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Supremo Tribunal Federal

TUTELA PROVISÓRIA NA AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA 3.134 DISTRITO


FEDERAL

RELATOR : MIN. ROBERTO BARROSO


AUTOR(A/S)(ES) : DISTRITO FEDERAL
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO DISTRITO FEDERAL
RÉU(É)(S) : UNIÃO
PROC.(A/S)(ES) : ADVOGADO -GERAL DA UNIÃO

DECISÃO:

Ementa: AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA.


CERTIFICADO DE REGULARIDADE
PREVIDENCIÁRIA. REGIME PRÓPRIO DE
PREVIDÊNCIA SOCIAL. EQUILÍBRIO
FINANCEIRO E ATUARIAL.
1. Em juízo de cognição sumária, não
devem ser afastadas as exigências previstas
no art. 7º da Lei nº 9.717/1998 e respectivos
regulamentos, com base numa suposta
inconstitucionalidade em tese.
2. A presunção de constitucionalidade das
normas impugnadas é reforçada por
precedentes desta Corte, que afirmaram sua
validade.
3. A questão previdenciária representa
típica matéria de justiça intergeracional,
exigindo cautela quanto ao exame do
equilíbrio financeiro e atuarial. As alegações
dos autores não possuem substância
suficiente para que se possa aferir a
plausibilidade do direito alegado.
4. Medida liminar indeferida, sem prejuízo
de nova reflexão após a contestação.

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 747665702.
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ACO 3134 TP / DF

1. Trata-se de Ação Cível Originária, com pedido de tutela


provisória de urgência, proposta pelo Distrito Federal e pelo Instituto de
Previdência dos Servidores do Distrito Federal – IPREV/DF, com o
objetivo de suspender a inscrição do Distrito Federal no Sistema de
Informações dos Regimes Públicos de Previdência Social – CADPREV, e,
por consequência, permitir a emissão do Certificado de Regularidade
Previdenciária – CRP. Requerem, também, a não aplicação das sanções
previstas nos arts. 7º, 8º e 9º da Lei n.º 9.717/1998.

2. O Distrito Federal e o IPREV/DF alegam que a Lei n.º


9.717/1998, a pretexto de estabelecer normas gerais para organização e
funcionamento dos regimes próprios de previdência social dos servidores
públicos, em verdade impõe medidas gerenciais e sanções
administrativas que interferem diretamente na autonomia federativa dos
entes políticos, resultando em sua inconstitucionalidade.

3. Sustentam que o Certificado de Regularidade


Previdenciária – CRP, instrumento federal que declara que o regime
próprio de previdência dos estados e municípios observa os parâmetros
estabelecidos pela União na Lei n.º 9.717/1998, não está previsto em lei,
tendo sido criado pelo Decreto n.º 3.788/2001 e regulamentado pela
Portaria MPS n.º 204/2008. Assim, obrigações e restrições a direitos
subjetivos estariam sendo criadas por atos infralegais, o que fere o
princípio da legalidade e viola a autonomia administrativa, a
competência do Distrito Federal para a edição de leis previdenciárias e o
pacto federativo.

4. Além de questionar a constitucionalidade e a legalidade


dos diplomas normativos, o Distrito Federal e o IPREV/DF também
contestam os fundamentos para a a inscrição do Distrito Federal no
Sistema de Informações dos Regimes Públicos de Previdência Social –
CADPREV, constantes do Parecer n.º 7/2018/CGACI/SRPPS/SPREV/MF.

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Segundo a Secretaria de Previdência do Ministério da Fazenda, a situação


de irregularidade do Distrito Federal no CADPREV decorre, em síntese,
de dois fatores (i) formalmente, da não-observância do procedimento
previsto no art. 22 da Portaria MPS n.º 403/2008, já que o Distrito Federal
não submetera previamente à análise da Secretaria de Previdência a
proposta de alteração da Lei Complementar distrital n.º 769/2008, que
resultou na Lei Complementar distrital n.º 932/2017; e (ii) materialmente,
da ausência de comprovação do equilíbrio financeiro e atuarial do regime
próprio de previdência social do Distrito Federal, após as alterações
promovidas pela Lei Complementar distrital n.º 932/2017.

