.

Nunca deve ser esquecido, que o material ensaiado em um pequeno corpo


de prova, regra geral, não é representativo do maciço. As zonas de fraqueza do maciço, tais
como, zonas de alteração, fraturas e outras descontinuidades estruturais, raras vezes estão
representadas nessas pequenas amostras, devido pequena escala dos corpos de prova.
Isto significa que os valores adquiridos nesses ensaios laboratoriais, são bem maiores que
os do maciço onde a rocha foi colhida.

Há então, que ser cuidadoso, quando se pretende aplicar os dados


laboratoriais de resistência compressão, porque a sua aplicação poderá levar a um fator de
segurança relativamente alto, quando na realidade, o maciço apresentará um fator de
segurança que poderá estar próximo da rotura, devido às fraquezas existentes e que tem
um papel desfavorável.

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1. 2. – MECÂNICA DOS SOLOS

A mecânica dos solos é uma disciplina da Engenharia Civil que procura


prever o comportamento de maciços terrosos quando sujeitos a solicitações provocadas, por
exemplo, por obras de engenharia.

Todas as obras de engenharia civil, de uma forma ou de outra, apoiam-se


sobre o solo, e muitas delas, além disso, utilizam o próprio solo como elemento de
construção, como por exemplo, as barragens e os aterros de estradas.

Portanto, a estabilidade e o comportamento funcional e estético da obra


serão determinados, em grande parte, pelo desempenho dos materiais usados nos maciços
terrosos.

Karl von Terzaghi é internacionalmente reconhecido como o fundador da


mecânica dos solos, pois seu trabalho sobre adensamento de solos é considerado o marco
inicial deste novo ramo da ciência na engenharia.

Vista da barragem de terra da margem direita da Usina Hidrelétrica Peixe Angical, durante
sua construção no rio Tocantins, estado do Tocantins, Brasil.

ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS

Os solos tem sua origem na decomposição das rochas que formavam


inicialmente a crosta terrestre. Esta decomposição ocorre devido a agentes físicos e
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químicos chamados de agentes de intemperismo. Os principais agentes que promovem a
transformação da rocha matriz em solo são: as variações de temperatura, a água ao
congelar e degelar, o vento ao fazer variar a umidade do solo, e a presença da fauna e da
flora.

Além dos agentes de intemperismo, existem também os agentes erosivos


que se diferem do primeiro por serem capazes de transportar o material desagregado. De
um modo geral o principal agente erosivo é a água que atua na forma de chuva, rio, lagos,
oceanos e geleiras. Nos climas áridos, como por exemplo, nos desertos, o principal agente
causador de erosão é o vento que dá origem à erosão eólica.

Desta forma temos dois grandes grupos de solos: os transportados e os


residuais. Os solos transportados sofrem o intemperismo em um local e são transportados e
depositados em forma de sedimentos em distâncias variadas, um exemplo deste solo é o
aluvião e o colúvio. Já os residuais, decompõem-se e permanecem no mesmo local,
guardando de certa forma, a estrutura da rocha matriz da qual foi originado, os solos
residuais são solos não transportados.

Os fatores mais importantes na formação do solo são:


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 ação de organismos vivos;
 rocha de origem;
 tempo (estágio de desintegração/decomposição);
 clima adequado;
 inclinação do terreno ou condições topográficas.

ESTADO DOS SOLOS

O solo é composto por um grande número de partículas, com dimensões e


formas variadas, que formam o seu esqueleto sólido. Esta estrutura não é maciça e por isso
não ocupa todo o volume do solo, ela é porosa e portanto possui vazios.

Esses vazios podem estar totalmente preenchidos por água, quando então
dizemos que o solo está saturado, podem estar completamente ocupados pelo ar, o que
significa que o solo está seco ou com ambos (ar e água) que é a forma mais comum na
natureza. Por isso, de modo geral, dizemos que o solo é composto por três fases: sólidos,
água e ar.

O estado do solo é decorrente da proporção em que essas três fases se


apresentam, e isso irá determinar como ele vai se comportar. Se o Índice de vazios de um
solo é reduzido através de um processo mecânico de compactação, por exemplo, a sua
resistência aumenta. Outro exemplo: caso o solo esteja seco e lhe é adicionada uma
quantidade adequada de água, sua coesão e consequentemente a sua resistência e
plasticidade irão aumentar também.

Existem diversos índices que correlacionam o volume e o peso das fases


do solo, e que nos possibilitam determinar o estado do solo.

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Ilustração: A figura (a) mostra o solo em seu estado natural e a figura (b) mostra, de forma
esquemática, as três fases que compõem o solo.

ÍNDICES FÍSICOS

Os principais índices utilizados para indicar o estado do solo, estão listados


na tabela a seguir.

Índice Significado

Teor de água contida no solo em função do peso dos


Umidade do solo
sólidos

Índice de vazios Volume de vazios em relação ao volume dos sólidos

Porosidade do solo Volume de vazios em relação ao volume total

Grau de Saturação Teor de vazios preenchidos por água

Peso Específico Real dos Grãos Densidade dos grãos sólidos

Peso Específico natural Densidade do solo in situ

Peso Específico Aparente Seco Densidade do solo in situ excluído o peso da água

PROPRIEDADES DOS SOLOS

As propriedades físicas, químicas e biológicas do solo são determinadas


pelo processo geológico de sua formação, origem dos minerais, e sua evolução de acordo
com o clima e o relevo do local, além dos organismos vivos que o habitam. Propriedades
estas descritas abaixo:

 Textura;
 Estrutura;
 Densidade;
 Porosidade;
 Permeabilidade;
 Fluxo de água;
 Ar;
 Calor.

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TIPOS DE SOLOS

O terreno faz parte integrante de qualquer construção, afinal é ele que dá


sustentação ao peso e também determina características fundamentais do projeto em
função de seu perfil e de características físicas como elevação, drenagem e localização. No
que tange à mecânica dos solos, é importante conhecer os três tipos básicos de solos:
arenoso, siltoso e argiloso.

 Solos arenosos: São aqueles em que a areia predomina. Esta se


compõe de grãos grossos, médios e finos, mas todos visíveis a olho nú. Como característica
principal a areia não tem coesão, ou seja, os seus grãos são facilmente separáveis uns dos
outros.

 Solos Argilosos: O terreno argiloso caracteriza-se pelos grãos


microscópicos, de cores vivas e de grande impermeabilidade. Como consequência do
tamanho dos grãos, as argilas:

- São fáceis de serem moldadas com água;


- Têm dificuldade de desagregação;
- Formam barro plástico e viscoso quando úmido;
- Permitem taludes com ângulos praticamente na vertical.