5. Determinei a intimação da União para manifestação acerca


do pedido de tutela provisória de urgência, tendo a ré apresentado os
seguintes argumentos: (i) constitucionalidade da Lei n.º 9.717/1998 e do
Certificado de Regularidade Previdenciária – CRP; e (ii) retrocesso na
gestão da política previdenciária dos servidores públicos do Distrito
Federal, por ter a Lei Complementar distrital n.º 932/2018 autorizado a
revisão da segregação das massas implementada pela Lei Complementar
distrital n.º 769/2008. De acordo com a União, a utilização dos recursos do
Plano Previdenciário para pagamento dos benefícios do Plano Financeiro
e a vinculação de todos os servidores ao novo fundo, agora estruturado
sob o regime de repartição simples, comprometem o equilíbrio financeiro
e atuarial do sistema próprio distrital.

6. Afirma, ao final, que o periculum in mora é reverso, haja


vista a possibilidade de ocorrência de dano irreparável ou de difícil
reparação a ser suportado pelos beneficiários do sistema.

7. É o relatório. Decido.

8. Em relação à inconstitucionalidade da Lei n.º 9.717/1998,


reporto-me às razões da medida cautelar analisada no âmbito da ACO
2268, de minha relatoria. Não desconheço o precedente da ACO 830 TAR,

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Rel. Min. Marco Aurélio, mas em sede de cognição sumária, parece-me


que o entendimento predominante no Tribunal não se orienta no sentido
da inconstitucionalidade em tese das normas impugnadas. Ao contrário.

9. A validade da Lei nº 9.717/1998 e dos atos infralegais que a


regulamentam vem sendo reconhecida em vários precedentes. Confira-se:

“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. LEI N. 9.717/1998.
ALEGADA AFRONTA À AUTONOMIA MUNICIPAL:
INOCORRÊNCIA. NORMA REGULAMENTADORA E
NORMA REGULAMENTADA: CONFLITO DE LEGALIDADE.
AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA
PROVIMENTO.” (RE 771.994 AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, j.
08.04.2014 – destaques acrescentados)

“DIREITO CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO.


SERVIDORES TEMPORÁRIOS E OCUPANTES
EXCLUSIVAMENTE DE CARGO EM COMISSÃO.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. VINCULAÇÃO AO
REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL.
CONSTITUCIONALIDADE DA LEI 9.717/98. PRECEDENTES.
1. O Supremo Tribunal Federal entende que as disposições da
Lei 9.717/98 não ofendem o princípio da autonomia dos entes
federados, pois a Constituição Federal não confere às
entidades da federação autonomia irrestrita para organizar o
regime previdenciário de seus servidores e que, por se tratar
de tema tributário, a matéria pode ser disciplinada por norma
geral, editada pela União, sem prejuízo da legislação estadual,
suplementar ou plena, na ausência de lei federal. 2. Agravo
regimental a que se nega provimento.” (RE 495.684 AgR, Rel.
Min. Ellen Gracie, j. 15.03.2011 – destaques acrescentados)

10. Além disso, ao indeferir medida liminar na AC 2.866,


assim decidiu o Min. Luiz Fux:

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“Também não socorre ao autor a tese de que a exigência


de Certificado de Regularidade Previdenciária, decorrente do
regime da Lei Federal nº 9.717/98, ao estabelecer normas gerais
para os regimes próprios dos entes da Federação, teria
incorrido em violação à autonomia federativa do Estado-
membro. É que o conceito de autonomia tem de ser
interpretado de acordo com as balizas impostas pela próprio
texto constitucional, inexistindo definição abstrata
apriorística, mas apenas aquela resultante do espaço
constitucionalmente atribuído a cada ente da federação no
cenário de descentralização horizontal instituído pela
Constituição de 1988.
E, nesse ponto, a Constituição instituiu a competência da
União para legislar sobre normas gerais sobre regimes próprios,
conforme resulta da interpretação conjugada dos arts. 22, XXIII,
e 24, II, do texto constitucional, de modo que inexiste
autonomia irrestrita dos Estados-membros para organizarem o
regime previdenciário de seus servidores (RE 495684 AgR,
Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Segunda Turma, julgado em
15/03/2011; RE 356328 AgR, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA,
Primeira Turma, julgado em 01/02/2011; e RE 597032 AgR,
Relator(a): Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em
15/09/2009).
Por conta disso, não se mostra irrazoável ou ofensiva ao
texto constitucional a exigência de Certificado de
Regularidade Previdenciária – CRP, cuja expedição fica a
cargo do Ministério da Previdência e Assistência Social nos
termos do Decreto nº 3.788/01, após o exame da satisfação das
normas gerais editadas pela própria União. E veja-se que os
efeitos que decorrem da negativa de expedição da referida
Certidão se limitam a impedir a celebração, pelo ente menor,
de acordos, empréstimos e transferências com o ente federal
(Decreto nº 3.788/01, art. 1º, inc. I a IV), de modo que não
ocorre invasão da esfera própria de autonomia dos demais
entes federados.” (destaques acrescentados)

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11. Em matéria de direito, portanto, a inicial baseia-se na


inconstitucionalidade de normas cuja validade já foi afirmada por esta
Corte, e em favor das quais milita uma presunção de validade. É certo, no
entanto, que o tema é objeto do Recurso Extraordinário n.º 1.007.271, Rel.
Min. Edson Fachin, que teve sua repercussão geral reconhecida. De todo
modo, entendo que a controvérsia objeto da presente ação não pressupõe
o exame da constitucionalidade da Lei n.º 9.717/1998, mas sim da
juridicidade da inscrição do Distrito Federal no CADPREV por suposta
inobservância de regras procedimentais e de equilíbrio financeiro e
atuarial. Passo, assim, à análise dos elementos capazes de afastar as
irregularidades impeditivas da emissão do Certificado de Regularidade
Previdenciária.

12. Em 2008 o Distrito Federal aprovou a Lei Complementar


n.º 769, que segregou a massa dos servidores de seu regime próprio em
dois diferentes fundos: o Fundo Financeiro de Previdência e o Fundo
Previdenciário do Distrito Federal. A segregação das massas dos
servidores do regime próprio foi adotada como forma de
equacionamento do déficit atuarial e corresponde, em síntese, à separação
orçamentária, financeira e contábil dos recursos e obrigações
correspondentes.

13. As principais diferenças entre os dois fundos da Lei


Complementar Distrital n.º 769/2008 diziam respeito: (i) à data de ingresso
dos servidores, uma vez que o Fundo Financeiro era composto pelos
servidores que ingressaram no serviço público distrital até 31 de
dezembro de 2006 (inclusive), e o Fundo Previdenciário destinava-se aos
segurados que passaram a integrar o serviço público distrital a partir de
1º de janeiro de 2007; e (ii) à forma de gestão dos recursos, sendo o Fundo
Financeiro baseado no regime de repartição simples e o Fundo
Previdenciário no sistema de capitalização. Assim, os recursos
arrecadados no Fundo Financeiro eram utilizados para pagamento dos

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benefícios em manutenção no mesmo exercício, ao passo que os recursos


arrecadados no Fundo Previdenciário objetivavam a capitalização com
vistas à formação de reservas. Os fundos encontravam-se previstos no art.
73 Lei Complementar Distrital n.º 769/2008, abaixo transcrito:

“Art. 73. O RPPS/DF será financiado mediante o regime


financeiro de repartição simples de reservas matemáticas e
regime capitalizado, com a gestão de um fundo de natureza
financeira e um fundo de natureza previdenciária, para
cobertura de benefícios previdenciários.
§ 1º Fica instituído o Fundo Financeiro de Previdência -
SEGURIDADE SOCIAL, com a seguinte destinação e
características:
I - destinado ao pagamento de benefícios previdenciários
aos segurados que tenham ingressado no serviço público até 31
de dezembro de 2006, bem como aos que já recebiam benefícios
nessa data e os respectivos dependentes;
II - baseado no regime de repartição simples, em que toda
a arrecadação é utilizada para o pagamento dos benefícios em
manutenção no mesmo exercício;
III - financiado pelas contribuições previdenciárias dos
servidores ativos, inativos e pensionistas, contribuição patronal,
por aportes financeiros do Distrito Federal, por recursos da
alienação de bens, por outros recursos e direitos que lhe forem
destinados e incorporados, desde que aceitos pelo Conselho de
Administração do Iprev/DF, pelo produto de aplicações
financeiras e de investimentos, pelos valores decorrentes da
Compensação Previdenciária entre regimes e pela cobertura de
eventuais insuficiências financeiras mensais do RPPS/DF pelo
Tesouro do Distrito Federal.
§ 2º Fica instituído o Fundo Previdenciário do Distrito
Federal - DFPREV, com a seguinte destinação e características:
I - destinado aos servidores que tenham ingressado no
serviço público a partir de 1º de janeiro de 2007 e aos seus
dependentes;
II - baseado no sistema de capitalização, que implique a