Em termos de comportamento, a argila é o oposto da areia. Devido à sua


plasticidade e capacidade de aglutinação, o solo argiloso é usado há milhares de anos como
argamassa de assentamento, argamassa de revestimento e na preparação de tijolos. Os

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solos argilosos distinguem-se pela alta impermeabilidade. Aliás, são tão impermeáveis que
tornaram-se o material preferido para a construção de barragens de terra, claro que
devidamente compactadas.

 Solos siltosos: O Silte está entre a areia e a argila e é o “primo pobre”


destes dois materiais nobres. É um pó como a argila, mas não tem coesão apreciável.
Também não tem plasticidade digna de nota quando molhado. Estradas feitas com solo
siltoso formam barro na época de chuva e muito pó quando na seca. Cortes feitos em
terreno siltoso não têm estabilidade prolongada, sendo vítima fácil da erosão e da
desagregação natural precisando de mais manutenção e cuidados para se manter.

Apresentamos a seguir quadro com os usos mais aconselháveis para os


três tipos de solo:

USO SOLO ARENOSO SOLO SILTOSO SOLO ARGILOSO

É adequado, mas necessita Similar ao solo arenoso, É usual e recomendável,


atenção aos recalques porém é menos sensível ao mas também ocorrem
FUNDAÇÃO DIRETA devido ao abaixamento do lençol freático e também é problemas de recalques em
lençol freático. Durante a mais fácil de escavar. função do lençol freático.
execução, é difícil manter a Durante a escavação, é
estabilidade das paredes fácil de manter a

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laterais. estabilidade das paredes
laterais.

Difícil de cravar frente ao É usual, por ser possível Usual, mas a estaca
FUNDAÇÃO EM ESTACA atrito lateral. Em terrenos tirar partido tanto do atrito geralmente precisa atingir
molhados, é preciso fazer lateral quanto da profundidades maiores para
cravação a ar comprimido. resistência de ponta para aumentar capacidade de
absorver a carga. carga.

Possível, mas é preciso


CORTES E TALUDES Não recomendável, pois o levar em conta a coesão e Possível devido à grande
SEM PROTEÇÃO talude fica instável. o ângulo de atrito para coesão e estabilidade.
dimensionar o talude. A
altura de corte é menor do
que para as argilas.

ESFORÇOS EM Esforços são maiores, Comportamento idêntico ao Esforços são menores, o


ESCORAMENTO levando à necessidade de solo arenoso. escoramento pode ser bem
escoramento contínuo. espaçado e não contínuo.

Recalques em solo arenoso


são imediatos à aplicação Recalques extremamente
RECALQUES FRENTE ÀS das cargas, mas podem Intermediário entre areia e lentos, pode levar décadas
CARGAS ocorrer posteriormente argila. para ocorrer a
devido à mudança do estabilização.
lençol freático.

Adensamento ocorre Há adensamento se houver Há adensamento se houver


ADENSAMENTO E apenas se houver perda de perda de água. perda de água.
COMPACTAÇÃO água. A compactação se Compactação é feita com Compactação é feita com
faz com vibração. percussão ou com rolos percussão e com rolos.
(pé-de-carneiro)

Ocorre facilmente, mas Aceita água passante, mas


DRENABILIDADE precisa cuidado com a necessita verificação Alta impermeabilidade
instabilidade das paredes e cuidadosa da coesão e dificulta a drenagem.
do fundo das valas. ângulo de atrito.

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Não recomendável, por ser Utilizável desde que com Recomendável pela
permeável e sem coesão. maior coeficiente de impermeabilidade, coesão
MATERIAL DE Os taludes são instáveis e segurança. Tem pouca e ângulo de atrito
BARRAMENTO haveria fluxo intenso de coesão e os taludes ficam favoráveis à estabilidade.
água pela barragem. mais abatidos (ângulo
menor)

O reconhecimento do tipo de solo pode ser complicado. Em geral, os solos


estão misturados, é difícil achar um solo que seja 100% argila ou 100% areia. Por isto,
usam-se denominações como “argila silto-arenosa”, “silte argiloso”, “areia argilosa” e
similares. A determinação do tipo de solo é fundamental para a construção civil, em especial
para o cálculo da movimentação de terra e para a escolha das fundações.

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1. 2. 1. – ENSAIOS FÍSICOS E MECÂNICOS DOS SOLOS

Os ensaios laboratoriais de caracterização mecânica dos solos constituem


uma das componentes de grande relevância na engenharia geotécnica. É utilizado em para
identificar um grupo de ensaios que visam obter algumas características básicas dos solos
com o objetivo de avaliar a sua aplicabilidade nas obras de terra.

 ADENSAMENTO

Entende-se por adensamento de solo a diminuição dos seus vazios com o


tempo, devido a saída da água do seu interior. Este processo pode ocorrer devido a um
acréscimo de solicitação sobre o solo, seja pela edificação de uma estrutura, construção de
um aterro, rebaixamento do nível de água do lençol freático ou drenagem do solo, entre
outros. Devido a sua heterogeneidade, grau de saturação, umidade, fração mineral
predominante, o solo apresenta vários tipos de deformação quando solicitado e, cada tipo,
exige uma metodologia própria para a sua avaliação.

O ensaio de adensamento é usado para determinar o grau de


compressibilidade de um determinado solo. Este ensaio é feito em etapas, onde em cada
etapa é aplicada uma carga a um corpo de prova confinado lateralmente, e a carga é
mantida constante até o solo parar de adensar. Durante a execução do ensaio é permitida a
drenagem da água que sai do corpo de prova. Desse ensaio são interpretados parâmetros
fundamentais para o cálculo de recalques por adensamento.

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 ENSAIO DE COMPACTAÇÃO

A compactação é um método de estabilização de solos que se dá por


aplicação de alguma forma de energia (impacto, vibração, compressão estática ou
dinâmica). Seu efeito confere ao solo um aumento de seu peso específico e resistência ao
cisalhamento, e uma diminuição do índice de vazios, permeabilidade e compressibilidade.

Em construção civil, se desejarmos que um solo resista às cargas,


devemos minimizar estes vazios, isto é, compactá-los. Quando se compacta o solo, tem-se
como objetivo deixá-lo com o menor índice de vazios possível. Assim, quando receber carga
ele irá apresentar uma menor deformação. Em outras palavras, compactação é o processo
manual ou mecânico, que visa reduzir o volume dos vazios do solo, aumentando a
resistência deste, tornando-o mais estável.

Não devemos confundir compactação com adensamento. Na compactação


temos a expulsão do ar dos vazios, enquanto no adensamento há a expulsão da água.

 ENSAIO DE COMPRESSÃO TRIAXIAL

Esses ensaios são os mais utilizados na atualidade, por sua condição de


aparelhagem, mais refinadas, capazes de garantir uma impermeabilização total da amostra,
controle absoluto da drenagem e medida do valor da pressão neutra.