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formação de reservas, as quais serão devidamente aplicadas nas


condições de mercado, com observância de regras de
segurança, solvência, liquidez, rentabilidade, proteção e
prudência financeira, conforme diretrizes previstas em norma
específica do Conselho Monetário Nacional e legislação
aplicável, e destinado a assegurar o custeio dos benefícios
previdenciários;
III - formado por contribuições previdenciárias dos
servidores do Distrito Federal e pela contribuição patronal,
arrecadadas ao longo do período laborativo para assegurar o
custeio dos benefícios previdenciários, sendo de
responsabilidade do Tesouro do Distrito Federal a cobertura de
eventuais insuficiências financeiras.

14. Esse regime bipartido vigorou até 2017, quando da


promulgação da Lei Complementar distrital n.º 932, que reorganizou os
fundos existentes e reviu a segregação das massas do regime distrital
próprio. A partir de 2017, portanto, houve a reunião dos servidores antes
integrantes do Fundo Financeiro e do Fundo Previdenciário em um novo
único fundo: o Fundo Financeiro de Previdência Social (aqui referido
como Novo Fundo Financeiro), gerido por repartição simples.

15. Além de reunir as massas dos segurados do Regime


Próprio de Previdência Social no (i) Novo Fundo Financeiro, a Lei
Complementar Distrital n.º 932/2017 também criou o (ii) Fundo
Capitalizado dos Servidores do Distrito Federal, a ser composto pelos
servidores que vierem a ingressar no serviço público após a aprovação do
regime de previdência complementar fechado pela PREVIC (o que até o
momento não ocorreu) e o (iii) Fundo Solidário Garantidor, destinado a
ser reserva garantidora da solvência parcial ou total das obrigações
previdenciárias tanto do Novo Fundo Financeiro como do Fundo
Capitalizado. As alterações foram promovidas pelo art. 44, V e VI, da Lei
Complementar distrital n.º 932/2017, na forma abaixo transcrita:

“Art. 44. A Lei Complementar n.º 769, de 30 de junho de

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2008, passa a vigorar com as seguintes alterações:


(...)
V - o art. 73, §§ 1º e 2º, passam a vigorar com a seguinte
redação:
§ 1º Fica instituído o Fundo Financeiro de Previdência
Social, com a seguinte destinação e características:
I - destinado ao pagamento de benefícios previdenciários
aos segurados que tenham ingressado no serviço público até o
dia anterior à data de aprovação pelo órgão federal fiscalizador
do regime de previdência complementar fechado dos
instrumentos jurídicos necessários ao funcionamento dos
respectivos planos de benefícios, bem como aos que já recebiam
benefícios nessa data e aos respectivos dependentes;
II - baseado no regime de repartição simples, em que toda
a arrecadação é utilizada para o pagamento dos benefícios em
manutenção no mesmo exercício;
III - financiado pelas contribuições previdenciárias dos
servidores ativos, inativos e pensionistas, pela contribuição
patronal, por aportes financeiros do Distrito Federal, por
recursos da alienação de bens, por outros recursos e direitos
que lhe forem destinados e incorporados, desde que aceitos
pelo Conselho de Administração do Iprev/DF, pelo produto de
aplicações financeiras e de investimentos, pelos valores
decorrentes da compensação previdenciária entre regimes
relativos aos seus beneficiários e pela cobertura de eventuais
insuficiências financeiras mensais do RPPS/DF pelo Tesouro do
Distrito Federal e do Fundo Solidário Garantidor.
§ 2º Fica instituído o Fundo Capitalizado dos Servidores
do Distrito Federal, com a seguinte destinação e
características:
I - destinado aos servidores que tenham ingressado no
serviço público a partir da data de aprovação pelo órgão federal
fiscalizador do regime de previdência complementar fechado
dos instrumentos jurídicos necessários ao funcionamento dos
respectivos planos de benefícios e aos seus dependentes;
II - baseado no sistema de capitalização, que implique a