O ensaio de compressão triaxial é feito moldando-se um corpo de prova


cilíndrico, a partir de uma amostra de solo, o qual é colocado dentro de uma câmara de

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ensaio envolto por uma membrana de borracha. A câmara é cheia de água, à qual se aplica
uma pressão, que é chamada pressão confinante ou pressão de confinamento do ensaio.
No ensaio com carga controlada é aplicada uma carga constante no pistão que penetra na
câmara, e no ensaio de deformação controlada o pistão é deslocado para baixo com
velocidade constante.

Durante o ensaio, pode-se drenar a água da amostra por meio de pedras


porosas colocadas no topo e na base do corpo de prova. O ensaio pode ser feito de três
maneiras distintas:

 Consolidado Drenado: após aplicar a pressão confinante, espera-se


que a pressão neutra se dissipe (fase de consolidação ou adensamento da
amostra) para dar início à compressão axial. Durante a execução do
ensaio, a compressão axial é feita lentamente, para permitir a drenagem e
a dissipação da pressão neutra;

 Consolidado Não Drenado: espera-se que a pressão neutra se dissipe


após aplicar a pressão confinante e, durante a execução do ensaio, não é
feita a drenagem;

 Não consolidado Não drenado: logo após a aplicação da tensão


confinante é iniciada a compressão triaxial, sem aguardar a dissipação da
pressão neutra. Durante a execução do ensaio não é feita a drenagem.

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 ENSAIO DE COMPRESSÃO SIMPLES

O ensaio de compressão simples é o método mais simples e rápido para


determinar a resistência ao cisalhamento de solos coesivos e somente deste tipo de solo. O
ensaio fornece o valor da coesão (resistência não drenada) de campo do solo, denominada
cu, para isso deve ser feito com amostra indeformada e conservando sua umidade natural.
Pode ainda ser usado para amostras de solos compactados.

 ENSAIO DO ÍNDICE DE SUPORTE CALIFÓRNIA (CBR)

A capacidade de suporte de um solo compactado pode ser medida através


do método do índice de suporte, que fornece o “Índice de Suporte Califórnia - ISC”
(California Bearing Ratio - CBR).

Através do ensaio de CBR é possível conhecer qual será a expansão de


um solo sob um pavimento quando este estiver saturado, e fornece indicações da perda de
resistência do solo com a saturação.

Apesar de ter um caráter empírico, o ensaio de CBR é mundialmente


difundido e serve de base para o dimensionamento de pavimentos flexíveis.

Este índice, determinado a partir de corpo de prova compactado com uma


determinada energia, é útil em estudos de pavimentos, cujo valor, expresso em percentual,
fornece um comparativo de resistência entre o solo testado e um solo de brita graduada tido

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como padrão. É verificado no ensaio CBR a potencialidade de expansão que pode
experimentar o solo quando submetido a sua inundação.

 GRANULOMETRIA CONJUNTA

O ensaio de granulometria é utilizado para determinar a distribuição


granulométrica do solo, ou em outras palavras, a percentagem em peso que cada faixa
especificada de tamanho de grãos representa na massa seca total utilizada para o ensaio.

Granulometria é a distribuição, em porcentagem, dos diversos tamanhos


de grãos.

O ensaio de granulometria é dividido em duas partes distintas, utilizáveis


de acordo com o tipo de solo e as finalidades do ensaio para cada caso particular. São elas:
análise granulométrica por peneiramento e análise granulométrica por sedimentação. Os
solos grossos (areias e pedregulhos), possuindo pouca ou nenhuma quantidade de finos,
podem ter a sua curva granulométrica inteiramente determinada utilizando-se somente o

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peneiramento. Em solos possuindo quantidades de finos significativas, deve-se proceder ao
ensaio de granulometria conjunta, que engloba as fases de peneiramento e sedimentação.

Através dos resultados obtidos desse ensaio, é possível a construção da


curva de distribuição granulométrica, que possui fundamental importância na caracterização
geotécnica do solo, principalmente no caso dos solos grossos.

 LIMITES DE CONSISTÊNCIA

Os solos podem apresentar diferentes tipos de consistência a depender da


quantidade de água que possuam. Essa consistência pode ser sólida, semi-sólida, plástica
ou a de um fluido denso.

Existem valores de teor de umidade que separam um estado de


consistência de outro, são os limites de consistência. Estes limites são determinados
empiricamente e são utilizados nos diversos sistemas de classificação do solo e refletem
uma série de propriedades dos solos finos, como tipo do argilo-mineral, sua atividade,
estrutura, superfície específica, etc.

O teor de umidade que separa o estado plástico do estado líquido é


chamado de limite de liquidez. É o valor de umidade abaixo do qual o solo tem
comportamento plástico. A umidade que delimita o estado semissólido do plástico é
conhecido como limite de plasticidade. Abaixo desse valor o solo começara a fissurar ao
tentar ser moldado.

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O limite de liquidez é o teor em água acima do qual o solo adquire o
comportamento de um líquido. A passagem do estado sólido para o estado líquido é
gradual, por consequência, qualquer definição de um limite de fronteira terá de ser arbitrário.
É possível determinar o limite de liquidez de um solo através de dois dispositivos: a concha
de Casagrande e o penetrómetro de cone. O limite de liquidez é definido como o teor de
umidade do solo com o qual uma ranhura nele feita requer 25 golpes para se fechar numa
concha.

O Limite de plasticidade é o teor de umidade abaixo do qual o solo passa


do estado plástico para o estado semissólido, ou seja, ele perde a capacidade de ser
moldado e passa a ficar quebradiço. Deve-se observar que esta mudança de estado ocorre
nos solos de forma gradual, em função da variação da umidade, portanto a determinação do
limite de plasticidade precisa ser arbitrado, o que não diminui seu valor uma vez que os
resultados são índices comparativos.

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O ensaio de determinação do Limite de Plasticidade consiste,
basicamente, em se determinar a umidade do solo quando uma amostra começa a fraturar
ao ser moldada com a mão sobre uma placa de vidro, na forma de um cilindro com cerca de
10 cm de comprimento e 3 mm de diâmetro.

 PERMEABILIDADE EM CARGA

Através de ensaios em permeâmetros (carga constante ou variável) é


possível quantificar a facilidade com que um fluxo de água pode percolar por um solo. Assim
o coeficiente de permeabilidade torna-se importante em problemas relacionados com
drenagem, rebaixamento de nível d’agua, recalques etc.

Ensaio a carga constante: Neste ensaio a amostra é submetida a uma


carga hidráulica constante durante o ensaio (permeâmetro de nível constante). O coeficiente
de permeabilidade é determinado pela quantidade de água que percola a amostra para um
dado intervalo de tempo. A quantidade de água é medida por uma proveta graduada,
determinando-se a vazão. Este permeâmetro é muito utilizado para solos de granulação
grossa (solos arenosos).