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formação de reservas globais que são devidamente aplicadas


nas condições de mercado, com observância de regras de
segurança, solvência, liquidez, rentabilidade, proteção e
prudência financeira, conforme diretrizes previstas na
legislação aplicável, e destinado a assegurar o custeio dos
benefícios previdenciários até o limite do teto fixado para o
Regime Geral de Previdência Social;
III - formado por contribuições previdenciárias dos
servidores do Distrito Federal e pela contribuição patronal,
arrecadadas ao longo do período laborativo, por recursos da
alienação de bens, por outros recursos e direitos que lhe forem
destinados e incorporados, desde que aceitos pelo Conselho de
Administração do Iprev/DF, pelo produto de aplicações
financeiras e de investimentos, pelos valores decorrentes da
compensação previdenciária entre regimes e pela cobertura de
eventuais insuficiências financeiras mensais do RPPS/DF pelo
Tesouro do Distrito Federal, limitadas, neste caso, à
manutenção dos benefícios até o teto fixado para o Regime
Geral de Previdência Social.
VI - é acrescido o seguinte art. 73-A:
Art. 73-A. Fica instituído o Fundo Solidário Garantidor,
com a seguinte destinação e características:
I - destinado a ser reserva garantidora da solvência parcial
ou total das obrigações previdenciárias dos fundos de que trata
o art. 73, §§ 1º e 2º;
II - baseado em sistema de monetização e rentabilização
de ativos que implique ampliação de suas reserva patrimoniais,
que são devidamente aplicadas nas condições de mercado, com
observância de regras de segurança, solvência, liquidez,
rentabilidade, desenvolvimento socioeconômico regional,
proteção e prudência financeira;
III - composto pelos seguintes bens, ativos, direitos e
receitas extraordinárias:
a) recursos financeiros, imóveis e direitos destinados por
lei;
b) o montante de recursos que excedam a 125% da reserva

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matemática necessária ao pagamento dos benefícios concedidos


e a conceder dos respectivos fundos;
c) os recursos decorrentes da cessão do direito de
superfície sobre os espaços públicos destinados a
estacionamento de veículos automotores e o direito de
superfície sobre áreas destinadas à regularização fundiária
urbana e rural de propriedade do Distrito Federal e de suas
empresas públicas, observada a regulamentação específica
definida em lei;
d) os dividendos, as participações nos lucros e a
remuneração decorrente de juros sobre capital próprio
destinados ao Distrito Federal na condição de acionista de
empresas públicas ou de sociedades de economia mista;
e) os recebíveis e o fluxo anual relativos ao recebimento da
parte principal corrigida da dívida ativa do Distrito Federal,
com vencimento a partir de 1º de janeiro de 2019;
f) o produto da concessão de bens e serviços baseado em
parcerias público-privadas, na modalidade patrocinada ou
administrativa.

16. A questão dos autos, portanto, diz respeito à possibilidade


ou não de revisão da segregação das massas de servidores do regime
próprio de previdência social do Distrito Federal, tendo por parâmetro o
equilíbrio financeiro e atuarial exigido tanto pelo art. 40 da CF como pelo
art. 69 da Lei de Responsabilidade Fiscal (negritos acrescentados), como
abaixo se lê:

CF, Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de
previdência de caráter contributivo e solidário, mediante
contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e
inativos e dos pensionistas, observados critérios que
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste
artigo.

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LC 101/2000. Art. 69. O ente da Federação que mantiver ou


vier a instituir regime próprio de previdência social para seus
servidores conferir-lhe-á caráter contributivo e o organizará
com base em normas de contabilidade e atuária que
preservem seu equilíbrio financeiro e atuarial.