26
Ensaio a carga variável: Em se tratando de solos finos (solos argilosos e
siltosos), o ensaio com carga constante torna-se inviável, devido à baixa permeabilidade
destes materiais há pouca percolação de água pela amostra, dificultando a determinação do
coeficiente de permeabilidade. Para tais solos é mais vantajoso a utilização de
permeâmetros com carga variável.

 PESO ESPECÍFICO DOS SOLOS

Na Mecânica dos solos o peso específico natural do solo é definido


numericamente como o peso total do solo (P) dividido pelo seu volume total (V), ou seja:

O ensaio mais comum para determinação do peso específico natural do


solo in situ é o método do cilindro de cravação, que é padronizado no Brasil pela norma
ABNT NBR 09813/87. O método consiste basicamente na cravação no solo de um molde
cilíndrico de dimensões e peso conhecidos. O volume do solo será igual ao volume interno
do cilindro e seu peso igual ao peso total subtraído do peso do cilindro.

27
1. 3. – GEOLOGIA DA ENGENHARIA

Geologia de Engenharia é a ciência dedicada à investigação, estudo e


solução dos problemas de engenharia e meio ambiente decorrentes da interação entre as
obras e atividades do Homem e o meio físico geológico, assim como ao prognóstico e ao
desenvolvimento de medidas preventivas ou reparadoras de riscos geológicos.

O caminho para se chegar a diagnósticos seguros passa por um contínuo


processo de adoção de hipóteses fenomenológicas e de aferição destas, através do
empenho observativo e experimental.

Do ponto de vista da Engenharia, a Geologia de Engenharia é vista como


um componente disciplinar da Geotecnia, entendida esta como o ramo da Engenharia que
se ocupa da caracterização e do comportamento dos materiais e terrenos da crosta terrestre
para fins de engenharia. Esse posicionamento disciplinar é especialmente oportuno no
sentido de reforçar o caráter aplicado e as responsabilidades resolutivas, e inclusive legais,
do trabalho do geólogo de engenharia

A natureza dialética das intervenções do homem no meio geológico:

Roteiros de Trabalho:

28
29
2 – GEOTECNIA APLICADA

2. 1. – ENGENHARIA DE BARRAGENS

As barragens, projetadas com o objetivo de reter água, rejeitos e detritos


para fins de armazenamento ou controle, por exemplo, podem variar em tamanho desde
pequenos maciços de terra, usados frequentemente em fazendas, a enormes estruturas de
concreto ou de aterro, geralmente usadas para diversas finalidades.

Exemplo de barragem de concreto.

Além do abastecimento humano, principal finalidade da maioria das


barragens, esse tipo de intervenção pode servir para a utilização de água para a irrigação e
para a geração de energia, o que aumenta a capacidade de sustentabilidade econômica
regional. Controle de cheias, regularização das vazões, contenção de rejeitos, navegação
interior, piscicultura e dessedentação são outros exemplos de finalidades ao se construir
esse tipo de estrutura.

As barragens podem ser divididas em dois grandes grupos: barragens de


concreto – que se subdividem em barragens em arco e de gravidade – e barragens
convencionais de terra e/ou enrocamento.

30
As barragens em arco são aquelas cujas curvaturas ocorrem em duplo
sentido, ou seja, na horizontal e na vertical. Parte das pressões hidráulicas são transmitidas
às ombreiras por estes arcos. Já as barragens de gravidade são estruturas maciças de
concreto com pouca armação, onde a única força que a mantém em vigor contra o empuxo
da água é a gravidade da Terra.

Barragem em arco.

Barragem de gravidade

Essas estruturas são compostas por diversos elementos e órgãos


hidráulicos, a saber:

 Paramentos ou Barramentos – as superfícies mais ou menos verticais


que limitam o corpo da barragem: o paramento de montante, em contato
com a água, e o paramento de jusante;

31
 Coroamento – a superfície que delimita superiormente o corpo da
barragem;

 Encontros – as superfícies laterais de contato com as margens do rio;

 Fundação – a superfície inferior de contato com o fundo do rio;

 Descarregador de cheia ou Vertedouro – o órgão hidráulico para


descarga da água em excesso na albufeira em período de cheia, em caso
de atingir a cota máxima do reservatório;

 Tomadas de água – os órgãos hidráulicos de extração de água da


albufeira para utilização;

 Descarregador de fundo – o órgão hidráulico para esvaziamento da


albufeira ou manutenção do caudal ecológico a jusante da barragem;

 Eclusas ou Comportas – órgão hidráulico que regula a entrada e saída


de água entre a montante e a jusante da barragem e permite à navegação
fluvial vencer o desnível imposto pela barragem;

 Escada de peixes – órgão hidráulico que permite aos peixes vencer o


desnível imposto pela barragem.

32
Apesar de trazer inúmeros benefícios do ponto de vista de geração de
energia, controle de cheias e regularização das vazões, a construção de barragens é uma
obra a ser muito bem planejada e executada. Caso contrário, inundações de longas
extensões de terras habitáveis podem ocorrer, deixando um grande número de pessoas
desabrigadas, além de comprometer a fauna e flora locais, gerando consequentemente
indesejáveis impactos ambientais.

Consideram-se Barragens de Terra aquelas em que a estrutura é


fundamentalmente constituída por solo ou enrocamento. O solo é correntemente utilizado
como material de construção neste tipo de obras, sendo extraído da área de implantação da
barragem, o as torna sob o ponto de vista ambiental, menos agressivas do que as barragens
de betão.

Sinteticamente, uma barragem de terra pode caracterizar-se da seguinte


forma:

– Uma estrutura localizada de forma a permitir a retenção da água,


vulgarmente designada por corpo da barragem;

– Uma área a montante em que é armazenada a água de forma a permitir


o seu uso durante todo o ano, usualmente designada por albufeira;

– Um conjunto de estruturas e órgãos hidráulicos que permitem efetuar a


transposição da água de montante para jusante, seja para proteger a estrutura de retenção
de eventuais galgamentos como para uso posterior nos mais variados fins.
33
2. 1. 1. – TALUDES

Talude é um plano de terreno inclinado que limita um aterro e tem como


função garantir a estabilidade do aterro. Pode ser resultado de uma escavação ou de origem
natural.

Em obras como estradas, fundações e barragens em rocha, há


necessidade de se estimar o grau de estabilidade dos taludes de rocha naturais e
construídos pelo homem.

Um talude é uma superfície de fronteira entre o ar e a rocha, vertical ou


inclinada, ou o corpo de uma obra de terra, como uma barragem ou um aterro.

O conceito estabilidade de um talude é indeterminado, já que taludes feitos


sobre ou de rochas ou solos não fornecem garantia de estabilidade por muitos anos.
Condições climáticas, hidrológicas e tectônicas, atividades humanas na área imediata ou
adjacente a estrutura, escavações subterrâneas ou obras de terra podem trazer, anos mais
tarde, mudanças que afetam a estabilidade dos taludes naturais e escavados pelo homem.
Não se pode desprezar a possibilidade de a rocha ou o solo tornar-se saturado por água ao
longo do tempo.