17. Para a União, na forma da Nota Técnica SEI n.º


4/2017/SPPPS/SPREV-MF, o critério referente ao equilíbrio financeiro e
atuarial não foi atendido, pelas seguintes razões:

a) a implementação e extinção da segregação da massa ou


a alteração de seus parâmetros são expedientes excepcionais e
dependem da aprovação prévia da Secretaria de Previdência,
com o encaminhamento de estudos que apontem a viabilidade
dessas medidas e que justifiquem sua adoção, sob pena de
caracterizar irregularidade no critério relativo ao equilíbrio
financeiro e atuarial;
b) que ao realizar a fusão das massas dos atuais servidores
e segurados em um único Fundo Financeiro e a criação de um
Fundo Capitalizado para os futuros servidores que ingressarem
após o funcionamento da previdência complementar, houve
violação ao §6º, art. 20 da Portaria MPS 403/2008 que veda a
adoção de datas futuras para composição das submassas,
medida que tem por propósito evitar que, utilizando a
segregação como alternativa para equacionamento do déficit, os
entes federativos não promovam, na realidade, a efetiva
separação das massas e a constituição de fundo que inicie a
formação de reservas técnicas, mas mantenham a repartição
simples como regime de financiamento para todo o RPPS, nos
moldes do que era comum anteriormente à edição da Lei nº
9.717/98;
c) que o Fundo Solidário Garantidor não é exatamente um
fundo para oscilação de riscos, mas um fundo constituído e
destinado à cobertura de riscos já incorridos, representados
pelas insuficiências financeiras que o Fundo Financeiro
apresenta e que lhes são inerentes, não se tratando, pois, de

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instrumento para prevenir eventualidades futuras e incertas,


mas de fonte ordinariamente destacada para se acudirem
acontecimentos atuais e determinados, atuação que exclui ou
esmaece o seu aspecto securitário, cuja presença é condição
essencial para caracterizá-lo como colchão financeiro destinado
a atender as oscilações no risco previdenciário;
d) que o Fundo Solidário Garantidor teria sido criado para
financiar o déficit financeiro e atuarial do Fundo Financeiro
deficitário, constituindo-se um fundo dentro de um fundo,
construção aparentemente destinada a justificar operações que
não apresentam fundamentação nas normas gerais de
organização e funcionamento dos RPPS, impressão que é
corroborada quando se tem em conta a proposta originalmente
encaminhada pelo GDF à Câmara Legislativa que determinava,
em seu art. 46, que as disponibilidades financeiras do DFPREV
existentes na data de publicação daquela lei seriam
incorporadas ao Fundo Financeiro (sem trânsito, portanto, por
qualquer outro fundo);
e) que a Secretaria de Previdência já tinha emitido
manifestações anteriores quando analisou as leis
complementares 899/2015 e 920/2016 que a utilização dos
recursos vinculados ao fundo previdenciário para o pagamento
de obrigações do fundo financeiro é vedada pela legislação
previdenciária, especialmente pelo princípio do equilíbrio
financeiro e atuarial (art. 40 CF), constituindo, ainda,
transgressão a princípio geral estabelecido pela Lei 4.320/64 que
proíbe a aplicação de recursos integrantes de fundo de qualquer
natureza para destinações alheias às que fundamentaram sua
instituição;
f) a vedação que os recursos acumulados no plano
previdenciário sejam utilizados para pagamento de despesas do
plano financeiro aplica-se, inclusive, entre planos não
contemporâneos ou sucessivos, no contexto de redefinição dos
parâmetros da segregação da massa, e mesmo que haja trânsito
dos recursos originários do fundo previdenciário por um
terceiro fundo, como no caso dos procedimentos estabelecidos

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pela Lei Complementar 932/2017;


g) mesmo que a LC 932/2017 tenha alterado os parâmetros
da segregação da massa instituída pela LC 769/2008
extinguindo o fundo financeiro e o fundo previdenciário
anteriores e criando o Fundo Capitalizado dos Servidores do
Distrito Federal e o Fundo Financeiro de Previdência Social, os
recursos do antigo DFPREV somente poderiam ser alocados na
composição deste último fundo, vez que somente ele preserva a
mesma natureza e características do fundo previdenciário que o
antecedeu, medida que possibilita a manutenção das reservas
previdenciárias em plano capitalizado, de acordo com os
ditames necessários a assegurar o equilíbrio financeiro e
atuarial do sistema, considerando-se eventual superávit
decorrente dos recursos alocados ao novo plano previdenciário,
quando da fixação do correspondente plano de custeio na
avaliação atuarial respectiva