Devido às graves consequências que qualquer escorregamento pode


causar para populações circunvizinhas, o estudo da estabilidade de encostas naturais é um
dos grandes desafios da engenharia geotécnica. Apesar da estabilidade de alguns taludes
34
ser comprometida pela ação humana, há um grande o número de escorregamentos que
ocorrem sem uma causa aparentemente clara.

O efeito da água como agente estabilizador dos taludes é significativo, seja


reduzindo a tensão efetiva, na forma de pressão neutra, seja pela percolação, ou ainda
saturando os terrenos e aumentando o seu peso.

Taludes naturais, em princípio estáveis, podem romper súbita e


inesperadamente. A variedade e a natureza das causas e condições que determinam esses
escorregamentos podem ser complexas, impossibilitando a elaboração de teorias e estudos
de caráter geral. As duas causas mais comuns são as variações na frente de saturação e a
alteração ou modificação progressiva da estrutura do solo sob a ação de agentes
geológicos. Estas causas diminuem a resistência ao cisalhamento do solo, levando à sua
instabilização.

35
Escorregamentos, deslizamentos, rastejos e quedas, são alguns dos
termos utilizados para descrever movimentos de massa que ocorrem em encostas de solos
e/ou rochas sob a ação da gravidade. Esses movimentos podem ser apenas inconvenientes,
não merecendo muitas das vezes registro, como também podem ser catastróficos nas suas
dimensões e consequências.

Avalanches de detritos na Tragédia Climática de Nova Friburgo, jan. 2011.

Locais onde houveram avalanches e escorregamentos rotacionais, N. Friburgo, janeiro de


2011.

Já os taludes artificiais são os declives de aterros diversos construídos


pelo homem, onde as ações humanas alteram as paisagens primeiras, atuando sobre os

36
fatores ambientais, modificando a vegetação, alterando topografias, podendo inclusive
alterar o clima da região.

37
2. 2. – ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES

Fundações de Construção Civil são estruturas realizadas em obras com a


finalidade de transmitir as cargas de uma edificação para uma camada resistente do solo.
Elas são essenciais no processo de construção de uma edificação, que começa pela
sondagem do terreno que ela será erguida.

Elas se dividem em fundações rasas e profundas.

I – FUNDAÇÕES RASAS OU DIRETAS: Tecnicamente, as fundações


rasas, diretas ou superficiais são aquelas em que a profundidade de escavação é inferior a 3
metros, sendo mais empregadas em casos de cargas leves, como residências, ou no caso
de solo firme.

O baldrame é o tipo mais comum de fundação dentre as fundações rasas.


Constitui-se de uma viga, que pode ser de alvenaria, de concreto simples ou concreto
armado construída diretamente no solo, dentro de uma pequena vala.

Ilustração: Viga baldrame.

A sapata é um elemento da fundação superficial dimensionado de modo


que as tensões de tração resultantes resistam através de uma armadura disposta com essa
finalidade, sendo produzido com concreto armado. Podendo ser:

 Isolada: Transmite os esforços de um único pilar; pode ter diversas


formas, pode ser retangular, quadrada, circular, etc..

38
Ilustração: Sapata isolada.

 Corrida: Sapata sujeita à ação de uma carga distribuída linearmente


ou de pilares ao longo de um mesmo alinhamento.

Ilustração: Sapata corrida.

 Associada: É a sapata comum a mais de um pilar, sendo também


chamada sapata combinada ou conjunta. Transmitem solicitações de dois
ou mais pilares não lineares e é utilizada como alternativa quando a
distância entre duas ou mais sapatas é pequena.

Ilustração: Sapata associada.


39
O bloco é outro tipo de fundação rasa, parecido com a sapata só que não
possui armadura.

Ilustração: Bloco de fundação.

O radier é uma outra fundação, podemos dizer que ele é a mais rasa de
todos, pois se trata de uma "laje" que fica diretamente no chão, muito usada em casas de
pequeno porte.

Ilustração: Radier.

II – FUNDAÇÕES PROFUNDAS: As fundações profundas são


normalmente utilizadas quando os solos superficiais não apresentam capacidade de
suportar elevadas cargas, ou estão sujeitos a processos erosivos, e também, quando existe
a possibilidade da realização de uma escavação futura nas proximidades da obra.

As fundações mais profundas são mais utilizadas em casos de edifícios


altos em que os esforços do vento se tornam consideráveis, e/ou nos casos em que o solo
só atinge a resistência desejada em grandes profundidades. Os tipos mais comuns são:

Fundações por estacas:


40
 Pré moldadas: caracterizam-se por serem cravadas no terreno por
percussão. As estacas cravadas, conforme o material de que são constituídas, podem ser:
de madeira, metálicas ou concreto.

Ilustração: Estacas cravadas de madeira.

 Moldadas no local: as estacas escavadas são aquelas executadas


através de perfuração do terreno por um processo qualquer, com remoção de material, com
ou sem revestimento, com ou sem a utilização de fluido estabilizante.

Ilustração: Execução de estaca escavada.

 Estaca tipo Franki


A sua execução obedece o seguinte roteiro:

41
a) Inicia-se a cravação do tubo no solo, derrama-se uma quantidade de
concreto seco e apiloando-se com o pilão, de modo a formar um tampão estanque;
b) Sob os golpes do pilão o tubo penetra no solo e o comprime fortemente;
c) Chegando-se à profundidade desejada, prende-se o tubo e, sob os
golpes do pilão, soca-se o concreto tanto quanto o solo suporta, de modo a construir uma
base alargada (ponta alargada da estaca);
d) Terminada a execução da base alargada é colocada a armação e
iniciada a execução do fuste, neste momento inicia-se a retirada do tubo;
e) Continua-se a execução do fuste da estaca, socando-se o concreto por
camadas sucessivas, mantendo sempre a ponta do tubo abaixo do concreto para garantir a
impossibilidade de penetração de água ou solo no interior do concreto.

Ilustração: Estaca tipo Franki.

 Estaca tipo Stratuss:


42
A sua execução obedece o seguinte roteiro:

a) Crava-se o tubo no solo enquanto se retira o solo do interior do tubo


com uma sonda;
b) Atingida a cota de assentamento, limpa-se totalmente o interior do tubo;
c) Preenche-se o tubo com concreto apiloado em camadas sucessivas,
enquanto é feito o preenchimento retira-se o tubo, com o cuidado de manter a ponta do tubo
sempre abaixo do concreto.

Ilustração: Estaca tipo Stratuss.

 Estaca tipo trado rotativo:


A sua execução obedece o seguinte roteiro:

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a) O trado é cravado no solo por meio de um torque;
b) Quando o trado está cheio ele é sacado e retirado o solo; concretagem
é colocada a ferragem e a parte final da estaca é vibrada com um vibrador de imersão;
c) Quando a cota de assentamento é atingida, o furo é cuidadosamente
limpo e na sua parte inferior é colocado brita e apiloado;
d) Inicia-se a concretagem da estaca, com um concreto auto-adensável,
faltando 2/3 para completar.

Ilustração: Parte do roteiro da estaca tipo trado rotativo.

Tubulão:

O tubulão é uma perfuração profunda usada na construção de pontes e


viadutos, exige atenção à compatibilidade do material de base com a tensão de projeto
adotada e a instabilidade do solo. Podendo ser:

 Tubulão a céu aberto: Este é o tipo convencional de tubulão.

Ilustração: Tubulão a céu aberto.

44
 Tubulão a ar comprimido: Este tipo é utilizado em locais em que a
presença de água impossibilitaria a execução tradicional. Antes do
alargamento da base, instala-se um compartimento em torno da fundação.
Neste compartimento, será introduzido ar comprimido de forma a impedir a
entrada de água no tubulão. O operário então irá descer e trabalhar neste
ambiente sob pressão, escavando a base normalmente. Realiza-se então
a concretagem e só então é retirado o equipamento de ar comprimido.

Ilustração: Tubulão a ar comprimido.

Normalmente utilizado em construções de grande porte. Consiste em um


poço aberto manualmente ou mecanicamente em solos coesivos, de modo que não haja
desmoronamento durante a escavação, e acima do nível d’água. Quando há tendência de
desmoronamento, reveste-se o furo com alvenaria de tijolo, tubo de concreto ou tubo de
aço. O fuste é escavado até a cota desejada, a base é alargada e posteriormente enche-se
de concreto.

45
2. 2. 1. – ESTRUTURAS DE ARRIMO

Definição básica: Estrutura de suporte com a função de dar estabilidade a


uma encosta ou talude que por si só não estaria estável.

Uma estrutura de arrimo deve ser usada quando:

FASE 1: Sem o corte.

FASE 2: Pensando no corte.

46
FASE 3: Depois do corte.

FASE 4: Falta do que foi cortado.

FASE 5: Construção de uma estrutura de contenção.

Ilustração: Principais muros de contenção.


47
MUROS DE ARRIMO: Muros são estruturas corridas de contenção de
parede vertical ou quase vertical, apoiadas em uma fundação rasa ou profunda. Podem ser
construídos em alvenaria (tijolos ou pedras) ou em concreto (simples ou armado), ou ainda,
de elementos especiais. Os muros de arrimo podem ser de vários tipos: gravidade
(construídos de alvenaria, concreto, gabiões ou pneus), de flexão (com ou sem contraforte)
e com ou sem tirantes.

Ilustração: Muros de arrimo por gravidade.

Ilustração: Muro de concreto armado.

Ilustração: Muro de pneus.


48
2. 3. – ENGENHARIA DE PAVIMENTAÇÃO E TERRAPLANAGEM

TERRAPLANAGEM

Terraplanagem ou terraplenagem é uma técnica de construção civil que


altera o relevo através de aterros; a técnica é utilizada em terrenos desnivelados visando a
deixar o terreno em questão plano e compactado.

Para tal, o que se faz é escavar terrenos mais elevados, remover


quantidades de terra ou encher de terra depressões de um terreno. Esse processo corrige
desníveis, adequando a topografia original do local ao projeto a ser construído; é condição
primordial para garantir que a terra esteja não apenas aplainada, mas também reforçada,
compactada, o que garante a segurança de qualquer construção.

A terraplanagem consiste em escavar, transportar, espalhar e compactar o


solo para reforçá-lo.

PAVIMENTAÇÃO ASFÁLTICA

O revestimento asfáltico na composição de pavimentos flexíveis é uma das


soluções mais tradicionais e utilizadas na construção e recuperação de vias urbanas,
vicinais e de rodovias. Segundo dados da Associação Brasileira das Empresas
Distribuidoras de Asfalto (Abeda), mais de 90% das estradas pavimentadas nacionais são
de revestimento asfáltico.

O sistema de pavimentação é formado por quatro camadas principais:


revestimento de base asfáltica, base, sub-base e reforço do subleito. Dependendo da
49
intensidade e do tipo de tráfego, do solo existente e da vida útil do projeto, o revestimento
pode ser composto por uma camada de rolamento e camadas intermediárias ou de ligação.

Mas nos casos mais comuns, utiliza-se uma única camada de mistura
asfáltica como revestimento.

O asfalto pode ser fabricado em usina específica (misturas usinadas), fixa


ou móvel, ou preparado na própria pista (para tratamentos superficiais). Além da forma de
produção, os revestimentos também podem ser classificados quanto ao tipo de ligante
utilizado: a quente com o uso de concreto asfáltico, o chamado Concreto Betuminoso
Usinado a Quente (CBQU) ou a frio com o uso de emulsão asfáltica (EAP).

O Concreto Betuminoso Usinado a Quente é o mais empregado no Brasil.


Trata-se do produto da mistura de agregados de vários tamanhos e cimento asfáltico,
ambos aquecidos em temperaturas previamente escolhidas, em função da característica
viscosidade-temperatura do ligante.

Mais econômicas, as misturas asfálticas usinadas a frio são indicadas para


revestimento de ruas e estradas de baixo volume de tráfego, ou ainda como camada
intermediária (com concreto asfáltico superposto) e em operações de conservação e
manutenção. Neste caso, as soluções podem ser pré-misturadas e devem receber
tratamentos superficiais posteriores.

Tipos de revestimento:

As misturas asfálticas a quente podem ser subdivididas pela graduação


dos agregados e fíler (material de enchimento). Segundo o manual "Pavimentação Asfáltica
50
- Formação Básica para Engenheiros", editado pela Petrobras e pela Abeda, os três tipos
mais usuais nas misturas a quente são os listados a seguir. Todos eles podem ser
empregados como revestimento de pavimentos de qualquer volume de tráfego, desde o
muito baixo até o muito elevado.

Concreto asfáltico de graduação densa: possui curva granulométrica


contínua e bem-graduada de forma a proporcionar uma composição com poucos vazios. Os
concretos asfálticos densos são as misturas asfálticas usinadas a quente mais utilizadas
como revestimentos asfálticos de pavimentos no Brasil. Suas propriedades, no entanto, são
muito sensíveis à variação do teor de ligante asfáltico. Em excesso ou em falta, o ligante
pode gerar problemas de deformação permanente e de perda de resistência, levando à
formação de trincas.