18. O Distrito Federal e o IPREV/DF controvertem as


conclusões da Secretaria da Previdência do Ministério da Fazenda,
destacando que a revisão da segregação de massas é tecnicamente mais
apropriada para a gestão do seu déficit previdenciário, sendo adequada
para promover o equilíbrio financeiro e atuarial. Afirmam que a opção
pela melhor forma de gestão do Regime Próprio de Previdência Social
encontra-se no núcleo da autonomia do ente federativo. Destaco os
trechos pertinentes da petição inicial:

A nova segregação de massa trazida pela LC nº 932/2017


parte da premissa de que os seguidos déficits do Fundo
Financeiro deveriam ser imediatamente reduzidos para
permitir que fossem adotadas paulatinamente medidas
gerenciais e legislativas que importassem no ingresso de novas
receitas para os fundos previdenciários.
A proposta teve como objetivo manter a segregação da
massa de segurados entre dois grupos de servidores: os atuais
servidores submetidos ao regime de repartição simples (Novo
Fundo Financeiro) e os novos servidores que ingressarem a

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partir do funcionamento da previdência complementar


estariam vinculado a um Novo Fundo Capitalizado, a exemplo
do que ocorre hoje com a LC 769/2008, recebendo suas
aposentadorias e pensões do RPPS até o teto do valor pago pelo
RGPS/INSS (R$ 5.531,31) e um benefício da previdência
complementar administrado pela DF-PREVICOM (fundação de
direito privado de natureza pública a ser criada pelo Distrito
Federal).
(...)
Essa reorganização da segregação de massas resolveria no
curto e médio prazos o problema de financiamento dos atuais
aposentados e pensionistas do DF e melhor organizaria o
financiamento do RPPS dos futuros servidores, considerando
que a limitação do pagamento de benefícios ao valor do teto
pago pelo RGPS também implica na redução do aporte das
contribuições patronais do DF tanto para o RPPS, pois teria
como base de contribuição o limite de R$ 5.531,31, quanto para
o regime de previdência complementar, pois o DF aportaria
apenas 8,5% do valor da remuneração que exceder o teto do
RGPS, enquanto hoje contribui com 22% sobre toda a
remuneração do servidor.
A nova segregação de massa também aumentaria
significativamente o volume de contribuições previdenciárias
que são direcionadas ao Fundo Financeiro, pois os servidores,
aposentados e pensionistas que contribuíam para o Fundo
Previdenciário passarão a aportar tais contribuições ao Novo
Fundo Financeiro, resultando em um acréscimo de receitas
anual de 860 milhões de reais, se considerado o fluxo de receita
do Fundo Previdenciário constante na avaliação atuarial
apresentada em 2017 (exercício 2016).

19. Verifico, portanto, que a observância do equilíbrio


financeiro e atuarial da revisão da segregação de massas, atrelada à
criação de um fundo de solvência, encontra-se controvertida. As
alegações apresentadas pelos autores não possuem substância suficiente
para que se possa aferir a plausibilidade do direito alegado.

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20. Além disso, a questão previdenciária representa típica


matéria de justiça intergeracional, uma vez que benefícios excessivos
concedidos no presente comprometem as gerações futuras. A equidade
entre as gerações justifica maior cautela no exame da gestão dos recursos
da previdência, potencializada pelo défict democrático da defesa dos
interesses dessas gerações. Tal preocupação não equivale à prevalência do
futuro sobre o presente, mas sim à uma conduta compatível com os
pressupostos da justiça intergeracional previdenciária, notadamente a
necessidade de formação de poupança.

21. No mais, conforme ressaltado pela União, é patente o risco


sistêmico de uma decisão liminar que relativizaria, em última análise, o
próprio equilíbrio financeiro e atuarial exigido pela Constituição Federal.

22. Dessa forma, indefiro a liminar pleiteada, sem prejuízo de


nova reflexão após a contestação.

23. Cite-se a União.

Publique-se.
Brasília, 28 de junho de 2018.

Ministro LUÍS ROBERTO BARROSO


Relator

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