Mistura de graduação aberta: tem curva granulométrica uniforme com


agregados quase que exclusivamente de um mesmo tamanho. Diferentemente do concreto
asfáltico, mantém uma grande porcentagem de vazios com ar não preenchidos graças às
pequenas quantidades de fíler, de agregado miúdo e de ligante asfáltico. Isso faz com que
esse revestimento seja drenante, possibilitando a percolação de água no interior da mistura
asfáltica. Enquadra-se nessa categoria a chamada mistura asfáltica drenante, conhecida no
Brasil por camada porosa de atrito (CPA) e comumente empregada como camada de
rolamento quando se quer aumentar a aderência pneu-pavimento sob a chuva.

Mistura de graduação descontínua: os revestimentos desse tipo têm maior


quantidade de grãos de grandes dimensões em relação aos grãos de dimensões
intermediárias, completados por certa quantidade de finos. O resultado é um material mais
resistente à deformação permanente com o maior número de contatos entre os agregados
graúdos. Enquadra-se nessa categoria o Stone Matrix Asphalt (SMA), geralmente aplicado
em espessuras variando entre 1 cm, 5 cm e 7 cm e caracterizado pelo macro textura
superficialmente rugosa e pela eficiente drenagem superficial.

PAVIMENTAÇÃO DE BLOQUETES

Bloquetes são pedras de diversos formatos. Elas podem ser retangulares,


onduladas, em forma de pentágono etc. Os bloquetes são frequentemente utilizados em
calçadas e não são aconselhados para ruas, porque, como são apenas encaixados uns nos
outros, tendem a criar espaçamentos entre eles caso seja colocado um peso excessivo
sobre eles.
51
PAVIMENTAÇÃO DE PEDRAS PORTUGUESAS

Muitas ruas históricas do país possuem esse tipo de pavimentação. Em


diversas ruas do Rio de Janeiro e Salvador, por exemplo, os paralelepípedos são utilizados.
Esse tipo de pavimento sobrevive por séculos no mundo todo. Existem lugares no planeta
onde esse tipo de pavimento está a mais de 100 anos e parece ter sido colocado
recentemente.

A pedra possui muitas vantagens, entretanto, não são aconselhadas para


ruas ou rodovias de intenso tráfego e alta velocidade. O motivo disso é que as pedras,
apesar de demorarem a se desgastar, não conseguem uma boa aderência com pneus.

52
2. 4. – ENGENHARIA DE TÚNEIS

Um túnel é uma passagem horizontal localizada sob o solo. Embora a


erosão e outras forças da natureza possam formar túneis, túneis criados pelo processo de
escavação. Há muitas maneiras diferentes de escavar um túnel, incluindo o trabalho
manual, explosivos, aquecimento e resfriamento rápidos, equipamento específico ou uma
combinação desses métodos.

Há estruturas que podem precisar de escavação semelhante à usada na


construção de túneis, mas que não são túneis. Poços, por exemplo, costumam ser cavados
com a mão ou com equipamento de perfuração, mas, ao contrário de túneis, são verticais e
menores. Muitas vezes, os poços são construídos como parte de um projeto de túnel para
analisar a rocha ou o solo, ou para fornecer direções ou locais que serão usados para
auxiliar a escavação do túnel.

O diagrama abaixo mostra a relação entre as duas estruturas em um túnel


típico, construído sob uma montanha. A abertura de um túnel é um portal. Já o "teto" do
túnel, ou a metade superior do tubo, é chamada de coroa. A metade inferior, por sua vez, é
chamada de base. A forma geométrica básica de um túnel é o arco contínuo. Como os
túneis devem aguentar uma pressão enorme vinda de todos os lados, o arco é a forma ideal
e, no caso do túnel, o arco simplesmente faz a volta toda nele.

53
Engenheiros que constroem túneis, assim como os que constroem pontes,
devem ter uma preocupação especial com uma área da física chamada de estática. É a
estática que descreve como as seguintes forças interagem para produzir equilíbrio em
estruturas como túneis e pontes:

 Tração, que expande ou empurra material;

 Compressão, que contrai ou comprime material;

 Cisalhamento, que faz com que partes de um material deslizem uma


em relação à outra em direções opostas;

 Torção, que gira o material.

O túnel deve usar materiais fortes para contrapor essas forças, materiais
como alvenaria, aço, ferro e concreto.

Para se manterem estáticos, os túneis devem ser capazes de suportar as


cargas que se colocam contra eles. O peso próprio diz respeito ao peso da estrutura em si,
enquanto sobrecarga diz respeito ao peso dos veículos e pessoas que o atravessam.

54
2. 4. 1. – ESCAVAÇÕES

Escavação é o processo empregado para romper a compacidade do solo


ou rocha, por meio de ferramentas e processos convenientes, tornando possível a sua
remoção. Uma escavação pode ser realizada com dois diferentes objetivos, quais sejam
obtenção de bens minerais e abertura de espaços para fins diversos.

No primeiro caso, as escavações normalmente envolvem grandes volumes


de material, tanto estéril como minério e se processam por períodos de tempo muito longos.
Já a escavação com finalidade de abertura de espaços pode envolver volumes bem
menores de material, sendo executada em tempos inferiores.

Como exemplo, pode-se citar o desenvolvimento de canais de irrigação e


de navegação, escavações para implantação de barragens, centrais hidrelétricas e
nucleares, abertura em corte e/ou aterro ou túneis para rodovias, ferrovias, metrôs, ou ainda
implantação de fundações de edifícios, pontes e viadutos, portos e aeroportos, reservatórios
de água e outras obras civis em geral.

As operações de escavação propriamente ditas são normalmente


complementadas pelo carregamento do material escavado, transporte e descarga.

Como exemplo de grandes escavações em minerações brasileiras, pode-


se citar a mina do Cauê, da Vale, em Minas Gerais, em operação a céu aberto desde 1942,
onde já se havia escavado até 1996 cerca de 890 milhões de toneladas de hematitas e
itabiritos, além de mais 390 milhões de toneladas de estéril, convivendo-se com um talude
contínuo (sem bermas) de 310 m de altura e talude total de 455 m.

55
As principais minas de ouro da mineração morro velho, quais sejam a mina
Velha a céu aberto e subterrânea e a mina Grande, subterrânea, ambas em minas gerais,
tiveram a lavra iniciada em 1834. A exploração atingiu uma profundidade de 2.453 m (cota
de 1.443,5 m, abaixo do nível do mar) e uma extensão total de galerias estimada em 100
km, com produção total de 333 de ouro até 1996.

Outro exemplo interessante é o do garimpo de serra pelada, de onde foram


oficialmente obtidas 41 t de ouro numa escavação totalmente manual, onde chegaram a
trabalhar até 85 mil homens.

A usina hidrelétrica de Paulo Afonso IV possui uma escavação para a casa


de força subterrânea de 54 m de altura por 222 m de comprimento e 25 m de largura, num
volume de 230 mil m3 e um volume total de escavações subterrâneas de 510 mil m3.

56
Embora as escavações sejam em geral muito criticadas por ambientalistas
pela degradação que representam ao meio, estes exemplos mostram a sua importância na
vida do homem moderno. Isto ocorre tanto na grande mineração, para obtenção de matéria-
prima para a indústria metalúrgica e outros bens minerais imprescindíveis, como em
pequenas escavações para extração de matéria prima na construção de moradias (areia,
brita, argila para indústria de telhas, tijolos e cerâmicas, etc.).

TIPOS DE ESCAVAÇÃO

Tradicionalmente, as escavações são divididas em dois tipos:

 escavação a céu aberto:

 escavação subterrânea:
57
Existem ainda diferentes tipos de escavação conforme a categoria do
material:

 escavação comum: indicada para o chamado material de primeira


categoria, como solo, material decomposto, aluviões, material heterogêneo com blocos
isolados de até 1 m3, que podem ser removidos diretamente por equipamentos de porte
variável previamente definidos em contrato quando necessário;

 escavação de rocha por desagregação ou mista: utilizada em material


intermediário ou de segunda categoria, tais como rochas mais ou menos rígidas,
estratificadas, de diferentes graus de alteração, que devem ser desmontadas e
desagregadas por equipamentos de diversos portes (tratores com escarificadores,
rompedores, etc.) ou mesmo com emprego descontínuo de explosivos de baixa potência
para posterior carregamento e remoção;

 escavação de rocha por explosivos: para material de terceira


categoria, qual seja rocha sã ou pouco alterada que não consegue ser escavada por
métodos “a frio”.

A seleção do método de escavação requer estudos prévios sobre a


natureza, qualidade e quantidade do material a remover, seu arranjo espacial, seu
comportamento quando removido, o que por sua vez é função de fatores geológicos e -
geotécnicos. E ainda sobre os possíveis efeitos sobre o terreno e estruturas adjacentes.

58
Depende, ainda, dos propósitos da escavação, dos prazos previstos, da
presença de água, da distância aos locais de disposição de estéreis, bem como dos
equipamentos de lavra, transporte e apoio disponíveis.

59
2. 5. – GEOTECNIA AMBIENTAL

A Geotecnia Ambiental é hoje entendida como o ramo da Engenharia


Geotécnica que trata da proteção ao meio ambiente contra impactos antrópicos. É um
recurso tecnológico disponível à sociedade e ao mercado, a fim de minimizar riscos e atuar
de forma efetiva na prevenção de impactos ambientais.

Suas áreas de atuação são:

 Projeto, operação e monitoramento de locais de disposição de


resíduos;

 Avaliação do impacto ambiental de obras civis;

 A prevenção da contaminação do solo superficial, do subsolo e das


águas superficiais e subterrâneas;

 Mapeamento geotécnico e geoambiental para planejamento de uso e


ocupação do solo;

 Recuperação de área degradada e remediação de terrenos


contaminados;

 Investigação, instrumentação, monitoramento e amostragem de solo e


água;

 Reutilização de resíduos em obras geotécnicas;

 Entre outros.

Uma área contaminada, segundo a Cetesb em seu Manual de


gerenciamento de águas contaminadas, pode ser definida como um local ou terreno onde há
comprovadamente poluição ou contaminação causada pela introdução de quaisquer
substâncias ou resíduos que ali foram depositados, acumulados, armazenados, enterrados
ou infiltrados de forma planejada, acidental ou até mesmo natural.
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Os poluentes ou contaminantes podem apresentar-se em diversos
estados: gases de menor, igual ou maior densidade do que o ar; fase líquida livre, de
densidade menor, igual ou maior do que a água; em solução na água subterrânea; ou ainda
na forma de sólidos ou semissólidos.

Podem-se encontrar no ar, nos solos, rochas, águas superficiais e


subterrâneas, materiais de aterro, construções e tubulações enterradas, a partir de onde
podem propagar-se por diversas vias, alterando a qualidade das águas, do ar e do solo e
causando impactos negativos ou riscos na própria área ou em seus arredores.

Há uma diferença conceitual entre poluição e contaminação, mas, de


maneira geral, os dois termos são considerados sinônimos. As explicações de Daniel Nass
no artigo “O conceito de Poluição” para a Revista Eletrônica de Ciências da Universidade de
São Paulo – campus São Carlos, apresentadas a seguir, ajudam a diferenciar os dois
conceitos.

Poluição é uma alteração ecológica provocada pelo ser humano, que


prejudica, direta ou indiretamente, sua vida ou seu bem-estar, trazendo danos aos recursos
naturais e impedimento a atividades econômicas.

Porém, nem toda alteração ecológica pode ser considerada poluição; por
exemplo, o lançamento de uma pequena carga de esgoto doméstico em um rio provoca a
diminuição do teor de oxigênio de suas águas, mas se não afetar a vida dos peixes nem a
dos seres que lhes servem de alimento, o impacto ambiental provocado pelo esgoto não é
considerado poluição.

A contaminação é a presença, em um ambiente, de seres patogênicos ou


substâncias em concentração nociva ao ser humano; no entanto, se não resultar em uma
alteração das relações ecológicas, a contaminação não é uma forma de poluição.

Esta diferenciação é fundamental no caso do ambiente ser a água. Se


estivermos falando em contaminação da atmosfera, a diferença entre contaminação e
poluição perde importância, visto que ela é o ambiente de onde o ser humano capta
oxigênio.

O ar contaminado, seja com gases tóxicos ou partículas microscópicas em


suspensão, também não pode ser confinado em um determinado espaço, como o solo e a
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água. Assim, a contaminação do ar tem consequências diretas na vida do homem, devendo
ser classificada também como poluição. Já o observado aumento da concentração de gás
carbônico na atmosfera é apenas poluição, visto que este gás não é potencialmente tóxico.

O fator de poluição não precisa agir ativamente sobre o ser vivo, mas de
forma indireta retira dele as condições adequadas à sua vida; por exemplo, as alterações
ecológicas que provocam a morte dos peixes de um rio que recebe grande quantidade de
esgotos não se dão pela ação de uma substância ou ser patogênico letal, mas pelo
lançamento de nutrientes em quantidade excessiva.

A expressão “remediação de áreas contaminadas” compreende a


recuperação do subsolo e das águas subterrâneas contaminados ou poluídos. Pode
significar tanto a limpeza total (clean up) da área como a diminuição do impacto da
contaminação a limites aceitáveis.

Apesar da maioria dos textos abordando a Geotecnia Ambiental bem como


as legislações e regulamentações ambientais, não se fazerem uma distinção entre poluição
e contaminação é importante que o profissional tenha estes conceitos bem definidos, ainda
que exista uma incompatibilidade constatada entre os conceitos legais e técnicos,
principalmente do conceito poluição.

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